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João Barrento reconhece « a cada dia das mais diversas maneiras, no modo como as pessoas falam, na própria imprensa, que a língua portuguesa está a ser bastante maltratada ».

O escritor e tradutor João Barrento, vencedor do Prémio Camões 2023, considerou esta quinta-feira que a língua portuguesa é « bastante maltratada », na maneira como as pessoas falam e na imprensa.

Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de entrega do Prémio Camões 2023, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, Barrento disse reconhecer « a cada dia das mais diversas maneiras, no modo como as pessoas falam, na própria imprensa, que a língua portuguesa está a ser bastante maltratada ».

« Também há uma influência enorme do latim vulgar de hoje, que é o inglês e que tem uma intervenção muito forte nas nossas línguas. Há um descuido, e provavelmente o universo digital terá alguma coisa que ver com isso, porque desde os primeiros anos de aprendizagem nas escolas estamos imersos nesse universo digital, que não é propriamente o melhor para a aprendizagem e um uso mais correto da língua. Penso que isso tem uma grande influência », afirmou.

No discurso de aceitação do prémio, João Barrento voltou a aflorar a questão: « As palavras que usamos têm corpo, coisa hoje cada vez mais esquecida e ignorada por quem as usa ».

« Senti isto de forma muito clara a voltar a ler a obra de Camões ou Jorge de Sena, Armando Silva Carvalho, Alexandre O’Neill, Vasco Graça Moura, Maria Gabriela Llansol e tantos outros », partilhou.

Num discurso no qual citou Camões, David Mourão Ferreira e Vasco Graça Moura, João Barrento, de 84 anos, partilhou que ao longo da carreira nunca deixou « de ser aprendiz nos domínios do ensaio, crónica, diário ou tradução ».

Aos jornalistas, confidenciou que ao saber que tinha sido distinguido com o Prémio Camões 2023 a primeira reação « foi de surpresa ».

« Não que não tenha tido empenho real na minha vida às coisas que também interessaram a Camões no seu tempo, não porque não tenha olhado para o mundo como ele olhou, mas porque me achei insuficientemente digno de um prémio como este e com o nome que ele traz », explicou.

Para João Barrento, « a dimensão do prémio Camões e daqueles que já o receberam » é « demasiado grande » para se comparar com eles.

« São grandes escritores, os nossos maiores poetas e escritores. Senti-me, humildemente, um pouco abaixo deles. Fizemos coisas diferentes, a escrita é outra, algumas razões terá havido para o júri me atribuir este prémio, que agradeço », disse.

Grande parte da carreira de João Barrento tem sido dedicada à tradução, sobretudo de obras em língua alemã. « A tradução é uma forma de escrita muito particular, é trazer o outro à nossa casa », referiu.

Em representação do presidente do júri do Prémio Camões 2023, a ensaísta Inocência Mata lembrou que esta foi a primeira vez que o Prémio Camões homenageou um tradutor e salientou que João Barrento « é um tradutor de referência ».

Para explicar o facto de tal só ter acontecido ao fim de 35 anos de prémio, Inocência Mata referiu que « talvez os jurados não tivessem consciência de que a tradução é também trabalho de criação ».

« A tradução é uma ponte que conecta culturas, amplia o acesso a ideias, pensamentos e histórias que de outra maneira estariam confinados a uma única língua », disse, acrescentando que também « preserva identidade cultural de diferentes comunidades, garantindo que as suas vozes sejam ouvidas globalmente ».

Inocência Mata falou ainda de João Barrento como uma « ponte vital entre literaturas europeias, principalmente a alemã » e « um dos pilares da literatura contemporânea em Portugal », a quem faltava apenas o Prémio Camões para juntar a outras importantes distinções que já recebeu. « Esta distração foi agora corrigida », afirmou.

João Barrento foi distinguido com os prémios Calouste Gulbenkian da Academia das Ciências de Lisboa, o Grande Prémio de Tradução do PEN Clube Português/Associação Portuguesa de Tradutores, pela obra de Goethe e pela tradução integral de « Fausto », o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, o Prémio D. Diniz, da Casa de Mateus, e o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pelo livro « A escala do meu mundo ».

Em 2022, recebeu o prémio Vida Literária Vitor Aguiar e Silva da APE.

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, lembrou hoje que a entrega do Prémio Camões a João Barrento acontece « num ano particularmente camoniano, em que finalmente se apresentou o programa » das comemorações dos 500 anos do poeta.

Além disso, este ano celebram-se os 50 anos do 25 de Abril de 1974 e o Prémio Camões « é entregue a alguém que desde sempre empenhado na luta pela liberdade da palavra e desenvolvimento de um pensamento crítico ».

« Estamos aqui não apenas para homenagear um intelectual de exceção, mas também um mestre da língua portuguesa », afirmou Dalila Rodrigues, recordando também o papel de João Barrento como « professor de várias gerações de alunos » e « protagonista ativo, lúcido e militante desta aventura coletiva a se chama Portugal ».

Já a ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, numa mensagem em vídeo, destacou o trabalho de João Barrento como tradutor, algo que « enriquece a língua portuguesa e amplia horizontes ».

A governante terminou o discurso apelando a « mais livros e menos armas ».

João Barrento nasceu a 26 de abril de 1940 em Alter do Chão.

Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo publicado diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica.

Foi leitor de português na Universidade de Hamburgo, leitor de alemão na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professor de literatura alemã e comparada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Como tradutor de língua alemã, transpôs para português dezenas de autores, particularmente de poesia, da expressão mais antiga à mais moderna e contemporânea, além de obras de ficção, filosofia e teatro.

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.

Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente « um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum ».

[Fonte: http://www.dn.pt]

Entre as conclusións, dos videoxogos creados en España, só un 3% son en galego.

Escena da película ‘Alcarràs’

A oferta de contidos dixitais en linguas minoritarias ou cooficiais en España é « bastante limitada », segundo o Anuario de cultura dixital 2024 elaborado por Acción Cultural Española (AC/E). O Anuario AC/E de cultura dixital é o resultado dunha reflexión interna sobre a maneira de incorporar a dimensión dixital aos seus obxectivos e apoiar a dixitalización do sector cultural, recollendo ao longo do documento un total de 55 estudos e artigos e máis de 60 casos de interese.

No segmento audiovisual incluído, alúdese a esa escaseza de linguas minoritarias, lembrando que a nivel internacional están a facerse modificacións nos marcos normativos e legais para garantir unha maior presenza destas. Neste sentido, a directiva europea de medios audiovisuais, por exemplo, obriga aos países da UE a garantir unha oferta de polo menos un 30 % de contido europeo e outorga a cada Estado membro a liberdade de aplicar criterios propios sobre a diversidade lingüística e cultural.

No caso de España, lémbrase que, a través da súa nova lei audiovisual, establece que as plataformas deberán dispor como mínimo dun 6 % dos seus títulos en cada unha das linguas cooficiais: catalán, galego, eúscaro e aranés. En xeral, o informe destaca que a industria audiovisual segue liderando o sector do entretemento global en España e gran parte do seu crecemento provén de produtos e servizos dixitais.

Tan só en España, calcúlase que practicamente a totalidade dos mozos (96,7 %) están subscritos ou acceden a algún servizo que ofrece contidos dixitais, sendo os máis habituais os servizos audiovisuais de películas/series (75,8 %). « A tendencia ao consumo dixital e móbil parece non cesar », remarcou.

