En España se han publicado, durante el año 2022, un total de 354 publicaciones científicas sobre el vino, el 5% de ellas, sobre nutrición y dietética
Durante el año 2022 en España se han publicado un total de 354 artículos sobre el vino en general, el 5% de ellos relacionando con la nutrición y la dietética, según los datos extraídos por la Fundación para la Investigación del Vino y la Nutrición (FIVIN) de la base de datos de la plataforma internacional ‘Web Of Science’ (WOS).
En total, a lo largo de este año el vino ha sido el protagonista de 2.961 artículos científicos en todo el mundo según el registro de ‘Web of Science’, que desde 1945 lleva recopilando las principales publicaciones científicas de cualquier disciplina del conocimiento. El ranking investigador en esta materia está encabezado por China (651 artículos, 21,9%) y en segundo lugar España (354, 11,9%), lo que confirma a España como la segunda potencia mundial investigadora en esta materia.
A España le siguen: Estados Unidos (329, 11,1%); Italia (317, 10,7%); y Francia (171, 5,7%) y muy por detrás, Portugal, Brasil, Australia, Alemania e India.
En cuanto al contenido de estos artículos sobre el vino, basados en nutrición y dietética, se han publicado en el mundo 175 artículos. De ellos, el 10,3%, corresponden a investigaciones españolas.
También en este apartado España ocupa la segunda posición y destaca China con 60 artículos, el 34,2%. Le siguen Italia (17, con el 9,7%); Estados Unidos (16, 9,1%); y Francia (12, 6,8%).
Consumo moderado
Buena parte de la literatura científica de este año se centra en los beneficios del consumo moderado de vino (2 – 3 copas del vino al día para los varones y un máximo de 1 – 2 copas al día para las mujeres, siempre acompañando a las comidas), y en la web la ciencia del vino pueden consultarse estos y otros artículos sobre este tema. En dicha web, un comité de expertos valora los estudios y noticias que se publican para asegurarse de que solo se compartan aquellos que tienen una sólida base científica. El objetivo es contribuir a difundir la verdad científica y ayudar al consumidor frente a la desinformación o falta de rigor de algunas publicaciones.
El consumo moderado de vino, recomendado por FIVIN, está asociado a modelos de alimentación como la Dieta Mediterránea, reconocida por médicos y nutricionistas como una de las más saludables del mundo. A punto de iniciar la Navidad, fechas que invitan a disfrutar alrededor de la mesa con los nuestros, la Fundación para la Investigación del Vino y la Nutrición recuerda que el vino, además, mantiene un indiscutible vínculo con la gastronomía, siendo uno de los productos identitarios del territorio español e icono en muchos de los momentos más importantes de nuestra historia. Además, el vino cuenta con una narrativa propia y, en ese camino, preserva los valores de sostenibilidad ligada al territorio, en definitiva, al patrimonio cultural.
En cualquier caso, FIVIN recuerda que, aunque numerosos estudios han demostrado los beneficios para la salud del consumo moderado de vino, la mayoría de los investigadores advierten que ello no es suficiente motivo para que alguien que no bebe comience a hacerlo por motivos de salud. Cualquier estudio sobre el vino y la salud no reemplaza el consejo médico de un profesional.
Fatos indicam: fascistas tentaram no Brasil um Capitólio aperfeiçoado, mas faltou-lhes mobilização. Apoio empresarial e militar precisa ser cortado. Mas para dissipar a ameaça falta uma democracia vibrante, que se estenda às maiorias e as acolha.
Escrito por Boaventura de Sousa Santos
Ocorreu em Brasília no dia 8 deste mês, uma semana depois da tomada de posse do presidente Lula, um acontecimento que só tomou de surpresa quem não quis ou não se pôde informar sobre os seus preparativos amplamente difundidos nas redes sociais. A ocupação violenta dos edifícios dos poderes legislativo, executivo e judiciário e dos espaços circundantes, bem como a depredação de bens públicos existentes nestes edifícios por parte de manifestantes de extrema-direita, configuram actos de terrorismo planeados e minuciosamente organizados pelos seus cabecilhas. Trata-se, pois, de um acontecimento que põe seriamente em causa a sobrevivência da democracia brasileira e que, pelo modo como ocorreu, pode amanhã ameaçar outras democracias no continente e no mundo. Convém, pois, analisá-lo à luz da importância que tem. As características e as lições principais são as seguintes:
O movimento de extrema-direita é global e as suas ações a nível nacional beneficiam das experiências antidemocráticas estrangeiras e muitas vezes agem em aliança com elas. É notória a articulação da extrema-direita brasileira com a extrema-direita norte-americana. O conhecido porta-voz desta, Steve Bannon, é amigo pessoal da família Bolsonaro e tem sido uma figura tutelar da extrema-direita brasileira desde 2013. Além das alianças, as experiências de um país servem de referência a outro país e constituem uma aprendizagem. A invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília é um copia “melhorada” da invasão do Capitólio em Washington em 6 de janeiro de 2020, aprendeu com esta e tentou fazer melhor. Foi organizada com mais detalhes, procurou trazer muito mais gente a Brasília, e utilizou várias estratégias para que a segurança pública democrática se sentisse tranquilizada de que nada anormal aconteceria. Os cabecilhas tinham por objetivo ocupar Brasília com pelo menos um milhão de pessoas, criar o caos e permanecer o tempo necessário para permitir a intervenção militar que pusesse fim às instituições democráticas.
Pretende-se fazer acreditar que se trata de movimentos espontâneos. Pelo contrário, são organizados e com capilaridade profunda na sociedade. No caso brasileiro, a invasão de Brasília foi organizada a partir de diferentes cidades e regiões do país, e em cada uma delas havia líderes identificados com número de telefone para poderem ser contactados pelos aderentes. A participação podia ter várias formas. Quem não pudesse viajar para Brasília tinha missões a cumprir nos seus locais, bloqueando a circulação de combustíveis e do abastecimento dos supermercados. O objetivo era criar o caos pela carência de produtos essenciais. Alguns se lembrarão das greves de caminhoneiros dos combustíveis que precipitaram a queda de Salvador Allende e o fim da democracia chilena em setembro de 1973. Por sua vez o caos em Brasília tinha objetivos precisos. Foi invadida a sala de estratégia do Gabinete de Segurança Institucional, situada no porão do Palácio do Planalto, de onde foram furtados documentos sigilosos e armamento ultratecnológico, o que demonstra que havia treinamento e espionagem. Também foram encontradas cinco granadas no Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional.
Em países democráticos, a estratégia da extrema-direita assenta em dois pilares: (1) Investir fortemente nas redes sociais para ganhar as eleições com o objetivo de, se as ganhar, não usar o poder democraticamente nem sair do poder democraticamente. Foi assim com Donald Trump e com Jair Bolsonaro enquanto presidentes. (2) No caso de não ganhar, começar desde cedo a questionar a validade das eleições e declarar que não aceita outro resultado senão a sua vitória. O programa mínimo é perder por pequena margem para tornar mais crível a ideia da fraude eleitoral. Foi assim nas últimas eleições nos EUA e no Brasil.
Para ter êxito, este ataque frontal à democracia necessita de ter o apoio de aliados estratégicos, quer nacionais, quer estrangeiros. No caso dos apoios nacionais, os aliados são forças antidemocráticas, tanto civis como militares, instaladas no aparato do governo e da administração pública que, por ação ou por omissão, facilitam as ações dos revoltosos. No caso brasileiro, é particularmente clamorosa a conivência, passividade e se não mesmo cumplicidade das forças de segurança do Distrito Federal de Brasília e dos seus dirigentes. Com a agravante de que esta região administrativa, por ser a sede do poder político, recebe receitas federais avultadíssimas com o específico propósito de defender as instituições. No caso brasileiro, é também escandaloso que as Forças Armadas se tenham mantido em silêncio, sobretudo quando era conhecido o propósito dos organizadores de criar o caos para provocar a sua intervenção. Por outro lado, as Forças Armadas toleraram que se instalassem acampamentos de manifestantes em frente aos quartéis, uma área de segurança militar, e aí permanecessem durante dois meses. Foi assim que a ideia do golpe prosperou nas redes sociais. Neste caso, o contraste com os EUA é gritante. Quando foi da invasão do Capitólio, os chefes militares norte-americanos fizeram questão de vincar a sua defesa da democracia. Neste sentido, a nomeação do novo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que parece apostado num bom e reverencial relacionamento com os militares, não augura nada de bom. É um ministro problemático depois de tudo o que se passou. O Brasil está pagando um preço alto por não ter punido os crimes e os criminosos da ditadura militar (1964-1985), sendo certo que alguns crimes nem sequer prescreveram. Foi isso que permitiu ao ex-presidente Bolsonaro elogiar a ditadura, prestar honras aos torturadores militares e nomear militares, alguns fortemente comprometidos com a ditadura, para cargos importantes de um governo civil e democrático. Só assim se explica que se fale hoje de perigo de golpe militar no Brasil, mas não no Chile ou na Argentina. Como se sabe, nestes dois países os responsáveis pelos crimes da ditadura militar foram julgados e punidos.
Para além dos aliados nacionais, são cruciais os aliados estrangeiros. Tragicamente, no continente latino-americano, os EUA têm sido tradicionalmente o grande aliado de ditadores, quando não mesmo o instigador dos golpes contra a democracia. Acontece que, desta vez, os EUA estiveram do lado da democracia e isso fez toda a diferença no caso do Brasil. Estou convencido de que se os EUA tivessem dado os habituais sinais de encorajamento aos candidatos a ditadores, estaríamos hoje perante um golpe consumado. Infelizmente, e à luz de uma história de mais de cem anos, esta posição dos EUA não se deve a um repentino zelo da defesa internacionalista da democracia. A posição dos EUA foi estritamente determinada por razões internas. Apoiar o bolsonarismo de extrema-direita no Brasil era dar força à extrema-direita trumpista norte-americana que continua a acreditar que a eleição de Joe Biden foi o resultado de fraude eleitoral e que Donald Trump será o próximo presidente dos EUA. Aliás prevejo que manter uma forte extrema-direita no Brasil seja importante para os desígnios da extrema-direita norte-americana nas eleições de 2024. É de prever que se pretenda criar uma situação de ingovernabilidade que dificulte ao máximo a atuação do presidente Lula nos próximos anos. Para que isso não aconteça é necessário que os golpistas e depredadores sejam duramente punidos. E não só eles, mas também os seus mandantes e financiadores.
Para garantir a sustentabilidade da extrema-direita é necessário ter uma base social, dispor de financiadores-organizadores e de uma ideologia suficientemente forte para criar uma realidade paralela. No caso do Brasil, a base social é ampla, dado o caráter excludente da democracia brasileira que faz com que largos setores da sociedade se sintam abandonados pelos políticos democráticos. O Brasil é uma sociedade com grande desigualdade socioeconómica agravada pela discriminação racial e sexual. O sistema democrático potencia tudo isso ao ponto de o Congresso brasileiro ser mais uma caricatura cruel do que uma representação fiel do povo brasileiro. Se não for objeto de profunda reforma política, irá tornar-se totalmente disfuncional. Nestas condições, há um amplo campo de recrutamento para mobilizações de extrema-direita. Obviamente que a grande maioria que delas participa não é fascista. Apenas quer viver com dignidade e desacreditou que isso seja possível em democracia.
Os financiadores-organizadores parecem ser, no caso do brasileiro, setores do baixo capital industrial, agrário, armamentista e de serviços que foram beneficiados pela (des) governação bolsonarista ou com cuja ideologia mais se identificam. No que respeita à ideologia, ela parece assentar em três pilares principais. Em primeiro lugar, a reciclagem da velha ideologia fascista, ou seja, a leitura reacionária dos valores de Deus, Pátria e Família, a que juntam agora a Liberdade. Trata-se sobretudo de defender incondicionalmente a propriedade privada para com isso (1) poder invadir e ocupar a propriedade pública ou comunitária (territórios indígenas), (2) defender eficazmente a propriedade, o que implica armar as classes proprietárias, (3) ter legitimidade para rejeitar qualquer política ambiental e (4) rejeitar os direitos reprodutivos e das sexualidades, em particular o direito ao aborto e os direitos da população LGBTIQ+.
Em segundo lugar, a ideologia implica a necessidade de criar inimigos a destruir. Os inimigos têm várias escalas, mas a mais global (e abstrata) é o comunismo. Quarenta anos depois de, pelo menos no hemisfério ocidental, terem desaparecido os regimes e os partidos que defendam a implantação de sociedades comunistas, este continua a ser o fantasma contraditoriamente mais abstrato e mais real. Para entender isso é preciso entrar em linha de conta com o terceiro pilar da ideologia de extrema-direita: a criação incessante e capilarizada no tecido social de uma realidade paralela, imune à confrontação com a realidade real, levada a cabo pelas redes sociais e pelas religiões reacionárias (igrejas evangélicas neopentecostais e católicas antipapa Francisco) que com facilidade ligam comunismo e aborto e assim instigam o medo abissal nas populações indefesas, tudo facilitado por estas há muito terem perdido a esperança de ter uma vida digna.
A tentativa de golpe no Brasil é um aviso à navegação. Os democratas brasileiros, latino-americanos, norte-americanos e, afinal, de todo o mundo devem levar muito a sério este aviso. Se o não fizerem, amanhã os fascistas não se limitarão a bater à porta. Certamente a arrombarão sem cerimónia para entrar.
La cooperativa Col·lectivaT treballa per contribuir en la lluita contra els processos de minorització de les comunitats i pobles del món, sobretot lingüística, per crear un espai de qualitat per a les llengües minoritzades i minoritàries.
L’equip de la cooperativa Col·lectivaT està format, de moment, per quatre persones: la Özgür Güneş Öztürk, l’Alp Öktem, la Clara Basiana i la Pelin Doğan. Font: Col·lectivaT
Escrito por Marta Catena
La Güneş, l’Alp, la Pelin i la Clara són quatre persones de professions i orígens diferents unides per una sèrie de valors, objectius, principis i propòsits comuns: la lluita per la transformació social, a través de la justícia local i global, per revertir els processos de minorització de diferents comunitats i col·lectius, específicament el de les llengües minoritàries i minoritzades, com són l’aranès, el català, el gallec, el kurd, l’amazic… entre moltes altres.
La cooperativa Col·lectivaT se centra, principalment, en tecnologies d’idiomes i en la creació, en aquest context, d’espais de qualitat de les llengües en el món digital, a través de traductors automàtics, eines de reconeixement de veu i de parla i recol·lecció de corpus de dades de diferents idiomes, per tal d’erradicar les desigualtats entre llengües i trencar la bretxa lingüística i la discriminació a les quals les sotmet la societat actual.
Hem parlat amb les sòcies fundadoresÖzgür Güneş Öztürk i Alp Öktem per aprofundir en la tasca de la cooperativa.
💭 @OktemAlp "La bretxa lingüística i digital creix però les iniciatives populars i la consciència sobre els idiomes marginalitzats poden revertir aquesta situació." pic.twitter.com/L9NTOhiqzL
Per què vau decidir engegar el projecte Col·lectivaT?
Özgür Güneş Öztürk (Ö.G.Ö.): Principalment, volíem crear una alternativa laboral al treball assalariat precari per trencar amb el sistema capitalista vigent i contribuir a la transformació social gràcies als principis del feminisme, l’anticapitalisme, la lluita contra les formes de dominació lingüística, nacional, ètnica… Un dels nostres objectius principals és fer accessible les realitats de diferents territoris i llengües per unir-los.
Alp Öktem (A.Ö.): A més, venim de camins que, probablement, hi havia poques possibilitats que es trobessin. La Güneş és sociòloga, jo soc informàtic especialitzat en idiomes, i les altres companyes són arquitectes i periodistes. Busquem un propòsit social amb tota la nostra experiència i coneixement per arribar a una transformació social. Un dels nostres valors és la multidisciplinarietat.
Quins serveis oferiu?
Ö.G.Ö.: Tenim quatre línies de treball: Serveis Lingüístics, Recerca i Formació, Tecnologia Lingüística, i Assessorament i Acompanyament. Els tipus de serveis que oferim en el primer àmbit mencionat són traduccions literàries, d’articles, informes, materials informatius… i també subtitulacions de projectes audiovisuals, transcripcions d’entrevistes i classes de turc.
Els temes que tracten els projectes en els quals col·laborem, normalment són la justícia global, els drets col·lectius o el coneixement lliure, i les llengües utilitzades són el català, el castellà l’anglès, el turc, l’àrab i el kurd. No ho traduïm tots nosaltres, sinó que també treballem amb persones professionals i expertes traductores.
Pel que fa a Tecnologia Lingüística, en què esteu treballant?
A.Ö.: Som expertes en diferents eines tecnològiques, com la traducció automàtica, el reconeixement de veu, la síntesi de parla i les assistents virtuals, entre d’altres. Oferim consultoria, col·laborant amb l’entitat Clear Global, per a difondre informació de contextos humanitaris. A més, creem les nostres pròpies campanyes i productes.
Algun exemple més concret és el sintetitzador de veu ‘Catotron’, ja que vàrem crear el nostre primer corpus en català i ens hi hem centrat des dels inicis. Un projecte molt més enfocat al patrimoni cultural és el que tenim amb l’idioma judeo-castellà, parlat per les jueves exiliades a la península ibèrica, pel qual vam crear un traductor automàtic. Finalment, hem realitzat una campanya per recollir dades en aranès, el projecte Araina, i treballem amb la creació d’un sintetitzador de parla en gallec.
« Volem fer accessible les realitats de diferents territoris i llengües per a unir-los«
I en l’àmbit d’Assessorament i Acompanyament?
Ö.G.Ö.: En aquest eix, el que intentem fer és acompanyar entitats del tercer sector o de segon nivell en les seves planificacions, ja siguin de comunicació i execució com de processos estratègics. Les entitats que atenem també actuen per la lluita contra aquestes estructures hegemòniques. Per exemple, hem treballat amb la Plataforma Unitària Contra les Violències de Gènere i amb la Coordinadora d’ONGD i altres Moviments Solidaris de Lleida. Aquesta secció la porta la nostra companya Clara Basiana.
M’agradaria matisar que els nostres eixos de treball no són àmbits independents entre ells i no estan pensats només per donar més dignitat i benestar al nostre espai laboral, sinó que d’aquests quatre eixos volem intervenir a aquesta transformació social que d’alguna manera desitgem i somiem que passi.
Un dels àmbits de treball de la cooperativa és Tecnologies Lingüístiques, en el qual elaboren accions per incloure llengües minoritzades al món digital. Font: llicència CC Unsplash
Per què és tan important donar el servei que oferiu?
Ö.G.Ö.: Per a nosaltres, l’idioma és l’element principal de les identitats. A través de la llengua comencem a comprendre el món, és el nostre mitjà d’expressió. Les nacions o els pobles les llengües i identitats dels quals estan en un moment de minorització, principalment, pateixen de desigualtats.
En l’àmbit de la tecnologia, per exemple, pateixen una bretxa tecnològica perquè no hi ha recursos ni interès per digitalitzar aquestes llengües. Les seves realitats socials són més desconegudes perquè són minoritzades i no disposen de les mateixes reines per donar a conèixer les seves realitats socials. Els seus productes literaris o qualsevol projecte artístic que s’expressa amb aquestes llengües també es queda en un segon pla.
Per tant, lluiteu per destacar la importància de la llengua en aquests processos de minorització social.
A.Ö.: Exacte. A més, nosaltres oferim una perspectiva de persones d’origen migrant. És un element molt important. Les persones que vam fundar, des dels inicis, la cooperativa, hem viscut un procés de migració extracomunitària, som d’origen turc. Per tant, aquesta experiència ens ajuda a veure quins són els espais on cal intervenir per lluitar contra aquestes desigualtats.
« Nosaltres oferim una perspectiva de persones d’origen migrant«
Quines situacions detecteu de les realitats de les llengües minoritàries i minoritzades?
A.Ö.: No hem d’anar molt lluny per veure les desigualtats dels idiomes. Aquí a Catalunya hi ha bretxa lingüística i discriminació. A Europa hi ha moltes llengües minoritzades i oprimides que pateixen molt per aconseguir un espai de qualitat al món digital. A part, en una ciutat com Barcelona on viuen persones migrants de tants orígens diferents, hi ha molts més idiomes.
A partir d’aquí sorgeixen problemes. Totes les persones que no dominen el català i el castellà, durant l’època de pandèmia, què han fet? Els protocols mèdics I els mitjans de comunicació només s’expressen en idiomes escollits. Nosaltres vam engegar el projecte ‘Suport Mutu’, amb el qual vam transmetre informació necessària en xinès, indi i urdú dins la situació d’emergència que vam viure.
Què considereu que posa en valor la vostra tasca?
