Archives des articles tagués Português

A obra « Pessoa. Uma biografia », de Richard Zenith, foi distinguida com o Prémio António Quadros, na categoria biografia, anunciaram a Fundação António Quadros, que promove o prémio, e a editora Quetzal, que publicou o livro em Portugal

Editada em maio do ano passado, com tradução de Salvato Teles de Menezes e Vasco Teles de Menezes, esta biografia de Fernando Pessoa, publicada originalmente em inglês, em julho de 2021, foi eleita um dos melhores livros desse ano por publicações como The New York Times, The Spectator, The New Statesman, Kirkus Reviews e Publishers Weekly. No Expresso, foi considerado o melhor livro do ano de 2022. Foi igualmente finalista do Prémio Pulitzer.

Celebrando o centenário de António Quadros (1923-2023), o júri do prémio « assumiu este ano uma responsabilidade redobrada já que, na escolha da obra a premiar, decidiu ter em conta a opinião que acreditava ser a do próprio António Quadros », afirma em comunicado a Fundação António Quadros.

O júri foi composto por Mafalda Ferro, presidente da Fundação António Quadros e do conselho de administração, Manuela Dâmaso, membro do Conselho Consultivo, e Francisco d’Orey Manoel, vice-presidente do Conselho de Administração. Integrado nas comemorações do centenário, o prémio, que vai na sua 13.ª edição, será entregue na Fundação, em Rio Maior, no dia do aniversário de António Quadros (14 de julho).

Considerada a mais completa e inovadora biografia de Fernando Pessoa, esta obra da autoria do escritor e tradutor Richard Zenith resulta de 13 anos de dedicação à obra do poeta, para quem a língua portuguesa era a pátria. « Pessoa. Uma biografia » é a história de vida de Fernando Pessoa, contada ao longo de mais de mil páginas, incluindo imagens, reconstituída praticamente a partir da obra.

Richard Zenith admitiu, durante a apresentação da edição portuguesa da biografia, que era difícil conhecer a vida pessoal de Fernando Pessoa, sempre muito reservado e solitário, e que a sua obra se constituiu a principal fonte de investigação, por ser muito autobiográfica.

Além da obra, Zenith recorreu ao espólio do autor de « Mensagem », que continha diversas notas do quotidiano, como dinheiro que devia, encontros marcados, papéis dos tempos em que viveu em Durban — durante a infância e adolescência, período em que o padrasto trabalhou nessa cidade como cônsul português -, ou cartas inéditas, nomeadamente da mãe, ou do dono de uma mercearia na Rua Coelho da Rocha, onde « Fernando Pessoa comprou muitas coisas, incluindo aguardente ». Outra fonte fundamental para este trabalho foram cartas escritas por um tio a Fernando Pessoa quando este tinha 8 anos.

Esta obra monumental, que conta um total de 1.184 páginas, é a mais completa desde a de João Gaspar Simões, publicada em 1950 e que, sabe-se agora, tem algumas informações erróneas.

Richard Zenith nasceu em Washington D.C. em 1956 e veio para Portugal em 1987, com o objetivo de traduzir cantigas trovadorescas. Foi nessa altura que descobriu o « Livro do Desassossego », publicado pela primeira vez em 1982 pela Ática. Como tinha vivido no Brasil e aprendido português, e percebendo que não havia nenhuma tradução dessa obra para inglês, montou um projeto e traduziu-a na íntegra.

Foi por volta de 2003, quando organizou uma edição especial de « Escritos autobiográficos automáticos », na qual Fernando Pessoa estava em contacto com espíritos e escrevia quase sempre em inglês, que começou a pensar realmente na biografia. « Foi o meu agente literário em Nova Iorque que me empurrou para esta biografia. Achei que era dois ou três anos e que era um livro de 160 mil palavras. Acabou em 360 mil, nunca imaginei », contou. Em 2012 foi distinguido com o Prémio Pessoa do Expresso.

 

[Fonte: http://www.expresso.pt]

 

Un baròmetre del Ministeri de Cultura francès situa la llengua catalana, a poca distància del neerlandès i el polonès

El català és la dotzena llengua amb més « pes » al món, segons el Baròmetre de les llengües al món de 2022 realitzat pel Ministeri de Cultura francès. L’estudi del doctor en ciències Alain Calvet i el doctor en lletres i ciències humanes Louis-Jean Calvet li atribueix una puntuació de 6,729, a poca distància d’altres idiomes com el neerlandès, amb un 6,795, i el portuguès, amb un 6,817. Per darrere del català queden llengües amb més pes demogràfic com el mandarí, el japonès o el turc, i és que l’estudi te en compte altres factors com la presència i ús a Internet, on el català sobresurt. Per això en aquest índex, i malgrat les alertes actuals sobre el retrocés de la llengua, el català s’ha enfilat de la posició 23 (el 2017) fins a la dotzena.

Aquesta és la quarta edició d’aquest Baròmetre avalat pel Ministeri de Cultura del govern francès i pensat per avaluar el « pes » relatiu de les llengües del món, en funció de diverses variables. Anteriorment es va publicar els anys 2010, 2012 i 2017.

L’estudi ordena en un llistat les 634 llengües més importants amb un índex del 0 a al 13 calculat en base a tretze factors igualment ponderats (de 0 a 1 punts). Així s’entén que el pes demogràfic no sigui determinant en l’ordre final de les llengües amb més « pes », i per això la llengua amb més parlants del món, el mandarí, se situa per darrere del català.

Els altres dotze valors considerats són: l’entropia (rang de dispersió geogràfica d’una llengua), la ‘fecunditat’ (capacitat d’atracció de nous parlants), escriptura, vehicularitat, món universitari, accés a Internet, Wikipedia (nombre d’articles) i l’estatus (oficialitat-co-oficialitat), entre altres.

El català obté la puntuació més alta en l’índex de penetració a Internet, que calcula la proporció de parlants d’una llengua que l’empren habitualment a la xarxa, amb un 0,934 sobre 1, en l’índex Wikipèdia (nombre d’entrades a l’enciclopèdia lliure), i també en l’Índex de Desenvolupament Humà (IDH) relatiu al domini lingüístic. En canvi els paràmetres sobre l’Estatus de la llengua i la capacitat d’atracció de nous parlants, és on el català obté les pitjors puntuacions, amb uns marginals 0,025 i 0,032 respectivament.

En les primeres posicions del rànquing de llengües amb més pes hi ha l’anglès, el francès, l’espanyol, l’alemany, el rus i l’italià.

 

[Font: http://www.racocatala.cat]

Escrito por Pedro Correia

Fiquei a saber, lendo o excelente blogue de Maria do Rosário Pedreira, que alguma luminária com assento no Instituto Camões decidiu carimbar com o rótulo palavras mortas «todas aquelas que não tenham sido utilizadas nos últimos três anos».

Não imagino como os burocratas desse instituto irão averiguar tal coisa. Sei, isso sim, que o tal organismo existe para preservar e valorizar a língua portuguesa, não para emitir certidões de óbito às palavras do nosso idioma. Se tivesse competência para tal, aliás, o Instituto Camões começaria por decretar «mortas» centenas de palavras impressas na obra maior do poeta que lhe dá nome. Palavras como  ditosa  [pátria], ínclita  [geração], infidas [gentes],  benignidade [real],  avena [agreste],  valerosos [feitos],  procelosa [tempestade], fermosas [Ninfas], terríbil [Albuquerque].

Nem é necessário recuar tanto no tempo. No próprio século XX, muitas páginas escritas por Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Tomaz de Figueiredo, Agustina Bessa-Luís e outros escritores estarão pejadas de «palavras mortas» à luz do tal critério daqueles anónimos burocratas.

«A redução de vocabulário nos últimos anos tem sido dramática. Não apenas do vocabulário culto que, não há muito tempo, faria parte do dia a dia numa família medianamente instruída. Mas daquele que transportava uma tradição ancestral», alertou-nos Mário de Carvalho no seu luminoso manual de escrita intitulado Quem Disser o Contrário é Porque Tem Razão.

Maria do Rosário Pedreira dá exemplos de vocábulos que, segundo o mesmo padrão, já podem ser considerados letra morta: flausinamastragançabazulaqueamásialambisgoia. Aguarda-as o tal carimbo? Se isso acontecer, outros irão merecer extrema-unção a um ritmo cada vez mais acelerado, como a escritora antecipa aqui. E não apenas palavras: também expressões idiomáticas.

De purga em purga, de depuração em depuração – até toda a riqueza semântica do nosso idioma, alicerçada num lastro de muitos séculos, se dissolver no básico linguajar de cafres que já polui o quotidiano, começando pelo das televisões e dos jornais. Que geram títulos como estes, encontrados na imprensa de hoje: «O dark side do Porto, anos 90»; «Sítio abre cowork em Aveiro»; «Como escapar ao burnout?»; «Traficantes go fast condenados por associação criminosa»; «58% dos trabalhadores remotos sentem-se engaged.».

Parecemos condenados, em grau crescente, a balbuciar e rabiscar broken english: talvez isto mereça medalha do Instituto Camões.

 

[Fonte: delitodeopiniao.blogs.sapo.pt]

A obra recolle os resultados dun estudo que arrancou en marzo de 2020, cando un equipo formado por unha ducia de alumnos e alumnas do Grao en Ciencias da Linguaxe e Estudos Literarios, dirixidos por Xosé-Henrique Costas, realizaron en Miranda do Douro 315 enquisas sobre usos, actitudes, competencias e coñecementos lingüísticos da poboación mirandesa sobre a súa lingua propia e analizaron as 25.000 respostas.

O profesor Xosé-Henrique Costas coa obra

Os concellos portugueses fronteirizos coa Galiza de Miranda do Douro e Vimioso, pertencentes ao distrito de Braganza, na rexión portuguesa de Tras-os-montes, gardan un tesouro milenario, o mirandés, unha lingua da familia asturleonesa con arredor de 4000 falantes e que, se nada cambia, corre serio risco de desaparición.