En canto a libros, o 24,1% dos títulos publicados en España prodúcense en idiomas cooficiais: un 14% dos libros editados prodúcense en catalán; un 2,3 %, en eúscaro; un 2,2%, en galego e un 5,6%, noutras linguas e dialectos do Estado español. En canto aos libros dixitais, o 8% están publicados en linguas cooficiais e os audiolibros, o 2% en linguas cooficiais.

As principais plataformas de audio en España rexistran unha « prudente » presencialidade de contidos en linguas cooficiais que o estudo apunta a que irá crecendo nos próximos anos ante o incremento do interese dos seus oíntes. Así, o número de lectores que escoita de maneira frecuente audiolibros triplicouse, chegando ao 6,9%, e os oíntes de pódcast en linguas cooficiais rexistran crecementos anuais do 3%, como no catalán.

ARTES ESCÉNICAS E VIDEOXOGOS

Mentres, en artes escénicas indícase que a oferta dixital escénica foi explorada e explotada « moi pouco » en comparación con outras industrias culturais. No entanto, si avanza que a IA será un factor crave para a transformación da oferta dixital de contidos escénicos en calquera lingua ao ofrecer a posibilidade de tradución, adaptación ou dobraxe deste tipo de contidos

En videoxogos, a oferta dixital global é maioritariamente en linguas oficiais e o número de videoxogos en linguas minoritarias é « bastante acoutado ». Con todo, cada vez « son máis os esforzos por crear videoxogos en múltiples linguas e lograr localizacións exitosas que conecten as narrativas de cada videoxogo con nichos de públicos específicos ».

Dos videoxogos creados en España, as linguas cooficiais teñen xa unha representatividade considerable: o catalán (25%), o eúscaro (9%) e o galego (3%).

 

[Imaxe: AVALON – fonte: http://www.galiciaconfidencial.com]

Organisée par l’Association Jocelyne Saab en partenariat avec l’ALBA, l’USJ et la coopérative des métiers du cinéma, une formation à la restauration de films aura lieu à Beyrouth du 23 au 31 mai.

Des films de Jocelyne Saab ont été restaurés grâce à l’initiative de l’association éponyme.

Écrit par Lola MAUPAS

Comment restaurer des films au Liban, sans professionnels ni matériel ? Tout simplement en formant des techniciens et en les équipant, répondrait l’Association Jocelyne Saab qui relève ce défi – en réalité un véritable casse-tête – depuis 2021.

Un premier cycle d’apprentissage aux métiers de la restauration a déjà permis de revaloriser et de protéger quinze films de Jocelyne Saab, parus dans un beau coffret DVD assorti d’un livret. Au mois de mai, une nouvelle série de formations – avec spécialisation dans l’étalonnage, le travail sur l’image ou le travail sur le son – proposera cette fois de restaurer des films plus tardifs de la réalisatrice mais aussi d’autres films issus des collections de Nadi Lekol Nas, une association qui œuvre à préserver le patrimoine cinématographique de la région et le rendre accessible à tous, des archives numériques du cinéma algérien ou de la collection Braquage.

Car c’est aussi le développement d’un secteur quasi inexistant dont il est ici question. Comme l’explique Manal Zakharia, l’un des trois intervenants de la formation, « il n’y a pas de marché de la restauration au Liban. On trouve des initiatives individuelles de la part d’associations, mais il s’agissait jusque-là plutôt d’une génération qui a connu les anciens studios du Liban, et qui pratique une restauration mécanique, pour réparer et nettoyer la pellicule. Il n’y avait pas de possibilités de faire de la restauration numérique ».

En s’associant d’abord avec la société de post-production The PostOffice à Beyrouth, le Polygone étoilé à Marseille et Cinémathèque Beirut pour la première session de travail à partir de 2021 et maintenant avec l’ALBA (UOB), l’Iesav (USJ) et la coopérative des métiers du cinéma, l’Association Jocelyne Saab permet autant la formation de restaurateurs diplômés que le développement matériel de la filière qui nécessite des programmes informatiques puissants. C’est le cas du logiciel Diamant dont la licence a été achetée par The PostOffice, offrant ainsi la possibilité de faire des restaurations numériques à Beyrouth.

Que ces restaurations puissent se faire au Liban a toujours été fondamental pour l’Association Jocelyne Saab. Michèle Tyan, monteuse-réalisatrice et membre de la structure, explique qu’il s’agit déjà de « donner un métier à des gens qui cherchent du travail en ouvrant une nouvelle brèche professionnelle dans un pays en crise », mais aussi de collaborer avec des personnes plus facilement motivées car, « forcément, le rapport culturel est plus fort, puisqu’il s’agit de travailler sur son propre patrimoine. Ça ne doit pas être un travail de fonctionnaire ! » D’autant que les restaurations sont faites avec un budget très serré et peu de financements. Ce regard plus intime sur la pellicule-miroir des Libanais est aussi important pour Manal Zakharia : « Il faut que l’on puisse savoir ce qu’on a fait, ce qu’on a été, pour mieux nous connaître nous-mêmes. On ne fait que s’identifier à des choses qui ne sont pas les nôtres ! »

« Les enfants de la guerre » avant et après restauration. Photo DR

« Les enfants de la guerre » avant et après restauration.

Pour Mathilde Rouxel, qui dirige l’association, l’idéal serait ensuite de pouvoir créer un réseau régional d’entraide, par exemple en assistant d’autres associations en Palestine, au Maroc ou en Algérie, afin de permettre une recirculation des images. Former une génération de restaurateurs, c’est aussi apprendre à reconsidérer l’archive, son besoin de préservation comme son importance éducative et politique.

Cette nécessité d’archives vivantes est particulièrement frappante dans le contexte actuel. « Quand on voit les images de Jocelyne et qu’on voit les images de Palestine aujourd’hui, on comprend à quel point l’histoire n’a pas changé, combien on était dans une équation qui ne se résout toujours pas », confie Michèle Tyan. « La pérennité d’une œuvre comme celle de Jocelyne Saab nous permet d’avoir un regard sur l’histoire et de témoigner d’une époque. » Alors, préservons !

Les inscriptions à la formation sont ouvertes jusqu’au 30 avril 2024. Plus d’informations sur le site ou par mail.

 

[Source : http://www.lorientlejour.com]

bookishness

Primera documentació: 25/07/2001

Tipus
manlleu de l’anglès
Contextos
Els fake books de Burciaga són una manifestació més de bookishness o addicció als llibres, un nínxol de mercat i una subcultura que la professora associada d’Anglès i Literatura Comparada de la Universitat Estatal de San Diego Jessica Pressman descriu en un llibre publicat a l’abril. [El País, 25/07/2021]
Entre ells, Pron esmenta l’apologia de la lectura veloç, d’acord amb oferir volums curts pel creixent analfabetisme funcional, o la bookishness, tendència consistent a apostar per la lectura no per afició, sinó per postureig. [El País, 29/07/2022]
Observacions El manlleu de l’anglès bookishness és un substantiu que designa una aproximació a la literatura en plena era digital. En un context d’exhibició a les xarxes socials en què es mostren prestatgeries amb llibres falsos, però també coixins amb cobertes de llibres famosos, etc., la bookishness és una mena d’identitat i una estratègia estètica que inclou des de la decoració fins a l’escriptura experimental, i esdevé una perspectiva fetitxista de la lectura. Tal com es mostra al primer context, influencers com la francesa Maddy Burciaga, amb més de 2,4 milions de seguidors, va publicitar unes capses que imitaven llibres de luxe per 19,99 euros (dues unitats), amb la particularitat que més enllà de decorar l’habitació no serveixen per a res, perquè no tenen pàgines. Així s’ofereix una versió de persona que té llibres (perquè continuen sent un valor positiu) però sense necessitat de comprar-los realment i, per descomptat, sense llegir-los.Per combatre aquesta afició aparent als llibres, les xarxes també s’usen per promoure la lectura real entre els més joves, a través d’estratègies dissenyades per algunes editorials i a través de booktubers.