A.Ö.: Una cosa que ens diferencia, en contextos de tecnologia d’idiomes, és que treballem per al poble des del poble. Coneixem Siri gràcies a Apple, traductors automàtics gràcies a Google i Alexa gràcies a Amazon. Tot s’origina a Silicon Valley, amb els seus valors, principis i amb els seus interessos de mercat, que són altres càlculs que no tenen en compte els contextos locals de moltes parts del món. Escullen l’idioma majoritari per promocionar el seu producte. Per lluitar i cobrir aquest espai amb les llengües minoritàries estem nosaltres.
D’esquerra a dreta, Özgür Güneş Öztürk i Alp Öktem, sòcies fundadores de la cooperativa Col·lectivaT.
Quins són els vostres reptes de futur?
Ö.G.Ö.: El repte principal és arribar a tenir la màxima sostenibilitat de la cooperativa sense deixar de créixer i mantenir-nos ferms amb els nostres principis. En termes més concrets, cap a la tardor 2023, volem elaborar un projecte de recerca, centrat al territori del Kurdistan de Turquia, per observar i compartir amb la societat catalana la seva situació, especialment després que hagin passat cinc anys des que els ajuntaments estan en mans de tuteles judicials.
L’Alp, per exemple, està cuinant una idea sobre com la tecnologia lingüística pot anar a favor dels drets del col·lectiu LGTBI+. Sobretot, volem créixer de manera sostenible, fent tecnologia lingüística d’acord amb les necessitats dels col·lectius i dels pobles.
Es momento de cambiar la narrativa y empezar a incluir las lenguas indígenas en las barras programáticas en los medios de comunicación, para que al concluir el Decenio Internacional de Lenguas Indígenas en 2032 México sea un país multicultural y plurilingüe
La Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO) lanzó el 31 de enero de 2022 el Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas 2022-2032. El plan de acción es para generar las condiciones que permitan disminuir la pérdida de las lenguas indígenas en el mundo y plantea la necesidad de preservar, revitalizar y celebrar las distintas expresiones lingüísticas de los pueblos y comunidades indígenas.
De acuerdo con la UNESCO, el Decenio Internacional de las Lenguas Indígenas es para alertar a la población y los gobiernos de los países miembros que el desuso de las lenguas indígenas genera condiciones de inequidad y la pérdida de conocimientos de los pueblos indígenas.
Lo cierto es que la desventaja en que se encuentran las lenguas indígenas es alarmante. En los últimos años casi la mitad de las 6 mil 700 lenguas que se hablan en el mundo están a punto de convertirse en lenguas muertas. Esto se debe a la falta de espacios públicos y privados para que los hablantes puedan ejercer el derecho al uso de la lengua materna.
Esta situación coloca a los hablantes de las lenguas indígenas en desventaja y como consecuencia corremos peligro de que los conocimientos y saberes milenarios de la humanidad se pierdan antes de que termine este siglo.
El riesgo del desuso y la desaparición progresiva de las lenguas indígenas tiene que ver con la discriminación estructural a la que han sido sometidos los hablantes. La situación de vulnerabilidad en que viven los pueblos indígenas, y la falta de intérpretes en sus propias lenguas son realidades socioculturales, económicas, políticas, medioambientales y demográficas.
Otra situación que deben de preocupar es el acceso de las lenguas indígenas al internet y medios de comunicación, así como servicios de traducción y conversión de texto a voz y algoritmos de moderación de contenidos. En México es asunto de preocupación porque los medios de comunicación estatales y privados no cuentan con locutores en lengua materna.
Mientras que los locutores de radios del Instituto Nacional de los Pueblos Indígenas (INPI) cada día castellanizan las lenguas indígenas al momento de crear contenidos. Hasta ahora no hay políticas públicas que permitan el usos de las lenguas indígenas en espacios públicos.
Otra situación que enfrentan las lenguas maternas es la educación castellanizante que se implementó en la década de los 60.
“Con primaria terminada, algunos ni eso, la Secretaría de Educación Pública formó ejércitos de los llamados ‘promotores bilingües’ para castellanizar a las comunidades y dio entrada al Instituto Lingüístico de Verano (ILV), que vino a imponer nuevas versiones de religiones con el pretexto de alfabetizar; también regalaron ropa usada y medicinas caducas. Muchos se volvieron pastores de una religión de una cultura ajena a la cosmovisión Ñuu Savi. Un nuevo colonialismo impuesto, como hace 500 años”, dijo Gaudencio Mejía Morales en una entrevista con Tatyi Savi.
De acuerdo con el Plan de Acción Global de la UNESCO, “el objetivo es aumentar el número de nuevos usuarios de lenguas (hablantes y signantes), mejorar la fluidez lingüística y fomentar un mayor uso funcional de las lenguas indígenas en el ámbito público. También fomenta el respeto por la diversidad lingüística, el diálogo intercultural y la educación inclusiva, y pide que se refuerce la cooperación internacional”.
Otro aspecto que plantea el Plan va dirigido a la vida cotidiana de los hablantes. Propone mayor acceso a los alimentos, la justicia y los servicios sanitarios, la cohesión social, la capacitación digital, la cultura, la biodiversidad así como al empleo en el contexto de la revitalización, el cultivo y la sostenibilidad de las lenguas indígenas.
Sin embargo, las barreras que se enfrenta con las industrias no reguladas, el desplazamiento forzado, las desventajas educativas, el analfabetismo, los recursos limitados, en particular los basados en la tradición oral. “En términos prácticos, el riesgo actual es que los padres y los ancianos ya no puedan transmitir las lenguas indígenas a sus hijos y que las lenguas indígenas dejen de utilizarse a diario. Por lo tanto, existe una necesidad urgente de proteger, revitalizar y promover las lenguas indígenas en todo el mundo”, cuestiona la UNESCO.
Urge mayor conciencia sobre la importancia de la diversidad lingüística y el multilingüismo, así como su contribución al empoderamiento, el desarrollo sostenible, la buena gobernanza, el respeto de los derechos humanos.
La diversidad cultural y la biodiversidad, la interculturalidad, el diálogo intercultural y la educación para la paz en la construcción de sociedades abiertas, inclusivas, democráticas y participativas son elementos que debemos de tomar en cuenta al momento de abordar el uso de la lengua indígena.
Es necesario el reconocimiento jurídico de las lenguas indígenas en todos los niveles de gobierno y el pleno ejercicio de los derechos de los hablantes de las lenguas indígenas, así como la aplicación de los marcos internacionales en la materia y garantizar la asistencia técnica.
Deben contemplarse en el desarrollo de los sistemas legales y la legislación nacional; deben incluirse en la administración de justicia y el uso de intérpretes en los tribunales.
Luego entonces, es momento de cambiar la narrativa y empezar a incluir las lenguas indígenas en las barras programáticas en los medios de comunicación. Para que al concluir el Decenio Internacional de Lenguas Indígenas en 2032 México sea un país multicultural y plurilingüe.
Kau Sirenio es periodista ñuu savi originario de la Costa Chica de Guerrero. Fue reportero del periódico El Sur de Acapulco y La Jornada Guerrero, locutor de programa bilingüe Tatyi Savi (voz de la lluvia) en Radio y Televisión de Guerrero y Radio Universidad Autónoma de Guerrero XEUAG en lengua tu’un savi. Actualmente es reportero del semanario Trinchera.
Puede decirse que el vino biodinámico no es solo un tipo de vino, también es toda una filosofía de vida que conjuga sostenibilidad, trabajo y ciencia.
Los vinos biodinámicos se rigen por el principio de que todo lo que se extrae de la tierra ha de volver a ella, por lo que se debe prescindir de procesos industriales. De este modo, todos los aditivos de fertilización son de origen mineral y vegetal, y se utiliza el calendario astronómico para regir las épocas de la siembra, de la cura y de la cosecha de la uva.
Agricultura biodinámica
Es un método de agricultura ecológica que se basa en las teorías del padre de la antroposofía, Rudolf Steiner. Se basa en la creencia de que los astros tienen una influencia en la producción agrícola, una forma de conjugar la agricultura con la astrología.
Las granjas son consideradas como organismos complejos en este tipo de agricultura. Se hace especial hincapié en la interrelación existente entre animales, plantas y suelos, tratando como un sistema en equilibrio a todo el conjunto y evitando intervenciones externas en la medida de lo posible.
Herbicidas y pesticidas son evitados en la agricultura biodinámica, al igual que ocurre en otros tipos de agricultura ecológica.
Orígenes y curiosidades
Fue en el año 1924 cuando se inició el desarrollo de la agricultura biodinámica, cuando Rudolf Steiner dio ocho conferencias sobre agricultura en Silesia. Se llevaron a cabo a petición de los agricultores de la zona, que se habían percatado del deterioro de la calidad de los cultivos y de la degradación general de los suelos como consecuencia de la utilización de fertilizantes químicos.
Con posterioridad a estas conferencias se formó un grupo de investigación agrícola para verificar los efectos que en la salud de animales, plantas y suelos tenían los métodos biodinámicos.
Actualmente son 50 los países del mundo en los que se practica la agricultura biodinámica. La principal agencia que certifica estos métodos para jardines y granjas es Demeter International.
En EE. UU. fue fundada en el año 1938 la Asociación de Jardinería y Agricultura Biodinámica, mientras que en Australia fue Ernesto Genoni quien realizó los primeros preparados biodinámicos, en el año 1927. La Agricultura Biodinámica de Australia se estableció en el año 1989 como una asociación sin ánimo de lucro.
Calendario biodinámico
El calendario biodinámico es una forma de comprender y de aprovechar los efectos que sobre la tierra y los cultivos tiene la luna. Fue el propio Rudolf Steiner quien planteó que aprovechar los ciclos naturales era la mejor manera de vivir y de desarrollar la agricultura.
Steiner se basaba en los ritmos de las constelaciones, de los planetas, de la luna y del sol para organizar la producción agrícola.
Tras las investigaciones de Steiner, fue María Thun la que diseñó un calendario biodinámico muy relacionado con el lunar.
El calendario biodinámico sostiene que las constelaciones tienen una gran influencia sobre los cuatro principales elementos: aire, fuego, tierra y agua. Esa influencia es mayor en algunas partes de las plantas. Así, las constelaciones pueden dividirse en cuatro grandes grupos:
Capricornio, Tauro y Virgo son constelaciones de raíz.
Piscis, Cáncer y Escorpio son constelaciones de hojas.
Aries, Sagitario y Leo son constelaciones de frutos.
Libra, Géminis y Acuario son constelaciones de flores.
Cómo se hace el vino biodinámico
¿Qué es el vino biodinámico? Antes que nada hay que decir que es vino de verdad, y que en una cata no sería posible distinguirlos de otros vinos tradicionales.
Los procesos de elaboración del vino biodinámico no difieren excesivamente del de los vinos tradicionales. Las diferencias se encuentran en la forma de cultivar los viñedos. La vid es tratada de una forma equilibrada y respetuosa, con una absoluta ausencia de fitosanitarios que tengan componentes químicos. La apuesta de la viticultura biodinámica es el uso de un ecosistema de plantas que tenga un valor medicinal para los viñedos.
El propio Rudolf Steiner inventó hasta nueve preparados biodinámicos, recetas que tienen como objetivo preparar los campos o contar con diferentes composts naturales que cuenten con elementos tan variados como el azufre, los dientes de león o el cuerno de vaca.
El concepto de vino biodinámico incluye también las características de las propias bodegas, cuya estructura se basa en curvas, con una ausencia de esquinas, ya que se supone que las curvas representan la infinidad del espacio.
La paja y el pasto también son elementos que se consideran necesarios, especialmente en la periferia de las bodegas, ya sea en la tierra o en las paredes. La energía del sol es absorbida durante todo el día por estos elementos, para luego transmitirla por todo el lugar durante la noche.
El vino biodinámico es otra forma de entender la viticultura desde un punto de vista sostenible, en perfecta armonía con la tierra y el universo, sin que por ello los vinos pierdan un ápice de calidad y de sabor.
El proyecto de restauración sostenible en O Grove del candidato gallego a mejor cocinero del mundo incluye una huerta ecológica y un invernadero que surten de materia prima y minimizan los residuos
Javier Olleros, del restaurante Culler de Pau, en O Grove (Pontevedra), inaugura el invernadero y da continuidad a su huerto situado al pie del restaurante con dos estrellas Michelin, a mediados de junio de 2022.
En Culler de Pau, el único restaurante gallego coronado con dos estrellas Michelin, los privilegiados comensales saborean hortalizas extraordinarias que apenas 20 minutos antes hundían sus raíces en el vergel que se admira desde el comedor. El chef Javier Olleros disfruta enseñando los prodigios que obra la madre naturaleza en su huerto e invernadero, una plantación ecológica de 2.500 metros cuadrados donde brotan hojas con sabor a ostra, se recuperan especies en vías de extinción y se investiga cómo aprovechar cada vegetal de la cabeza a los pies. En la finca que rodea a este establecimiento de la aldea de Reboredo, en O Grove (Pontevedra), al pie del filón marisquero de la ría de Arousa, el plato estrella es el compost. “¿Un restaurante fino que huele a compost? Pues sí, porque el compost huele a vida y el compostaje es nuestro pulmón”, proclama Olleros.
El proyecto de restauración sostenible de Olleros y Amaranta Rodríguez, su socia y pareja, ha logrado convertir en abono el 60% de los desperdicios orgánicos que genera el negocio. Para ello han erradicado de Culler de Pau ese gesto con el que los cocineros suelen poner fin a su jornada laboral: “Aquí ya no se arroja la bolsa de basura al agujero negro, aquí terminamos también cocinando, cocinando compost”, explica el chef. Se refiere al concienzudo proceso de volcar los residuos orgánicos del restaurante en los seis composteros que jalonan el huerto. Requiere, por ejemplo, un control de la temperatura y un “acolchado” con cortezas secas para una descomposición libre de patógenos. En la operación, cuentan con la ayuda de un batallón de lombrices que ellos mismos crían.
Los restos orgánicos de los platos de los comensales alimentan una plantación ecológica en la que crecen más de 200 especies que luego regresan a la mesa, pero no es el único compost que se utiliza. También se elabora bokashi, un preparado de melaza y corteza de árboles quemados. “Aquí nada es químico y la tierra es muy buena. Estamos probando un montón de cosas. Algunas no se dan en el huerto, pero sí en el invernadero, como la hoja de ostra”, expone Roberto Lores, agricultor jefe en Culler de Pau, aludiendo a una sorprendente planta del invernadero que sabe a mar.
Uno de los platos realizados por Javier Olleros, en el restaurante Culler de Pau.
Olleros, nominado a mejor chef del mundo en los Best Chef Awards que se fallan el próximo septiembre, considera la sostenibilidad “no una meta, sino un viaje”: “Hay mucho discurso hecho, pero hay que pasar a la acción”. Explica que emprendió el proyecto de la huerta en 2014 como “un libro de aprendizaje”, “para entender el producto” con el que luego crea las recetas. La “frescura” es para él una “obsesión”, recalca. Por eso los cimientos de Culler de Pau desde su fundación en 2009 son los productos locales, de cercanía, esos que la naturaleza fabrica en el “potente ecosistema” de O Grove. Cada día, a las ocho menos cuarto de la mañana, el chef franquea la puerta del mercado de abastos: “Yo quiero mirar a los ojos al productor para generar respeto y también exigencia”.
Culler de Pau colabora con centros de FP, asociaciones de agricultoras y universidades gastronómicas como el Basque Culinary Center. Gloria del Río está haciendo su trabajo de fin de grado en el restaurante. Sobre una mesa del invernadero agarra entre sus manos una planta de apio y muestra cómo la disecciona para aprovecharla por completo. Las flores se secan y se usan para aromatizar platos. Las hojas deshidratadas se muelen para hacer sal y de los troncos se extrae jugo para caldos. “Para mí esto es un aula-taller. Los productos solemos verlos cómo los venden en el mercado. Aquí puedo ver la planta como sale de la tierra y así aprenderlo todo de ella y buscarle otro valor. Es una experiencia que tendría que vivir todo cocinero”, explica Del Río.
El saber de científicos y agricultores
En la España de los bares y el turismo, en ese país en el que acaban de saltar las alarmas porque faltan camareros, el chef llama a repensar la hostelería. “Hay que acabar con el descontrol de desperdicios, el ritmo frenético y las muchas horas de trabajo”, propugna. Cuenta que él y su equipo empezaron contagiándose de esos males porque pensaban que “era la única manera”. Pero un día decidieron “parar y pensar” y, poco a poco, han ido incorporando “pequeños gestos de responsabilidad”. “No es fácil, nos equivocamos mucho, pero la alternativa, eso de pensar solo en el beneficio y ser depredadores, es el abismo y la desigualdad”, defiende. Para lograr el cambio de modelo reclama que las prácticas sostenibles se incorporen a la formación de los hosteleros y que la administración los “acompañe y asesore”.
Olleros aboga por que el sector “ordene horarios”, por que el cliente entienda “que hay una hora para comer”. Censura que los locales de hostelería se multipliquen en España como setas y que haya “tiburones” capitalistas que “montan restaurantes como si jugasen una partida de risk, a ver si luego lo venden”. “Eso provoca precariedad porque no respetan el oficio”, advierte. “Si te va bien con un restaurante, no hace falta montar una cadena. Yo solo tengo uno y no me da la vida. A veces me pregunto cómo hacen otros…”.
El proyecto de restauración sostenible de Culler de Pau incluye una labor de investigación. Tanto en el huerto como en el invernadero, inaugurado en febrero, conviven productos tradicionales con nuevas variedades y cultivos en extinción que han sido recuperados por el equipo del restaurante en colaboración con el CSIC. Hace 11 años, Olleros llamó a la puerta de la Misión Biológica de Galicia, una institución científica de Pontevedra que funciona como “un arca de Noé de las semillas”. Con ayuda del saber de científicos y agricultores, Culler de Pau volvió a cultivar el guisante lágrima, una exquisitez autóctona que estaba en vías de desaparición. Lo mismo hizo con una berza rizada, un haba de marisco… “Galicia es un vergel poco aprovechado; tenemos que recuperar lo que fue en el pasado, las variedades que había”, propugna el chef.
Los inicios no fueron nada fáciles. Los padres de Olleros, emigrantes en Suiza que a su regreso a O Grove se dedicaron a la hostelería, le desaconsejaron montar el restaurante en su pueblo. “No, hijo, aquí no. Vete a ciudades donde tengas más oportunidades”, le aconsejaron. Ignoró el mensaje y superó “la travesía del desierto”. “Al principio, no venía nadie”, recuerda. Eran cuatro trabajadores y ahora son 27, una plantilla multicultural de la India, Argentina, Corea, Japón o Portugal. Olleros y Rodríguez viven en el piso de arriba de Culler de Pau, su “proyecto de vida”: “Parece que un restaurante exclusivo tiene que estar alejado de la realidad, pero no: nosotros estamos apegados al mar, la tierra y sus trabajadores. Soy hijo de currante y no dejaré de serlo nunca”.
Una de las bebidas más populares de México está depredando las montañas de Oaxaca. El monocultivo de maguey para la producción de mezcal, principal insumo del tequila, está aumentando las temperaturas y reduciendo las recargas de agua.
Escrito por Diana Manzo
Las montañas oaxaqueñas de la denominada “región del mezcal”, al sur de México, parecieran haber sido rastrilladas por un ser gigante. Ubicadas en Sierra Sur y Valles Centrales —donde predominan llanuras, lomeríos de baja altitud y cumbres tendidas, así como sierras bajas complejas con piso rocoso—, hoy están rasuradas.
A la catástrofe, resumida en fragmentos, puede verla cualquiera que recorra la zona. De momento, la región está embriagada del agave y de su industrialización para producir la “bebida ancestral de los dioses”. Pero, cuando el estado etílico pase y se tenga que lidiar con la cruda o resaca, las personas se percatarán de la deforestación de miles de hectáreas que amenaza con convertirla en tierra fértil para la minería.
Bebida de los dioses
El mezcal es una bebida alcohólica ancestral, que data de hace unos 500 años. Se obtiene de la destilación de jugos fermentados extraídos de cabezas maduras de maguey, cocido bajo un proceso artesanal, y se almacena en ollas de barro o madera.
Oaxaca es el principal productor de maguey y mezcal de México. De acuerdo con el Consejo Mexicano Regulador de la Calidad del Mezcal (Comercam), el 75,5% de la exportación al extranjero sale de ahí. Y, en la última década, el número de marcas exportadoras creció en casi 400%. Actualmente, la Secretaría de Economía registra más de 700 marcas, entre las que se destaca “Mezcal Dos Hombres” de los protagonistas de la serie “Breaking Bad”, Bryan Cranston y Aaron Paul, así como otras de famosos.