“A este ritmo ou as Administracións portuguesas reaccionan ou o mirandés será unha lingua morta antes de 2040”. Así o advirte o catedrático Xosé-Henrique Costas no libro Persente i futuro de la lhéngua mirandesaStudo de ls usos, atitudes i cumpeténcias lhenguísticas, un estudo sociolingüístico que impulsou e coordinou e que acaba de saír á venda editado polo Servizo de Publicacións da Universidade de Vigo (UVigo), institución que se converte así na primeira universidade en editar un libro en mirandés, “algo que non fixo ningunha institución de ensino superior”, salienta Costas.

Segundo Costas, o espello onde se ten que mirar o mirandés é o aranés, a lingua occitana de 4.000 falantes que é cooficial en Catalunya e de uso preferente no seu territorio, o Val de Arán.

80% da poboación identifícase coa lingua e desexa a súa cooficialidade plena

Segundo se expón no libro, aínda que 80% da poboación di que entende ben ou moi ben o mirandés e 76% considera que o pode falar, o certo é que a ‘lhéngua mirandesa’ está en grave perigo de desaparición porque entre a poboación en idade reprodutora (18-40 anos) e menor de idade (12-18 anos) o uso da lingua descendeu case nun 50%.

Neste aspecto o coordinador do estudo fai fincapé en que “ningún menor fala mirandés na escola, onde a lingua de socialización e prestixio é o portugués e apenas 5% de menores fala o mirandés, nomeadamente rapaces e só nas súas aldeas, con familia e veciños”.

 

[Foto: UVigo – fonte: http://www.nosdiario.gal]

El sello argentino Paradiso Ediciones lanzó a librerías el poemario “Cantares de pérdida y predilección” (1), de la extraordinaria poeta, cronista y dramaturga brasileña Hilda Hilst, en ajustada traducción a nuestro idioma de José Ioskyn, incluida en esta edición bilingüe.

Escrito por LUIS BENÍTEZ

Hilda de Almeida Prado Hilst (1930-2004) es ampliamente reconocida por la crítica como uno de los mayores nombres literarios en lengua portuguesa. Sin embargo su obra no ha sido tan abundantemente llevada al castellano como sería de esperar, en vistas a difundirla aún más en nuestro idioma. Doble mérito, entonces, el del sello porteño y el traductor, al sumar al fondo editorial disponible en español esta notable obra de la autora nacida en Jaú, estado de San Pablo, en la tercera década del siglo pasado.

El genio precoz e indomable de Hilst, su público desenfado al desafiar coherentemente y durante toda su vida las nociones patriarcales imperantes en la época en que desarrolló su dilatada obra en varios géneros –recordemos que fue polígrafa, aplicándose con igual talento a la poesía, el teatro y la narrativa- no se detuvo ni amilanó siquiera en tiempos de la feroz dictadura militar que asoló al Brasil a partir de los ’60 de la centuria anterior.

Como sucede por ejemplo con el gran escritor italiano Cesare Pavese, hay quienes prefieren a la Hilst en prosa versus la destacada poeta que ella fue; otros no dejan de subrayar la importancia fundamental de su creación dramática. De todas maneras, se advierte que muy tempranamente sus incursiones narrativas, poéticas y teatrales llamaron la atención de la crítica especializada, interés y reconocimiento que le granjearon importantes distinciones a lo largo de prácticamente medio siglo de trabajo literario. Entre otros galardones, Hilst recibió en 1962 el Premio del PEN Club de São Paulo; el Anchieta en 1969; el Premio al Mejor Libro del Año 1977 por la Asociación Paulista de Críticos de Arte, institución que en 1981 distinguió a la suma de su obra con el Grande Prêmio da Crítica.

El volumen que nos ocupa, Cantares de Perda e Predileção, tal su título original en portugués, fue destacado en 1984 con el importante Premio Jabuti por la Cámara Brasileña del Libro y un año más tarde recibió el Cassiano Ricardo, establecido por el Club de Poesía de São Paulo. Su creación poética fue distinguida en 2002 con el Premio Moinho Santista.

Cantares de pérdida y predilección, una obra de la plena madurez poética de la autora, sobresale entre otros factores por la muy lograda conjunción que alcanza la sutil combinación de añejas formas compositivas –tales como las propias del medioevo portugués- con las audacias más características de las vanguardias del siglo XX.

Estas amalgamas formales le permiten a Hilst el logro de texturas únicas, en un original juego entre la expresión y los contenidos expresados, estableciendo asimismo un formidable equilibrio entre sentidos antagónicos, uno de los territorios favoritos para sus expediciones poéticas. La pasión y la pérdida, el amor y el odio, lo divino y lo profano alcanzan en Cantares de pérdida y predilección a trazar entre sí puentes de comunicación y complementación que aluden simétricamente a la posibilidad de que un campo inevitablemente depende de su contrario (real/aparente) para existir y que la anulación de uno trae aparejada la inevitable disolución del otro.

Autora de una metafísica natural, fresca y evidente a través de referencias directas, no penetra la sensibilidad del lector tras obligarlo a arduas reflexiones y a estar dotado previamente de un amplio bagaje politemático, sino que se las arregla para inocular núcleos de sentido casi imperceptiblemente, gota a gota, verso a verso, con una maestría que eleva sus textos a las alturas que han proporcionado antes las mayores voces de su lengua natal.

La obra poética de Hilda Hilst

Publicó en el género: Presságio (1950); Balada de Alzira (1951); Balada do Festival (1955); Roteiro do Silêncio (1959); Trovas de muito amor para um amado senhor (1959); Ode Fragmentária (1961); Sete cantos do poeta para o anjo (1962); Poesia 1959/1967 (1967); Amado Hilst (1969); Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974); Poesia 1959/1979 (1980); Da Morte. Odes mínimas (1980); Cantares de perda e predileção (1980); Poemas malditos, gozosos e devotos (1984); Sobre a tua grande face (1986); Alcoólicas (1990); Amavisse (1989); Bufólicas (1992); Do desejo (1992); Cantares do Sem Nome e de Partidas (1995); Do Amor (1999).

NOTA

(1) Paradiso Ediciones, edición bilingüe: español-portugués; ISBN 978-987-4170-62-0, prólogo y traducción de José Ioskyn, 96 pp., Buenos Aires, Argentina, 2022.

 

[Fuente: http://www.todoliteratura.es]

Escrito por Sérgio de Almeida Correia

Lula não é, à partida, um nome simpático. O molusco cefalópode não é um bicho atractivo no seu aspecto viscoso e fusiforme, com a enorme massa visceral que faz parte do seu corpo, colocando-se entre a cabeça e os tentáculos. Confesso, porém, que, quando frescas, jovens, viçosas e macias, aprecio saboreá-las.

Ora, isto é tudo o que não se pode dizer de Lula. Não do cefalópode, mas do operário metalúrgico que pela terceira vez, depois de libertado da prisão e politicamente ressuscitado, tomou posse como presidente do Brasil. Este Lula não tem seguramente a elegância, a beleza, os olhos ou o bambolear gingão de uma garota de Ipanema ou do Leblon. Não é fresco, nem jovem, nem viçoso, nem consta que seja macio.

Bem pelo contrário, este vem já curtido por dois mandatos anteriores, por vários escândalos ou situações menos claras, processos judiciais, prisão e, perdoe-se-me a expressão, muita « sacanagem » que também lhe saiu ao caminho, como foi a de um tal Moro de triste memória, que aparentemente impoluto e incorruptível usou técnicas de cafajeste, atropelando a lei ao jeito bolsonarista para levar a água ao seu moinho, até ser politicamente recompensado, o que de nada lhe serviu.

Não sendo neste velho samba-enredo apreciador do personagem Lula – o derrotado Ciro Gomes faz muito mais o meu estilo de político –, admito que, todavia, esses possam ser os seus grandes trunfos no mandato que ontem iniciou, desde que tenha sabido aprender com os erros passados.

Dele não se espera que enverede pelo populismo boçal do seu antecessor, nem que se comporte como uma elegante misse, distribuindo sorrisos e carícias à direita e à esquerda como forma de manter equilibrado o difícil presidencialismo de coligação – uma particularidade brasileira – em que vai ser obrigado a acomodar-se e mover-se para poder governar e dar aos brasileiros aquilo que tanto desejam e merecem.

Se o vice-presidente Alckmin, seu opositor nas presidenciais de 2006, e agora investido em funções que poderão ser essenciais para garantir os necessários apoios nos trade-off do Congresso, com o Senado e a Câmara dos Deputados, poderá ser um trunfo precioso, só o tempo o dirá.

Registo, para já, a forma como foi recebido e investido, a clareza das suas palavras nos discursos proferidos, que não permite segundas interpretações e lhe condicionará o mandato, bem como a presença, no que foi um record, de dignitários estrangeiros à sua posse.

E quanto a este ponto não posso deixar de sublinhar a forma como o Brasil, depois do modo indigno e humilhante como se comportou nos últimos anos o tropa-trolha que ocupou o Palácio do Planalto, voltou a cumprimentar, antes e depois da posse, e a tratar e receber o presidente português. Não por ser Marcelo, mas apenas porque lá esteve em representação de Portugal, num gesto que também não passou despercebido aos milhares de brasileiros que vivem no nosso país.

E também a referência carinhosa que lhe foi feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sem soberba ou complexos coloniais, imbuído do espírito que devia, deve, sempre presidir às relações entre dois países que partilham a mesma herança secular, a língua, muitas vezes as paixões e até os defeitos.

Não será fácil reerguer um país que caminhava a passos largos para o desmantelamento das suas estruturas, e ao mesmo tempo devolver a esperança e o pão aos favelados da vida, reentrando no caminho da normalidade, devolvendo dignidade ao Estado e às instituições, cumprindo o desígnio de desmatamento zero da Amazónia, reerguendo os alicerces do estado de direito, da legalidade e da justiça, reforçando a autoridade do Estado federal, a segurança de pobres e ricos, de brancos, pretos, amarelos e mestiços, qualquer que seja o seu credo, opção ideológica ou preferência sexual.

O Brasil é demasiado grande, diferente (bastou ver o minuto de silêncio por Pelé e o papa Bento XVI, que antecedeu a posse, ou ouvir o episódio da caneta de Lula vinda do Piauí) e importante no contexto mundial para poder ser governado à balda, distribuindo « propina » a torto e a direito, escondendo o lixo debaixo do tapete ou promovendo o garimpo ilegal.