 

[Font: neolosfera.wordpress.com]

9,3 millones de brasileños son analfabetos, ciegos culturales, los nuevos parias, los condenados al olvido, los que nos seguirán siendo invisibles. ¿Lula hará algo en su tercer mandato como presidente?

Estudiantes brasileños en una escuela en Río de Janeiro, en 2017.

Escrito por JUAN ARIAS

Los datos no pueden ser más confiables. Los acaba de revelar el solvente IBGE, el Instituto brasileño de investigación, realizada puerta a puerta en todo el país y que ofrece una radiografía a fondo de la sociedad. Según dicha radiografía, en este momento existen aún en Brasil 9,3 millones de analfabetos totales, algo que, como ha afirmado un editorial del diario O Globo, debería “avergonzar” al país.

Es cierto que esos millones de analfabetos totales son más bien de adultos, lo que revela la laguna educativa de años pasados cuando a la escuela iban solo los hijos de las familias acomodadas. El resto debía trabajar junto con sus padres para poder sobrevivir. Pero, ¿qué hacer entonces con esos cerca de diez millones de personas analfabetas totales que no son capaces ni de leer un letrero en la calle? Como apunta el editorial, “no se trata ya apenas de educación. Se trata de dignidad”.

Cuando Lula llegó por tercera vez a la presidencia afirmó que venía para crear un nuevo Brasil, más unido, más justo, menos rabioso y más luminoso tras los cuatro años de oscurantismo, amenazas de golpe militar e incitación a una guerra civil del ultra Bolsonaro.

No sé si en el programa educacional del Gobierno de Lula serán considerados esos más de 9 millones de analfabetos totales, aún con edad de poder trabajar. Lula sufrió en su infancia, a causa de la pobreza familiar, el no haber podido estudiar y debe conocer, mejor que el resto de los políticos, el calvario de esos millones de adultos analfabetos totales. ¿Seguirán abandonados a su suerte, escondidos en su vergüenza, sufriendo en silencio su ausencia de dignidad humana?

El dato del IBGE que ha revelado la existencia de los cerca de diez millones de analfabetos totales me ha traído a la memoria la primera vez que pude visitar la Amazonia brasileña arropado por una ONG española. En una de las visitas a una aldea muy pobre conocí a dos hermanas gemelas, de 70 años, que nunca habían salido del poblado. Eran analfabetas. Conversando con ellas me contaron que nunca habían estudiado y que se dieron cuenta de dicha laguna cuando les llegó un aviso escrito desde la ciudad que no podían leerlo. “Nos dimos cuenta, de repente, de que éramos ciegas”.

Las dos hermanas reaccionaron y decidieron ir a la escuela “a aprender las letras”. Para ello tenían que caminar a través de la selva a pie diez kilómetros ida y vuelta cada día. Y además no tenían ni cuadernos ni lápices. ¿Una anécdota? ¡No! Un mundo de injusticia y un ejemplo de superación.

Aquellas hermanas a sus 70 años, que con sus manos arrugadas empezaron a escribir las primeras letras que las curaría de su ceguera cultural, son un símbolo de la injusticia social que aún reina en un país rico, donde los políticos despilfarran el dinero, que piensan en sus intereses personales y familiares y quizás ni sabían que existen aún más de nueve millones que, como aquellas dos indígenas de la Amazonia, descubren que son “ciegos” porque son analfabetos.

Es dura e injusta la pobreza material en un país exuberante de riquezas naturales. Y cuando se dice que ha disminuido el hambre, y los políticos lo celebran, se olvidan que la indecencia es que haya aún un solo niño o adulto con el plato vacío de comida. Y junto al hambre material, que a todos nos toca de cerca y más cuando muerde a los niños, debería también escocernos esa masa de hambrientos de cultura, esos analfabetos, excluidos en realidad de la sociedad y a los que les queda aún mucha vida por delante.

“Nunca es tarde si la dicha es buena” reza un refrán popular que puede aplicarse a esos millones de analfabetos brasileños. Más aún en un mundo donde se vive cada vez más. Están condenados a morir ciegos, a tener que humillarse a que sus nietos les lean un papel que no entienden. Son ellos, quizás porque en el fondo de la conciencia nos duele y nos juzgan en silencio, los nuevos proletarios de la era digital, en la que ser analfabeto supone ser ciego no una sino dos veces. Son los nuevos parias, los condenados al olvido, los que nos seguirán siendo invisibles. ¿Hasta cuándo Lula? Como decía una tía mía semianalfabeta, en los tiempos duros de la dictadura franquista en España, “eso no tiene perdón de Dios”.

 

[Foto: SILVIA IZQUIERDO (AP) – fuente: http://www.elpais.com]

Andria Piciau

Escrito por Rising Voices

Traducido por Moira Fernández

La diversidad lingüística de Europa se ve refleja cada vez más en los espacios en línea, donde los hablantes de lenguas regionales y minoritarias, junto con sus comunidades, aprovechan las herramientas digitales y los medios para preservar, promover y revitalizar su patrimonio lingüístico. Con este espíritu, la campaña en línea @EuroDigitalLang de Rising Voices ha estado administrando una cuenta rotativa en X (antes Twitter). Aquí, activistas y defensores lingüísticos cuentan sus historias personales con sus palabras e interactúan directamente con sus seguidores, dan a conocer sus dificultades, y también sus éxitos.

En esta entrevista por correo electrónico, el anfitrión Andria Piciau de la Acadèmia de su Sardu APS, que ha estado trabajado con la lengua sarda, nos da un avance del trabajo lingüístico de APS. Se puede encontrar más información en la cuenta de X, @academiasardu. Andria gestionará la cuenta del 8 al 14 de abril de 2024.

Rising Voices (RV): Por favor, háblanos de ti y de tu trabajo relacionado con los idiomas.

Andria Piciau (AP): Soy responsable de la tecnología lingüística en la Acadèmia de su Sardu APS, organización benéfica dedicada a promover y proteger la lengua sarda, además de los derechos de sus hablantes. Nuestra organización es una comunidad diversa formada por lingüistas, expertos en idiomas, profesores y estudiantes que comparten la misma pasión por la lengua sarda y su cultura.
En la Acadèmia elaboré “sardu.wiki”, plataforma interactiva para documentación del sardo. El primer proyecto en esta plataforma se llama “LemONS” (“Vocabulario del Sardo con Ortografía Estándar”) e implica una investigación exhaustiva de las variantes de palabras categorizadas a través de nuestra propuesta de normalización, “Su Sardu Estándar”. Esta iniciativa permite a los usuarios documentar sus variantes, pronunciaciones y expresiones locales, con el apoyo de mapas interactivos que muestran la distribución geográfica de estas variantes. Esto marca el comienzo de nuestro Atlas Lingüístico del Sardo, significativa iniciativa recogida en nuestros estatutos.

Un aspecto crucial de nuestro trabajo es la normalización del sardo en dos normas, para las macrovariedades del campidanés y del logudonés-nugorés, pues son grupos de dialectos con algo de unidad y coherencia interna que además sirven de referencia práctica para estudiantes e instituciones, reconociendo la variación y la riqueza de la lengua. Nuestra propuesta de norma para el sardo campidanés ya es oficial en el sur de Cerdeña, y en 2023 ayudé a presentar todo el trabajo en conferencias académicas en Gales y Alemania.

