Por BURRO VELHO

Ir ver um filme num cinema de rua, num sábado às 11 da manhã, numa sala a cheirar a alcatifas já com alguns aninhos, é não só um ato de amor ao cinema mas também de pertença a uma comunidade, e poder partilhar a energia de ver um filme que nos entusiasma no meio de uma plateia bem composta é algo que o conforto da nossa sala nunca nos devolverá, e quando o filme que ficamos a ver até à ultima letra do genérico final se chama MAESTRO, de Bradley Cooper, então é uma experiência irrepetível, que maravilha, que OBRA-PRIMA.

É um clássico dos clássicos absolutamente instantâneo, a elegância, a contenção, o bom gosto, de mão dada com a exaltação e virtuosismo, cheio de momentos visualmente lindíssimos e com a música de Bernstein sempre a acompanhar-nos, dando-nos um Lenny genial, excessivo e cheio de falhas, mas que nunca falhou a ninguém, e uma Felícia que rouba o filme todo para si com a sua entrega ao amor, com a forma como vacila e como se apercebe que egoísta foi ela, por algures ter querido acreditar que podia ter sido diferente, numa história de amor passional e familiar muito comovente.

Se o filme tem imensos momentos intensos, extravagantes, com uma energia ribombante, por exemplo a cena em que Lenny conduz a orquestra no interior de uma igreja, é sobretudo um filme de silêncios e de olhares que no suspenso do vazio carregam todas as verdades e inverdades, todos os desconfortos, todas as formas de dar e receber amor, é um filme que nos conquista literalmente do primeiro ao último segundo pela sua elegância e exuberância, mas sobretudo por nos oferecer toda a  intimidade de quem viveu uma bonita e longa história de amor, um filme profundo cheio de sentimento.

Filme produzido por Martin Scorcese e Steven Spielberg (que dupla!), vai passar quase ao lado da temporada dos prémios mas por mim limpava-os todos, e se Cooper é brilhante quer como realizador quer como ator, a Carey Mulligan é absolutamente cintilante, algures numa madrugada de fevereiro vou estar a torcer (em vão) por ela. Já agora, uma nota para Maya Hawke, filha de Ethan Hawke e Uma Thurman, que energia a desta jovem atriz, ansioso por ver muito mais dela.

Ainda nos cinemas, mas em breve na Netflix, para poder ver e rever muitas vezes, muitas mesmo.

 

[Fonte: burrovelho2.blogs.sapo.pt]