En total, hay 159 especies mezcaleras del género Agave en todo el país, según la Comisión Nacional para el Conocimiento y Uso de la Biodiversidad (Conabio). En los bosques y selvas húmedas de Oaxaca hay ocho, con el maguey espadín (Agave angustifolia) siendo el que mayormente se cultiva en las comunidades con fines comerciales. Se distribuye en “la región del mezcal”, que abarca Sierra Sur, Valles Centrales, Cañada y Mixteca.
“Bebida de los dioses”. “Oaxaca, principal productor de mezcal en México”. “El mezcal logró, para Oaxaca, una derrama económica de más de 3.800 millones de pesos”. “17.000 empleos deja la industria del mezcal”. “El mezcal frenó la migración”. Las frases se leen por todo el estado. Sin embargo, la publicidad deja por fuera los impactos ambientales del aumento del monocultivo y no aborda la responsabilidad de la industria.
Bajo esa tierra que llaman ociosa y esos arbustos color café que —para algunos— no sirven para nada, se encuentran cerros con ecosistemas vivos. Uno de ellos se localiza en San Lorenzo Albarradas y, en sus entrañas, nace una de las cuencas más importantes de Oaxaca, la cual irriga 25 municipios de la región del Istmo de Tehuantepec.
No es casualidad que, ahora, la temperatura llegue a 42 °C en Nejapa de Madero, uno de los municipios oaxaqueños que cambió el paisaje de sus cerros al sembrar grandes extensiones de agave, provocando una deforestación incuantificable. Tampoco debe causar sorpresa que un cerro se haya desgajado y deslavado por las intensas lluvias en San Pedro Totolapan, pues el monocultivo de maguey provocó severos desmontes que afectaron una vivienda que colapsó, causándole la muerte a un campesino.
Milpa por maguey
Es primavera y el calor de 37 °C se siente sofocante en Nejapa de Madero, un municipio de Sierra Sur rodeado de cerros, con un ecosistema de la selva baja caducifolia con vegetación. Ubicado en el distrito geográfico de Yautepec, su paisaje está monopolizado por magueyes espadín, la especie que más se cultiva por su rápido crecimiento y que se vende al estado de Jalisco para la elaboración de tequila.
“Todo comenzó hace ocho años”, recuerda Juan Ruiz, mientras bebe un sorbo de agua y observa, bajo el intenso sol, sus cultivos. De 63 años, se dedica a la agricultura desde los 15, por herencia paterna. Ahora tiene magueyes de todas las edades —de dos, cuatro y seis años— y está en espera de la primera lluvia para sembrar espadín.
Los campesinos de esta zona abandonaron sus cultivos tradicionales —como maíz, frijol y calabaza— para enfocarse en el monocultivo de maguey, escalando los cerros que ahora están cubiertos por agave. Solo unos cuantos siguen practicando el cultivo mixto que heredaron de sus ancestros. La opción es menos nociva para el medioambiente y les permite realizar combinaciones en su suelo, pero sin aquello que les deja dinero. Por eso, siembran mango con maguey, ciruela con maguey o papaya con maguey.
Para un litro de maguey se usa una veintena de piñas de agave, recalca Ruiz, al mencionar que el mezcal que se prepara en la zona es artesanal. “Toda la producción se va a Jalisco y, como ha aumentado cada vez, sembramos más. Lo que queda y no se vende es lo que se destina a la producción del mezcal que vendemos a granel, por tambos de 20 litros. Eso lo compran productores de la capital o de la Ciudad de México, que tienen negocios. Bueno, eso nos dicen”, cuenta.
Para sembrar en el cerro, los campesinos justifican: “Solo hay monte que no sirve para nada”. Prefieren echarles fuego, quemarlos y, de ahí, marcarlos con un hilo para comenzar la siembra acelerada de agave, que cada vez abarca más.
La práctica de “roza, tumba y quema” es común en la zona, lo que ha generado que cientos de hectáreas de selva caducifolia desaparezcan. Esto significa que los procesos naturales, químicos y biológicos (biogeoquímicos) para la formación del suelo están hechos cenizas.
Ruiz sabe que la milpa (policultivo) es la mejor forma de trabajar sus parcelas, pero, para obtener ganancias ante la demanda del maguey, la opción es continuar con el monocultivo. “Antes, acá sembrábamos maíz, pero el maguey deja más”, confiesa y explica que, desde hace una década, el kilo de maguey comenzó a valer más por la demanda. Antes, lo vendían a 2 o 3 pesos; hoy, a 7.
Y es que, según el “Diagnóstico de la Cadena de Valor Mezcal en las regiones de Oaxaca”, la demanda de agave incrementó en más de un 50% durante los últimos cinco años. Pero convertir a Oaxaca en el principal productor de maguey mezcalero —destaca el documento—, con el 70% del inventario nacional y el principal abastecedor para la industria tequilera de Jalisco, tiene importantes consecuencias ambientales.
La ruta verdadera
La “verdadera ruta del mezcal” no está donde hay folklore y colorido, ni en los bares de la capital de Oaxaca que promocionan una infinidad de marcas. Tampoco es el tour que recorren turistas nacionales y extranjeros, o los que lo compran a granel y lo envasan, colocándole una etiqueta llamativa. La verdadera ruta del mezcal está en las decenas de cerros trasquilados que todos los días son desmontados, quemados y escalados para nuevas siembras.
Aunque las autoridades saben de esta transformación y de sus graves consecuencias, prefieren seguir promocionándola como “la bebida de los dioses”, que “sirve para todo mal y también para todo bien”, sin medir el impacto ambiental que genera.
La herida ya se nota. La tierra ya resintió. El mal ya está hecho. “Es algo necesario”, dice Hugo Meza, mezcalero de la zona, “la única forma”, porque así lo heredaron para poder seguir elaborando una bebida cuyo precio se ha elevado.
Una copa, que hace una década costaba no más de 10 pesos (US$0,51), hoy oscila entre 100 y hasta 350 pesos (US$5,09-17,80) en restaurantes y bares de la capital oaxaqueña, valor que se cuadriplica en el mercado internacional.
“El litro de mezcal que producimos lo vendemos en 50, 100 y hasta 150 pesos a granel sin etiquetas”, cuenta Antonio Salinas, de la zona de Yautepec, quien —para evitar la reventa de su producto— está armando su propia marca. Confiesa, sin embargo, que hay marcas en el mercado que “pegan la etiqueta” en su botella: “Acá llega mucha gente que viene a comprarnos y más tarde presume de tener una marca. La hacen bonita, colorida y venden nuestro mezcal a un precio elevadísimo”.
Productores como Salinas hay infinidad. “Sembrar maguey y venderlo a los productores de Jalisco nos deja, vale más y vivimos mejor”, reafirma.
Ganar es lo que importa
Es domingo 15 de mayo, a mediodía, y un incendio parece salirse de control en la comunidad El Gramal, ubicada sobre la carretera federal Panamericana 190 entre el Istmo de Tehuantepec y Yautepec, donde viven unas 800 personas, 90% de las cuales se dedica al mezcal. Es la zona que más vende a Jalisco para la producción de su tequila: aproximadamente 1.000 “piñas” de magueyes al día son cargadas en tractocamiones.
“Son simples arbustos estorbando”, acota Carlos Luis Martínez, un mecánico de 40 años. Mientras cuida el terreno prendido en fuego, explica que se trata de un incendio provocado: quiere dejarlo limpio para cultivar sus magueyes, tal y como lo hace su familia desde hace ocho años.
Con una bomba aspersora, él y su hermano riegan insecticida sobre los plantíos que no lograron quemarse. Esta es una imagen que cotidianamente practican los productores.
Al preguntarle por el esquema de plantación, que es de forma lineal en los cerros —y no transversal a la pendiente, como recomiendan los agrónomos—, Martínez dice que lo hacen “como Dios les da a entender”. Puntualiza: “Acá nadie nos vino a decir cómo sembrar ni cómo tratar los cerros. Esto lo hacemos por lógica, porque creemos que está bien. Además, está a la luz de las autoridades, todos lo ven. Y, como nos deja dinero y buenas ganancias, creemos que es la mejor forma”.
No simples “manchones”
Daniel Ramírez López es ingeniero agrónomo de profesión y defensor de los bosques por pasión. Junto al activista Roberto Carlos Cruz Gómez coinciden en que la voraz destrucción de los cerros por el monocultivo del maguey “está imparable”.
En un recorrido de más de cinco horas por Sierra Sur —que colinda con los municipios mezcaleros del distrito de Tlacolula (San Antonio y San Lorenzo Albarradas, Santa Ana del Valle, San Luis del Río, San Juan del Río y San Pedro Totolapan)—, muestran “la verdadera ruta del mezcal”, ese rostro desolado que no se presume y por el cual se están destruyendo ecosistemas “a lo bruto” todos los días, explican.
Ramírez comenzó a detectar este fenómeno hace seis años. Observó cómo los cerros ya no tenían el color café de su cobertura vegetal y se convirtieron en verdes por el maguey, cambiando totalmente el paisaje.
“¿Ves esa montaña? Estaba llena de vida, de cactus, de maleza, de microorganismos, de un todo que ahora ya no está. En 30 minutos, lo pelonearon. Y, para regenerarlo, tardaremos un siglo. ¡Eso es lo que está pasando con el mezcal! Se está por un lado beneficiando a los productores, pero por otro hiriendo a la Madre Tierra”, lamenta.
“El agua es lo primero que se empieza a ir cuando llega la deforestación y en esta zona ya se empieza a resentir”, subraya el ingeniero agrónomo. Y completa: “Son muchos manchones en medio de un cerro. Todo eso es maguey. Pero, a cambio, se están acabando los cerros, que dicen que son ociosos, que no tienen vida, que no sirven para nada. Eso es mentira”.
De acuerdo con estudios propios -expone-, en la primera y segunda cosecha, hay buena producción. Pero, a la tercera, el maguey ya no crece: es porque el suelo se erosiona. “Se queda sin minerales, sin cobertura vegetal, sin esa vida que le da fortaleza, sin la rizósfera, que es la parte del suelo inmediata a las raíces vivas. Por eso, al quitarle todos sus nutrientes, el cerro tiende a desgajarse y afectar casas y personas, pero nadie lo mira así: cuando hay un deslave, la culpa es del cerro, no de quienes lo ocasionaron”.
En esta zona, también hay un afluente natural, “el río grande”, así como un microecosistema de plantas campechanas amenazadas por el desmonte para la siembra de maguey, que, de no controlarse, podrían desaparecer en poco tiempo.
“Esa es la verdadera ruta del mezcal”, enfatiza Cruz Gómez, apuntando a cada uno de los daños que tienen los cerros, y explica que, además de la quema, también se usan insecticidas, que no es más que la muerte de los ecosistemas y que nadie controla. “Esta ruta nadie la muestra, acá nadie conoce. Para llegar, son muchas horas, es camino terracero. Y, desde acá, ya no se ve el folklore ni la algarabía. Lo que se ve es una zona deforestada, quemada y afectada por la siembra acelerada que ha dejado el ‘boom’, como llaman a la fiebre del mezcal”.
Mientras avanza en el recorrido y muestra el paisaje desolador, reitera que el desmonte ha provocado, también, las altas temperaturas: “Mucha gente cree que se trata de simples montes, lo quitan y siembran otra cosa. Lo que no saben es que están matando ecosistemas que nos dan vida, que nos purifican la tierra. Y las consecuencias ya las vivimos, intensos calores y lo que va a ocurrir son las fuertes lluvias, el cambio climático le llamamos”.
“Este 2022, Oaxaca llegó hasta 42 °C y no es casualidad que Nejapa de Madero haya sido uno de los municipios más cálidos, tampoco que en San Pedro Totolapan un cerro se haya desgajado. Vemos un devastador acelere del desmonte que se ha dado en la zona por la siembra de agave”, confirma el meteorólogo oaxaqueño, Cutberto Cruz, quien precisa que los productores deforestan sin planeación, sin técnica. Ese azolve que hacen, al no existir ese arbusto tradicional que sirve para retención de agua, ocasiona una degradación de la cuenca hidrológica.
“El agave no es una planta retenedora de humedad. Sin embargo, la voracidad y la falta de planeación les está ganando, así como el interés económico de los campesinos de la zona”, profundiza. “Ese cambio de uso de suelo ocasionado por el desmonte generará más deslaves, las inundaciones, porque hay una degradación de la cuenca y afectará a la parte más baja, a los pueblos”.
El mezcal es vida, pero debe ser sustentable
“Mezcal es vida”, dice un letrero que invita a recorrer la comunidad de San Luis del Río, agencia municipal de Tlacolula de Matamoros que se dedica desde hace un siglo y medio a producir agave. Es una de las principales zonas mezcaleras de Oaxaca, incluida en “la ruta del mezcal”, pero también una de las áreas donde la deforestación avanza aceleradamente.
Después de sortear la “nueva autopista” por Santa María Albarradas, que se construye por tramos y está en pésimas condiciones, se localiza la desviación para llegar a San Juan del Río. Desde ese punto, hay que atravesar 16 kilómetros, 12 de ellos en pura terracería, porque los trabajos que se habían iniciado se truncaron en la administración del actual gobernador priista, Alejandro Murat, aunque esta comunidad de 600 habitantes produce el 12% de las exportaciones de mezcal, principalmente hacia Estados Unidos, y un buen camino es importante para ello.
En Oaxaca, aún se elabora mezcal de forma artesanal. Sin embargo, en los últimos 10 años, se ha cultivado para una producción industrial —que, además, utiliza maquinaria en lugar de las ollas tradicionales—, lo que ha causado un daño ambiental considerable al requerir miles de pencas, detalla Ramírez.
“Es buen tiempo para corregir esos errores y volver sustentable todo”, considera, al precisar que los productores no han tenido un acompañamiento técnico. “La siembra del agave lo hacen de forma lineal, como si fuera un valle, y eso desgasta el suelo. Lo ideal es cultivar en curvas de nivel para no erosionar, pero eso pocos lo hacen. Y otra cosa: es necesario y urgente regresar a la plantación tradicional, a la milpa. Es decir, privilegiar el cultivo mixto, lo que significa que el monocultivo puede convivir con otras especies, esto es, agave con calabaza y maíz, o agave con ciruelos. Estamos a tiempo de remediar esta situación, queda en nosotros”, alerta.
Mientras camina por los cerros invadidos de agave, el ingeniero agrónomo advierte que los productores tampoco han sido capacitados ni apoyados para cambiar el esquema de reproducción de agave. Al respecto, dice: “Se trata de una erosión genética, donde las plantaciones no tienen capacidad de respuesta ante fenómenos adversos como el cambio climático y las plagas. Por supuesto que los rendimientos se afectan y ellos lo notarán a largo plazo. Ahora, quizá, no, porque solo están viendo ganancias, pero, para su tercera cosecha, es decir, en unos ocho años más, seguro ese suelo, si no hacen nada, quedará erosionado”.
La minería al acecho
Cuando todo se ponga gris, seco, esté erosionado y no haya un Manifiesto de Impacto Ambiental, estas tierras estarán listas para la actividad minera.
“El costo ambiental no lo cobrará el banco, sino la naturaleza”, recalca Ramírez. “He recorrido varias veces la zona y lo que más temo es que las compañías mineras están al acecho. Este fenómeno de ir aniquilando poco a poco los cerros y sin que las autoridades lo paren no es casualidad”, enfatiza.
Y es que, según el “Panorama Minero del Estado de Oaxaca” del Servicio Geológico Mexicano, en la ruta del mezcal, existen yacimientos de oro, plata, cobre y plomo. Al deforestar los cerros, se vuelve idóneo para que las empresas mineras puedan explotar el territorio, una vez que los suelos dejen de producir maguey.
De septiembre de 2019 a la fecha, en Oaxaca, se han otorgado 322 títulos de concesión mineros. En los municipios de San Lorenzo Albarradas y San Pedro Quiatoni, así como en las comunidades de Baeza (Yautepec) —denominado como el distrito minero de “San José de Gracia”—, hay concesiones para explotar zinc, cobre, oro y plata.
Actualmente, son tres las empresas que explotan el suelo de este estado: Don David Gold México S. A. de C. V., en la zona de El Águila y San José de Gracia; la Sociedad Cooperativa Manufacturera de Cemento Portland “La Cruz Azul” S. C. L., en el municipio de San Bartolo Yautepec; y Fortuna Silver Mines y Cia. “Minera Cuzcatlán” y Nuum Resources Mexico S. A. de C. V., en San José del Progreso.
Pese a los daños ambientales que se avizoran y las consecuencias sociales que tendrán, son pocas las personas que hacen resistencia.
“Al no haber otra opción para la agricultura, será la actividad minera. Es una muerte lenta del territorio que llevará a la migración y al desplazamiento forzado, sin olvidar el ingreso del crimen organizado y la violencia. Eso lo hemos visto en otras zonas y seguro se multiplicará en nuestra región”, advierte con preocupación Francisco García, habitante de San Lorenzo Albarradas.
Los productores de mezcal reconocen que, además del uso privado que dan a sus tierras, también hay quienes las rentan a inversionistas nacionales y extranjeros que llegaron por el “boom” del mezcal.
“No sabemos qué empresas son, pero llegan y nos rentan el terreno, nos dan el maguey y, a cambio, le pagan a un campesino una renta, dotándolo de todos los insumos. Pero, una vez que la planta está apta para corte, ellos la acaparan”, dice Mario Gómez, vecino de San Luis del Río. “Así pensamos igual que ocurrirá con la tierra erosionada: después vendrán las mineras y la rentarán, porque será el único uso que le den”.
Datos que pueden servir como “destacados”:
—En 2020, Oaxaca generó una derrama económica de US$ 386 millones por la producción del mezcal.
—Según la Denominación de Origen Mezcal de 1994, publicada en el Diario Oficial de la Federación, en México, solo se puede producir mezcal en los estados de Oaxaca, Guerrero, Zacatecas, San Luis Potosí, Durango, Guanajuato, Tamaulipas y Michoacán.
—El impacto de la deforestación es “brutal” en México, según el Global Forest Watch. Solo en 2021, el país perdió 321.000 hectáreas. Entre las causas: el aumento del monocultivo del que ahora vive el campo por el “boom” del mezcal en Oaxaca, los incendios forestales, la explotación ilegal y el crimen organizado.
Comissão Europeia avança este ano com uma iniciativa para promover o sector das algas. A aposta na agricultura marinha promete trazer sabores novos, e mais sustentáveis, da água salgada para o nosso prato.
Escrito por Andréia Azevedo Soares
Há cerca de 1200 milhões de anos surgiam os primeiros parentes unicelulares das algas. Estas formas de vida ancestrais ficariam talvez com uma pontinha de inveja – se fossem dotadas de emoções, claro – da popularidade que as “primas” actuais gozam. Hoje as algas são vistas como um recurso com “enorme potencial” – as palavras são da Comissão Europeia, que vai avançar com uma “estratégia para as algas” – e, por isso, há todo um esforço financeiro e legislativo para apoiar o cultivo destes organismos. A aposta na agricultura marinha promete trazer sabores novos, e mais sustentáveis, da água salgada para o nosso prato.
“Não imaginava que as algas viriam a ter a explosão de interesse que têm hoje. Costumo dizer que se a empresa ALGAplus tivesse surgido agora, teríamos tido um percurso muito mais facilitado do que tivemos em 2012. Éramos vistos como completamente loucos, foi-nos dito muitas vezes pelos nossos parceiros científicos que estávamos [insanos] porque isto de cultivar algas só mesmo na Ásia. E só passaram dez anos e já estamos a ver um panorama completamente diferente em Portugal”, afirma ao PÚBLICO a bióloga marinha Helena Abreu, cofundadora e directora geral da ALGAplus, uma empresa em Ílhavo que produz e vende macroalgas.
Helena Abreu faz parte do grupo de agricultores marinhos que a União Europeia quer ver crescer e singrar. A directora-geral da ALGAplus vê-se a si própria mais como uma aquacultora de algas, mas há vozes no sector que preferem evitar o termo aquacultura, que evoca muitas vezes conotações negativas associadas ao uso excessivo de antibióticos, por exemplo. E daí a expressão agricultura do mar.
“A bem dizer, fazemos aqui mais agricultura costeira do que do mar”, brinca Helena Abreu, uma vez que a empresa reaproveitou as antigas marinhas de Aveiro para o cultivo de algas. “São zonas de água salgada de boa qualidade que estavam, na sua maioria, completamente ao abandono. Estamos a trabalhar na recuperação deste património costeiro”, explica a responsável. Portugal actualmente não possui cultivo comercial em mar aberto, uma actividade que exigiria criar estruturas robustas para resistir ao hidrodinamismo.