RV: ¿Cuál es la situación actual de tu lengua, en línea como fuera de línea?

AP: La UNESCO clasifica el sardo como una lengua “definitivamente en peligro”, que está a punto de convertirse en “gravemente amenazada”. No forma parte del currículo escolar y se divide principalmente en dos macrovariedades: campadinés en el sur y logudonés-nugorés en el norte.

Más de la mitad de los hablantes sardos utiliza la variedad campidanesa, que está desapareciendo en favor del uso del italiano, especialmente en las ciudades importantes como Cagliari y Quartu Sant’Elena, donde casi ha desaparecido de los espacios públicos. En cambio, la variante logudonés-nugorés, incluida la subvariante nugorés, que se habla alrededor de Nuoro, tiende a ser más conservadora y sigue prevaleciendo, especialmente en los centros urbanos más pequeños.

En los últimos años, se ha presenciado un creciente interés por preservar y promover el sardo, aunque los esfuerzos han tenido obstáculos por los debates sobre la normalización, especialmente tras el fracaso de la propuesta de la lengua sarda común, que buscaba el estándar de una sola norma. Este hecho ha demostrado la necesidad de un enfoque más inclusivo en el discurso sobre nuestra lengua, realidad que está ganando aceptación entre los hablantes y las instituciones.

En línea, el sardo tiene una sólida presencia en grupos y páginas de Facebook, aunque muchas veces las conversaciones pasan al italiano por la falta general de alfabetización. Esta situación resalta los desafíos continuos en revitalizar y promover el sardo en la era digital.

RV: ¿Cuáles son tus motivaciones para ver tu lengua presente en los espacios digitales?

AP: En un mundo conectado como el nuestro, lo que los sociolingüistas llaman “el paisaje lingüístico” está cambiando rápidamente. Este paisaje no significa tener únicamente la lengua escrita en espacios públicos o lugares de trabajo, como señales de tráfico, letreros comerciales, anuncios, carteles, etc. También incluye un creciente “paisaje lingüístico digital” de las redes sociales y otros contenidos en línea. En la Acadèmia de su Sardu APS, creemos que es importante fomentar la presencia del sardo en todos estos lugares, por dos razones principales.

En primer lugar, cualquier persona interesada en ayudar al proceso de revitalización debe encontrar todo el apoyo que necesite de la manera más fácil y rápida posible.

Creemos que esto es esencial para las generaciones más jóvenes, para quienes el sardo ha pasado de ser un idioma comunitario a un idioma patrimonial, y cuyas vidas son cada vez más digitales. Estos hablantes necesitan encontrar oportunidades para formarse y una comunidad en este paisaje digital que les ayude en su aprendizaje, de la misma manera que deberían poder encontrar apoyo en la zona donde viven.

En segundo lugar, el sardo no debe estar lejos del lugar donde ocurre la vida económica, que es mayoritariamente en línea. Al evitar la separación, esperamos poder ayudar a contrastar la exclusión del sardo de la esfera pública y normalizar el idioma.

RV: Describa algunas dificultades que impiden que tu idioma se utilice completamente en línea.

AP: El problema principal que observamos en la Acadèmia de su Sardu APS es la falta de alfabetización del sardo, derivada de décadas de negligencia o incluso hostilidad de las instituciones locales. Este problema va más allá de la transcripción de dialectos a la capacidad básica de leer y escribir en sardo, incluidas frases sencillas, o participar en breves intercambios escritos. Los hablantes nativos, al estar poco acostumbrados a ver su lengua escrita, a menudo experimentan una “fatiga lingüística” y tienen dificultades para leer textos, aunque sean cortos.

Además, hay una notable falta de exposición a dialectos distintos al propio, especialmente entre la generación del nacida a finales de la década de 1940, lo que complica la búsqueda de un código lingüístico común para la comunicación en línea. Los hablantes más jóvenes, al estar menos familiarizados con sus dialectos, son más proclives a explorar la variación lingüística.

Otro desafío significativo es la presencia de fuertes ideologías lingüísticas, como la de “un pueblo, una lengua” defendida por una minoría. Este punto de vista promueve un enfoque de normalización de una norma única, que a menudo origina textos en línea en un sardo artificial, caracterizado por inexactitudes en el vocabulario y la sintaxis. A veces se encuentran problemas similares en el trabajo de hablantes nativos con buena intención que intentan contribuir con la comunidad. Lamentablemente, estos contenidos en sardo de baja calidad hace que los hablantes nativos no quieran participar en la comunidad y plantea problemas a los estudiantes.

RV: ¿Qué medidas concretas crees que se pueden tomar para animar a los más jóvenes a empezar a aprender tu lengua o a seguir utilizándola?

AP: El sardo, el idioma minoritario históricamente más extendido en Cerdeña, es actualmente una lengua predominantemente patrimonial, muchos jóvenes de entornos familiares hablan sardo, pero que no activamente. Estas personas a menudo tienen una noción de lo que constituye un “buen sardo”, pero se sienten desanimadas para aprender o usar la lengua porque no cumplen con sus propias expectativas, y por la falta de recursos educativos y oportunidades para practicar. La Acadèmia de su Sardu está abordando estos desafíos con materiales didácticos y un ambiente inclusivo para practicar la lengua a través de iniciativas como “Su Sardu Estándar”, el proyecto “LemONS”, así como cursos y reuniones en línea. Estas iniciativas tienen como objetivo dar una base gramatical sólida mientras se explora la variación de la lengua. En los últimos años, hemos estado incrementando enormemente nuestros esfuerzos para llegar a tantos estudiantes como sea posible. Sin embargo, la Acadèmia de su Sardu reconoce que una política lingüística integral del Gobierno sardo es crucial para revitalizar el sardo. Esa política debería apoyar decididamente la lengua mientras respeta su variación, e ir más allá de ideologías contraproducentes.

[Fuente: http://www.globalvoices.org]

« No farem miracles, però la nostra aportació és una goteta més » 

“No farem miracles, però la nostra aportació és una goteta més »

Escrit per P. Cano Server

La primera conversa amb la Violeta Tubert va ser a Vallestàvia. Érem al peu del Canigó, un capvespre preàmbul d’una nit de festa d’estiu. Allà, gent del nord, del sud, de mar endins o terra enllà, compartíem una vegada més –com diria una altra cantant– “els mots que canta la gent, vives paraules que entenc, que tots parlam el mateix”. Al so de la dolçaina valenciana i la guitarra de Ramon Gual ballàvem danses i cantàvem cançons d’ací i allà, tot descobrint que no només parlem el mateix, també contem el mateix.

La memòria de la Violeta es va activar quan parlàvem dels contes que la Mare Paula li explicava a la nina Carmelina Sánchez-Cutillas i, ella mateixa, en va concloure un amb una cantarella que sa mare, de Freginals, li cantava.

Fa anys que es va implicar en el projecte de la recuperació d’històries i la transmissió als infants amb els contes dels kamishibais, amb Didier Payré i altres companys. Una contadora del nord amb arrels del sud i un imaginari compartit de bona part del territori.

Com vau començar l’aventura de les rondalles?

El dia que vam crear l’associació, l’any 2011, me va venir a parlar una senyora, la Marie-Josée Delattre, que allavores era bibliotecària a Mosset i que era aficionada als kamishibais. Jo sabiï pas què era. M’ho va explicar i me va dir que, segons ella, n’hi havia pas cap en català, i que li semblava que potser nosaltres en podríem crear. En vaig parlar amb el petit grup amb el qual ja fèiem algunes activitats amb la mainada, i la vam convidar perquè ens vingués a fer una demostració.