Lula da Silva tem uma hipótese única de ser recordado pelas melhores razões. Oxalá que não a desperdice, porque também não consta, mesmo sendo Deus brasileiro, que Este esteja disposto a escrever uma segunda vez sobre linhas tortas.

Não deixe o samba morrer, moço.

Boa sorte, Brasil.

 

[Fonte: delitodeopiniao.blogs.sapo.pt]

Local de origem dos residentes estrangeiros em Portugal ainda contribui muito para as condições que cada um deles encontra no país.

As pessoas oriundas do Nepal trabalham sobretudo na agricultura.

Escrito por Patrícia Carvalho

Se perguntar a profissão a um trabalhador estrangeiro a residir em Portugal oriundo de São Tomé e Príncipe, Cabo Verde ou Guiné-Bissau, é provável que receba como resposta “empregado/a de limpeza”. Já um cidadão que tenha vindo da China estará, quase de certeza, a trabalhar no comércio, enquanto as pessoas nascidas na Índia ou no Nepal terão mais probabilidade de responder que são trabalhadores não qualificados na agricultura. A mais recente publicação do Instituto Nacional de Estatística (INE) retirada dos Censos de 2021 foi divulgada nesta segunda-feira e olha para a comunidade estrangeira residente em Portugal, mostrando que o local de origem tem muita influência na realidade desses moradores.

Tal como o PÚBLICO já adiantara, a partir de dados revelados pela Pordata neste domingo, em 2021 5,2% da população residente em Portugal era estrangeira, com os cidadãos oriundos do Brasil (36,9%) a representar a maior fatia entre todas as comunidades que cá vivem. A mais recente publicação do INE detalha a realidade dessa população que, entre 2011 e 2021, sofreu algumas alterações, em termos do local de origem: houve um reforço dos cidadãos oriundos de países asiáticos e da União Europeia, e uma queda daqueles que cá chegam vindos de um país africano de língua oficial portuguesa (PALOP).

Nessa década, o crescimento dos cidadãos chegados do Nepal, por exemplo, foi de 1278,9%, mesmo que a comunidade continue fora das dez nacionalidades mais representadas no país, ficando em 12.º lugar, com 13.224 cidadãos identificados. Os cidadãos provenientes da Índia cresceram 348,9% (9.ª nacionalidade mais representada) e os da Itália 301,7% (11.ª posição). Já os cidadãos do Reino Unido (4.º lugar) eram no ano passado mais de 24.600, o que representa um crescimento de 56% numa década.

O que os Censos de 2021 vêm agora mostrar é que o país de origem destes cidadãos que por cá moram tem uma grande influência na sua realidade. Olhe-se para a vida de um habitante oriundo do Nepal, da China, de Cabo Verde e do Reino Unido.

A maioria dos cidadãos (70,9%) oriundos do Nepal é activa e 20,8% dizem ser trabalhadores não qualificados na agricultura, que é a profissão mais representada na comunidade. Apesar de, no geral de todas as nacionalidades estrangeiras, a maioria se identificar como solteira (52,4%), um nepalês tem mais probabilidade de lhe dizer que é casado (58,8%). É também bastante elevada a probabilidade de um residente oriundo do Nepal lhe dizer que vive numa habitação sobrelotada (74,2%, bastante acima da média de todos os estrangeiros, que é de 37,7%) e que não estudou além do 3.º ciclo (25,3%).

Os dados da população chinesa indicam que a esmagadora maioria trabalha no comércio (73,4%), é casada (56,3%), vive num alojamento sobrelotado (46,6%) e conta com uma percentagem idêntica de cidadãos que não foram além do 3.º ciclo de ensino e concluíram o secundário e pós-secundário (26,8% em cada um dos casos).

Para quem chegou de Cabo Verde, apesar de a maior parte das pessoas ter o ensino secundário e pós-secundário (35,3%), a profissão mais representada é trabalhador de limpeza (26,2%), tendo também um elevado peso a construção (24,4%). Também eles dizem, na sua maioria, viver em alojamentos sobrelotados (54,2%), e são, maioritariamente, solteiros (75,5%).

Já quem veio do Reino Unido partilha algumas características similares a outros cidadãos provenientes da União Europeia: 36% concluíram o secundário e pós-secundário e 32% têm um curso superior, contam-se entre os estrangeiros com uma proporção mais baixa de população activa (25,8%), e, entre os que trabalham, a maioria (35,9%) tem um emprego que se enquadra na área “Especialistas das actividades intelectuais e científicas”. Com 9%, professor foi a ocupação mais referida. Os britânicos que cá moram são, sobretudo, casados (53%) e têm uma situação habitacional confortável: 73,4% deles dizem viver numa casa sublotada, ou seja, com divisões a mais.

Os dados globais da análise do INE a todos os cidadãos estrangeiros a residir em Portugal indicam que têm uma média de idades a rondar os 37 anos (mais baixa do que a portuguesa), quase 40% têm o ensino secundário ou pós-secundário, vivem sobretudo do trabalho, com 68% da população estrangeira entre os 15 e os 64 anos a ser economicamente activa e 60,5% empregada e a viver, sobretudo, em alojamentos arrendados (58%). No geral, 37,7% da população estrangeira vivia em alojamentos sobrelotados.

[Foto: JOSÉ FERNANDES – fonte: http://www.publico.pt]

 

Los museos están en boga y son cada vez más originales e interactivos. Aparte de los clásicos museos monumentales dedicados a las artes (pintura, escultura, grabados, esmaltes, tapices, muebles, moda), las exposiciones temporales de cómics o de artes de vanguardia (3-D, realidad aumentada, etcétera), hay ahora en Europa un museo único, que une elementos de todos ellos y ofrece toda una experiencia interactiva, en la que, durante más de 90 minutos,el espectador pasivo se convierte en protagonista activo y « vive” en directo la mayor catástrofe natural de Europa: el Gran Terremoto de Lisboa del día de Todos los Santos de 1755.

Escrito por VIC ECHEGOYEN

Es el Museu Quake de Lisboa, inaugurado en abril de este año, situado en el barrio de Belén y cómodamente accesible en transporte público desde el centro de Lisboa, y acaba de ganar el prestigioso PREMIO THEA internacional (Themed Entertainment Association / Asociación de Recreaciones Temáticas) en su 29ª edición a la Mejor Experiencia Histórica por el originalísimo concepto creativo de Jora Vision, creador de los aspectos técnicos innovadores como los efectos de vídeo, proyecciones e iluminación.

Como siempre en noviembre, Lisboa recuerda la catástrofe que marcó la historia de Europa, y con motivo del aniversario del Gran Terremoto, el Museo Quake organizó su I Feria del Libro invitando a varios autores de ensayos, biografías, cómics y novelas cuyo tema principal es el terremoto y sus protagonistas y que son artículos permanentes en venta en la tienda del museo. Entre ellos se cuentan André Canhoto Costa, Mark Molesky y una servidora (mi novela «RESURRECTA», « Premio ODILO a Mejor Autora de Novela Histórica 2022 », se ha publicado en español y ahora también en portugués, con Suma/Penguin Random House), fui invitada por la editorial y por el Museu Quake para participar en conferencias, entrevistas, tertulias y encuentros con blogueros.

Con ellos, hicimos el recorrido de la Experiencia Quake (en portugués, español, inglés y francés) tan instructiva como vívida y realista, y que recomiendo para visitantes de todas las edades y condiciones. Entre otras muchas sorpresas que no deseo desvelar, hay experiencias interactivas con los cinco sentidos para comparar – en vivo, por así decirlo – el Gran Terremoto de Lisboa con otros seísmos legendarios como los de San Francisco (1906), Indonesia (2004), o Japón (2011), que destruyó la central nuclear de Fukushima).

Con motivo de mi tercera visita a Lisboa este año, amén de dos entrevistas-tertulias y el encuentro con blogueros, tuve la suerte de entrevistarme con los cerebros, fundadores y directores del Museo Quake: Ricardo Clemente y Maria Joao Marques, cuyo resultado deseo compartir con Todoliteratura:

¿Qué fue primero, la ciencia o la Historia: la idea de informar al público para prevenir de cara al futuro, bien preservar el recuerdo de esta catástrofe que marcó el pasado de toda Europa?

Ricardo Clemente: la ciencia y la Historia se dan la mano, pero la idea comenzó con el acontecimiento histórico. El Gran Terremoto es una catástrofe única, que implica fortísimos seísmos, tsunamis y grandes incendios, y por eso es impredecible, muy peligroso y complejo: queremos explorar a fondo qué sucedió aquel día de 1755, en todos sus detalles, para prevenir y adelantarnos a las consecuencias cuando vuelva a suceder… porque la primera lección que enseña la sismología es esta: « Donde ocurre un gran terremoto, volverá a haber otro”. Sabemos que volverá a pasar, pero puede suceder en cualquier momento. Hoy, mañana, en un año, o dentro de diez años.

Maria Joao Marques: También nos motivó nuestra pasión por la Historia. La historia de Portugal es muy rica y este hecho, el Gran Terremoto, no solo despierta gran interés en nuestro país sino en todo el mundo, porque es un auténtico triple cataclismo que afecta a muchos países, también España, Brasil, África, el Caribe, las islas británicas… Nos sentimos orgullosos por la forma en que, aquel día terrible de 1755, supimos sobreponernos a la catástrofe y aprovecharla para dar un impulso jamás visto en las ciencias que prácticamente nacieron aquel día, como la sismología, la planificación urbana controlada o la prevención de catástrofes.

¿Cuánto tiempo les llevó todo el proceso, desde la idea original hasta la inauguración del museo en abril de 2022?

Maria Joao Marques: Fueron siete años de preparación. Como es un museo único en su género, que introduce muchísimas innovaciones y tecnologías que nunca antes se habían utilizado en los museos permanentes típicos. Llevó mucho tiempo experimentar qué era posible y qué no, para que la experiencia del visitante sea lo más realista y convincente.

Desde el principio, nos planteamos el Quake como una experiencia, no la típica visita guiada estática donde el espectador es pasivo: este es un centro de recreación e interpretación de la Historia, con todas sus ramificaciones fascinantes que llegan hasta hoy: cómo estar preparado para un terremoto de intensidad máxima, cómo minimizar daños, cómo ayudar a la gente alrededor, cuáles refugios buscar y cuáles evitar para escapar de un tsunami, cómo impedir que se produzcan incendios y explosiones… las posibilidades son utilísimas e infinitas, y por eso interesan tanto a un visitante moderno.