A agricultura marinha é um dos temas abordados nos eventos paralelos da Conferência dos Oceanos, que decorre de 27 de junho a 1 de julho em Lisboa. A sessão informativa online “Algas: soluções alimentares aquáticas para as pessoas, o clima e os oceanos” está agendada para o dia 28, das 8h às 9h30, sendo organizada conjuntamente pelas organizações WorldFish, Universidade Agrícola Sylhet, no Bangladesh, WWF International e Safe Seaweed Coalition.
Esta última entidade, que agrega os diversos actores interessados numa indústria das algas segura e sustentável, também vai organizar uma reunião anual em Lisboa no próximo dia 29 de junho, à margem do grande evento das Nações Unidas. O objectivo do encontro é discutir as questões que preocupam e motivam o sector não só nesta fase de crescimento, mas também no contexto da urgência climática. A segurança alimentar e as condições dos trabalhadores na indústria também são dois tópicos que, segundo Helena Abreu, deverão estar em discussão.
Algas são as novas proteínas?
Nas próximas três décadas, a população global pode chegar aproximar-se dos 10 mil milhões de habitantes. Será necessário encontrar soluções para alimentar todas estas pessoas de uma forma mais sustentável, ou seja, produzindo alimentos nutritivos que envolvam o mínimo de emissões possível. As algas surgem então como uma das alternativas aos produtos que têm uma enorme pegada ecológica, como é o caso da carne bovina.
“Vendemos para empresas que depois vão transformar estes ingredientes em molhos para massas, pão, refeições prontas. Vemos muito também a substituição da proteína animal ou simplesmente a sua utilização para acrescentar valor nutricional aos alimentos, já que as algas são muito ricas em minerais específicos (ferro, cálcio, magnésio, potássio e iodo), além das proteínas. As algas são cada vez mais vistas como um alimento não só sustentável, mas também saudável”, explica Helena Abreu.
Um quilo de bifes de vaca requer cerca de 15 mil litros de água para ser produzido. Isto sem falar nas emissões. Já as algas podem ter um efeito positivo: armazenam carbono, produzem oxigénio e consomem azoto. Se feita de forma eficiente e sustentável, acredita a Comissão Europeia, a agricultura do mar pode ser um instrumento para mitigar os efeitos do clima e oferecer saídas para a insegurança alimentar e a seca hidrológica.
“O cultivo de algas tem funções semelhantes às das florestas naturais no sentido de captar CO2, produzir oxigénio e limpar a água, se houver excesso de nutrientes. Também pode retirar poluentes, mas depois o destino da biomassa tem de ser repensado. Não pode ir para a alimentação, uma vez que pode conter metais pesados”, explica ao PÚBLICO Isabel Sousa Pinto, professora do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e investigadora no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Ciimar).
Além do interesse para a alimentação humana, macro e microalgas podem ser usadas como matérias-primas para o fabrico de fármacos, cosméticos, suplementos nutricionais, combustíveis biológicos e até bioplásticos. E, claro, fertilizantes naturais, uma aplicação que já não é de todo uma novidade: a apanha e o uso do moliço e do sargaço traduz-se há muitas décadas em solos mais produtivos em Portugal.
“O outro mercado é para a alimentação animal: o salmão e outros peixes de que gostamos são carnívoros e nós não vamos andar a pescar para alimentar os peixes, então tem sido feito muito trabalho para identificar opções vegetais [para rações piscícolas]. Naturalmente pensou-se nas algas, uma vez que já faz parte, ainda que de uma forma indirecta, da cadeia alimentar dos peixes”, afirma Isabel Sousa Pinto.
O gado também pode comer algas, e há estudos que sugerem que este é um hábito alimentar amigo do ambiente. “Descobriu-se que uma pequena quantidade de algas adicionada à alimentação das vacas pode reduzir drasticamente a produção de metano, que o gado bovino produz naturalmente no seu metabolismo. Seria necessário produzir esta alga para aditivo numa proporção enorme [se fossemos usar no sector agropecuário]”, acrescenta a investigadora do Ciimar.
UE quer estratégia para as algas
Bruxelas anunciou para 2022 a adopção de uma iniciativa unicamente dedicada às algas, por forma a apoiar o desenvolvimento deste sector. “A iniciativa vai simplificar a autorização de algas como novos alimentos através da redução dos custos de submissão de propostas, da simplificação do acesso aos mercados, da promoção dos produtos com algas junto dos consumidores, tendo em vista a aceitação e consciencialização, e da colmatação de lacunas entre o conhecimento, a ciência e a inovação”, refere um documento da Comissão Europeia sobre a chamada economia azul (ou seja, a actividade económica ligada aos oceanos). Uma consulta pública já foi feita para abrir caminho para a indústria das algas.
Alimentar-se é tanto um acto de sobrevivência quanto uma prática sociocultural. Aquilo que é banal na Ásia há pelo menos dois séculos, pode ser visto como uma nova tendência na Europa. E daí a iniciativa da União Europeia para promover a agricultura do mar falar em “aceitação e consciencialização”. É preciso compreender a sensibilidade alimentar dos europeus, perceber quais são as algas nativas que são interessantes ou estratégicas para o cultivo e, por fim, imaginar formas criativas de apresentar estes ingredientes aos paladares do velho continente.
Já existem vários chefes de cozinha a fazer esse percurso, sendo o português Rui Paula um deles. O cozinheiro andaluz Angel León também defende que “o mar pode ser a nova despensa da humanidade”: foi buscar às águas salgadas a Zostera marina (esta não é uma alga, mas sim uma planta), que possui grãos nas extremidades e pode ser servida como um arroz marinho.
“A alimentação não é só uma questão nutricional, possui uma forte componente cultural. Nas últimas décadas, temos gostado de experimentar coisas novas e inovar. Na Europa, por exemplo, a alface-do-mar (Ulva lactuca) é muito apreciada porque é verdinha, parece uma salsa quando adicionada ao arroz ou à omelete. Então, esta aparência acaba por proporcionar um aspecto familiar que facilita a aceitação”, refere Isabel Sousa Pinto.
A investigadora da Universidade do Porto, que cocoordena o European Marine Research Network, esteve recentemente em Bruxelas precisamente para participar numa reunião sobre a iniciativa europeia para apoiar o sector das algas. “De repente, ficaram no centro das atenções”, diz ao PÚBLICO. A ideia é integrar a agricultura do mar nos objectivos do Pacto Ecológico Europeu e na transição para uma União Europeia neutra em carbono.
A cientista debruça-se sobre as algas enquanto objecto de estudo há pelo menos três décadas. Quando fez o doutoramento em biologia marinha pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, “já estava convencida do impacto positivo das algas nos ecossistemas globais”. Ao longo da carreira, que inclui a participação em múltiplos projectos europeus, Isabel Sousa Pinto foi partilhando a paixão por estes organismos com muitos alunos, colegas e colaboradores. A cientista diz não possuir “uma veia empreendedora”, mas tem feito do Ciimar um “alfobre” de onde saíram ideias para projectos como o ALGAplus.
“Foi uma empresa criada por ex-colaboradores meus. Tínhamos esse projecto piloto aqui no Ciimar: havia algas que estavam a crescer em água de uma aquacultura [piscícola]. Nós íamos buscar essa água para os nossos tanques de algas, vinha muito enriquecida com nutrientes porque os peixes produzem compostos azotados e com fósforo. As algas utilizavam isso e cresciam melhor do que na água limpa. Só tem nutrientes, nenhum composto nocivo. Os cientistas acabaram por criar uma empresa para fazer algo semelhante na Ria de Aveiro. São muito criativos, começaram a fazer os próprios produtos, tem diferentes espécies de algas”, recorda Isabel Sousa Pinto. Um dos produtos que os portugueses já encontram nos supermercados é a maionese do mar, um molho produzido pela marca nacional Paladin que inclui alface-do-mar na lista de ingredientes.
O projecto científico que começou na Universidade do Porto e deu um salto empreendedor para Aveiro exigiu, pelo meio, “muito trabalho e paciência”. Helena Abreu conta que “começar um sector quase do zero” traz vantagens e desafios. Quais foram as dificuldades? A resposta descreve um vazio regulamentar no cultivo comercial de algas de há uma década.
“Não havia regulamentação, não havia certificação biológica, não havia IVA previsto para as algas marinhas. Tivemos de trabalhar com a Associação Portuguesa de Aquacultura para ver isso. Tivemos de tratar das licenças para poder apanhar algas para iniciar o cultivo. Um biólogo marinho quando começa uma empresa não imagina [que vai lidar com todas estas burocracias]”, explica Helena Abreu. O que a iniciativa de Bruxelas pretende é precisamente facilitar o caminho dos novos agricultores do mar, de modo a promover o uso inovador das algas.
Há 11 mil espécies de algas que já foram descritas no mundo, das quais 221 possuem valor comercial e dez são vastamente cultivadas em países como a China (líder mundial) e a Coreia do Sul, refere um relatório da agência das Nações Unidas para a alimentação e agricultura (FAO, na sigla em inglês) sobre a produção global de algas. A escolha de espécies para o cultivo em águas portuguesas deve sempre recair sobre espécies nativas, sublinha Isabel Sousa Pinto, por forma a evitar invasoras, a exemplo do que se passa hoje nos Açores. Na ALGAplus, por exemplo, houve uma aposta forte na alface-do-mar, na nori-do-atlântico (Porphyra umbilicalis, também conhecida nos Açores como erva-patinha), no cabelo-de-velha (Gracilaria gracilis) e no chorão do mar (Codium tomentosum).
“Há muitas espécies de alga nori, a que cultivamos aqui não é a nori que as pessoas conhecem do sushi. Esta [que vem a enrolar o arroz na cozinha japonesa] ainda é 99,9% importada da Ásia, sobretudo da Coreia do Sul, da China e do Japão. Toda a Europa está ainda inundada de algas importadas da Ásia. Este foi um dos pontos que nos fez querer criar a empresa e escolher as espécies a dedo. A nori-do-atlântico é uma espécie de cá, foi preciso desenvolver todo o ciclo de produção e a parte de inovação”, explica Helena Abreu.
Estas espécies cultivadas nas antigas marinhas de sal beneficiam de uma “casa” com condições óptimas de crescimento: águas repletas de nutrientes originários dos dejectos dos peixes. Este sistema – chamado IMTA, ou aquacultura multitrófica integrada – reproduz os ecossistemas naturais na produção de peixes. À excepção do clima e da meteorologia, que podem tornar a vida das macroalgas mais ou menos feliz consoante a temperatura ou quantidade de luz solar, tudo é organizado para que possam crescer mais rapidamente, da salinidade à qualidade da água. É, ao que parece, uma vida bem mais confortável do que aquela que tiveram os primeiros parentes unicelulares das algas.
Entrar en el ámbito del** Recinto Modernista de Sant Pau** es hacer un viaje en tiempo hacia principios del siglo XX. La época de oro del modernismo catalán, cuando la ciudad se iba llenando de hermosos ejemplos arquitectónicos que hoy atraen a miles de viajeros de todo el mundo hacia Barcelona.
Hablamos de un amplio complejo, el conjunto modernista más grande del mundo, que se encuentra muy cerca de la Sagrada Familia y que se levantara cuando este era un rincón periférico de la ciudad. Hoy, los pabellones, túneles, jardines y plazas que dan cuerpo al Recinto Modernista Sant Pau constituyen una visita ineludible en Barcelona.
Recinto Modernista Sant Pau, su historia
La historia, sin embargo, comienza mucho antes, cuando en 1401 Barcelona abre un único hospital para reunir la atención que hasta entonces se ofrecía en cinco pequeños hospitales ligados a órdenes religiosas. El 5 de septiembre de 1401 con una bula del papa Benedicto XIII, se autoriza la constitución del Hospital de la Santa Creu.
Esta institución funcionó en su edificio gótico del barrio de Raval hasta finales del siglo XIX, en que se mostraba ya como insuficiente para una ciudad que continuaba creciendo. La actual sede la Biblioteca de Catalunya ocupa aquel primer edificio del hospital de la Santa Creu (carrer Hospital, 56).
A finales del siglo XIX, el crecimiento demográfico de Barcelona y los adelantos de la medicina hicieron que el hospital se quedara pequeño. Por esta razón se planteó la construcción de un nuevo edificio. Gracias al legado del banquero Pau Gil, el 15 de enero de 1902 se colocaba la primera piedra del nuevo centro hospitalario, diseñado por Lluís Domènech i Montaner, uno de los maestros del modernismo catalán.
El recinto se inaugura en 1930 mostrando un diseño atípico e innovador, dividiendo las especialidades nacidas con la evolución de la Medicina e incorporando adelantos que para la época fueron revolucionarios. Domènech i Montaner tuvo en cuenta conceptos nuevos (y por entonces casi desconocidos) para conseguir más higiene para prevenir contagios (como el usar azulejos de suelo a techo), o lo que hoy llamamos cromoterapia al dar luz y color diferente a cada pabellón.
Las líneas orgánicas y la inspiración de la naturaleza, tan del estilo, ayudaron a crear espacios únicos y bellos, entendiendo tanto a la salud física como la emocional. Una obra de esta envergadura no podría haberse realizado sin el apoyo del dinero del banquero Pau Gil (de allí que el recinto sumara a « la Santa Creu », el nombre de « Sant Pau » en su honor).
Recinto Modernista Sant Pau, sus características
Hoy el Recinto se ha convertido en un centro del conocimiento, en el que cada uno de los pabellones que antiguamente atendían distintos tipos de dolencias, se dedica al conocimiento y a instituciones referentes en los ámbitos de la sostenibilidad, la salud y la educación.
Domènech i Montaner ideó un gran espacio donde se distribuyeron los pabellones a partir del magnífico edificio de Administración que domina el acceso en el cruce de las calles San Antonio María Claret y Cartagena. Ya en el interior, el Pabellón de las Operaciones se ubica en el centro de una amplia explanada y rodeado de los pabellones de especialidades. Y por debajo del nivel de la calle, una red de túneles por los que accedían los carros de entonces (y ambulancias después) con los pacientes.
El complejo sanitario estuvo en funcionamiento hasta el año 2009 en el que trasladó su atención a un moderno edifico colindante. El antiguo recinto, transformado durante décadas para dar cabida a los servicios de un hospital en la actualidad, necesitaba una gran tarea para volverlo a su esplendor.
A partir del año 2011 comienzan las obras de rehabilitación que aún hoy continúan. Actualmente, la visita guiada al Recinto Modernista Sant Pau incluye uno de los pabellones de pacientes, los túneles, los jardines y explanada, el pequeño Pabellón de Sant Jordi y « la joya de la corona« , el edificio de Administración.
Toda la imaginación del artista, toda la belleza del modernismo en su máxima expresión en cada detalle: ventanas, puertas, mosaicos, vidrierías, cornisas, arcos, elementos arquitectónicos y decorativos que han recibido cientos de horas de tratamiento y cuidados para devolverles a su estado original. En muchos casos escondidos detrás de paneles levantados para ganar espacio para consultas, estos detalles artísticos y la belleza del conjunto le ha valido ser declarado Patrimonio de la Humanidad en 1997.
Una visita al Recinto Modernista Sant Pau te acerca a un trocito de la historia de la ciudad, a uno de los ejemplos más impresionantes del arte y a un espacio bello para disfrutar. Además, de conocer detalles y curiosidades, te asombrarás por una arquitectura pensada para dar servicio y, asimismo, maravillar con sus formas.
Al seu blog explica la utilitat de la bici holandesa per desplaçar-se d’un lloc a un altre per a les activitats quotidianes, bicis que ell anomena “bicicletes normals”, però que la resta del món coneix com a “bicicletes holandeses”, en les quals se seu amb l’esquena dreta. [Urban Thinkers Campus, 25/10/2017]
Swapfiets ofereix per llogar la clàssica bici holandesa sense marxes i una d’urbana de set velocitats, a banda de bicicletes elèctriques (per 75 euros al mes) i, properament, patinets i motos elèctriques. [Avui, 5/04/2021]
Observacions
La bicicleta holandesa, abreviada com a bici holandesa, és un tipus de bicicleta el disseny de la qual prové dels Països Baixos, en què l’ús d’aquest mètode de desplaçament és tota una cultura, perquè resulta pràctic i ràpid per a tothom. Les bicis holandeses estan dissenyades perquè s’hi pugui pujar i baixar-ne còmodament, sigui quin sigui el tipus de roba que es porti (fins i tot un vestit o unes faldilles). A més, com que duen parafangs i un protector per a la cadena, les persones no s’embruten. La característica més prominent d’aquestes bicis és que permeten mantenir l’esquena recta mentre s’hi està assegut i pedalejant, la qual cosa resulta una posició molt còmoda i natural. Per aquest motiu, és un dels tipus de bicicleta preferits dels holandesos per als desplaçaments diaris i han aconseguit exportar-lo arreu del món. En l’actualitat, en què cada cop més països aposten per la sostenibilitat, l’ús de la bicicleta s’està estenent i, gràcies a la seva practicitat, les bicis holandeses són un dels models que té més èxit, sobretot a les zones urbanes.
La columna vertebral de la economía alemana actual es la industria automotriz. Esto no solo se debe a que representa alrededor del 10 por ciento del PIB; marcas como Porsche, Mercedes, BMW y Volkswagen son reconocidas en todo el mundo como símbolos del ingenio y la excelencia de Alemania en el sector industrial. Estas empresas invierten millones en mercadotecnia y publicidad para sustentar esa imagen. Invierten menos dinero y energía en hablar sobre sus orígenes.
El éxito de estas corporaciones se remonta directamente a los nazis: Ferdinand Porsche convenció a Hitler de poner en marcha las operaciones de Volkswagen. Su hijo, Ferry Porsche, quien hizo crecer a la empresa, se ofreció voluntariamente como oficial de las SS. Herbert Quandt, quien convirtió a BMW en lo que es hoy, cometió crímenes de guerra. También Friedrich Flick, quien llegó a liderar Daimler-Benz. A diferencia de Quandt, Flick fue sentenciado en Núremberg.
No es que este sea un secreto en la Alemania moderna, pero sí se ignora con despreocupación. Estos titanes de la industria, los hombres que desempeñaron un papel central en el desarrollo del “milagro económico” del país después de la guerra, en general siguen siendo alabados y celebrados por su visión empresarial, no por sus actos bélicos. Edificios, fundaciones y premios llevan sus nombres. En un país que es tan elogiado por su cultura de remembranza y arrepentimiento, el reconocimiento honesto y transparente de los actos en tiempos de guerra de algunas de las familias alemanas más adineradas sigue siendo, en el mejor de los casos, una acotación. Pero las cuentas no estarán del todo ajustadas sino hasta que estas empresas —y Alemania— sean más explícitas sobre el pasado nazi de sus patriarcas.
He escrito sobre estas familias desde hace una década; primero, como periodista de Bloomberg News, luego, como autor de un libro sobre las dinastías empresariales alemanas y sus historias relacionadas con el Tercer Reich. He indagado en cientos de documentos históricos y estudios académicos, así como en memorias y autobiografías. He hablado con historiadores y visitado archivos dentro y fuera de las fronteras alemanas. Y mis descubrimientos me han asombrado.
Veamos primero a los Quandt. En la actualidad, dos de los herederos de la familia tienen un patrimonio neto de unos 38.000 millones de dólares, controlan BMW, Mini y Rolls-Royce y tienen participaciones considerables en las industrias química y tecnológica. Los patriarcas de la familia, Günther Quandt y su hijo Herbert Quandt, fueron miembros del Partido Nacionalsocialista Obrero Alemán y sometieron hasta a 57.500 personas a trabajo esclavo y forzoso en sus fábricas, donde se producían armas y baterías para la iniciativa bélica alemana. Günther Quandt adquirió empresas de judíos que fueron obligados a vender sus negocios a precios inferiores a los del mercado y de otros cuyas propiedades fueron incautadas luego de que Alemania ocupara sus países. Herbert Quandt ayudó con al menos dos de estas adquisiciones sospechosas y también supervisó la planificación, la construcción y el desmantelamiento de un subcampo de concentración que jamás se finalizó en Polonia.
Tras el fin de la guerra, los Quandt fueron “desnazificados” en un proceso jurídico malogrado durante la posguerra en Alemania, cuando la mayoría de los perpetradores del Holocausto eludieron el castigo por sus crímenes. En 1960, cinco años después de heredar una fortuna de su padre, Herbert Quandt salvó a BMW de la quiebra. Se convirtió en el accionista mayoritario de la empresa y comenzó a reconstruirla. Hoy en día, dos de sus hijos, Stefan Quandt y Susanne Klatten, forman parte de la familia más rica de Alemania, con un control casi mayoritario de BMW. Los hermanos gestionan sus fortunas desde una ciudad cerca de Fráncfort en un edificio que lleva el nombre de su abuelo.