Vam quedar totalment meravellats i convençuts que ens havíem d’apoderar d’aquesta eina, perquè la vam trobar molt potent. Durant un temps, nos vam demanar com la podríem utilitzar: adaptar contes tradicionals –“En Patufet”, “La rateta que escombrava l’escaleta”…–, traduir kamishibais francesos…  Fins que una de nosaltres va tenir la idea d’utilitzar les llegendes que en Didier Payré havia publicat. Nos va semblar una bona idea, perquè seria una cosa a la vegada inèdita i local. El vam contactar i de seguida va estar interessat. En poc temps nos en va proposar una i la va adaptar en dotze etapes pel kamishibai.

Per les il·lustracions, ell mateix nos va proposar d’utilitzar les fotos que tenia dels diferents llocs que sortien a la llegenda. La primera idea va ser d’hi dibuixar o d’hi enganxar els personatges a sobre. Com que sabíem pas gaire com ho fer, vam demanar ajuda a l’Alexandre David, artista que coneixíem. Però l’Alexandre, en lloc de nos dibuixar els personatges sobre les fotos, va proposar de s’encarregar totalment de les il·lustracions i va començar a enviar dibuixos. Quan els vam veure, va quedar clar que havíem d’anar per aquest camí. I així vam començar a crear els nostres kamishibais

Les heu fet servir professionalment, aplicades al teu treball?

Curiosament, n’haviï tingut la intenció, mes finalment mai ho vaig fer. De tant en tant feiï treballar els alumnes sobre contes o llegendes i, un parell de cops haviï fet venir contaires. Així vaig poder comprovar que aquestes intervencions sempre captivaven els alumnes.

Violeta Tubert amb escolars de la Catalunya del Nord

Una branca de la família és del sud, veritat? Però, trobem moltes semblances entre les històries que pertanyen a llocs que estan a molts quilòmetres de distància.

Mon pare venia de l’Empordà (d’Espolla) i ma mare del Montsià (de Freginals). Vivíem en un vilatge al costat de Perpinyà. De contes locals, en coneixiï pocs: “el Babau de Ribesaltes”, per exemple i “el burro de Pià”, que no sé si tenen equivalents en algun altre lloc dels Països Catalans.

Me recordi sobretot de les històries que ens explicaven ma mare i una tia, germana seua. Són, per exemple, algunes de les que recordàvem a Vallestàvia, com Peret i Marieta. Vam descobrir en aquest intercanvi que la versió que m’explicaven era diferent de la que tu coneixies. Ara t’explicaré el que jo recordi. Els protagonistes, Peret i Marieta, havien perdut la mare i el pare s’havia tornat a casar amb una dona gelosa que els odiava tant, que un dia va arribar a matar en Peret –aquí em falten les circumstàncies del crim. I, com que era tant dolenta, el va fer coure i el va servir al pare per dinar. Però la Marieta, que s’estimava molt el seu germà, va replegar tots els seus ossets i els va enterrar. Poc temps després, va aparèixer un ocell a la finestra de la casa que es va posar a cantar: “Ma madrastra m’ha matat, mon pare me s’ha menjat, ma germaneta Marieta els ossets ha replegat. Txutxurubiu! Antes era mort i ara soc viu!” I és així com el pare va saber el que havia passat i… sé pas què va fer de la madrastra, si la va foragitar, si la va matar…

Una rondalla amb diferents versions catalogades que sempre deixen la madastra en mal lloc. Però hi havia més històries comunes, veritat?

També te’n vaig explicar un altre, també un poc incomplet, d’una “xiqueta” d’una família molt molt pobra. Es deia Caterineta. Sa mare li va donar un dineret, l’últim que li quedava, per anar a comprar pa. Però quan va passar per la plaça, va quedar embadalida davant d’una vitrina on hi havia una nina molt bonica. Se’n va enamorar tant que no va poder resistir la temptació i va entrar a comprar-la. La nina costava just el que tenia per comprar el pa. Quan va tornar a casa sense el pa, sa mare es va enfadar molt i la va enviar al llit sense sopar. I vet aquí que, dins la nit, la nina es va posar a parlar, i li va dir: “Mana, tinc ganes de fer de cos”. La Caterineta va cridar sa mare: “Mare, la nina té ganes de fer de cos!”. I sa mare, encara enfadada, li va respondre: “Doncs que ho faci aquí mateix”. I ho va fer, però quina sorpresa! Xurrut, xurrut, xurrut, vinga duros i pessetes i més duros i pessetes! Eren rics! A partir d’aquell dia, la família mai més va patir gana i mai més van faltar de res.

Aquest conte se podria acabar aquí, mes té una segona part de la qual també me falten elements: en un moment donat, la nina cau entre les mans d’una persona envejosa que treballa al castell del Rei. Però, quan la nina demana d’anar a fer de cos, en lloc de fer monedes, fa caca pura. Com que no l’interessa més, aquella persona se’n desfà tirant-la a la “comuna”. Poc després, el fill del Rei va a fer les seues necessitats i la nina li mossega el cul de tal manera que ningú l’hi pot treure. Desesperats, els reis fan una crida a tot el reialme per trobar la propietària de la nina, prometent que la que el deslliurarà es casarà amb ell. Això arriba a l’oïda de la Caterineta, que va a presentar-se al palau. Com que la nina només l’escolta a ella, pot deslliurar el príncep i s’hi casa.

Els del Conflent, els he descobert amb en Didier i amb el Casal. I he pogut comprovar que certs contes d’aquí també s’expliquen al Principat, com “La senyora de Tous”, que aquí s’explica sense situar-la en un lloc precís i que en Didier ha situat al castell de Prats Balaguer.

Violeta tubert amb Didier Payré

Pots comparar-ne alguna?

Precisament, podriï comparar aquest conte amb un que m’explicava mon pare.

Al conte de la Senyora de Tous –o de Prats–, s’hi parla d’una senyora molt rica que, per caprici, només volia menjar moll de l’os de les vaques i vedells i que, a causa d’aquest caprici, es va haver de vendre tot el que tenia, fins que va acabar sense res i va haver de demanar la caritat. I és així com, després de passar molta gana, va descobrir que el pa amb nogues –nous– era un menjar exquisit.

El que m’explicava mon pare era el d’un rei que s’havia perdut al bosc i que havia vagat durant dies i dies sense menjar. Fins que un dia per fi va topar amb la casa d’una pobra gent que van compartir amb ell la sopa d’alls que estaven menjant. I el rei va trapar que aquella sopa d’alls era una delícia, que mai havia menjat res de tan bo. Quan va tornar al palau, va demanar que li preparessin la mateixa cosa, però mai més va retrobar el mateix gust.

En els dos casos, el protagonista és un personatge potent que arriba a conèixer el patiment dels més pobres, cosa que li dona més humanitat. Després de patir d’una mancança, tots dos arriben a apreciar el valor de les coses senzilles.

És el punt d’aprenentatge o moralitat que busquen moltes llegendes, o expliquen algun fenomen desconegut pròxim o intenten donar-nos una lliçó de vida.

Hi ha un poc de tot. Lliçons de vida: “No s’ha de ser capriciós”, “S’ha de saber apreciar les coses senzilles”, “De voler massa coses, correm el risc d’ho perdre tot”. Explicar un fenomen desconegut: quan una persona se fa malalta i mor de manera sobtada, l’embruixament serveix d’explicació. Els perills de la muntanya també se transformen en fenòmens sobrenaturals –bruixes, encantades…

Diries que hi ha alguna característica pròpia de les històries de Catalunya Nord?