Durante los dos años que duraron los cierres y confinamientos de la pandemia, aprovechamos ese tiempo para madurar el concepto, reconstruir el transcurso de la catástrofe, reunir los equipos técnicos, de historiadores y de asesores científicos, y reconstruir los escenarios para que el público pudiera recorrerlos, en el corazón de aquella Lisboa riquísima y abigarrada el 1º de noviembre de 1755, y „viviera” lo mismo que sus habitantes.

Recrear el Gran Terremoto para que alguien del siglo XXI lo „viva” como si fuera un lisboeta hace 250 años debe haber sido un reto: ¿cuál fue la principal dificultad?

Ricardo Clemente: Curiosamente, hay tantísima información de primera mano sobre el Gran Terremoto, que ese exceso de información fue tanto una ayuda como un problema, porque con tantos datos es fácil perder de vista la información realmente valiosa e importante.

Maria Joao Marques: Por eso hemos planteado la „experiencia Quake” como una cadena cuyos eslabones son personas y hechos, comienza con el abuelo científico, y termina con su nieta que recoge el testigo de la ciencia y la Historia para transmitir ese legado precioso a las generaciones futuras, hombres y mujeres, lisboetas y foráneos, científicos y gentes de todo tipo.

Ricardo Clemente: Y para llegar a todos ellos tuvimos que reunir un equipo con perfiles totalmente diferentes: sismólogos, arquitectos, ingenieros o historiadores, para que todas las piezas de nuestra idea encajaran perfectamente en el plazo previsto (este es el complejo más complejo de nuestra vida). Fuimos muy exigente en los detalles, porque al revés de la mayoría de museos, la arquitectura del Quake se adapta a la función que sirve, desde la entrada hasta las escaleras, como un recorrido en una máquina del tiempo por todas las etapas de la catástrofe: primero el terremoto, luego el tsunami, luego el incendio…

Hasta hoy el proyecto no está terminado: seguimos avanzando para trasladar el año próximo la experiencia Quake a una gira con una unidad móvil «mini-Quake» que visitará todo Portugal, y quizá Europa. Y tenemos más planes, como visitas guiadas por los escenarios reales de la catástrofe en toda Lisboa.

Quake es un proyecto orgánico y vivo que sigue evolucionando y creciendo, como la catástrofe misma: por eso nos alegra tanto tener grupos de escolares, investigadores y familias que se interesan por este fenómeno tan vivo y actual como lo es el Gran Terremoto. Muchos han repetido la visita, y regalan la experiencia con entradas para Navidad, Reyes, obsequios en grupo para empresas, y otros eventos especiales.

¿Quiénes se interesan por revivir la catástrofe; cómo es el perfil del típico visitante del Quake?

Maria Joao Marques: Viene gente de todo tipo. Al principio eran muchos portugueses, también con grupos de escuelas, universidades y familias, porque gran parte de la gente que vivió el gran terremoto de 1969 en Portugal se acuerda y quiere explicárselo a sus nietos a través de la experiencia de 1755. Ahora vienen más turistas de Europa, Inglaterra, Francia, Latinoamérica… y muchos se asombran cuando aprenden aquí que puede volver a suceder en cualquier momento, e incluso afectarlos en sus países de origen.

Ricardo Clemente: Sí, el peligro de que se repita es trasversal y nos afecta a todos, en todos los sectores de la sociedad, y no estamos preparados, dicen nuestros ingenieros civiles y los expertos. Por ejemplo, cuando suceda solo funcionará un hospital, uno solo, y los servicios públicos colapsarían. La política tiene una visión a corto plazo, porque planifican solo para su mandato de 4 años, y no para generaciones futuras. Eso sí, somos un pueblo que reaccionamos rápido y bien. Técnicamente, hay un plan de emergencia para la Gran Lisboa, pero nos faltan las infraestructuras para cumplirlo cuando haga falta.

Precisamente por eso el Museo Quake es un centro informativo, didáctico y divulgativo para saber qué hacer en ese caso, y compara 1755 con otras grandes catástrofes más recientes. Quake es un museo de vanguardia y orientado al futuro, al servicio de las nuevas generaciones, para aumentar la valía y el carácter singular de Lisboa (ciudad que, además, ha crecido muchísimo desde 2019, el año ante de la pandemia). Es un museo sostenible que ayuda a cuidar de la ciudad y su memoria: en cierto modo, somos el antiparque temático. También por eso, el Museo Quake tiene cada vez mayor credibilidad y colaboran con nosotros la autoridades de Protección Civil, el Ayuntamiento, la Academia de las Ciencias, y muchos más.

 

Tenemos muchísimos proyectos y sorpresas para el año que viene, así que, tal como reza nuestro lema, «¡ESPERAD LO INESPERADO!»

Vídeo de la BBC sobre la innovación que aporta el Museo Quake, así como el Gran Terremoto de Lisboa de 1755: https://www.youtube.com/watch?v=IVLGo_SgRfs

Enlace a la noticia de la I Feria del Libro, por Magazine Immobiliário: Quake promove feira do livro dedicada ao Terramoto de Lisboa – Magazine Imobiliário (magazineimobiliario.com)

Enlace al sitio web del Museo: https://lisbonquake.com/

Enlace a noticia del premio: https://www.prnewswire.com/news-releases/2022-thea-award-recipients-announced-by-themed-entertainment-association-

 

[Fuente: http://www.todoliteratura.es]

No centenário de um dos mais celebrados – e temidos – romances, nova edição distribui seus capítulos a 18 vozes tradutoras, acentuando sua multiplicidade intrínseca. Nessa entrevista, o idealizador convida a degustar a obra

 

Por Henrique Piccinato Xavier, em entrevista a Maurício Ayer

Passados cem anos de seu lançamento, o romance Ulysses, do irlandês James Joyce, continua sendo um livro que mete medo em muita gente. É um catatau de mais de 1.000 páginas, a depender da edição, mas o tamanho não é nem de longe o que ele tem de mais assustador ou, no mínimo, desafiador. Tomando como estrutura de referência a Odisseia de Homero e seus episódios, Joyce escreveu um romance em 18 episódios ou capítulos, cada um eles com um estilo, uma técnica, e uma série de outros parâmetros que tornam cada um deles muito diferente dos demais. Em um desses episódios, a própria língua do texto se transforma, emulando várias etapas da história da língua inglesa até chegar na língua do início do século XX, ou seja, a língua do próprio Joyce. Outro, é todo construído como uma peça de teatro. E assim vai. E tudo isso para narrar um dia na vida de um homem, Leopold Bloom, em Dublin.

Foi para explorar o caráter múltiplo do Ulysses que o filósofo Henrique Piccinato Xavier concebeu um projeto de tradução singular, em comemoração ao centenário da obra: se cada capítulo tem um estilo tão radicalmente diferente, mobilizando questões de linguagem, repertório literário e vocabulário, entre outras, tão distintas, como se fossem escritos por 18 autores diferentes, por que não fazer um projeto de tradução que reúna um tradutor diferente para cada um desses capítulos? Para o capítulo que tem como tema a música, por que não chamar um compositor para recriá-lo em português? O capítulo que narra o enterro de um amigo de Bloom, por que não o entregar para traduzir por um escritor que tem como tema de aprofundamento, justamente, a morte? Assim nasceu o projeto Ulisses a 18 vozes, que deverá ser publicado no ano que vem, pela Ateliê Editorial.

Foi para conversar sobre esse projeto singular e denso que realizamos essa entrevista, na manhã de 17 de novembro de 2022. Henrique explicou que sim, é verdade que o Ulysses ainda mete medo, mas isso também tem a ver com o fato de que, embora tremendamente experimental, o romance também diz muito sobre o nosso mundo contemporâneo, e este mundo realmente é muito assustador. De modo que o que faz dele assustador é também algo que pode nos interessar encarar. Muitas das inovações do livro são hoje mais acessíveis, não porque tenham sido incorporadas à linguagem corrente, mesmo literária, mas porque temos mais facilidade de encontrar os recursos para decifrar cada uma de suas partes.

Outros aspectos do livro não só não envelheceram como rejuvenesceram com o passar das décadas. Conforme explica Henrique, o romance confronta três conceitos/instituições que no tempo de Joyce eram profundamente opressoras: Deus, Família e Pátria. Num país que vive um profundo conflito religioso entre católicos e protestantes, Joyce escolhe como herói um judeu – aliás, um judeu dúbio, como descobrimos ao longo do romance. Também desvenda o casamento, e faz o romance girar em torno de um caso de adultério, vivido, no entanto, de maneira impressionantemente liberta de convenções que ainda hoje permanecem num horizonte convencional. Finalmente, Joyce, por meio de seus personagens, em especial Stephen Dedalus, consegue, sem deixar de repudiar o colonialismo inglês, guardar distância do nacionalismo irlandês e seus pressupostos sectários. Capta, inclusive, a imbricação desse nacionalismo extremado com o antissemitismo, cuja história na Europa conhecemos bem, mas que ainda daria seus piores frutos – não custa lembrar que Ulysses é lançado no ano em que Mussolini ascende ao poder na Itália.

Mas o livro vai muito além. Bloom é um personagem que não obedece aos padrões de masculinidade de seu tempo, e se coloca em atrito ou mesmo confronto com isso em diversas situações. Num momento de sonho ou delírio, vemos uma cena em que ele se vê transformado num ser híbrido, transexual, e é submetido a um exame ginecológico e meio a um tribunal. Caberia, sugere Henrique, empreender uma leitura queer do Ulysses.

Sobre o projeto, Henrique compartilhou a gênese do projeto e um pouco do trabalho de curadoria. Ele enfatiza que o Brasil tem três traduções, todas elas excelentes, o que faz do país a comunidade literária que mais traduziu o Ulysses, e que há muitas décadas se interessa imensamente pela literatura joyciana. Esta tradução, aliás, integrará a coleção “rolarriuana”, totalmente dedicada a obras de Joyce e a estudos sobre o autor, que Henrique coordena na Ateliê Editorial.

Assista à íntegra da entrevista.