Los Quandt de la actualidad no pueden alegar que desconocen las acciones de su padre y su abuelo. La información que acabo de mencionar se incluye en un estudio de 2011 que encargó la dinastía Quandt cuatro años después de que un documental crítico que apareció en la televisión expuso parte de la implicación de la familia en el Tercer Reich. Pese a haber ordenado el estudio, que fue realizado por un historiador y un equipo de investigadores, al parecer los herederos de la BMW prefieren seguir con su vida como si no se supiera nada.
En la única entrevista que ofreció en respuesta a los hallazgos de la investigación, Stefan Quandt describió el distanciamiento que la familia tomó de su padre y su abuelo como un conflicto necesario pero “enorme y doloroso”. Aun así, el nombre de Günther Quandt sigue plasmado en sus oficinas centrales, y Stefan Quandt concede un premio anual de periodismo que lleva el nombre de su padre. Stefan Quandt afirmó creer que el “trabajo de toda la vida” de su padre lo ameritaba.
En la entrevista, Stefan Quandt declaró que, para la familia, los objetivos principales del estudio eran “la apertura y la transparencia”. Pero durante una década más, el sitio web de Herbert Quandt Media Prize mostró una biografía de su homónimo que no mencionaba sus actividades durante la época nazi, excepto por el momento en que se unió al consejo administrativo de la empresa de baterías de su padre en 1940.
Eso no cambió sino hasta finales de octubre de 2021, más de una década después de que se realizó el estudio, pero, muy evidentemente, a pocos meses de que yo cuestionara a la familia al respecto. Ahora, una biografía ampliada menciona parte de los hallazgos del estudio, como la responsabilidad que tuvo Herbert Quandt en la contratación de personal en las fábricas de baterías de Berlín, donde personas fueron sometidas a trabajo esclavo y forzoso. Pero aún omite la participación de Herbert Quandt en el proyecto del subcampo de concentración, el uso que hizo de prisioneros de guerra en su propiedad privada y su contribución a la adquisición de compañías que fueron arrebatadas de empresarios judíos.
En 2016, la rama filantrópica de BMW se consolidó con el nombre BMW Foundation Herbert Quandt. Ahora es una organización benéfica de categoría mundial, con alrededor de 150 millones de dólares en activos, que apoya causas de sustentabilidad e inversiones de impacto. Stefan Quandt y Klatten se cuentan entre sus donantes fundadores. Si tomamos la información del sitio web de la fundación, la biografía entera de Herbert Quandt se resume a un solo acto: “Garantizó la independencia” de BMW. El lema de la organización benéfica es promover el “liderazgo responsable” e inspirar a “líderes de todo el mundo a trabajar para desarrollar un futuro más pacífico, justo y sustentable”.
BMW y sus accionistas mayoritarios, Quandt y Klatten, no están solos en su revisionismo. En 2019, la Ferry Porsche Foundation anunció que otorgaría la primera cátedra de Historia Corporativa de Alemania en la Universidad de Stuttgart. La empresa Porsche creó la fundación en 2018, 70 años después de que Ferry Porsche diseñó su primer auto deportivo. “Enfrentar nuestra historia es un compromiso de tiempo completo”, escribió el presidente de la organización benéfica en una declaración. “Este es precisamente el tipo de reflexión crítica que la Ferry Porsche Foundation quiere promover, porque: para saber a dónde vas, debes saber de dónde vienes”.
Podría haber comenzado más cerca de casa. La fundación lleva el nombre de un hombre que, de manera voluntaria, solicitó trabajo en las SS en 1938, fue contratado como oficial en 1941 y mintió al respecto por el resto de su vida. Durante la mayor parte de la guerra, Porsche estuvo ocupado con la administración de la empresa Porsche en Stuttgart, que explotó a cientos de trabajadores forzados. Como el director ejecutivo de Porsche en las décadas de la posguerra, se rodeó de personas que tenían puestos de alto rango en las SS.
En su autobiografía de 1976, Porsche ofreció un recuento histórico tergiversado, repleto de declaraciones antisemitas, sobre el cofundador judío de Porsche, Adolf Rosenberger. Incluso acusó a Rosenberger de extorsión luego de que se vio obligado a huir de la Alemania nazi. La verdad fue que, en 1935, Ferry Porsche recibió las acciones de la empresa que le correspondían a Rosenberger luego de que su padre, Ferdinand Porsche, y su cuñado, Anton Piëch, compraron las acciones del cofundador, a un precio muy inferior al del mercado.
Hoy, Porsche no solo auspicia cátedras o fabrica autos deportivos. Junto con sus primos, los Piëch, los Porsche controlan el Grupo Volkswagen, que incluye a Audi, Bentley, Lamborghini, Seat, Skoda y Volkswagen. El patrimonio neto combinado del clan Porsche-Piëch se valúa en unos 20.000 millones de dólares. Ahora se preparan para escindir a Porsche del Grupo Volkswagen y cotizarla en bolsa, en la que se perfila para ser una de las ofertas públicas iniciales más grandes de 2022.
Los Porsche nunca han mencionado en público las actividades que sus patriarcas perpetraron durante el régimen nazi. Y Ferry Porsche no fue el único implicado: Ferdinand Porsche, quien diseñó el Volkswagen, dirigió la fábrica de Volkswagen durante la guerra junto con Piëch. Ahí, decenas de miles de personas fueron explotadas en condiciones forzosas y de esclavitud para producir armas en masa.
La Ferry Porsche Foundation auspició la cátedra de la Universidad de Stuttgart porque, en 2017, los miembros de su Departamento de Historia publicaron un estudio financiado por la empresa sobre los orígenes de Porsche en la era nazi. Sin embargo, tal parece que el estudio omitió algo muy importante: por algún motivo, la investigación no incluyó ningún documento personal de Rosenberger. El estudio también describió de manera errónea cómo se dio la venta de las acciones de Rosenberger. Cuanto más analicé el estudio, más comenzó a revelarse como una fachada parcial en vez de un recuento íntegro.
Luego tenemos a los Flick. Friedrich Flick controló uno de los conglomerados de acero, carbón y armamento más grandes de Alemania durante el régimen nazi. En 1947, fue sentenciado a siete años de cárcel por crímenes de guerra y de lesa humanidad. En su juicio en Núremberg, fue declarado culpable de hacer uso de trabajo esclavo y forzoso, brindar apoyo económico a las SS y saquear una fábrica de acero. Tras su liberación anticipada en 1950, reconstruyó su conglomerado y se convirtió en el accionista mayoritario de Daimler-Benz, otrora el mayor fabricante de automóviles en Alemania. En 1985, Deutsche Bank adquirió el conglomerado de Flick, con lo cual sus descendientes se volvieron multimillonarios.
En la actualidad, una rama de la dinastía Flick valuada en alrededor de 4000 millones de dólares administra una fundación privada en Düsseldorf bautizada con el nombre de su patriarca. La fundación —que tiene un puesto en el consejo administrativo de una de las universidades más prestigiosas de Alemania y destina fondos a causas educativas, médicas y culturales, sobre todo en Alemania y Austria— sigue llevando el nombre de un criminal de guerra convicto en cuyas fábricas y minas decenas de miles de personas trabajaron en condiciones forzadas o de esclavitud, incluidos miles de judíos. Pero si revisas el sitio web de la fundación, jamás te enterarías del pasado sombrío de la fortuna de los Flick.
¿Cómo es posible que tres de las familias empresariales más poderosas de Alemania, así como sus compañías y sus organizaciones benéficas, estén tan desconectadas de la cultura de remembranza tan elogiada del país?
Cuando le pregunté a Jörg Appelhans, el vocero de años de Stefan Quandt y Klatten, acerca de su decisión de bautizar sus oficinas centrales y su premio para medios con el nombre de su padre y su abuelo, me envió un correo electrónico que decía: “No creemos que cambiar los nombres de calles, lugares o instituciones sea una manera responsable de lidiar con las figuras históricas”, porque hacerlo “impide que haya una exposición consciente del papel que tuvieron en la historia y más bien fomenta el olvido”.
Esta contorsión es desvergonzada a un nivel muy específico. Estas familias no exponen la historia sangrienta detrás de sus fortunas excepto, en ocasiones, en estudios encargados, redactados en un denso alemán académico y cuyos hallazgos luego se excluyen al describir el legado de la familia en internet. Ni siquiera enfrentan su pasado de manera honesta. De hecho, hacen lo contrario: conmemoran a sus patriarcas sin mencionar sus actos durante la era nazi.
Los representantes de los multimillonarios Flick se rehusaron a ofrecer comentarios cuando me comuniqué con la oficina de la familia. Cuando pregunté por qué no había una biografía de Ferry Porsche en el sitio web de la fundación que lleva su nombre, Sebastian Rudolph, el presidente de la fundación, respondió que se está “examinando en qué medida también debería representarse esto en el sitio web de la fundación” y agregó que “contemplamos el trabajo de toda la vida de Ferry Porsche desde una perspectiva diferenciada”.
Durante décadas, la cultura de remembranza ha sido un componente central de la sociedad alemana. En todas las ciudades y pueblos alemanes encontrarás los Stolpersteine, cubos de latón y concreto con nombres y fechas de muerte y nacimiento de las víctimas de la persecución nazi. Hay monumentos, grandes y pequeños, por todas partes. En las cafeterías, desde Berlín hasta Fráncfort y desde Hamburgo hasta Múnich, se escuchan conversaciones a diario sobre la culpa y la expiación colectivas. Son diálogos reflexivos, matizados y, sobre todo, conscientes.
No obstante, este movimiento encaminado a enfrentar el pasado, por algún motivo, no está llegando a muchos de los magnates más venerados de Alemania y sus historias turbias. Cuanto más tiempo dedicaba a aprender sobre estas dinastías empresariales y sus mancillados pasados, fortunas y empresas, además de su deseo de ignorar o encubrir el grado de implicación de sus patriarcas en el Tercer Reich, más comencé a dudar sobre la verdadera profundidad, sinceridad y durabilidad de esta cultura de remembranza en Alemania.
La industria automotriz es un arquetipo alemán por excelencia, es esencial no solo para la economía del país, sino también para su identidad. ¿Acaso repudiar a estos magnates sería un rechazo de la identidad nacional? ¿Acaso debemos alabar a estos hombres porque siguen siendo símbolos poderosos del resurgimiento y el poder económico alemanes? ¿Celebrar el éxito comercial sigue siendo más importante en Alemania que reconocer los crímenes contra la humanidad? ¿O será que la respuesta real es más simple? Quizá el país está en deuda con unos cuantos multimillonarios y sus empresas globales, que están más interesados en proteger sus reputaciones —y sus fortunas— que en hacer frente al pasado.
David de Jong es el autor de Nazi Billionaires: The Dark History of Germany’s Wealthiest Dynasties, del cual se adaptó este ensayo.
En el mundo, la crisis sanitaria está teniendo un efecto inesperado, los coches pierden espacio y las bicicletas se apropian de ellos.
Escrito por Julio Sergio Marcano
Desde que se originó la pandemia de Covid-19, el estilo de vida de todos cambió de una manera drástica. Los efectos de la crisis sanitaria están en todos los rincones del mundo y algunos han sido inesperados. Uno de ellos es ver como las bicis ganan terreno, un medio de transporte saludable y sostenible, el cual se ha convertido en la alternativa más favorable y segura frente al virus.
En los últimos años muchas urbes ya promovían esta idea, y ahora han aprovechado la coyuntura para que su transformación sea más rápida. Cada vez son más los carriles de bicis que se han hecho sin grandes costos, utilizando pinturas y conos para diferenciarlos.
La ciudad de París es la que más asombra en Europa. Su transformación en tan poco tiempo es ejemplo para muchas otras. También es el caso de Bogotá, que ha construido 80 kilómetros de ciclovías adicionales, doblando el porcentaje de ciclistas. Mientras que otras ciudades no han hecho más que cambios cosméticos e insuficientes.
LAS BICIS, UNA ALTERNATIVA GLOBAL
En ciudades europeas la apuesta por las bicicletas lleva varios años, tal es el caso de Oslo, Copenhague o Ámsterdam. Sin embargo, ha sidola pandemia la que ha impulsado a otras capitales del mundo a seguir la misma estela. La preocupación de los ciudadanos por la salud y el medio ambiente fue el punto focal para optar por un cambio de trasporte saludable y sostenible.
Durante la desescalada, Londres construyó más de 30 kilómetros de carriles para bicis permanentes. Berlín por su parte, creó 27 kilómetros de infraestructura temporal. Mientras que Bruselas, ha construido 40 kilómetros, aumentando su red de 130 kilómetros a 170 y multiplicando en un 40% el número de ciclistas. Lisboa que cuenta con solo 105 kilómetros, planea doblar la cifra para inicios del 2022.
Pero la capital colombiana ha sido la ciudad más ambiciosa en este tema, a sus 550 kilómetros de ciclovías le sumó 80 más durante la pandemia, y quiere seguir aumentando su cifra.
CALIDAD DE LOS CARRILES PARA BICIS
Hasta hace un tiempo se le había dado muy poca importancia a este medio de transporte en las principales ciudades de España. Lo que trajo como consecuencia que algunos carriles para bicis terminaran abruptamente, sin continuidad y otros tengan graves problemas. Sin embargo, todos estos inconvenientes ya están siendo tratados para que la movilidad de los ciclistas no se vea afectada por coches y falta de señalización.
Las infraestructuras provisionales son una buena estrategia urgente, pero el plan global es ir más allá. No bastándose con facilitar el cambio, las grandes ciudades de Europa quieren mantenerlo y lograr que muchos más países de Latinoamérica puedan seguir el ejemplo de Colombia. Hasta conseguir que losmedios de transporte puedan ser todos sostenibles y la población mundial no tenga una vida sedentaria.
Segundo a directora do jornal, Catarina Carvalho, este projecto “representa uma homenagem a essa cidade misturada”, Lisboa, “porto de tantas comunidades, que a Mensagem descobre todos os dias”. Dino d’Santiago é o padrinho da iniciativa.
A cantora e jornalista Karyna Gomes é a coordenadora do projecto.
Lisboa passa a ter um jornal escrito em crioulo, a partir desta semana, uma iniciativa do projecto digital Mensagem, que ganhou uma bolsa de jornalismo europeu para línguas minoritárias, anunciou a directora do jornal.
O jornal digital Mensagem de Lisboa vai passar a publicar no site e a difundir através das redes sociais artigos jornalísticos escritos em crioulo. Segundo a directora do jornal, Catarina Carvalho, este projecto “representa uma homenagem a essa cidade misturada, porto de tantas comunidades, que a Mensagem descobre todos os dias”.
O cantor português de ascendência cabo-verdiana Dino d’Santiago é o padrinho da iniciativa, numa parceria com a sua plataforma Lisboa Criola, enquanto Karyna Gomes, jornalista de origem cabo-verdiana e guineense, assume o papel de coordenadora deste projecto, que ganhou uma bolsa do programa europeu NewsSpectrum.
Cantora e jornalista guineense de mãe cabo-verdiana, Karyna Gomes escolheu Lisboa para viver desde 2011, tendo estudado jornalismo em São Paulo, no Brasil, e trabalhado em vários órgãos de comunicação, como RTP, rádios locais na Guiné-Bissau, A Semana, em Cabo Verde, e a Associated Press.
Os trabalhos serão apresentados em crioulo e em português, para serem acessíveis a todos, esclarece a directora, acrescentando que “são histórias que interessam a toda a Lisboa” e que o objectivo “é juntar, dar visibilidade”, mas também responder ao desafio de conhecer melhor “esta cidade multicultural”.
“Ao nascer esta fusão entre a Mensagem e esta Lisboa Criola finalmente vai materializar-se um projecto que sinto que é um grande passo para a humanidade. Espero que essa crioulização se replique com as culturas anglo-saxónicas, com as francófonas, e com as hispânicas, e venham mais mensagens para esta nobre nação que sempre existiu mas acho que finalmente consegue reclamar o seu lugar”, defende, por sua vez, Dino d’Santiago.
Ao todo, foram atribuídas 12 bolsas pelo programa europeu NewsSpectrum, que tem como objectivo “apoiar a sustentabilidade de línguas minoritárias na UE”. Um júri composto por nove especialistas fez a escolha em 11 países e 14 línguas.
Este projecto é organizado e gerido pelo International Press Institute (IPI) de Viena, Áustria, em colaboração com a European Association of Daily Newspapers in Minority and Regional Languages (MIDAS) e a European Roma Institute for Arts and Culture (ERIAC).
Rezero, amb el suport de l’Agència de Residus de Catalunya, entre altres ens, elabora el Protocol per la Reutilització per reforçar el compromís de grans superfícies que operen a Catalunya en la lluita contra l’usar i llençar.
El Protocol per la Reutilització dona visibilitat als establiments signants i ofereix solucions per avançar en la venda de productes alimentaris, d’higiene i neteja sense generar residus. Font: Llicència CC (Pexels)
Escrit per Carlos Faneca
Entitat redactora: LaviniaNext
La reutilització d’envasos és un dels mètodes més estesos amb els quals la ciutadania, en el seu dia a dia, tracta de reduir l’ús dels plàstics, i altres elements d’un sol ús, una acció que arriba a diversos àmbits de la vida quotidiana, com ara la compra de productes. Moltes persones conscienciades promouen aquesta sostenibilitat, reutilitzant envasos propis durant la compra, un gest que, fins ara, només era possible en establiments especialitzats o al petit comerç de proximitat, quelcom que limitava molt l’aposta per la reducció del plàstic.
Ara, gràcies a Rezero, una entitat que treballa perquè les empreses, les administracions públiques i la ciutadania puguin tenir la possibilitat de gaudir d’un model de producció i de consum cap al Residu Zero, s’amplien les opcions de fer la compra sense generar residus. L’entitat ha elaborat un Protocol de Reutilització per garantir el dret de les persones consumidores a comprar amb elements reutilitzables en supermercats, hipermercats i grans superfícies que operen a Catalunya.
El Protocol per la Reutilització garanteix el dret de les persones consumidores a comprar amb elements reutilitzables. Font: Llicència CC (Pexels)
El document, a més d’estar adreçat a supermercats i cadenes de supermercats, també es dirigeix a gremis i associacions de comerciants d’alimentació o altres productes de consum quotidià. La idea del nou protocol és facilitar que els establiments signants acceptin i fomentin l’ús d’envasos de les persones consumidores. Les organitzacions també es comprometen a aplicar altres pràctiques de reutilització en la seva activitat, el que suposa un pas endavant més en el compromís d’organitzacions i empreses en la prevenció de residus.
Les persones consumidores tindran al seu abast la llista d’establiments en els quals és possible fer la compra fent ús dels seus propis envasos reutilitzables, quelcom que aporta visibilitat als supermercats conscienciats amb la sostenibilitat. Tal com assenyalen des de Rezero, el Protocol per la Reutilització també ofereix solucions, a les empreses i organitzacions, per avançar en la venda de productes alimentaris, d’higiene i netejasense generar residus.
L’elaboració d’aquest Protocol de Reutilització, per part de Rezero, ha estat possible gràcies al suport de diversos ens, com ara l’Agència de Residus de Catalunya, l’Agència Catalana de Seguretat Alimentària, l’Agència Catalana del Consum, la Direcció General d’Empreses Agroalimentàries, Qualitat i Gastronomia, la Direcció General de Comerç de la Generalitat de Catalunya, l’Agència de Salut Pública de Barcelona, l’Institut Municipal de Mercats de Barcelona i l’Àrea Metropolitana de Barcelona.
Cadascun d’aquests ens han pogut posar el seu gra de sorra en l’elaboració d’un protocol transversal que permeti caminar, amb fermesa, cap a la sostenibilitat i la prevenció de residus. Aquesta gran notícia arriba durant la celebració de la Setmana Europea de la Prevenció de Residus.
Condicions dels envasos reutilitzables
El Protocol per la Reutilització estableix una sèrie de condicions en les quals han d’estar els envasos reutilitzables que utilitzaran les persones clients per realitzar la compra, amb unes mesures higièniques necessàries i protocols d’actuació per evitar la possible contaminació creuada entre els envasos de les persones consumidores i les superfícies de treball.
Presentació del Protocol per la Reutilització en el qual, Isaac Peraire, director de l’Agència de Residus de Catalunya sosté el cartell. Font: Agència de Residus de Catalunya
Així, les bosses reutilitzables han de ser de tela o malla, de silicona o de plàstic reutilitzable i disposar d’un mecanisme de tancament incorporat, ser rentables i estar netes i seques. Quan el tipus de producte ho permeti, s’ha d’oferir la possibilitat de posar a la mateixa bossa productes diferents, pesats per separat. També quan el tipus de producte ho permeti, s’ha d’oferir la possibilitat de no utilitzar bossa.