Pel que veig, en tot cas al Conflent, hi ha un munt d’històries de bruixes, encantades i dones d’aigua, de maleficis i encantaments, i d’animals negres que són l’encarnació del dimoni. També hi surten sovint els llops, animal que sembla que hagi estat molt present per aquestes muntanyes. I la muntanya, amb els seus gorgs i les seues coves plens de misteris, hi té una presència forta.

Però també s’hi retroben temes i elements universals.

El medi defineix l’imaginari podríem dir?

Sovint. A la muntanya me sembla evident: gorgs, córrecs, barrancs, boscos, són llocs perillosos i plens de misteris.

Quina ha sigut la teua tasca en el projecte de recuperar històries?

De fet, el treball de recuperació ja estava fet. La meua participació consisteix a repassar el text i ajudar a posar-lo en una llengua la més autòctona i correcta possible. I comprovar també que les il·lustracions corresponguin al text. Però tot això és una feina col·lectiva, sem tres o quatre persones que hi participem. I després anar a fer lectures allà on ens ho demanin, i ens ho demanen molt sovint.

Contant a l’Escala (l’Empordà)

I en eixa variant autòctona que esmentes, heu trobat que les rondalles també han fet possible rescatar paraules i expressions perdudes?

Jo sí, moltes paraules “rosselloneses”, sobretot lligades al treball del camp, eines, estris, animals, plantes…

Has descobert també llegendes que no coneixies abans d’implicar-te en aquesta tasca?

Moltes, gairebé totes. Abans en coneixiï pas cap.

Alguna que recordes especialment?

Les recordi totes, ja que les llegeixi regularment. Seria difícil de triar-ne una. Una de les que llegim més sovint és probablement la de “La batalla del gros i del petit bestiar”, on s’enfronten el llop i la guilla, un amic dels animals més grossos i l’altre, amic dels animals més petits i, és clar, guanyen els animals més petits. És un dels que podem llegir davant dels mainatges petits, encara que no parlin ni entenguin el català. Cal dir que no tots aquests contes es poden llegir davant dels petits, fins i tot n’hi ha que només llegim als adults.

I això per què? Són massa cruels? Massa complexos perquè la mainada les entenga?

És sobretot el cas de “La gallina negra”. És una història de bruixeria que s’acaba molt malament: moren un home i una nina –xiqueta. Un conte sol tenir un final positiu o obert. En aquest cas, és totalment tancat i negatiu. Tot i així, cal dir que el vam llegir una vegada davant d’una classe de grans que ens ho van demanar i amb el permís del mestre. Vam tenir de deixar ben clar que se tractava de creences degudes a la ignorància. Sense precaucions, pot ser un poc delicat.

La nostra adaptació de Canigó és un poc complexa per la llengua i la llargada del poema, doncs és difícil de la llegir davant de mainatges.

I el nostre kamishibai “La gran muntanya del ferro”, sobre l’explotació de les mines de ferro, l’hem llegit només davant de mainatges grans –10-12 anys– perquè és molt tècnic i també un poc llarg. Tenim por que sigui un poc avorrit per ells.

Per què creus que la mainada no coneix les històries de sempre?

Ara tot s’ha fet més global, fins i tot les històries. El pares, avis o mestres que volen contar històries tenen a l’abast contes d’arreu del món i contes més actuals també. Sense comptar la gran quantitat de dibuixos animats que poden veure. I els mainatges també tenen altres activitats i diversions.

Quan contes rondalles, sents que els menuts les entenen i les senten com quan tu eres menuda?

Crec que sí. Fins i tot els adolescents i els adults. A tothom li agrada que li contin contes, ho comprovem a cada lectura. És possible que toqui quelcom de profund en les persones.

Potser sovint, el català no és la llengua materna de tots els infants a qui conteu. Penses que el recurs del kamishibai i altres tècniques en les narracions, trenquen barreres per a fer entendre els contes i  col·laboren a l’aprenentatge i afecte per la llengua?

En general, fora d’algunes excepcions, el català no és la llengua materna dels infants a qui contem. Quan el parlen, sol ser perquè l’aprenen a escola. Els altres descobreixen amb sorpresa que són capaços de comprendre moltes coses. Si són atents, sempre comprenen de què va i, a més, amb el kamishibai, hi ha la fascinació de la imatge: quan no comprenen el que diem, d’ells mateixos completen amb la imatge.

Crec que sí que hi col·laboren perquè és sempre un moment agradable per ells. I quan els hi parles de llocs que coneixen, encara més. No farem miracles, però la nostra aportació és una goteta més. I, ja se sap: “gota a gota fa forat”.

Violeta Tubert

Què és el que feu ara? Quines accions porteu a terme relacionades amb la literatura i l’etnopoètica?

Darrerament, hem contribuït a fer publicar un llibre, Folklore íntim del Rosselló, resultat d’anys de recerca d’una poetessa d’Illa, la Simona Gay (1898-1969), que havia recollit una gran quantitat de contes, cançons i pregàries a prop de la gent dels vilatges i que va morir sense haver-ho pogut publicar. La Miquela Valls, professora d’universitat, especialista de literatura rossellonesa, feia anys que s’havia posat al cap de fer possible aquesta publicació i l’hem ajudat a ho aconseguir. És un treball molt interessant i molt ric.

I continuem preparant nous kamishibais: un sobre els “Trabucaires”, uns famosos bandolers ben reals i molt dolents, i dos de llegendes –una d’encantades i una de bruixeria.

I després n’hi haurà d’altres… Hauríem d’arribar fàcilment a la vintena.

Deu ser molt bonic comprovar que el component humà continua vigent en la transmissió oral per més que passen els temps i és el que ens uneix i ens identifica.

Estem molt satisfets de l’impacte que tenen les nostres publicacions a Catalunya Nord i a pertot on anem. Han permès de difondre continguts de transmissió oral que haguessin caigut dins l’oblit. També ens satisfà de comprovar que, a l’hora del numèric, continua vigent la  fascinació per la cosa contada –o llegida– i la transmissió directa. Tenim retorns molt positius. És veritat que veure davant teu un grup de persones de qualsevol edat escoltant-te bocabadades és molt emocionant.

I ara que nos han enregistrat i que se pot escoltar en pòdcast, encara toquem més gent i també agrada molt.

Quines vivències t’ha aportat aquest treball de descobrir l’imaginari fantàstic del Rosselló o unes altres comarques?

De fet, els nostres contes són majoritàriament de la comarca del Conflent, on vivim. Aquest treball m’ha permès de conèixer  i de comprendre millor el meu entorn i el seu passat; els llocs, abans anònims, ara prenen vida, m’expliquen coses.

Al cap i a la fi, és aquesta una de les funcions de les llegendes, donar explicació de tot allò que uns altres coneixements no sabien justificar. Així, cada poble crea la seua fantasia a la mesura del seu entorn natural i cultural. I, amb el temps, és la fantasia la que defineix cada poble.

Serà bonic pensar que, si tanquem els ulls i pensem molt fort molt fort, podrem trobar-nos les mateixes bruixes recorrent els vessants del Canigó, el Pedraforca, el Turó de l’Home, el Mont Caro, el Penyagolosa i la Mariola fins a arribar a l’Aitana.

 

[Font: http://www.laveudelsllibres.cat]

La BnF annonce que les manuscrits d’André Breton sont accessibles en ligne sur Gallica, la bibliothèque numérique de la Bibliothèque nationale de France.