[Ilustração: AnneHeffernanDesign – fonte: outraspalavras.net]

Nos últimos tempos, começámos a ouvir um novo nome de país: Chéquia. Que é feito da velha República Checa?

Escrito por Marco Neves

Este artigo é baseado num episódio do canal A Vida Secreta das Línguas.

1. Os dois nomes dos países

Há excepções, mas a maioria dos países tem dois nomes: um nome curto, como «Portugal», «Espanha», «Angola», que usamos nas conversas do dia a dia, e um nome longo, que costuma incluir uma descrição do regime, como «República Portuguesa», «Reino de Espanha», «República de Angola». Todos estes nomes — curtos e longos — traduzem-se nas várias línguas, com uma ou outra excepção.

Nem sempre os nomes curtos e os nomes longos têm relação. O Reino dos Países Baixos tem este nome, em português, há muito tempo — mas sempre chamámos «Holanda» àquele país, usando, no fundo, aquilo que é uma sinédoque (tomamos a parte pelo todo, já que «Holanda» é apenas uma parte do Reino dos Países Baixos).

O governo lá do sítio, que até costumava usar as várias versões linguísticas de «Holanda» nos seus textos de divulgação turística, insiste agora em «Países Baixos» como forma curta do nome do país nas outras línguas.

Tem tido algum sucesso, principalmente em línguas onde a versão local de «Holanda» já se usava menos, como é o caso do inglês, onde «Netherlands» («Países Baixos» em inglês) já era o nome mais comum, mesmo antes do pedido do governo holandês (ups…).

Por cá, dizer «Países Baixos» numa conversa entre amigos ainda provoca aquela sensação peculiar de que a pessoa está a fazer um esforço…

2. Problemas boémios

Quanto à República Checa… O país apareceu no mapa da Europa nos anos 90, na sequência do Divórcio de Veludo. Sem guerras, a Checoslováquia dividiu-se em dois países: a República Checa e a República Eslovaca.

Nas várias línguas da Europa, a República Eslovaca ganhou rapidamente um nome curto: Eslováquia. Afinal, bastava tirar «Checo-» ao nome do país anterior e ficávamos com um nome pronto a usar, que não arranhava os ouvidos.

Já a República Checa não tinha nome curto à mão de semear. Não iríamos usar apenas «Checo», que é uma espécie de prefixo — e «Chéquia» era coisa que nunca ninguém tinha ouvido. As designações históricas da área eram outras: Morávia, Silésia (uma parte) e, acima de tudo, Boémia.

Assim, o próprio nome longo tornou-se o nome que usamos nas conversas do dia a dia. Falamos de Portugal, de Espanha, da Alemanha, da República Checa…

3. Um novo nome

Praticamente todos os países têm um nome curto — a República Checa parecia ser uma rara excepção.

Para resolver o problema, em 2016, o governo checo aprovou o novo nome, para ser usado em várias versões linguísticas. Em português, ficou «Chéquia». Depois, fez um pedido às várias organizações internacionais que mantêm listas de nomes de países (como a ONU ou a União Europeia) para passarem a incluí-lo ao lado de «República Checa».

Foi apenas isso: um pedido do governo checo para deixar ao dispor dos falantes das outras línguas um nome curto, se alguém precisasse. Não se criou nenhuma obrigação — nem, muito menos, se proibiu o uso de «República Checa», que continua na lista, na coluna do nome longo.

As organizações internacionais cumpriram o desejo do governo checo e o novo nome, nas várias línguas, apareceu nas listas. Começou também a ser cada vez mais visto nas situações onde se usavam, para os outros países, os nomes curtos.

Vendo o nome nas listas oficiais, as associações de futebol seguiram o exemplo. Afinal, a FIFA e a UEFA sempre se serviram dos nomes curtos dos países. Dão mais jeito — não é nada prático falar dos embates entre a República Francesa e a República Islâmica do Irão. «França — Irão» ocupa menos espaço.

Porque não fazer o mesmo no caso da República Checa? Foi assim que nos vimos, há uns dias, perante um jogo entre a Chéquia e Portugal, o que deixou muitos portugueses intrigados.

O que vai acontecer? Bem, quem manda na língua portuguesa são os seus falantes — talvez o nome pegue, como tantos outros, talvez não. Cá estaremos para ver. Como raramente os falantes gostam de alterações de hábitos linguísticos impostos de cima, demorará ainda muito tempo até tal nome se ouvir habitualmente em conversas que não sejam sobre o ridículo que é dizer «Chéquia». A língua muda, mas têm de ser os falantes a mudá-la — não o governo da República Checa.

Uma coisa é certa, como disse acima: «República Checa» continua a ser um dos nomes do país, perfeitamente correcto em português.

4. Países que só têm um nome

Já que falamos de nomes de países, diga-se que há alguns que têm apenas um nome. Por exemplo, a Ucrânia — não há uma «República da Ucrânia» — há apenas a Ucrânia. Da mesma forma, temos o Canadá, a Jamaica, a Hungria… São ainda bastantes os países que não gostam de complicações.

Há um caso curioso: a Irlanda é um dos Estados que usa, oficialmente, apenas o nome curto. Nos tratados da União Europeia, por exemplo, ao lado da República Portuguesa, do Reino de Espanha, da República Federal da Alemanha — e de tantos outros Estados de nomes longos — aparece a simples Irlanda.

E, no entanto, no dia-a-dia, usamos um nome longo que não é oficial: «República da Irlanda». Porquê? É uma forma de fazer a distinção com a Irlanda do Norte…

Aliás, é também por isso que o próprio Estado irlandês insiste no nome curto: ter como nome oficial apenas «Irlanda» é uma forma de lembrar que a ilha é só uma e, um dia, há-de estar unida.

Olhar para os nomes dá nisto: começámos num país que se separou do vizinho e terminámos noutro que se quer unir.

(Crónica no Sapo 24.)

[Foto por Martin Krchnacek em Unsplash – fonte: certaspalavras.substack.com]

Con la evolución de fronteras y de los procedimientos de migración que se están tornando cada vez más complejos de conducir y comprender, asistimos a un número creciente de familias e individuos que buscan opciones variadas de movilidad a través de programas de inmigración de inversión en todo el mundo.

Estos programas permiten a los inversionistas obtener la residencia permanente en un nuevo país y disfrutar de los beneficios de esa residencia y de la ciudadanía que eventualmente puedan solicitar, para ellos y su familia inmediata. En este sentido, el Golden Visa portugués es el programa de inmigración de inversión líder en el mundo.

¿Y por qué?

Podemos empezar con enumerar las siguientes 5 razones para elegir el programa portugués:

1. Cada inversión es 100% rentable, única y sin comisiones gubernamentales de decenas de miles de euros

En el programa portugués, no hay donaciones gubernamentales sin retorno, ni necesidad de hacer inversiones adicionales para asegurar la elegibilidad del programa; además, algunos programas europeos tienen tasas administrativas que llegan a 40.000,00 €.

2. Diversidad de inversiones

El programa portugués ofrece una diversidad muy grande de inversiones, a diferencia de otros países europeos que tienen ofertas mucho más limitadas.

El inversionista puede elegir entre las siguientes inversiones:

  • Inmobiliarias que van desde los 280.000,00€ hasta los 500.000,00€ (dependiendo del tipo de inmueble, su estado de conservación y ubicación)
  • Participaciones en depósitos bancarios, fondos de inversión y capital de riesgo y otros fondos
  • Creación de empleo e inversión en la estructura empresarial portuguesa.

3. Período corto de estancia en territorio portugués

7 días en el primer año y 14 días en los siguientes dos períodos de dos años. Este es el tiempo mínimo de permanencia en territorio portugués que el inversionista y su familia deben respetar para mantener su residencia legal durante 5 años y posteriormente ser elegible para la ciudadanía.

4. Obtención de la ciudadanía en un corto período de tiempo y solo con residencia temporal

5 años de residencia legal, temporal o permanente; es lo que se necesita para obtener la ciudadanía portuguesa, cumpliendo los demás requisitos, como: no tener antecedentes criminales y conocimientos básicos de la lengua portuguesa.

5. En muchos países europeos, la ciudadanía requiere de un período de residencia mucho más largo o de al menos un período de 5 años de residencia permanente.

Estabilidad del programa: el programa portugués ha mantenido la misma estructura de inversión y ha estado activo desde octubre del 2012. A pesar de diferentes gobiernos y estructuras parlamentarias, continúa estable en contraste con otros países europeos que han sufrido períodos de suspensión o cambios radicales en las inversiones elegibles.

[Fuente: http://www.diariojudio.com]

Feia un quart de segle que les enquestes situaven el castellà en primera posició

Llengua materna per any d’enquesta. Autor: Govern d’Andorra

El català és la llengua materna del 44,1% de la població andorrana major de 14 anys, cosa que el converteix en la primera llengua materna del país pirinenc, per davant del castellà, amb un 40,3%. Des del final del segle passat fins ara, el castellà havia ostentat la primera posició: el 2018, per exemple, el 43,2% dels andorrans el tenien com a idioma matern, xifra que baixava al 35,7% en el cas del català.

Són dades de l’enquesta “Coneixements i usos lingüístics de la població d’Andorra”, que el govern del principat va presentar la setmana passada. El treball de camp es va fer entre maig i juny de 2022 i la mostra és de 747 enquestes telefòniques.

Per darrere del català i el castellà se situen el portuguès (13,5%), el francès (10%) i l’anglès (3%).

El català és llengua d’ús habitual per al 63,7% de persones enquestades, mentre que el castellà ho és per al 48,6%. El portuguès i el francès se situen al voltant del 6% cadascun.

L’enquesta recull percentatges de l’ús de les llengües en diversos contextos. Segons l’estudi, el 39,4% dels andorrans que tenen fills usen només el català amb ells, i el 9,9%, el català i el castellà. Per contra, d’aquestes mateixes persones, només el 30% usen exclusivament el català amb els pares i el 4%, català i castellà. Aquestes dades suggereixen que que en el grup de persones amb fills es dóna un increment de la transmissió generacional del català.

Totes les dades es poden consultar en aquest enllaç.

La Decana de América sería la primera universidad pública del Perú en otorgar el grado de bachiller en Lengua, Traducción e Interpretación de lenguas originarias y modernas.