En el cas d’altres tipus d’envasos reutilitzables, han de ser de material apte per ús alimentari i fàcil de netejar, estar nets, sense esquerdes, taques i òxid, i disposar de tapa o d’un mecanisme de tancament. Els envasos que hagin de contenir líquids, hauran de ser estancs, suportar els esforços d’operacions normals de manipulació, sense obrir-se o trencar-se i poder tornar a tancar-se un cop oberts sense perdre la seva estanquitat.
Si les persones consumidores no duen un envàs reutilitzable per fer la compra de productes, els establiments poden posar a disposició de les persones consumidores envasos reutilitzables propis dels comerços. Els establiments poden rebutjar aquells envasos que no consideri adequats.
Um braço do movimento vegano volta esforços para incentivar as corporações a produzirem mais produtos vegetais e políticas de bem-estar animal, enquanto abandonam as verdadeiras bases da luta antiespecista
Escrito por Nathália Iwasawa
Foi numa tarde em meados de maio que a cozinheira, escritora e militante antiespecista Sandra Guimarães falou comigo. O fim do outono no Brasil indicava que os ventos iam esquentar no norte, onde ela vive com a esposa, na periferia de Paris. Foi difícil encontrar um horário para conversar, mas não pelo fuso. Os motivos eram bem mais nobres. Sandra estava mergulhada em uma lista de tarefas que variava entre os compromissos com a Brigada de Solidariedade Popular e as manifestações contra a atuação do Estado de Israel na Cisjordânia.
Quando, enfim, conseguimos conectar-nos para a entrevista ela arrematou a questão desta reportagem numa só frase, logo no início: “A maneira mais fácil de você aniquilar um movimento social, qualquer um, não só a luta antiespecista, é cooptar. Se você não consegue combater, destruir, você coopta, abraça e diz que agora também faz parte das suas demandas”.
Essa afirmação ganha sentido quando olhamos para as empresas que navegam nesse nicho: são granjas, frigoríficos e a indústria de ultraprocessados, todas fabricantes de produtos de origem animal que inserem os de origem vegetal aos portfólios. Além das startups, que têm colocado esforços na expansão desse mercado.
Até aí, sem grandes novidades. A peculiaridade desse movimento de apropriação está nas ONG’s veganas, que defendem os direitos animais. Elas são o motor desse “ativismo corporativo” e influenciam muitas pessoas que procuram referências para uma mudança que deveria ultrapassar escolhas nas prateleiras.
Vivian Mocellin, ativista pelos direitos animais e ex-diretora de uma dessas ONGs que atuam no Brasil, explica o porquê dessa união: “Os caras que doam para organizações veganas também são investidores dessas empresas que lançam produtos. É óbvio que as organizações terão posicionamento favorável a esses produtos. Se você pensar, é uma forma muito interessante de se fazer marketing”, enfatiza.
De acordo com Vivian, as empresas podem até baixar os investimentos no marketing tradicional porque doam dinheiro às organizações que assumem o discurso de que as marcas e produtos são bons. “Tem uma legitimidade muito maior”, destaca.
Respiremos: para entender os motivos e os meios em que ocorre essa cooptação de uma bandeira essencialmente anticapitalista por corporações multinacionais é preciso trazer alguns números e uma porção de contexto.
O mercado vegetal interessa a quem?
Não existem dados públicos sobre a adesão dos brasileiros ao vegetarianismo, tampouco sobre o veganismo. O principal levantamento da população que se declara vegetariana no Brasil foi encomendado pela organização civil mais conhecida no país, a Sociedade Vegetariana Brasileira, a SVB, e realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o Ibope.
O levantamento, de 2018, indicou que 8% da população concordava totalmente com a frase “sou vegetariano” e 6% concordava parcialmente. Os 14% que se identificaram de alguma forma com a afirmação, levou a SVB a comemorar o “crescimento histórico no número de vegetarianos no Brasil”, conforme publicação no site. Em comparação com a mesma pesquisa feita em 2012, esse público aumentou 6%.
Em texto, o entusiasmo da SVB – com a ampliação do “mercado” – é evidente: “as estimativas apresentadas na pesquisa do Ibope revelam que as oportunidades de negócios são também enormes para as empresas e investidores brasileiros atentos a esses dados”.
Em uma pesquisa mais recente, de 2021, a sociedade buscou identificar a parcela da população disposta a deixar de comer carne pelo menos uma vez na semana. Dessa vez, o levantamento foi realizado pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria – empresa que vem substituir o Ibope) e identificou 37% da população que concorda totalmente com a frase “por vontade própria, deixo de comer carne pelo menos uma vez por semana”, enquanto 9% concordam parcialmente. A SVB, no entanto, concluiu que 46% dos brasileiros deixam de comer carne, pelo menos uma vez na semana, por vontade própria.
No texto de divulgação dos resultados, afirmam que o Brasil é um grande produtor de grãos e o mercado plant based converte “o grão em produto final a uma alta eficiência, sem a onerosa taxa de conversão alimentar usualmente implicada quando se usam os grãos para alimentar animais de produção. Hoje, algumas das empresas mais atuantes no mercado global de carnes vegetais estão justamente aqui.”
A reportagem entrou em contato com a SVB por e-mail questionando sobre a atuação da ONG no Brasil e as estratégias corporativas, mas, até o fechamento deste texto, não houve retorno.
Em 2020 foi publicada a pesquisa “O consumidor brasileiro e o mercado plant-based”, realizada pelo The Good Food Institute (GFI) e pelo Ibope, que apontou laticínios, ovos e leite, considerados produtos baratos pelo relatório, como os mais presentes no dia a dia da população. “Produtos vegetais que os substituam devem não só se incorporar à rotina como os tradicionais, mas também ser posicionados em uma faixa de preço equivalente”, indica o levantamento.
O GFI é uma instituição fundada em 2016 que gera dados e informações sobre o mercado de “proteínas alternativas” para as corporações em nível mundial, além de atuar como assessora de comunicação e legislação para essas empresas. O instituto se coloca como um acelerador de mudanças nos hábitos alimentares, promovendo investimento e desenvolvimento de produtos vegetais e da polêmica carne de laboratório. Além do Brasil, o GFI atua nos Estados Unidos, país sede, e em Israel, na Índia, na Ásia Pacífico e na Europa.
“Eles [GFI] aparecem muito pouco, mas estão muito envolvidos nisso. Na minha visão, parece o seguinte: é uma organização sem fins lucrativos que presta consultoria de graça para empresas bilionárias para lançar produtos ultraprocessados veganos que não são bons para a população, e que vão encher de dinheiro o bolso desses caras”, diz Vivian Mocellin.
O estudo do GFI contou com o financiamento de multinacionais do setor, como Unilever, JBS, ADM e Grupo GPA, controlado pelo francês Casino, que tem no Brasil as redes de supermercados e atacarejos Pão de Açúcar, Assaí, Extra e Compre Bem.
As startups que se dedicam à fabricação de produtos exclusivamente veganos também investiram na realização da pesquisa. Vida Veg, Not Co e N.ovo têm em comum a proposta de oferecer produtos semelhantes aos de origem animal, como iogurte, leite e hambúrguer. Até o ovo ganhou uma versão ultraprocessada.
Essas startups também encontram correspondência com a atuação no mercado financeiro global. Bilionários como Jeff Bezos – CEO da Amazon – têm investido nessas food techs, que buscam subsídios no Vale do Silício. “É uma tentativa de resolver os problemas a partir da tecnologia, como se a tecnologia fosse, por si só, uma forma de resolver algo”, comenta Vivian.
É nesse mesmo lugar do mundo, onde as premissas tecnológicas e desenvolvimentistas impõem o ritmo de produção e consumo, que despontam os investimentos nas ONG’s animalistas e bem-estaristas que atuam internacionalmente. Em muitos países, elas dão aporte às indústrias para o desenvolvimento de novos produtos, ou práticas que diminuam o sofrimento dos animais em confinamento.
Vivian, que tem a experiência singular de quem viveu a elaboração dessas políticas internamente, explica que esse é o foco das ONG’s antes mesmo de chegarem no país-alvo. “Quando essas organizações vêm para o Brasil, o foco delas começa em empresas e campanhas de bem-estar animal. E falo isso porque fui uma das pessoas que abriu um suporte para várias organizações aqui. Eu fiz o engajamento corporativo com as grandes empresas”, conta.
Entre selos e “animais felizes”
De forma genérica, existem dois tipos de pessoas veganas: as que comemoram o lançamento do KitKat vegano e as que boicotam essas corporações, não importa quantos produtos vegetais lancem. As primeiras podem ser consideradas veganas estratégicas, liberais ou pragmáticas, que veem o mercado como um aliado e acreditam na mudança “por dentro”. As segundas seguem a linha do veganismo abolicionista, que tem como horizonte a emancipação dos humanos e não humanos do sistema que explora todas essas formas de vida, inclusive a própria natureza.
Para Vivian, a tomada da pauta antiespecista pelas corporações constitui um esvaziamento da luta, a apropriação pelos objetivos financeiros do capital e engrossa o caldo do movimento neoliberal.
“O veganismo sempre foi um instrumento político, sempre entendido como instrumento político. Ele começa a ser esvaziado com a chegada dessa influência norte-americana, de ONGs norte-americanas, e pelo entendimento de mundo liberal dessas organizações. Elas têm como principal foco as questões corporativas”, diz a ativista.
Sobre as políticas de bem-estar animal que muitas ONGs encampam como forma de amenizar o sofrimento dos animais enquanto não há uma completa libertação, Vivian enxerga como uma medida paliativa, que significa uma grande oportunidade para as corporações pegarem carona.
Não raro, empresas também se apropriam dessas relações. Aproveitando o gancho discursivo e a falta de políticas públicas dedicadas ao bem-estar animal, o marketing e a publicidade se encarregam de “lavar” imagens de corporações que exploram os animais de diversas formas, aplicando uma prática conhecida como veganwashing.
“As empresas que estão explorando os animais têm, no mínimo, a obrigação de respeitar os comportamentos naturais e terem métodos de criação, de abate, que reduzam ao máximo o sofrimento. Mas isso não quer dizer que o animal está feliz. Ele está lá, esperando para ser morto”, ressalta Vivian.
A marca Leitíssimo, criada por neozelandeses, anuncia o leite de “vacas livres no pasto”, como se criar vacas soltas fosse uma prática inovadora.
No site do Leitíssimo, uma marca de leite de “vacas livres no pasto”, é possível ver uma linha do tempo do crescimento do negócio. A empresa tenta passar uma imagem de pequena produtora, mas, na realidade, o que se vê na estrutura do negócio é uma fazenda do tamanho de duas ilhas de Fernando de Noronha. “Nosso leite é de um único rebanho, sem injeção de hormônios, livre de tuberculose e brucelose. Assim como antibióticos e substâncias carrapaticidas”, anuncia o site.
No Brasil, o decreto nº 9.013/2017 regulamenta duas leis que dispõem sobre a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. No texto, aparecem apenas seis menções do termo “bem-estar” para se referir às práticas com os animais vivos; mas, no que diz respeito ao papel da indústria, o artigo 88 é bem direto: “O estabelecimento é obrigado a adotar medidas para evitar maus-tratos aos animais e aplicar ações que visem à proteção e ao bem-estar animal, desde o embarque na origem até o momento do abate”.
Faz sentido, então, que a Leitíssimo tenha optado por beneficiar o leite na fazenda, estratégia que evita problemas, como a contração de doenças, morte de animais no transporte e partos prematuros. O artigo 243 proíbe que produtores enviem à indústria vacas leiteiras que, entre outros pontos, apresentem problemas de saúde infecciosos ao ser humano e “não se apresentem clinicamente sãs e em bom estado de nutrição”.
O texto também menciona as infrações que podem ser identificadas pelos órgãos competentes. Desobedecer ou inobservar os preceitos de bem-estar animal dispostos no documento é uma infração considerada moderada e pode acarretar em multa à empresa.
Mas, no lugar de cumprir a legislação honestamente, as multinacionais vão pelo caminho que o dinheiro abre com mais facilidade: elas batem nas portas das certificadoras. No Brasil, 28 empresas têm o Certified Humane, um dos certificados que garante práticas consideradas humanizadas na indústria de alimentos. Nessa lista, figuram corporações como JBS (com a marca Seara) e Ovos Mantiqueira, a maior granja da América Latina.
Entre 2003 a 2018, de acordo com o último relatório da Humane Farm Animal Care, instituição responsável pela certificação, 54.950 lojas e restaurantes foram certificados no mundo todo. Até 2003, havia somente 50.
Peguemos a Ovos Mantiqueira como exemplo. O relatório de sustentabilidade de 2020 informa que as granjas ativas da indústria somam 11,4 milhões de aves no Brasil. Dessas, somente 500 mil são livres de gaiola, o que significa míseros 4,38% da produção voltada para “o bem-estar animal”.
As linhas orgânico, caipira, e “happy eggs” da Ovos Mantiqueira têm o selo de práticas de bem-estar da Humane Farm Animal Care, assim como alguns produtos da empresa Netto Alimentos.
As linhas orgânico, caipira, e “happy eggs” da Ovos Mantiqueira têm o selo de práticas de bem-estar da Humane Farm Animal Care, assim como alguns produtos da empresa Netto Alimentos.
“A boa notícia é que está ficando mais fácil para os consumidores conscientes encontrarem produtos feitos por empresas cujos princípios incluem o carinho com os animais. Uma das razões é que vem crescendo o número de produtos com o selo Certified Humane, um atestado do cumprimento de boas práticas de bem-estar animal”, anuncia o site da certificadora. É um discurso que traduz as novas práticas do paradigma do desenvolvimento: “ações menos nocivas” em face a técnicas violentas viram exceções que as corporações usam como vitrine para seus negócios.
Apesar de considerar um movimento válido, que pode expressar uma mudança significativa na vida de milhares de galinhas poedeiras, que tendem a passar a vida toda confinadas sob muita crueldade, Vivian ainda vê como problemática a forma com que isso é apropriado pelas empresas para fazer marketing. “É problemática a forma com que isso foi imposto de fora para cá”, diz.
Deixe de comer animais, mas não deixe de consumir
Assim como têm investido em produtos de “bichos felizes”, as corporações também tentam agradar os que já decidiram adotar o veganismo e não consomem animais e derivados. Por isso voltamos à história do KitKat vegano. As velhas fabricantes do mercado global apostam em produtos com roupagens modernas e inovadoras, que prometem a mesma experiência sensorial e gustativa dos convencionais.
Chocolate, sorvete, hambúrguer… a lista é infinita. E como o capital das multinacionais, assim como o das startups, vem do norte global, não há benefício ao mercado interno dos países importadores.
O psicólogo e estrategista de campanhas publicitárias Lucas Napolitano lembra que “grande parte do motor financeiro dessas corporações alimentícias é mais movido por um número menor de marcas que têm um impacto massificado, com uma venda muito grande, do que pelas milhares de marcas do portfólio.”
A ativista Sandra Guimarães, que apareceu no começo da reportagem, avalia que a aparição de produtos vegetais no mercado não conquista quem está fora da luta antiespecista, nem diminui o consumo dos produtos convencionais. Não é uma lógica cartesiana. “O veganismo liberal quer manter as pessoas na condição de consumidoras, só quer dizer o que consumir”.
“Esse é um argumento muito utilizado pelo veganismo liberal: hoje é caro porque ainda são estruturas pequenas. Por isso, preciso comprar mais porque a escala vai aumentar e o preço vai baratear. Então, você pensa: quando o preço de um produto barateia porque a escala está gigante, qual é o sistema por trás que está sustentando isso? É esse sistema que a gente quer? Esse sistema é possível?”, questiona.
A Seara, por exemplo, dona do Incrível Burguer e de outros produtos à base de plantas, comemorou a alta na exportação de produtos de origem animal, que chegou a contar com 85% do faturamento só de carnes de aves. Enquanto a marca da JBS lança uma linha de produtos vegetais, outras duas de frango nascem com ela.
A versão vegetal do famoso KitKat foi lançada este ano no Brasil.
Outro aspecto importante sobre os ultraprocessados vegetais no Brasil é que normalmente são empacotados que não fazem parte da nossa cultura alimentar. Vivian Mocellin traz uma leitura importante a respeito, que ajuda a ligar alguns pontos. “Tem uma sanha de expansionismo imperialista, inclusive houve uma organização dessas que criou um cargo exclusivamente para isso, que era diretor de expansão”, diz. “E para onde eles querem expandir? África, sudeste asiático, América Latina. E, aí, não se pode falar de colonialismo internamente, porque ofende as sensibilidades.”
Sandra lembra que o veganismo não é o movimento em si, ele é um modo de fazer, “um manual de como a gente vai chegar lá, a prática. O antiespecismo seria a luta, o objetivo.” “Para mim, foi só a extensão lógica do meu compromisso de anticapitalista, de anti-imperialista, da minha luta contra a dominação. Mas quando se faz o sentido inverso, é muito muito fácil esvaziar de política o veganismo e transformar num lifestyle, num estilo de vida.”
Ela lembra que os animais estão na base da exploração capitalista. Depois deles, vêm as pessoas racializadas, as mulheres e, assim, a engrenagem vai mantendo-se hierarquicamente. “Sem a exploração animal, o capitalismo iria lucrar muito menos”, diz.
A estratégia das corporações, então, não é diminuir a produção que usa animais e derivados como ingredientes. Mas, sim, incorporar aos portfólios “novos estilos de vida”, que acabam seguindo a mesma lógica de produção e exploração, ainda que a carne não esteja diretamente no prato.
Autonomia e cultura alimentar
Sandra Guimarães é potiguar e, como orienta a tradição nordestina, teve a infância abastecida com macaxeira, cará, farinha de mandioca, cuscuz e tapioca. Uma alimentação afetiva, cultural e vegetal.
Quando conversamos, perguntei a ela o que a sociedade perde quando deixa que a lógica do consumo invada essa luta. “Quando você deixa o mercado pautar o que é vegano, que é o produto industrializado com aquele selo, você perde a sua cultura alimentar e também a sua autonomia de cozinhar coisas ”, ela responde.
Coco, caju, ora-pro-nóbis e tapioca são bons exemplos de comidas vegetais que não demandam um selo para ser consumida por pessoas veganas. Esses ingredientes estão disponíveis regionalmente em abundância e fazem parte da cultura alimentar nordestina. Fotos da autora
Tirar os bichos do prato não quer dizer que a substituição saudável e segura passe pelos produtos que prometem mil e uma proteínas e vitaminas. Entre selos e marcas “verdes”, há o perigo iminente de esquecer que pessoas veganas comem historicamente plantas e grãos in natura, que oferecem a nutrição adequada a todo ser humano saudável.
“A gente precisa de pesquisa antropológica, sociológica, para entender a realidade do Brasil, porque se a gente não entende a realidade do consumo alimentar, do consumo de carne, do que isso significa no Brasil, como é que a gente muda alguma coisa?”, diz Vivian Mocellin, que trabalhava para trazer a discussão para dentro das instituições. “Acreditei que daria para ter autonomia [nas ONG’s] no Brasil, mas não tem autonomia, não”, lamenta a ativista.
É justamente pela falta de entendimento sobre a realidade cultural e histórica que as corporações ganham espaço. Nessa relação comandada pela indústria, não se perde somente a cultura alimentar, o angu com feijão ou o cuscuz. “Você não vai aprender o histórico de luta. Você não vai aprender que a gente sempre fez essas alianças políticas [com o feminismo, com o movimento antirracista e LGBTQIA+]. Você só vai aprender a ler rótulos para identificar o que é de origem animal e o que é de origem vegetal”, afirma Sandra.
O veganismo, como uma escolha individual e um estilo de vida instagramável, produz uma confusão sobre os princípios da luta antiespecista. Sandra considera que o veganismo é uma oportunidade para enfrentar a dependência da sociedade da indústria do “agroalimentar”.
Porém, a pesquisa do Ibope de 2018, que foi mencionada no início da reportagem, revelou que 55% da população concorda totalmente ou parcialmente em consumir mais produtos de origem vegetal se isso estivesse indicado na embalagem. Parece que um selo diz mais do que mil palavras.
E os produtos que mais aparecem selados nas prateleiras são justamente os que tentam se assemelhar aos de origem animal, mas, uma leitura rápida na lista de ingredientes não surpreende: a soja reina na maioria deles.
O primeiro ingrediente do kibe vegetal da linha Incrível, da Seara, é água, o segundo, proteína de soja. Fotos da autora
Textura, sabor e aroma idênticos ao da carne, esses produtos carregam a ideia de que são importantes para a transição do animal ao vegetal, ou para quem não tem tempo para cozinhar. Para Sandra, isso é apenas um esparadrapo usado num corte muito profundo.