Écrit par Elizabeth Sutton 

Cette numérisation est le fruit d’un partenariat avec l’Association Atelier André Breton et la famille du poète. Bien que les œuvres d’André Breton soient toujours sous droit d’auteur, cette opportunité est rarissime !

Pour la BnF, cette diffusion est l’occasion de faire partager au public ces très grands trésors littéraires du XXe siècle.

En tout, ce seront 7 dossiers, qui représentent certains des manuscrits les plus importants de l’auteur et également certaines des acquisitions les plus prestigieuses de la BnF ces dernières années, qui pourront être accessibles au public du monde entier.

L’année 2024 marque le centenaire de la publication du Manifeste du surréalisme d’André Breton (1896-1966). Sans doute l’un des textes les plus importants du XXe siècle. Il a marqué l’acte de naissance du surréalisme, mouvement littéraire et artistique foisonnant, qui a profondément transformé les modes de représentation dans le domaine de la poésie, de la peinture, de la sculpture et du cinéma.

Le public trouvera également : les 7 cahiers d’écriture automatique de Poisson soluble ou encore le manuscrit autographe de Nadja, inédit à ce jour. Pour consulter les manuscrits, cliquez ici ou sur le site André Breton ici 

 

[Source : http://www.idboox.com]

Vivimos la cultura “digital”: un mundo donde cada vez menos cosas pueden tocarse con los dedos

Escrito por MARTÍN CAPARRÓS

El dedo apunta: es un milagro de cultura. Debo confesar que no lo había pensado hasta ayer, cuando le señalé algo a Tita, nuestra gata, y la muy pérfida, en lugar de mirar aquello que le mostraba, se empeñaba en mirarme el dedo. El mundo rebosa de esas cosas extraordinarias que hacemos sin notar que son extraordinarias: señalar con el dedo. Digo: el increíble proceso de civilización necesario para que 8.000 millones de individuos —chino más, indio menos— acuerden en que, cuando una persona extiende el índice, lo que hace es mostrar algo que deberíamos mirar. Esas cosas que los gatos, por el momento, ignoran.

Los humanos somos humanos porque tenemos dedos. Ahora los valoramos menos, pero hubo tiempos en que la palabra dedo tenía tantas funciones. Estaba el dedo acusador y sus usos poéticos: “No he de callar, por más que con el dedo, / ya tocando la boca, ya la frente…”, tronaba el maestro Quevedo. Estaban los dedos como medida de quien se pretendía mesurado y pedía solo dos de licor porque tenía, supuestamente, más de dos de frente. Estaba el dedo enhiesto sobresaliendo del puño cerrado para decir que buscaría el interior del insultado. Estaba el dedo que se chupaba quien ignoraba demasiado. Estaba el dedo de quien elegía a ídem —monarcas, generales, potentados—, eso que por milenios fue normal y ahora queda feo. Estaba el dedo de Dios, tan distinto de la mano de Dios.

Ahora los dedos nos parecen, si acaso, útiles para agarrar lo que queramos agarrar, comer con módica lascivia, hurgarnos la nariz o demás orificios, repiquetear la mesa de impaciencia. Y olvidamos que nuestros dedos, ese pulgar enfrentado a todos los demás, cambiaron la forma de agarrar y manejar las cosas y permitieron que aquellos monos que fuimos y seremos se hiciesen cada vez más humanitos. Y que, millones de años después, cuando se les ocurrió que debían contar las cosas, de nuevo recurrieron a los dedos: un dedo, dos, tres, cuatro dedos… Por eso tenemos, en general, sistemas decimales. Por eso, extrañamente, vivimos en un mundo digital.

Porque alguien decidió usar la palabra dígito para decir número: como los primeros números se contaban con los dedos, la palabra latina que remite a los dedos, digital, pasó a ser el nombre de las cifras. Solo que aquellas cifras romanas eran rígidas, marmóreas. Hasta que algún genio árabe o indio inventó el sistema posicional: los romanos, por ejemplo, necesitaban escribir ­DCLXVI para anotar 666: un 600 —DC—, un 60 —LX— y un 6 —­VI—, todos amontonados. Aquellos árabes, en cambio, pudieron escribirlo poniendo un 6 en la primera de tres posiciones —­la de la centena—, otro en la segunda —la de la decena— y otro en la tercera —la de la unidad—, y por su lugar los reconocemos. Para eso necesitaron, entre otras cosas, el 0, y en esos días, hace más de 1.000 años, lo inventaron. Así, con aquellos 10 dígitos podían expresar cualquier cifra: el invento, es obvio, se impuso con honores. Y lo usamos, y supusimos que esa forma de contar las cosas del mundo era el orden del mundo y lo tomamos, como solemos hacer, como algo natural e inalterable.

Pero su reino absoluto fue más o menos breve: duró hasta hace 50 o 60 años, cuando empezaron a imponerse aquellas máquinas capaces de almacenar cualquier información usando solo dos de ellos: el 1 y el 0. Las llamaron computadoras o computadores u ordenadores y tuvieron la increíble habilidad de reducir el mundo a solo dos signos y sus combinaciones —casi— infinitas. Como eran dos dígitos, llamaron digital a esa forma de almacenar y procesar y transmitir: ahí empezamos a vivir en este mundo definido por esa palabra.

(Y por ella ahora todo se mide en “bits”: una síntesis de “binary digits” armada con el principio de la primera palabra y el final de la segunda. Si la computación se hubiera inventado en castellano —o si tradujéramos esas cosas—, usar ese mismo procedimiento con “dígitos binarios” haría que los bits se llamaran “dios”, y sería mucho más lógico).

Ahora el sistema decimal es un lujo de verduleros, entrenadores de fútbol, profesores de instituto y brutos como yo; el mundo se mueve en el sistema binario, digital. Ahora tanto en nuestras vidas es digital: la máquina en que escribo estas palabras, la máquina donde usted las lee, las numerosas máquinas que han hecho que usted pueda leer cosas mejores, los miles de millones de máquinas que organizan cada detalle de este mundo. Y es casi un chiste que se llamen digitales: nada en ellas más alejado de los dedos, de la materialidad, que la cultura digital. Ahora es digital todo lo que no podemos tocar, agarrar con los dedos.

La palabra digital ha dado una vuelta casi completa y se ríe de nosotros: es la prueba final de que ha triunfado.

[Foto: GETTY IMAGES – fuente: http://www.elpais.com]

 

Un exhaustivo recorrido sobre la evolución de la escritura a mano

 Escrito por Eduardo Baura

La escritura a mano ha supuesto una de las grandes revoluciones de la historia de la humanidad. Acostumbrados a como estamos a utilizarla desde nuestra más tierna infancia, tendemos a olvidar lo compleja y fascinante que es esta habilidad, que desde su invención hace más de cinco mil años multiplicó exponencialmente las posibilidades comunicativas de los seres humanos.

A este maravilloso invento dedica José Antonio Millán su ensayo Los trazos que hablan, un exhaustivo recorrido por la historia de la escritura a mano, desde sus inicios en la Mesopotamia antigua hasta su estado actual. Ahora bien, lejos de ser una mera descripción cronológica de la evolución de la escritura, la obra va más allá y explora los numerosos logros culturales que dicha invención ha traído consigo. Este es, sin duda, el gran objetivo del autor, quien así lo reconoce en el prólogo al afirmar que su deseo consiste en «despertar en el lector el sentido de maravilla ante ese logro intelectual que supone la escritura, y la admiración ante sus conquistas».