Se priorizará la enseñanza de las lenguas originarias y tres lenguas modernas: inglés, portugués y francés.

La Universidad Nacional Mayor de San Marcos (UNMSM) aprobó por unanimidad la creación de la Escuela Académica Profesional de Lenguas, Traducción e Interpretación (ELTI), la cual sería impartida en la Facultad de Letras y Ciencias Humanas (FLCH).

La confirmación de esta nueva carrera se dio el 15 de noviembre, durante el Consejo de Facultad de la FLCH, el cual fue presidido por el decano Gonzalo Espino. En dicho espacio, la Comisión de Creación de la ELTI presentó los argumentos sustentatorios.

Así, la doctora Lilia Salomé, presidenta de la Comisión de Creación, expuso los principales motivos que conllevan a la necesidad de que la universidad San Marcos agregue a su oferta académica la carrera de Lengua, Traducción e Interpretación.

[Foto: Jazmin Ceras – fuente: http://www.larepublica.pe]

 

Hubo tiempos pasados en que a la palabra “explorar” tenía implicaciones de vida y muerte. Eran tiempos en que la floreciente industria marítima del siglo XVI atraía a las mejores mentes de la época.

Shmuel Pallachi falleció el 4 de febrero de 1616 en La Haya, y fue enterrado en el Beth Haim de Ouderkerk aan de Amstel, cerca de Amsterdam, en un cementerio de la comunidad judía portuguesa. Foto: Wikipedia – dominio público

La “nación start-up” de aquella época en esa industria fue Portugal, que dio al mundo a exploradores famosos como Fernando de Magallanes y Vasco de Gama. Al igual que hoy, muchos inventos y desarrollos marítimos surgieron de las mentes febriles de los judíos, matemáticos, físicos y cartógrafos, como Abraham Zacuto y Pedro Núnez. Ellos desarrollaron instrumentos de navegación basados en el movimiento del sol y los cuerpos espaciales, muchos años antes de la invención del GPS y la aplicación Waze.

Pero los judíos no se limitaron solo a desarrollos técnicos, sino que también experimentaron personalmente los instrumentos de navegación que inventaron. En aquellos tiempos, y especialmente después de la expulsión de España en 1492, una de las ocupaciones más comunes de los judíos marranos, en Holanda y Marruecos, fue el asesoramiento y la guía de los capitanes de las embarcaciones mercantes y de los exploradores durante sus viajes marítimos. Y si nos resulta difícil imaginarnos judíos como gente de mar, mucho menos podríamos pensar en ellos como piratas.

El libro “Los Piratas Judíos”, escrito por Edward Kritzler, describe una escena fascinante y única en los anales de la historia: la historia de un grupo de piratas judíos que operaron después de la expulsión española y que asaltaban principalmente embarcaciones españolas, en represalia por la expulsión. Uno de los piratas más destacados fue Don Shmuel Pallachi, un rabino de la comunidad y capitán, embajador y pirata, espía y agente doble.

Pallachi nació en el año 1550, en Marruecos. Como muchos de las decenas de miles de judíos que vivían en el barrio judío, el “Malaj”, en la ciudad de Fez, su familia también fue expulsada de España. El padre de Shmuel, que oficiaba de rabino y educador, predestinó a su hijo a que se dedicara al estudio de la Torá y al cumplimiento de los mandamientos y así fue como se consagró como Rabino. La leyenda dice que un pariente cercano despertó su imaginación con historias sobre marinos y marineros judíos, como Sinan Reis, un famoso pirata judío conocido como “El Gran Judío” que luchó junto a los hermanos Barbarosa en el marco de la flota otomana.

Volando en las alas de su imaginación, Shmuel deambuló junto a su hermano Yosef, hasta la ciudad de Tetuán, en el norte de Marruecos, donde los dos se convirtieron rápidamente en sofisticados y pícaros marinos y piratas. Los hermanos Pallachi solían atacar barcos mercantes españoles que venían de América del Sur. Luego, se disfrazaban de comerciantes españoles y vendían los bienes que acababan de robar en las ciudades portuarias españolas.

El nombre Pallachi se hizo famoso, y pronto llegó a oídos del sultán de Marruecos, Ahmed El Mansour, apodado “El Rey Dorado”, debido a su enorme riqueza. El sultán, que buscaba fortalecer sus lazos con la Nueva República Holandesa, nombró a Shmuel como el embajador de Marruecos en Holanda. Además de su reputación como hombre de mar, Shmuel dominaba también varios idiomas: español, portugués, árabe y francés, lo que lo convirtió en un valioso recurso diplomático para el sultán.

Y así fue que, en 1596, Shmuel Pallachi convirtió su profesión de pirata en diplomático, instalándose en la ciudad de La Haya, donde funcionaba el parlamento holandés y se radicaron los representantes de países extranjeros. Pallachi estableció uno de los primeros minianim (es un número mínimo de diez varones judíos adultos, entiéndase mayores de 13 años, requerido por el judaísmo ortodoxo para la realización de ciertos rituales, el cumplimiento de ciertos preceptos, o la lectura de ciertas oraciones) en la ciudad, y además de su misión diplomática ejerció también de rabino de la comunidad. La comodidad de la rutina diplomática fue interrumpida por un incidente que tuvo lugar a fines del siglo XVI, cuando el sultán marroquí, un apasionado por reliquias, obligó a Pallachi a navegar a la ciudad de Lisboa y adquirir allí piedras preciosas a cambio de toneladas de cera. Ya por ese entonces, España había conquistado Portugal y, de hecho, dominaba toda la península ibérica. Según una de las hipótesis, Pallachi, que en ese entonces sufría de problemas financieros, les ofreció a los españoles, a cambio de dinero, informaciones confidenciales sobre la corte del sultán. Las autoridades de la Inquisición, sospechando de que el rabino judío estaba tratando de ganar tiempo para reconvertir al judaísmo a conversos y marranos, siguieron los pasos de Pallachi, quien a último momento consiguió salvarse de sus garras y escabullirse de España.

Arruinado financieramente, Pallachi emprendió el viaje de regreso a Holanda e inmediatamente después de su regreso, apeló a las relaciones que tenía con gente en las altas esferas para que le concertaran una entrevista con el príncipe Mauricio de Nassau, hijo de Guillermo “el Taciturno”, fundador de la República Holandesa.

Pallachi le sugirió al príncipe holandés que cooperara con Marruecos contra el enemigo común: España. El príncipe, un talentoso estratega militar, que despreciaba a los españoles tanto como Pallachi, tuvo una idea. Debido a que en ese momento España y Holanda habían firmado un acuerdo de armisticio, le propuso a Pallachi establecer una flota pirata compuesta por marineros aventureros, y ellos estarían bajo la protección de Holanda pero bajo bandera de Marruecos. Pallachi, que odiaba a los españoles que lo expulsaron de España a él y sus ancestros, se entusiasmó con la idea de poder vengarse de sus verdugos. No pasó mucho tiempo, hasta que una gran flota de barcos piratas, equipada con sinagoga y una cocina casher, anclara en el puerto de Ámsterdam.

En el año 1614, en uno de los ataques de los piratas a los barcos españoles en alta mar, se propagó una enfermedad entre la tripulación del barco, y Pallachi se vio obligado a atracar en el puerto de Plymouth, Inglaterra. Cuando el embajador español en Londres se enteró del arribo de Pallachi, exigió que el rey inglés lo arrestara y lo ejecutara por el asalto a los barcos españoles. Pallachi compareció ante el juez inglés, quien quedó profundamente impresionado de él, y decidió dejarlo en libertad. Durante el viaje de regreso desde Inglaterra, Pallachi logró asaltar otro barco español, pero ya había adquirido una grave enfermedad durante su encarcelamiento en Londres.

Shmuel Pallachi falleció dos años después, cuando tenía 66 años de edad. Durante su sepelio, decenas de miles de judíos y no judíos lo escoltaron hasta su entierro en un cementerio en las cercanías de Ámsterdam, con la participación del príncipe Mauricio y su familia. En su lápida, está grabado el versículo del libro de los Proverbios: “El que lleva el bien con Dios y con el hombre”.

Resumen de una nota de Ushi Derman

[Fuente: grupo de Facebook Personalidades judías de todos los tiempos – compilado por Raúl Voskoboinik – reproducido en aurora-israel.co.il]

A presenza da lingua galega na tradución e na interpretación preocupa entre grupos de profesionais e tamén no ámbito da formación universitaria.
As interpretacións co galego como lingua de chegada son moito menos comúns que ao español, segundo Jacobo Currais (Foto: Nós Diario).

As interpretacións co galego como lingua de chegada son moito menos comúns que ao español, segundo Jacobo Currais.

Escrito por IAGO SUÁREZ

A presenza da lingua galega na tradución e na interpretación preocupa entre grupos de profesionais e tamén no ámbito da formación universitaria, con cada vez menos alumnado nas combinacións lingüísticas que inclúen o galego.

Esa situación é preocupante porque a actividade tradutiva e interpretativa pode outorgar prestixio a un idioma minorizado como é o caso do galego e axudar a normalizalo, algo que asegura a profesora Claudia Angelelli no seu traballo Revisitando o rol do intérprete, no cal expón que « a presenza dun idioma nunha práctica regulada e ensinada na universidade como a tradución e interpretación mellora o status e prestixio da mesma ».

Algo ao que tamén se referiu Iria Taibo, presidenta da Asociación Galega de Profesionais da Tradución e da Interpretación (AGPTI), que en declaracións a Nós Diario explica que « moitas veces non pensamos no que hai detrás dunha escolla lingüística ou outra, se escollemos un servizo que se oferta en galego estamos contribuíndo a normalizar o idioma e tamén a xerar emprego para as profesionais que traballan coa nosa lingua ».

En canto ao mercado de traballo para a tradución e a interpretación en lingua galega, Taibo indica que « a pesar de que hai motivos para o optimismo como as novidades da nova lei do audiovisual, que melloran as oportunidades de traballo para o galego, o certo é que debería haber máis emprego para as profesionais que usamos o noso idioma ».

O papel que as Administracións desempeñan a este respecto tamén suscita a preocupación de Taibo, ao asegurar que « é preciso que cando unha Administración dea calquera tipo de apoio económico a algunha actividade relacionada co idioma se teña en conta o galego. Somos conscientes de que isto non se cumpre sempre ».