“Eu vejo isso como um band-aid, como uma muleta temporária, porque a gente está no sistema capitalista”, pondera. Uma alternativa de luta, segundo Sandra, seria por um mundo onde as mães vão ter toda uma comunidade para cuidar das crianças, vão ter acesso a comida, vão ter tempo para preparar uma refeição nutritiva – se quiserem – com vegetais frescos. “A gente confunde, muitas vezes, o paliativo com o objetivo”, observa.
Além da apropriação de causas legítimas que enfraquecem os movimentos, as fabricantes de ultraprocessados vegetais continuam a nos enfiar no mesmo problema dos ultraprocessados de origem animal: processamento industrial excessivo com uso de ingredientes químicos, realçadores de sabor, aromatizantes e corantes, mais os altos índices de sal, gordura e açúcar. Isso porque, via de regra, são as mesmas megaempresas as líderes de vendas nos dois segmentos.
A exploração do veganismo pelas corporações tira do eixo o objetivo central da causa. Afinal, não se deveria perder de vista que “o veganismo é uma ferramenta para descolonizar o imaginário, a comida, a vida e a luta”, que é como Sandra Guimarães arremata a sua fala.
É verdade irrefutável que é sempre bom ter mais produtos vegetais? Não se os contextos forem desconsiderados e as ações restringirem-se a ler rótulos nas prateleiras enquanto a causa legítima foi apropriada pelas mesmas empresas que exploram bichos e pessoas todos os dias.
El jueves se celebró un encuentro entre productores de vinos biodinámicos y orgánicos. Los referentes del sector se reunieron para firmar un manifiesto por un vino bueno, limpio y justo. Promover un producto que transmita la fuerte conexión que existe entre el vino como alimento y el territorio
Escrito por MELISA BUBICA
El movimiento internacional Slow Food fue fundado en 1989 en Italia, y es presidido por Carlos Petrini y Mario Bottura, dos referentes de la gastronomía internacional. Petrini, debido a su activismo y promoción de una educación alimentaria con una mirada integral para el sector enogastronómico, ha sido nombrado como una de las 50 personas que pueden cambiar el mundo: así lo anunció The Guardian.
Desde Mendoza, y a la luz de esta movida, se pensó el Slow Wine, para pensar el vino como alimento y fomentar una cultura y filosofía más sostenible. El vino como alimento, es un alimento natural obtenido exclusivamente por fermentación alcohólica, total o parcial.
En el 2003, España trabajó la Ley del Vino, donde este producto entró en consideración en la estructura de la pirámide alimenticia como reflejo de la dieta mediterránea; adaptándose al ritmo de vida actual y combinando pautas del orden social y cultural como la comida en familia, el consumo de productos locales, entre otras.
SITIO LA ESTOCADA – TUPUNGATO – MENDOZA
El movimiento presidido por Carlo Petrini promueve tres pilares: un alimento limpio, donde se considera la forma en la que se produce y se consume: que no dañe el ambiente, tampoco el bienestar animal o genere consecuencias negativas en nuestra salud. Que el alimento sea bueno, requiere consumir productos de temporada y locales, eso nos hace conocer el territorio y fomenta nuestra cultura. El tercero y último pilar tiene que ver con pensar en un alimento justo, y se refiere a precios accesibles, en la retribución y a sus condiciones desde su producción, hasta la logística.
Bajo esta misma perspectiva se generó el encuentro y firma de tratado de Slow Wine en el Sitio La Estocada, en Tupungato, Mendoza. El evento reunió a productores y enólogos para dialogar sobre los desafíos en torno al trabajo que significa hacer “un vino lento” o más amigable y limpio.
Hacer vino biodinámico por ejemplo, garantiza una práctica consciente sobre el uso del suelo, el agua, el impacto social y el ambiente. Desafiar los métodos tradicionales y evitar el uso de pesticidas y fertilizantes es un paso para reducir las emisiones agrícolas de dióxido de carbono y otros gases de efecto invernadero.
HERMOSAS ÁNFORAS DE BARRO – SITIO LA ESTOCADA
La agricultura biodinámica trabaja al ritmo del sol, la luna y las constelaciones. El uso del calendario biodinámico y la bioagricultura conduce a una mirada integral a la hora de producir alimentos.
La realización de vinos biodinámicos requiere de una visión integral de la vid: es un sistema vivo donde se cuidan, optimizan y reflejan todas las interacciones del ambiente. Este calendario establece cuándo son los momentos óptimos para trabajar la tierra y obtener los mejores resultados de la vid.
En la biodinamia las plantas se fertilizan con preparados naturales, se realiza compost y preparados homeopáticos de origen vegetal. Siempre todo esto va de la mano de la búsqueda de un sentido de unidad, donde la intención está en llegar a la máxima expresión de esa vid y terroir. A la hora de hablar de la fermentación, se destacan las levaduras indígenas que son las propias del viñedo, son aquellas que vienen con la uva, especialmente las que se adhieren a la pruina y el raspón.
SITIO LA ESTOCADA – TUPUNGATO – MENDOZA
El vino es un producto emblemático y resulta ser el recorte y la presentación de un territorio al mundo. Qué mejor que sea limpio, bueno y justo.
En su primera novela, la autora, que es una argentina que reside en Dinamarca, explora las emociones que producen el amor y el desamor, el desarraigo y la búsqueda de la propia identidad en un texto que alterna el pasado y el presente y la mirada de tres narradores diferentes.
Gabriela Eunice nació en Buenos Aires y estudió arquitectura pero reside en Copenhague desde 2015.
Escrito por Eva Marabotto
La Costa Atlántica, la Costanera porteña y las frías aguas de Copenhague son los paisajes que se alternan como escenarios en “Busco extras para actuar en mis sueños”, la primera novela de Gabriela Eunice, una argentina residente en Dinamarca. Pero a cada uno de ellos le corresponde también un vínculo que le es propio en una serie creciente que va de la amistad y el amor filial a las relaciones violentas.
La historia de Amanda, una mujer emigrante toma elementos de la vida de la autora, sus amigas y las entrelaza con anécdotas inventadas en un caleidoscopio de sensaciones amables, melancólicas e incluso dolorosas. La sigue de cerca un narrador que la conoce profundamente, le cede su voz para que por momentos el texto se vuelva intimista y confesional, y adopta una segunda persona para aconsejar y hasta adoptar un tono admonitorio para con la protagonista.
“Busco extras para actuar en mis sueños” fue editada a fines de septiembre por Inguz Editorial con la consigna de “hacer un libro sostenible” impreso en papel reciclado, pero además el 15 % de las ganancias por su venta son donadas al Fondo de Mujeres del Sur.
Gabriela Eunice González Alcalde nació en Buenos Aires y se recibió de arquitecta en la Universidad de Buenos Aires. Estudió música y canto y en 2019 estrenó una performance literaria-musical titulada “Amanda”. Desde julio de 2015 y después de varios viajes por América, Europa y Asia reside en Copenhague, Dinamarca.
En la primera semana de octubre la autora presentó su novela en el Festival de Literatura de Copenhague que reunió a autores latinoamericanos, españoles y portugueses y contó con el auspicio de las embajadas de España y Portugal.
Sobre los alcances de una historia que describe una experiencia de desarraigo e incomunicación pero también de violencia de género, en la que la escritura ofrece una posibilidad de salvación y de recuperación de la identidad, conversó la autora con Télam. A continuación, los principales tramos de la entrevista.
La autora al rescate de su propia lengua.
-Telam: ¿En la historia que narrás hay una relación en la que se produce violencia de género? ¿Cuánto hay de autobiográfico y cuánto de ficción?
-Gabriela Eunice: Tiene un poco de autobiográfico y otro poco, no. Lo que es autobiográfico es que Amanda es una persona migrante de Argentina que se muda a Copenhague. Eso sí lo puedo situar en el ámbito autobiográfico. Después. cada una de las pequeñas historias que van pasando entre los personajes, no todas son necesariamente autobiográficas. Muchas cosas de las que escribo también las he tomado de biografías de otras personas. Hay anécdotas de otra gente que me gustan y también. Las he incorporado a la historia pero también hay cosas que he inventado.
-T: ¿Favorece la violencia el hecho de que se trate de una mujer migrante?
-G.E.: Creo que no importa donde vivas, creo que hay cosas que se perciben de igual modo en todo el mundo, no importa el lugar en el que vivas. En este caso no es una novela que yo escribí para hablar necesariamente de la violencia de género pero sí trata el tema. Amanda tiene herramientas pero no importa dónde vivas o a qué estatus social pertenezcas, la violencia puede estar presente en cualquier situación y obviamente hay situaciones más privilegiadas que otras para poder salir de eso. El hecho de poder contar esta historia es un modo de generar mayor conciencia acerca de cuáles son los modos de salir del espiral de violencia.
-T: ¿La diferencia de lenguas genera incomunicación y quizás violencia?
-G.E.: La incomunicación no tiene por qué llevar a la violencia. Hay algo que la protagonista se plantea todo el tiempo que es que ella dice haber perdido la lengua por no saber cómo comunicarse. Creo que el tema de la incomunicación no reside tanto en que hablen lenguas diferentes sino en lo que Amanda dice al principio del libro, de que, muchas veces las personas intentamos comunicarnos con palabras sin darnos cuenta de que el modo más sensato de comunicarnos es a través de nuestros cuerpos y nuestros sentimientos.
Ahí hay una incomunicación entre Amanda y Josué que no tiene que ver con su lengua, sino con que son dos personas que no se entienden.
-T.:Hace años que vivís en Dinamarca y hablás danés, ¿por qué escribir en español que no es tu lengua cotidiana?
-G.E.: Justamente porque el español es mi lengua desarraigada, escribir en español me permite recuperar mi lengua materna. Por un lado tiene que ver con que cuando yo me mudé a Copenhague no conocía tanta gente que hablase español y escribir era para mí un modo de recuperar mi lengua, de encontrarme con mi idioma. Tampoco tenía acceso a tantos libros. La verdad es que me mudé con muy pocos libros acá y en aquel momento cuando vine, la única librería que tenía libros en español cerró y volvió a abrir otra recién hace dos meses. En todo ese tiempo escribir era encontrarme con mi lengua en un contexto en el que tenía pocas oportunidades.
-T.: Venís del ámbito de la arquitectura, ¿cuál es el aporte de esa disciplina a tu escritura?
-G.E.: No poemas ni cuentos sino textos académicos. Soy arquitecta y trabajé como docente de Historia y de Proyecto arquitectónico pero tuve la suerte de que en la Facultad de Arquitectura de la UBA muchos docentes incorporaban textos literarios a la hora de hablar de arquitectura, por eso me acostumbré incluso en la descripción de proyectos arquitectónicos a darle un lado más artístico y poético.
-T.: La historia de Amanda también dio origen a una performance de tipo teatral…
-G.E.: A fines de 2019 con la novela casi terminada, en proceso de corrección, Miguel Angel Crozzoliu, un amigo músico y compositor, me propuso hacer una obra de microteatro con fragmentos de la vida de Amanda. Aquella performance focalizó la historia del desamor de Amanda. Ella decía en aquel fragmento que extrañaba no conocerlo a Josué porque cuando lo conoció lo vio como realmente era, su peor costado.
-T.: El texto incorpora términos que son netamente porteños como “changüí” y otros más ligados al español neutro, como “grifo” en lugar de “canilla”, ¿Amanda habla la lengua del desarraigo, una construcción artificial que comparten muchos emigrantes?
-G.E.: Ese tema lo traté mucho con el editor, Horacio Fiebelkorn, cuando comencé a editar la novela. Sucedía que a veces usaba el español de España y otras el porteño. Creo que tiene que ver con no haber estado en la Argentina muchos años y no haber hablado con argentinos. Entonces uno adquiere una lengua que comparte con los inmigrantes latinos o europeos, incluso con los daneses que estudiaron español. Si yo dijese “canilla” seguramente no sabrían de qué hablo. Pero hay otros términos como “changüí” que no podría explicar de otro modo. No creo que alcance con decir “#otra oportunidad”. Es “changüí”.
« Busaco extras para actuar en mis sueños »
-T.: Aunque se centra en el presente de una mujer argentina que reside en Copenhague, la historia recupera el pasado porteño de Amanda e incluso sus vacaciones en la Costa Atlántica en un ida y vuelta permanente en el tiempo del relato.
-G.E.: Es que Amanda la de ahora es también la Amanda del pasado, la que vivió en Buenos Aires. Esos raccontos son un modo de reconectar con su lengua y de reconectar con sus raíces y dar a entender de dónde viene ella y darla a conocer al lector.
-T.: El nombre no es una casualidad,,, En latín “Amanda” significa “la que debe ser amada”. Es casi una ironía para una historia en la que está presente la violencia.
-G.E.: Sí. Pensé en ese significado, en la carga del nombre. Pero además, es un nombre muy común en Dinamarca entre las mujeres de clase media.
-T.: ¿Tenés prevista una traducción al danés?
-G.E.: Voy a tratar de que así sea. Hay fondos estatales que financian la traducción de textos que podrían ser relevantes para la cultura danesa por ende si una editorial está interesada en hacerlo se puede aplicar a los fondos para pagar a un traductor.
-T.: ¿Cómo construiste al narrador? Por momentos es una tercera persona omnisciente, en otros una segunda persona, y en otras una primera que parece ser Amanda. Llevás al lector a girar 360 grados en derredor de la protagonista.
-G.E.: No me fue fácil de llegar a esas diferentes personas y uno de mis mayores miedos es que no se llegara a entender sobre todo cuando habla esta Amanda en segunda persona que puede verse como ella misma o alguien que le habla. Creo que la primera persona es la protagonista con todos sus sentimientos y sus dudas. La segunda persona es un poco más dura, le marca lo que hizo y la lleva a reflexionar y la tercera es un narrador omnisciente que, sin embargo, la conoce muy bien a Amanda. Todas la construyen.
-T.:¿Cuál es tu experiencia de editar en una editorial independiente como Inguz?
-G.E.. Fue muy interesante. Me gustó que fueran todas mujeres detrás de la editorial. También que donen parte de las ganancias de sus libros al Fondo de Mujeres del Sur para ayudar a combatir la violencia de género y que las mujeres que sufran estos actos violentos tengan otras oportunidades en sus vidas. Sucede que aunque Amanda viva de modo naïf la violencia que sufre el tema está presente y por eso comparto esta causa con la editorial. Además el libro está impreso con papel reciclado y la sustentabilidad es un tema en el que vengo trabajando desde mi profesión de arquitecta.
Nueve países concentran los 24 negocios que se han alzado con el Green Emblem, un sello que valora los vinos más sostenibles.
Robert Parker Wine Advocate, considerada como una de las mayores autoridades mundiales sobre vino, ha lanzado la distinción Robert Parker Green Emblem, centrada en la sostenibilidad de bodegas y productores vitivinícolas. Esta distinción, para la que se han evaluado más de 5.000 productores de 32 países diferentes, premia a aquellas empresas que extienden su compromiso por el medio ambiente más allá de la calificación de cultivo orgánico o biodinámico. Las ganadoras son 24 bodegas que han enarbolado la bandera del desarrollo y se han posicionado como embajadores de la sostenibilidad, liderando el cambio de la industria y aportando su grano de arena al bienestar del planeta. País a país, estas son las primeras viticultoras reconocidas.
Foto: ISTOCK
Escrito por Mari Carmen Duarte
ESPAÑA
Descendientes de José Palacios es la única bodega española en la selección de Parker. La finca, ubicada en la comarca de El Bierzo, ha aplicado los principios biodinámicos desde sus inicios, más de dos décadas de cultivo sostenible del que el productor nunca ha querido hacer alarde. Su experiencia avala un congreso anual sobre viticultura en la que expertos de España y Portugal aprenden a trabajar con animales en sus cultivos y a conseguir una producción cada vez más ecológica. Ricardo Pérez vive de la forma más artesanal y sostenible posible: elabora, cultiva y cría prácticamente todo lo que come y bebe, creando un ecosistema sostenible de autosuficiencia y aun así sacando tiempo para elaborar algunos de los mejores vinos de la región y de todo el país. De esta manera, Descendientes de José Palacios demuestra que una forma de vida ecológica y un cultivo biodinámico de la vid está mucho más al alcance de lo que se creía.
Foto: MILTON VINEYARD – FB
NUEVA ZELANDA
Desde el comienzo de la historia de Millton, fundada por James y Annie Millton en 1984, la familia ha apostado no solo por aumentar la calidad de sus vinos, sino también la de su tierra, dos objetivos que, sin duda, van de la mano. Solo cinco años después de su fundación, Millton se convirtió en el primer productor en obtener la certificación BioGro en Nueva Zelanda para la producción de vino orgánico. En 2009 consiguieron ser la única bodega de todo el hemisferio sur en sumar a su palmarés la distinción Demeter por su vino de producción biodinámica.
Foto: TRIEBAUMER
AUSTRIA
La familia Triebaumer forma parte de la cultura vitivinícola austriaca desde hace más de 300 años, una saga de agricultores y campesinos que producen vinos excelentes, como los Ruster Ausbruch, entre los mejores vinos dulces del planeta, o el Blaufränkisch Ried Mariental, considerado como el primer gran vino tinto de Austria. La fórmula de su sistema ecológico: el uso de un sistema fotovoltaico y una producción cada vez más comprometida, que incluye procesos como la recuperación del suelo verde de la viña, en la que pastan sus ovejas, y el cuidado del hábitat de las abejas, un conjunto de acciones que contribuyen a mejorar sustancialmente la fertilidad del suelo y aumentar sus propiedades.
Foto: WEINGUT ODINSTAL
ALEMANIA
Una finca cerca de un volcán, a 300 metros sobre el nivel del mar en Alemania parecía una locura para muchos, pero Thomas Hensel, dueño de Weingut Odinsal, estaba decidido. El resultado es una bodega biodinámica que ha hecho posible que su vino se alce con una certificación Demeter. La naturaleza está por todas partes y todo parece estar pensado para que fluya por si misma: muros de piedra, postes de madera y arbustos generan una mayor afluencia de insectos que enriquecen el terreno, abonado durante todo el año con estiércol. En cuanto a la producción, Hensel se ha deshecho de los plásticos en sus envíos, cambiando incluso la cinta adhesiva convencional por otra de papel y sus corchos están lacrados con cera de abeja. Toda una declaración de intenciones con las que pretenden lograr un equilibrio neutro en CO2 en un futuro próximo.
Foto: HENSCHKE
AUSTRALIA
Dos bodegas han australianas han conseguido colarse entre las más ecológicas del mundo. Por un lado, Cullen Wines, certificada como biodinámica desde 2008 y con Vanya Cullen al frente. Además de compensar las emisiones de carbono a través de proyectos locales, el 40% de la energía de esta bodega se consigue a través de paneles solares, mientras que el porcentaje restante se compra a fuentes solares y eólicas externas. Botellas de carbono reducido, cartón local y un buen programa de reciclaje son algunas de sus señas de identidad.
En cuanto a la segunda bodega, se trata de Henschke, una bodega cuyos viñedos tienen más de un siglo de antigüedad. Aunque el negocio no está oficialmente categorizado como biodinámico, su dueña, Prue Henschke, se ha comprometido con este tipo de prácticas desde 1987, realizando ensayos y estudios con varios composts y pastos. Su esposo, Stephen, fue uno de los primeros en implementar un sistema de gestión de calidad con paquetes reciclajes, restauración de la vegetación original y la mejora de vida de la comunidad local. Toda una declaración de intenciones de cara a un futuro mucho más sostenible.
Foto: ISTOCK
SUDÁFRICA
Los dos únicos representantes africanos en esta distinción se encuentran en Sudáfrica: las bodegas Reyneke y Sadie Family. Las bodegas Reyneke tienen numerosas certificaciones, entre las cuales se encuentran Demeter y Ceres. Guiado por Johan Reyneke, este proyecto vinícola ha rechazado el uso de materiales químicos y cambiándolo por algo tan sencillo como patos, que cuidan por sí mismos del cultivo; maleza, que aleja la cochinilla de la vid; preparaciones biodinámicas, con las que favorece la biodiversidad del suelo, o el seguimiento del calendario lunar para la plantación, la poda y la vendimia.
En cuanto a Sadie Family, que dirige Eben Sadie, se centra en el cuidado y cultivo de viñas viejas y en la mínima intervención en estas, con un proceso totalmente orgánico que dota al vino de una profundidad de sabor reservada a los mejores. Sus botellas son tan codiciadas que el primer día que salen a la venta tardan pocas horas en agotarse. Sadie es un experimentador nato: su curiosidad le ha llevado a afinar durante años sus habilidades para conseguir un vino armonizado con la naturaleza, sabiduría que trabaja para transmitir a sus descendientes y futuros portadores de su legado.