O galego na interpretación

A interpretación de congresos ou calquera outro tipo de interpretación pode ser unha ferramenta importante de prestixio e normalización da lingua galega. Con todo, a presenza do galego neste ámbito é escasa. Se ben non existen datos oficiais do uso do galego en interpretacións, si que contamos cos datos de profesionais como Jacobo Currais, tradutor e intérprete que leva máis de 20 anos exercendo a súa profesión e cuxas experiencias relata a este xornal.

Currais ten como linguas de traballo o galego, o español, o inglés e o portugués. Durante os máis 20 anos que leva traballando como freelance, realizou un gran número de interpretacións para un gran leque de clientes. Dun total de 219 traballos realizados profesionalmente, o galego estivo presente en 30 (13,7%), o inglés en 170 (77,6%), o portugués en 28 (12,8%) e o español en 189 (86,3 %). Estes resultados mostran claramente que o galego ten unha presenza moito menor en comparación co resto de linguas, nomeadamente co inglés, e aínda máis se se compara co español.

Revélase interesante tamén saber quen son os clientes das interpretacións de Currais ao galego. Nas súas palabras « a maior parte dos clientes foron formacións políticas ou sindicais, por tanto de titularidade privada ».

O galego en tradución e interpretación na universidade

A Universidade de Vigo (UVigo) é a única no país que oferta o grao en Tradución en Interpretación con diferentes combinacións lingüísticas que inclúen a lingua galega. Non obstante, a situación do idioma no grao non é alentadora, segundo indica a este xornal un docente da facultade de Filoloxía e Tradución que prefire non desvelar a súa identidade.

Segundo di, « cada vez hai menos alumnado que mostre interese pola lingua galega en xeral e, de feito, de 40 prazas que se ofertaron para a combinación de galego-inglés, só se cubriron menos de 20 ». Unha situación que, para este docente, revélase « verdadeiramente preocupante », xa que « a formación universitaria en tradución e interpretación en galego é vital para poder ofrecer servizos no noso idioma e de calidade ».

[Fonte: http://www.nosdiario.gal]

Escrito por Pedro Correia

Cheguei a pensar que Trás-os-Montes era um dos últimos redutos da portugalidade. Verifico que estava enganado: já não é. Confirmei há dias, consultando uma peça laudatória de um caderno semanal no Público escrito em parte por jornalistas que comem e dormem à borla nos restaurantes e hotéis que recomendam.

Este chamou-me a atenção pelo nome. Fica em Valpaços, belo concelho transmontano, mas mandou a língua portuguesa às urtigas, adoptando um nome importado da terra do Tio Sam. Intitula-se Olive Nature Hotel & Spa, vejam lá. A « amaricanice » aguda já se instalou junto à vetusta Serra da Nogueira.

«Uma proposta ancorada numa envolvente tranquila e na valorização do azeite», enaltece o Público na prosa lambida que caracteriza o suplemento. Recomendando, para relaxar, massagens no « Olive Spa by Dona Adelaide » – assim crismado, neste insólito crioulo luso-« amaricano ». Para condizer com o nome do hotel.

Fixei o preço das massagens. Podem ser Aromas Campestres: 75 minutos pela módica quantia de 110 euros. Ou a Sensações do Campo: hora e meia a quem possa e queira esportular 240 euros. Coisa fina.

Preço médio das refeições: 35 euros. Quem optar pelo menu degustação, larga 55 euros. E se o repasto envolver « wine pairing » – esclarece ainda o Público – a conta sobe para 75 euros. O nome no idioma de Donald Trump deve pesar na factura.

Com tanta « amaricanice », até espanta que os preços não estejam em dólares. Trás-os-Montes ainda acaba travestido em Behind the Mountains. Já faltou mais.

 

[Fonte: delitodeopiniao.blogs.sapo.pt]

Non era posible, ata agora, ler textos teatrais galegos coma Judite, de Marcos Abalde, ou As do peixe, de Cándido Pazó. O primeiro por falta de distribución e o segundo porque non fora nin editado. A Antoloxía do teatro galego contemporáneo de Cena Lusófona veu rematar con esta anomalía e con outras semellantes, xa que reúne nunha edición en dous volumes unha representación de voces da historia do teatro galego desde pouco antes de Abrente a primeiros dos anos 70.

Ás oito da tarde cando morren as nais, de AveLina Pérez © CDG

O primeiro tomo recolle, así, Un hotel de primeira sobre o río, de Xohana Torres; O cabodano, cerimonia de laios e salaios, de Euloxio Ruibal; Días sen gloria, de Roberto Vidal Bolaño; Cando chega decembro, de Manuel LourenzoAs certezas de Ofelia, de Luísa Villalta; Lugar, de Raúl Dans e Footing, de Gustavo Pernas, mentres que o segundo volume xunta As do peixe, de Cándido Pazó; Judite, de Marcos Abalde; Voaxa e Carmín, de Esther E. CarrodeguasNome: Bonita, de Vanesa Sotelo e Ás oito da tarde, cando morren as nais de AveLina Pérez.

Voaxa e Carmín, de Esther Carrodeguas © MIT

A asociación portuguesa para o intercambio teatral cos países lusófonos Cena Lusófona é a responsable desta publicación, que contou co asesoramento das investigadoras e profesoras Inma López Silva e Dolores Vilavedra -autora do texto que introduce a edición- e da directora de escena Ánxeles Cuña, coa colaboración de António Augusto Barros e de Pedro Rodrigues. Todos os textos inclúense, en 1900 páxinas, na normativa do galego da ILG-RAG e en portugués padrón. As versións en portugués foron realizadas por Sofia Lobo e Zé Paredes.

A relación de Cena Lusófona co noso teatro viña xa de atrás. A asociación conta cunha revista especializada, setepalcos, na que publicara xa no 2003 unha panorámica da historia do teatro galego. “Dúas décadas despois” -explica Dolores Vilavedra no texto que serve como limiar do libro- “a Cena Lusófona segue adiante, teimosa, co seu obxectivo de tentar situar o teatro galego nesas encrucilladas culturais que son, por unha banda, a comunidade de países en lingua portuguesa e, por outra, o ámbito iberoamericano”.

Antoloxía do teatro galego contemporáneo forma parte da colección de teatro Cena Lusófona, unha serie de publicacións de dramaturxia na que este dobre volume dedicado a Galicia comparte espazo con outros dez números centrados en autores e autoras de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Portugal, Brasil e Guiné-Bissau. A edición de textos teatrais supón, á súa vez, un dos ámbitos de actuación de Cena Lusófona, cuxo proxecto de intercambio teatral entre os países da lusofonía inclúe a formación, coprodución e distribución de espectáculos, creación de infraestruturas teatrais, investigación, dramaturxias compartidas, debates e conferencias, exposicións e programas de cooperación.

Antoloxía do teatro galego contemporáneo vén complementar e actualizar, ademais, a Antoloxía do teatro galego publicada a primeiros dos anos 80 por Edicións do Castro baixo a coordinación de Manuel Lourenzo e Francisco Pillado. A selección de textos, explica Vilavedra no limiar do dobre libro de Cena Lusófona, “podería ser outra” -discutible como todas as escolmas- “certamente, mais que vén avalada practicamente en todos os casos pola concesión dalgún galardón, polos nomes dos seus autores e autoras e polo innegable interese das propostas artísticas que nos ofrecen. Doce textos non son moitos para máis de cincuenta anos, certo, mais abondo para debuxar aquí a cartografía do que hoxe é a literatura dramática galega e de como chegou a selo”.

As do Peixe, de Cándido Pazó © Contraproducións

A escolla comeza por un texto anterior á data na que adoita situarse o inicio do teatro contemporáneo galego, o 1973, momento do nacemento dos proxectos de Abrente. Trátase de Un hotel de primeira sobre o río, de Xohana Torres, obra coa que esta autora, moito máis coñecida como poeta, gañara o premio de textos teatrais en galego promovido por O Galo no tempo do espertar do asociacionismo cultural dos anos 60. Vilavedra relaciona este texto co teatro existencialista francés e co simbolismo que servía para tratar problemas sociais silenciados pola censura coma a especulación urbanística. Segue á obra de Xohana Torres O aniversario de Euloxio R. Ruibal, peza que obtivo no 1975 o Premio Abrente de Textos Teatrais que, segundo Vilavedra, critica a división social provocada pola guerra civil.

Antoloxía do Teatro Galego Contemporáneo recolle outros dous textos representativos da xeración Abrente, Días sen Gloria de Roberto Vidal Bolaño e Cando chega decembro de Manuel Lourenzo. O primeiro deles, relacionado co Camiño de Santiago e editado tamén por Positivas, foi gañador do Premio Rafael Dieste en 1992 e finalista do Premio Nacional de Literatura Dramática. O segundo incluíuse en Veladas indecentes, o volume que tirou do prelo Laiovento co que Manuel Lourenzo gañou o Premio Nacional de Literatura Dramática en 1997.

A transición xeracional desde Abrente está representada na antoloxía de Cena Lusófona por Luísa Villalta ou Raúl Dans. As certezas de Ofelia, de Luísa Villalta, fora publicado en Casahamlet, a revista ligada ao estudio homónimo de Manuel Lourenzo e Santiago Fernández, dando continuidade segundo Vilavedra ao proxecto de Lourenzo de pór en diálogo o teatro galego coas figuras do teatro universal.

Roberto Vidal Bolaño, nunha imaxe divulgada durante as homenaxes que recibiu en 2013, cando lle foi dedicado o Día das Letras Galegas © Henrique Alvarellos

Lugar, de Raúl Dans, premio Álvaro Cunqueiro de textos teatrais, formou parte da colección Biblioteca 120 de La Voz de Galicia e foi, ademais, unha das poucas pezas deste autor levadas ás táboas, estreada polo Centro Dramático Galego no 1999. Vilavedra sitúa a Gustavo Pernas e Cándido Pazó nun modelo de autor teatral, máis propio dos anos 90, que escribe textos para a súa propia compañía. Do primeiro a antoloxía recolle Footing, premio Rafael Dieste no 2001, e do segundo As do Peixe, Premio María Casares ao mellor texto orixinal no 2014 e un dos éxitos de público do teatro galego dos últimos anos.

A escolma da Antoloxía do Teatro Galego con autores e autoras de distintas xeracións formados xa na ESAD. Marcos Abalde, cuxo teatro político é doado de relacionar por exemplo co de Gustavo Pernas, constrúe en Judite, Premio Marqués de Bradomín de textos dramáticos do InJuve no 2012, unha potente e moi expresiva metáfora da violencia obstétrica cando este tema estaba moito menos presente no debate público, mentres que Esther F. Carrodeguas indaga no exilio interior das Marías, Maruxa e Coralia, en Voaxa e Carmín, peza que estreou coa súa propia compañía, ButacaZero, tras gañar con ela o Premio Abrente de Textos Teatrais da MIT de Ribadavia. 

A antoloxía escolle por último, como representantes do teatro posdramático a Vanesa Sotelo e AveLina Pérez, aínda que inclúe, da primeira, un texto máis convencional, Nome: Bonita, premio Mondoñedo 10 de teatro, e da segunda Ás oito da tarde cando morren as nais, Premio Álvaro Cunqueiro para Textos Teatrais no 2018, peza levado á escena recentemente polo Centro Dramático Galego.

 

[Fonte: http://www.praza.gal]

Longtemps considéré comme une langue littéraire et administrative importante, le provençal est aujourd’hui menacé de disparition.

Écrit par Michel Feltin-Palas

Demandez à un Français de vous dire ce qu’il connaît de la Provence. Dans 9 cas sur 10, vous aurez droit au soleil, aux cigales, à la bouillabaisse, au rosé, à Pagnol, à la pétanque et à la garrigue. Demandez-lui maintenant de vous parler de la langue provençale. Je précise : non pas de parler provençal, mais de parler du provençal, de son histoire, de son origine, de ses caractéristiques, de ses écrivains. Là, dans 9 cas sur 10, ce sera un silence total. D’où l’utilité du livre (1) que vient de publier Philippe Blanchet. Ce sociolinguiste reconnu, inventeur notamment du concept de « glottophobie » (la discrimination fondée sur la langue), a beau enseigner à Rennes, il est provençal d’origine et c’est à mieux faire connaître cette langue de France qu’il s’emploie dans ce petit ouvrage très pédagogique.
Résumons l’essentiel.
Le provençal est une langue romane, c’est-à-dire une évolution du latin qui a pris sur place une forme particulière. Cette variante est assez éloignée du français, marqué par une influence germanique très forte due à l’installation massive des Francs au nord de la Loire. Elle est plus proche des autres langues romanes du sud comme l’italien, le portugais, le castillan (la langue de Madrid), le catalan (celle de Barcelone) ou le corse.
Le provençal a été utilisé pendant des siècles comme langue de gouvernement et comme langue littéraire. Il dispose même avec Frédéric Mistral d’un prix Nobel de littérature, décerné en 1904. C’est là l’aboutissement d’un grand mouvement de renaissance, appelé le Félibrige, dont l’auteur de Mirèio était l’une des chevilles ouvrières. Avec Joseph Roumanille, Mistral a également élaboré un nouveau système orthographique, encore utilisé aujourd’hui dans la région.
Contrairement à ce que l’on croit souvent, le déclin de la pratique, net depuis les années 1950, ne tient pas à de supposés défauts « intrinsèques » de cette langue et moins encore à un prétendu « libre choix » des populations. Non, cet affaiblissement s’explique en partie par des raisons sociologiques (l’arrivée massive de populations extérieures à la Provence), et – surtout – par des raisons politiques. Depuis des décennies, toutes les fonctions de prestige ont été attribuées au français tandis que la langue historique du territoire était renvoyée à la sphère privée.
Peut-on encore sauver le provençal ? « Oui, mais… », répond Philippe Blanchet. Oui, car le nombre de locuteurs est encore significatif. Faute d’enquête officielle, le sociolinguiste, après avoir réuni diverses données, aboutit à l’estimation suivante : 250 000 personnes environ parleraient encore le provençal, soit 5 % de la population, sachant que de 250 000 à 500 000 personnes supplémentaires le comprendraient. Ce n’est pas rien. Et à ceux qui jugeront ces chiffres surestimés, l’universitaire rappelle un fait trop souvent oublié. Dans une société qui ne leur laisse quasiment aucune place officielle, l’usage des langues régionales est aujourd’hui souvent réservé à l’intimité. Il échappe donc généralement aux yeux et aux oreilles de ceux qui ne les pratiquent pas.
Venons-en au « mais ». Le constat est simple et il est terrible. Les locuteurs du provençal sont âgés et disparaissent au fil des ans sans être remplacés par des jeunes générations, faute notamment d’un enseignement massif de cette langue à l’école. De fait, écrit Blanchet, « aucune politique linguistique ambitieuse, efficace et affirmée n’a été mise en place, ni au niveau régional ni encore moins au niveau national pour freiner ou renverser cette dégradation qui résulte d’une politique nationale et qui n’a rien d’inéluctable ». En clair, si la France ne mène plus aujourd’hui ouvertement une politique d’éradication du provençal, elle ne fait rien pour empêcher sa disparition en s’abstenant de prendre les mesures qui lui permettraient de se développer.
En provençal mistralien, cette attitude porte un nom : ipoucrisìo. En bon français aussi.
(1) A la descuberto dóu prouvençau, lengo óuriginalo, lengo amenaçado (À la découverte du provençal, langue originale, langue menacée), par Philippe Blanchet. Éditions de l’Observatoire de la langue et de la culture provençales (le livre est rédigé en français).

 

 

[Source : http://www.lexpress.fr]

il ne faut jamais négliger les détails car ils peuvent être source de désagréments importants ; les détails peuvent causer des ennuis importants ; une faute dans un détail peut compromettre tout un ensemble

Origine et définition

Cette expression nous viendrait, dans la seconde moitié du XIXe siècle, de Friedrich Nietzsche qui, probablement parce qu’il ne parlait pas couramment le swahili, l’a exprimée en allemand « Der Teufel steckt im Detail »[1].
Même si le diable y est cité, point n’est besoin de discuter de l’éventuelle dimension religieuse ou philosophique de cette expression, car une chose est sûre et constamment vérifiée : il suffit parfois du moindre détail mal géré dans un vaste projet pour risquer de le faire complètement échouer.
Et, compris simplement, c’est bien ce que Nietzsche voulait dire, notre cher ami le diable étant ici considéré comme celui qui prendrait un malin plaisir à provoquer les nombreuses difficultés à même de faire capoter le projet ; il est toujours là, en embuscade, prêt à profiter de la moindre faiblesse pour en empêcher la bonne réalisation.
Une autre forme de détail pernicieux est, par exemple, la petite note de bas de page d’un contrat, écrite en tout petits caractères, note que personne ne lit avant de signer, alors que, pourtant, elle restreint fortement les cas d’applications décrits dans le document. Et ce n’est qu’une fois qu’on a besoin de faire appliquer les termes du contrat, qu’on nous met le nez sur ce petit détail en apparence insignifiant auquel on aurait pourtant dû porter beaucoup plus d’intérêt.
Les non-dits, les imprécisions, les termes interprétables d’un document peuvent aussi être de ces fameux détails qui auront plus tard un effet « diabolique ».
On peut noter que la version opposée existe, formulée par d’autres (l’architecte Ludwig Mies van der Rohe, au moins) : « Gott steckt im Detail » ou « Dieu est dans les détails ». Cette fois l’expression signifie qu’une œuvre n’est accomplie et belle que grâce à la qualité de ses détails.
[1] Mais pour cette expression-là, il n’a jamais prétendu qu’ainsi parlait Zarathoustra ()

Exemples

« Cependant, en l’état actuel de sa rédaction, il laisse dans l’ombre un grand nombre de choix politiques cruciaux quant aux modalités de mise en œuvre. Le diable est dans les détails. Le seuil et le taux d’intérêt retenus (taux zéro ou taux du marché), le degré d’implication de l’État et des banques (si elles sont acteurs du dispositif) peuvent conduire à des résultats très différents en terme d’équité. »
Le Monde – Article du 20 novembre 2009

Comment dit-on ailleurs ?

Langue Expression équivalente Traduction littérale
Allemand der Teufel steckt im Detail le diable se trouve dans le détail
Anglais (Australie) the devil is in the detail le diable est dans le détail
Anglais devil is in the details diable est dans les détails
Anglais (USA) the devil is in the details le diable est dans les détails
Arabe (Algérie)

المطرق اللي تتحقر بيه يعميك (el matrag li tethagar bih ya’mic)

le bâton dont tu te moques te rendra aveugle

Arabe (Maroc) الشيطان يكمن في التفاصيل le diable se cache dans les détails

Espagnol (Espagne)

el demonio está en los detalles le démon est dans les détails
Espagnol (Espagne) por un clavo se perdió un reino par un clou on a perdu un royaume
Hongrois az ördög a részletekben rejlik le diable réside/se cache dans les détails
Italien il diavolo sta nei dettagli le diable est dans les détails
Italien il diavolo è nei dettagli le diable est dans les détails
Italien il diavolo si nasconde nei dettagli le diable se cache dans les détails
Néerlandais (Belgique)

ook de kleine lettertjes moeten gelezen worden

il faut lire les petites minuscules
Néerlandais het venijn zit ‘m in de staart le venin se trouve dans la queue
Néerlandais

het zijn de kleine dingen die het doen

ce sont les petites choses qui le font
Portugais (Brésil) o diabo está nos detalhes le diable est dans les détails
Roumain diavolul e în detalii le diable est dans les détails
Turc şeytan ayrıntıda gizlidir le Diable se cache dans le détail
Ajouter une traduction

Si vous souhaitez savoir comment on dit « le diable est dans les détails » en anglais, en espagnol, en portugais, en italien ou en allemandcliquez ici.

Ci-dessus vous trouverez des propositions de traduction soumises par notre communauté d’utilisateurs et non vérifiées par notre équipe. En étant enregistré, vous pourrez également en ajouter vous-même. En cas d’erreur, signalez-les nous dans le formulaire de contact.

[Source : www.expressio.fr]

%d blogueurs aiment cette page :