Foto: JOHN MCDERMOTT / ALOIS LAGEDER
ITALIA
Alois Lageder es una de las tres bodegas de Italia que han conseguido el Green Emblem de Robert Parker. Esta explotación es la prueba de que se puede hacer un vino biodinámico a gran escala, concretamente en 55 hectáreas de viñedos. Esto le ha situado en el punto de mira de muchos agricultores, lo que le llevó a crear el festival Summa, dedicado a la viticultura sostenible. Otro claro ejemplo a seguir es el de Tasca Conti d’Almerita, una bodega que no solo se preocupa por hacer de sus propios viñedos una plantación biodinámica, sino que ha creado un modelo de agricultura que se aplica a toda la región a través del programa SOStain, un protocolo de sostenibilidad integrado para este tipo de negocio y con un plan de acción.
En uno de los rincones más bellos de la Toscana se encuentra Salcheto, que afirma ser la primera bodega del mundo en certificar la huella de carbono de una botella de vino. Gracias a un estudio con la Università di Siena, calcularon que cada botella equivalía a 1,83 kg de emisiones de CO2, lo que derivó en la iniciativa Salcheto Carbon Free. Hoy en día, la bodega está alimentada por energías renovables, incluidas sus suites.
Foto: LITTORAI
ESTADOS UNIDOS
El segundo país con más representación de esta clasificación es Estados Unidos, con cinco bodegas. Eyrie Vineyards está certificada como orgánica desde 2013 y se basa en una agricultura sin labranza, esencial para las viñas viejas, ya que disminuye el estrés por sequía. El método seguido por Jason Lett, que consiste en no regar ni cultivar la tierra, podría verse como un punto importante a estudiar de cara a un futuro agrícola más responsable. Otra de las bodegas escogidas es Horsepower Vineyards, que rinde homenaje a las tradiciones vinícolas más antiguas, como el uso de caballos de tiro belgas. Además, más de dos décadas de estudio sobre la biodinámica avalan su compromiso y su apuesta por una agricultura circular en la que el humano influye mínimamente.
La agricultura generativa, una mezcla de agricultura biodinámica, permacultura y agroecología son las señas de identidad de Littorai, fundada por el matrimonio de Ted y Heidi Lemon. Su labor no se ha limitado solo a producir un vino sostenible, sino también en ayudar a otros a conseguirlo. También hay bodegas que no nacieron bajo la premisa de la sostenibilidad, como Ridge, cuya conversión a lo largo de los últimos años se ha centrado en cambiar los sistemas de funcionamiento de la explotación y en reutilizar materiales, además de utilizar un etiquetado en el que se muestran los ingredientes. Por último Spottswoode, uno de los dos únicos viñedos orgánicos en el Valle de Napa hasta la fecha, con más de 30 años de historia a sus espaldas, con un uso casi exclusivo de energía solar y su donación del 1% del beneficio anual a organizaciones ambientales.
Foto: ZUSSLIN
FRANCIA
El país que se lleva la palma en esta clasificación es Francia, con ocho bodegas escogidas. En Domaine Bruno Lorenzon las vides se cultivan a más altura y se producen barricas propias, con un proceso monitorizado personalmente desde la recogida de la fruta del cultivo hasta el tostado del vino. Las frutas también tienen un papel importante en Luis Roederer, que dejó atrás los herbicidas y fertilizantes sintéticos y aró la tierra para conseguir raíces más profundas, algo que reviste de fuerza a la vid. Un ejemplo de que la conversión es posible es la bodega Pontet-Canet, cuyos inicios fueron costosos pero que hoy en día tiene triple certificación biodinámica: Biodyvin, Demeter y Ecocert. Arada con caballos y con una bodega alimentada por energía geotérmica, cuatro veces más eficiente que cualquier combustible, hace uso de un sistema innovador: unas ánforas de arcilla hechas en parte con tierra y grava de los viñedos.
Un servicio comunitario en toda regla es el que lleva a cabo Gerard Bertrand, que ha conseguido convertir gran parte de su producción en biodinámica, pero que también quiere que otros viticultores abracen esta forma de agricultura, por eso ofrece asesoramiento técnico y fondos.
Otra bodega que sirve de inspiración es Gabin et Félix Richoux, que han demostrado que la viticultura sin herbicidas, pesticidas y fungicidas es viable, inspirando a otros a seguir su ejemplo, al igual que la bodega Larmandier-Bernier, que abandonó estos métodos en los 90.
En Borgoña, el Domaine Leroy utiliza regularmente cocciones de dientes de león, manzanilla y cola de caballo en los suelos en un proceso de descontaminación química que llevará años.
Por último, merece la pena destacar la bodega Valentin Zusslin, en cuya propiedad se encuentra una reserva natural declarada con plantas mediterráneas y con un viñedo del que se adueñan las ovejas en invierno y las colmenas y pajareras en verano, una apuesta por la vida que mejora el cultivo exponencialmente.
El día que abrí el correo y me encontré con la tan esperada carta de aceptación al programa de máster Erasmus Mundus tuve que irme a correr. Ahora que lo tenía entre las manos dudaba sobre mis deseos y capacidades. Por aquel entonces aún quedaba una semana larga para que Europa se paralizase por el coronavirus. Los meses anteriores no habían sido fáciles, y estaba a punto de tomar la decisión de dejar mi contrato indefinido para irme a vivir a un país tan pequeño, tan desconocido, tan insignificante para la geopolítica global como Dinamarca. Acostumbrada a escribir sobre desgracias, ¿dónde podía encontrar buenas historias en el –considerado– país más feliz del mundo?
Nunca había vivido en ninguna región más al norte de Hamburgo, ni, por supuesto, nunca se me había ocurrido visitar la aburridísima Escandinavia. Pero ahí me encontraba, explicándole a uno de mis mejores amigos en el coche dirección Barcelona que ya lo tenía, que sí, que el consorcio elitista había decidido aceptar a esta chica normalísima, crecida entre vacas y campos de trigo, para su programa de periodismo internacional.
En mi cabeza, Dinamarca era el país perfecto: los prados eran verdes –nunca amarillos–, los edificios estaban limpísimos –sin ningún graffiti–, y las bicicletas se podían aparcar sin candado y sin sufrir por si alguna persona decidía volver a su casa con tu medio de transporte. Y es que esto no es casual: el discurso occidental siempre se ha servido de este territorio como el paradigma del bienestar, de la sostenibilidad, de la igualdad. El resto de Europa es una copia imperfecta de Dinamarca, y su campo de desarrollo es siempre desde su posición.
Aproveché el confinamiento para ponerme al día. ¿Eran mis expectativas y mis ideas algo real? Por el momento, la universidad estaba cumpliendo todos los estereotipos nórdicos. Nos orientaron a la hora de buscar una habitación, nos ayudaron a tramitar la residencia o visado e, incluso, nos acompañaron emocionalmente durante todo el proceso. Y después de googlear a fondo encontré que, efectivamente, durante décadas Dinamarca ha sido conocida como uno de los países más tolerantes y abiertos del mundo, especialmente a lo que a migración y refugio se refiere. Y este último apunte es importantísimo para entender mi experiencia.
Movimientos sociales ¿de raíz?
Era la primera vez que entraba en el centro social en el que acabaría pasando gran parte de mi año en Dinamarca. Recuerdo que, al abrir la puerta, un fuerte aroma a café y a desinfectante de manos se coló por mi nariz. Ese lugar era especial, pero no tenía nada que ver con los CSO (centros sociales ocupados) o ateneus ocupados que había frecuentado en el pasado. Aun así, las paredes parecían un collage de llamamientos populares, banners pro-Palestina y muchos-muchos pósteres en contra del cambio climático.
La chica que me atendió –el espacio era, también, una cafetería– se dirigió a mí en inglés. Después de invitarme a una taza de un líquido negro aguado al que solían llamar filtered coffee, me explicó que tenían diversas asambleas que se celebraban semanalmente para organizar manifestaciones, eventos u otras acciones. Y me apunté, sin pensarlo, a dos grupos de movilización. Hacía tiempo que mis espacios de confort eran centros sociales como ese.
¡Qué guay! Me fui a casa contenta. Esto me duró, a lo sumo, un par de días. Después de la primera reunión –estaba vinculada a un focus group de migración–, mis ánimos estaban por los suelos. Las personas con roles de poder, danesas y en la treintena, repetían una y otra vez que Dinamarca había sido la primera nación en firmar la Convención sobre Refugio de la ONU, que había liderado la atención y aceptación de inmigrantes desde principios de los 2000. Que siempre había sido un ejemplo a seguir, y que todo lo que estaba sucediendo ahora era “momentáneo” y “poco relevante”.
Lo que era “momentáneo” y “poco relevante” en su opinión era la deriva nacionalista del gobierno socialdemócrata con la complicidad de una sociedad poco movilizada. Y es que después de haberse situado como el primer país europeo en iniciar los trámites de expulsión de un centenar de personas refugiadas Dinamarca también estaba endureciendo otras políticas. Por ejemplo, aprobó recientemente una nueva ley que dificulta el acceso a la ciudadanía y que plantea la deportación de migrantes desempleados o con historial delictivo. Y esto no es todo. La línea dura que ha marcado el gobierno de Mette Frederiksen también ha impulsado la externalización de fronteras para expulsar a los solicitantes de asilo a centros de detención fuera de Europa, posiblemente en África, para que se estudien allí sus casos.
¿Qué hacer cuando, ante semejantes recortes de derechos, los que deberían estar en primera línea justifican lo injustificable? Por suerte, otras voces empujaron a la organización a moverse. Y, a raíz de esto, concentraciones y campañas empezaron a ocupar tiempo y espacio públicos. Si bien es cierto que existen grandes iniciativas de muchas personas, mayoritariamente internacionales, que abogan por la carga política de los movimientos sociales, estos no brillan precisamente por el rigor y radicalidad de sus exigencias.
Y de aquí, creo, surgió una reflexión con un amigo del centro. Por aquel entonces ya era pleno invierno y, aunque hacía pocos días que Halloween había inundado las casas, la Navidad y sus luces empezaban a despuntar en todas las calles. Vivir a menos de 0 grados era una experiencia nueva para mí y, aparte de algún proceso de congelación, me adapté gentilmente al clima hostil de Dinamarca. Fue en una de esas tardes en que el sol se iba a las tres y el glögg –vino caliente con canela– brotaba fácilmente de las botellas, en que me encontré nuevas y flagrantes contradicciones políticas.
Una de las puntas de lanza que alimenta la imagen de Dinamarca como un estado perfecto en el que todo funciona bien, en que la salud y la educación son gratuitas, en que el gobierno se encarga de todos los asuntos públicos es, precisamente, el Estado del Bienestar. Y es, efectivamente, uno de los aspectos que más envidio de los países nórdicos. Donde se centra mi reflexión es más bien en las consecuencias sociales de todo esto. Que una estructura así funcione bien no es algo que se haya conseguido con la movilización social, por más que me pese. Es más, es precisamente esta estructura la que consigue que la sociedad esté cada vez más desmovilizada. Si todo funciona bien, si nadie tiene hambre y todos tienen techo, ¿qué vamos a pedir?
Esta pregunta resonó dentro de mí. La idea de que Dinamarca posee una sociedad civil fuerte es, de nuevo, mentira. Y es que esta deriva conservadora en grado sumo se está dando con la pasividad –y el apoyo– de casi todo el mundo. Innegable es que la despersonalización de los extranjeros, convertidos en una suerte de monstruos, es una imagen compartida, socialmente aceptada. Todas las decisiones políticas pretenden disuadir a los inmigrantes de poner un pie en el país con la idea de fondo de llegar a una política de cero refugiados, y esto, al parecer, no inquieta a nadie. Si el Estado decide esto, es por qué será lo mejor para todos. Esto, que entra de lleno en contradición con una Escandinavia idealizada, puede provocar un efecto llamada. ¿Quién puede resistirse a adoptar el ejemplo del país más feliz del mundo?
La moral luterana en un país confesional
Las políticas de migración y asilo se endurecen año tras año en un contexto europeo de crecimiento de la extrema derecha. Por tanto, ciertas decisiones políticas –legislativas– no serían tan extravagantes en, por ejemplo, Alemania. Pero, ¿Dinamarca? Nuevamente, la imagen del país prevalece por encima de todo. Los titulares y las noticias siguen apuntando a la confianza social, a las ayudas públicas y al sentido de igualdad entre los ciudadanos como la fórmula mágica para su satisfacción. Pero, ¿son estos los verdaderos pilares del sistema?
Compartir mi vida con quince daneses no me habría supuesto ningún problema si hubiese podido escoger. Y, aunque no pude, probablemente fue lo mejor que me pasó en esos meses. Sorteando los estereotipos puedo afirmar que, para conocer a una persona nórdica, tienes que ponerle mucho –muchísimo– empeño. Por tanto, no hay mejor fórmula que un confinamiento pandémico con esta finalidad. Y ahí estaba, intentando superar unas semanas especialmente frías y oscuras mientras practicaba mi duolingo diariamente a marchas forzadas.
Fue una de esas noches, en las que compartíamos la cena porque poco más podíamos hacer, que el debate sobre las religiones adquirió más relevancia que nunca. Cuestión de aburrimiento, supongo. Después de criticar encarnizadamente el papel de la Iglesia en los países del sur de Europa me atreví a sacar el gran tema del cristianismo en Dinamarca. Mis compañeros, algunos de ellos amigos, parecían empeñados en negar de manera reiterada que la religión fuese parte importante de sus vidas. Y, aun así, todos habían aprendido a comportarse como luteranos. El país, de los pocos Estados confesionales de Europa, está estrechamente ligado a la religión. Es más, los llamados valores daneses tienen mucho de religiosos y poco de identitarios: la necesidad de aparentar que todo va bien, que todo funciona a la perfección y que no hay nada que pueda mejorarse es algo intrínseco al modelo danés y su visión del mundo.
Es justamente este uno de los puntos en los cuales se puede criticar el famoso informe de las Naciones Unidas. ¿Es realmente Dinamarca el país más feliz del mundo? Sobre la base precisamente de esta pregunta se han escrito muchos artículos y un gran libro, Gente casi perfecta, de Michael Booth. Y es, también, basándome en ello, que seguí indagando en la terquedad de mis daneses, su negativa a aceptar su parte de culpa –consciente o no– en el asunto. Dinamarca se había convertido en el paradigma de la perfección sin ser, de lejos, un Estado perfecto. Y, volviendo a la deriva antiinmigración, esto también tiene mucho que ver con la radicalización de la socialdemocracia en el país.
En los años anteriores a este 2021, la socialdemocracia, agonizante en la mayor parte del continente, había perdido también importantes segmentos de votantes en Dinamarca. La mayoría de ellos habían ido a parar a la derecha, a los nacionalistas xenófobos, que consideran que la defensa de este autosatisfecho modelo blanco, nórdico, europeo y vikingo pasa por eliminar de la ecuación a los inmigrantes, ya que se conciben en bloque como una amenaza. En un país en el que la cobertura estatal es un pilar que sirve de pegamento, que estructura la sociedad, la piel oscura significa una quiebra del sistema social.
Mientras el flæskesteg –cerdo al horno– se cocía lentamente y el humillo iba ganando terreno en nuestra cocina número cinco, un compañero no dudó en defender al gobierno al que no había votado. “Lo que está claro es que tenemos ayudas porque pagamos impuestos. Somos un país pequeño y si ahora todo el mundo viene a estudiar gratis aquí, o a trabajar y a ganar dinero, perderemos lo que hemos conseguido”. En otro contexto esta frase quedaría enmarcada para la posteridad en un cómo justificar el racismo para principiantes. No obstante, en Dinamarca esta creencia está mucho más extendida de lo que yo misma imaginaba. Un chovinismo similar ya formaba parte del neonazismo nórdico en los inicios de los 2000; lo que cambia es que ahora la izquierda –y la sociedad en general– está adoptando esta misma retórica.
Además, y de puerta afuera, Frederiksen propone acoger a los refugiados buenos, a los que dictaminen las cuotas de la ONU o a los que el mercado laboral necesite. Una estrategia de corrección política como esta busca mantener su estatus y su buena imagen en los órganos europeos y del resto del mundo. A la vez, sus declaraciones en ruedas de prensa apuntan todo lo contrario. Y es que nuevamente la moralidad protestante vertebra el Estado en su conjunto: es importante demostrar una admirable tolerancia y progreso aunque no se correspondan con la realidad. La moral protestante y el énfasis en la nación, o lo que es lo mismo, el cristianismo y el ser danés, son fenómenos que se refuerzan mutuamente. Y es en este marco en que el Welcome refugees está institucionalizado y, a la vez, la xenofobia se ha vuelto mainstream, una tendencia general.
La periferia, lejos del ‘Danishness’
La ficción del ser danés ha impregnado el orgullo nacional de los escandinavos. No solo son las banderas, que se enarbolan en cualquier contexto, como aniversarios, cumpleaños, bodas y otros eventos sociales. Esta idea ha propulsado una guerra cultural, una estrategia mediante la cual el Danishness desafía al islam. Y en este conflicto el Estado aparta cada vez más a las personas migrantes y no blancas a la periferia tanto simbólica y como física.
Ya en primavera, mi bicicleta decidió dejar de funcionar y mi objetivo fue conseguir otra. El transporte público, escaso y caro, con controles de seguridad muy estrictos y multas estratosféricas, no me parecía una opción viable. Y a través de una app móvil llegué al mal llamado ghetto de la ciudad. Esta denominación no es gratuita: el gobierno propuso una legislación para reducir el número de residentes no occidentales que viven en los barrios desprotegidos. Esto se traduce en la práctica en la limitación de la cantidad de población no blanca al 30% y en otorgar a los municipios el derecho a denegar viviendas.
Si bien es cierto que cuando sales del centro de la ciudad el paisaje, físico y social, cambia muchísimo, mi impresión de ghetto –que por entonces no sabía que se consideraba como tal– no fue distinta a la que tengo sobre cualquier calle un poco alejada del Paseo de Gracia de Barcelona. La población ya no era totalmente blanca, alta, rubia y con abrigos afrancesados hasta los tobillos. Las bicicletas ya no eran dignas de Amelie, con flores en la cesta delantera. Pero no era, ni de lejos, lo que el gobierno –y por extensión la sociedad– pretendía mostrar: ese ghetto era ghetto porque la piel de sus habitantes no era blanquísima, porque el sistema de transporte los orillaba cada vez más a la periferia del Estado, porque nadie quería verlos como parte de un país que, para bien o para mal, ya no es lo que era.
Y en esta necesidad de ser danés sobrevive, también, la americanización de la cultura. Mientras reivindican el sentir nacional, la cultura y las tradiciones, el consumo general de todo esto se refleja más y más en el American dream. Mientras es guay desayunar porridge cada día, el cuscús, el tachín persa o el café turco son subproductos que causan, incluso, repulsión. Por tanto, en este contexto, repetir que Dinamarca es el país más feliz del mundo es, como mínimo, falaz. Dinamarca no es tan bueno –o, al menos, no para todos–. El producto interno per cápita, la esperanza de vida saludable y otros indicadores parecidos dicen que se encuentra en la posición más alta en la clasificación del bienestar. Pero si la media apunta esto, también cabe destacar que la población inmigrante es, nuevamente, marginada: estructuralmente reporta niveles más bajos de vida.
En esta paradoja nórdica hay miles y miles de personas que experimentan el paraíso de una forma muy distinta. El país, supuestamente abierto y tolerante, está intentando acabar con la diversidad, viviendo como si no existiesen daneses de piel negra o rasgos asiáticos. O lo que es lo mismo, está intentando expulsar a quienes no cumplen sus estándares de corrección –física, cultural, social y económica– lo más lejos posible de su oasis de felicidad.
“A vida é igual a andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio é preciso manter-se em movimento.”
– Albert Einstein
A maior conferência mundial de mobilidade em bicicleta acontece em Lisboa de 6-9 setembro 2021. O mote desta conferência é a diversidade que se encaixa perfeitamente na história da cidade de Lisboa.
O objectivo da conferência, influenciar os decisores a favor de uma mobilidade mais sustentável e inspirar debates vibrantes entre os participantes.
Os temas principais em discussão são a diversidade de bicicletas e mobilidade urbana, a Economia e turismo, a Reestruturação das cidades e política, a Construção comunitária, Cocriação e inclusão e a Saúde e resiliência climática.
Segundo os organizadores do evento, serão de 750 participantes presenciais, 1000 participantes digitais, 250 oradores, 45 países, 30 expositores e colaboradores e 4M de alcance social.
O Estrategizando estará presente a pedalar e conta tudo nos próximos artigos e nas redes sociais.