Esa admiración que el autor siente hacia la escritura a mano se hace patente durante todo el libro, dotando a la narración de un entusiasmo que es fácilmente contagiable al lector. Y es que, si uno se para a pensarlo, no es para menos. Como indica Millán, la escritura a mano tiene unas características propias que la hacen especialmente fascinante e inimitable: la individualidad, el reflejo de las circunstancias en que se escribe y la evolución a lo largo del tiempo, atributos todos de los que la escritura en soporte digital irremediablemente carece.

El libro está estructurado en numerosos capítulos, de breve extensión. Esta división, junto a las cuantiosas ilustraciones que acompañan al texto, contribuyen a aligerar la lectura, si bien en algunas ocasiones la exhaustividad en la explicación y en la aportación de ejemplos hacen que la lectura sea algo ardua.

Ahora bien, debe reconocerse que el esfuerzo del autor por amenizar el relato es constante, y de hecho a lo largo del libro se deslizan numerosas curiosidades de interés, como el origen de numerosos términos y expresiones del castellano en relación con la escritura –«cursi», «enmendar la plana»…–, junto con sorprendentes anécdotas como las numerosas muertes que se han producido en la historia a consecuencia de la mala letra de los médicos.

Si tuviéramos que destacar alguna de las numerosas temáticas abordadas en el libro por su relación con debates actuales, podríamos elegir la relación entre la escritura a mano y su versión digital, un asunto que el autor aborda al final de su ensayo. Millán aborda la cuestión preguntándose si la escritura manual debe mantenerse o si, como sucede con la técnica de encender fuego frotando dos maderas, se trata de una habilidad de gran importancia histórica pero que conviene desechar por estar totalmente superada por alternativas más eficaces.

A este interrogante, la respuesta de Millán es clara: sí debe mantenerse la escritura manual. Para ello, el autor se basa en el sencillo y a la vez incontestable argumento de que aún no se ha podido demostrar que la escritura digital proporcione los mismos beneficios que la manual, tanto en lo que se refiere al desarrollo cerebral y físico del ser humano como a los logros culturales y artísticos que ha conllevado y que sigue provocando.

En ese sentido, el autor termina su reflexión constatando que, en los países desarrollados, son muchas las personas en cuya educación ha desaparecido de hecho la práctica de la escritura manual, que sí se conserva en centros educativos más elitistas. Dicha tendencia, continúa el autor, podría conducir a que la escritura a mano acabe convirtiéndose en una habilidad reservada a las clases altas. Confiemos en que no sea el caso, pues supondría un empobrecimiento para la humanidad, que estaría renunciando a uno de los mayores logros culturales de su historia.

 

[Fuente: http://www.eldebate.com]

A obra frondosa e multifacetada do cineasta francês Jean-Luc Godard está de volta aos ecrãs do circuito comercial português através da exibição de 11 longas-metragens em cópias restauradas. Destacam-se os títulos do período da Nova Vaga, a par de referências emblemáticas das décadas de 1980/90.

Godard nos tempos da Nova Vaga: o cinema é uma arte de « viver a sua vida ».

Escrito por João Lopes

Se é verdade que o amor do cinema só existe através de um militante conhecimento da sua história, então não é menos verdade que, em anos recentes, no mercado português, um capítulo importante de celebração desse amor resulta do trabalho de distribuidores e exibidores da chamada área independente. Eis um novo e belíssimo exemplo de tal trabalho: a partir de quinta-feira, dia 22, a Leopardo Filmes, vai lançar nada mais nada menos que 11 filmes de Jean-Luc Godard (1930-2022) em cópias digitais restauradas.

Jean-Paul Belmondo em Pedro, o Louco (1965): quando o romantismo morreu.

A selecção de títulos privilegia o período da Nova Vaga francesa, a começar por O Acossado (1960), um dos títulos fundadores do movimento, a par de Os 400 Golpes (1959), de François Truffaut, e Hiroshima, Meu Amor (1959), de Alain Resnais, quando a “política dos autores” se exprimia nas páginas dos Cahiers du Cinéma. O Desprezo (1963) e Pedro, o Louco (1965), por certo os mais célebres desse período, estão também incluídos, juntamente com Uma Mulher É uma Mulher (1961), O Soldado das Sombras (1963), Os Carabineiros (1963), Alphaville (1965) e Made in USA (1966). Saltando no tempo, será ainda possível ver ou rever três filmes que ilustram exemplarmente os caminhos cruzados da multifacetada actividade pós-Maio de 68 de Godard: NomeCarmen (1983), Detective (1985), este nunca estreado no circuito comercial português, e Valha-me Deus (1993).

O ciclo apresenta-se com o sugestivo título “For ever Godard” (à letra: “Para sempre Godard”), designação “roubada” ao seu For Ever Mozart (1996), um filme que se organizava como uma colagem de histórias e personagens que trabalham em cinema, perdidas num mundo em que as marcas da guerra (Sarajevo é uma cidade que surge como verdadeira “personagem”) desafiam o método e as angústias de qualquer narrativa.

Os 11 filmes estarão em exibição em salas de todo o país, nomeadamente as que são citadas na informação oficial da distribuidora: Nimas (Lisboa), Teatro Campo Alegre (Porto), Charlot (Setúbal), Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra), Theatro Circo (Braga) e Centro de Artes e Espectáculos (Figueira da Foz).

Johnny Hallyday em Detective (1985): rock’n’roll, aliás, cinema.

Walt Disney com sangue

Há um mito negativo que tende a banalizar o labor de Godard durante a Nova Vaga, descrevendo-o como uma trajectória experimental em que o jogo das formas dispensa, e até resiste, a qualquer possibilidade de relação com o mundo à sua (nossa) volta. Contrariando o simplismo dessa tese, vale a pena recordar as singularidades temáticas e simbólicas que encontramos em tal trajectória.

Assim, podemos dizer que a longa-metragem de estreia, O Acossado, é um “filme sobre filmes”, dos mais belos, e também mais radicais, a pontuar as grandes viragens da história do cinema. Jean-Paul Belmondo apresenta-se mesmo como um herdeiro directo, desencantado e ambíguo das ambiências do cinema “noir” de Hollywood, sendo Humphrey Bogart o seu modelo inspirador.

O certo é que nada disso decorre de uma atitude de mero formalismo: a relação de Belmondo com a personagem de Jean Seberg pode ser vista como uma reinvenção da escrita melodramática do cinema clássico, mas acontece que as situações que vivem — a começar pelo passeio nos Campos Elíseos, enquanto ela vende o New York Herald Tribune — ilustram já uma preocupação que o universo “godardiano” nunca abandonará. A saber: a metódica observação das transformações das cidades, processo que tem o seu cume crítico na inventariação dos efeitos sociais, familiares e sexuais do crescimento urbano de Paris, observado em 1967 no sublime Duas ou Três Coisas sobre Ela (sendo “ela”, como é esclarecido num cartão logo no começo do filme, a “região parisiense”).

Filmes como O Soldado das Sombras Made in USA integram mesmo referências muito concretas à actualidade política. No primeiro (Le Petit Soldat no original), as alusões à guerra da Argélia levaram à sua interdição pela autoridades francesas; foi rodado logo após O Acossado, mas a estreia só ocorreria em 1963, já depois do lançamento de Uma Mulher É uma Mulher, uma homenagem plena de ironia ao género musical, e Viver a sua Vida (1962), outra crónica parisiense construída a partir da personagem de uma prostituta. Por sua vez, Made in USA reflecte um profundo cepticismo face à decomposição dos valores políticos e jornalísticos, sendo filmado como uma quase farsa que faz lembrar certos elementos visuais da animação e da banda desenhada — nas palavras do próprio Godard, trata-se de um “Walt Disney com sangue”, ou seja, um “filme político”.

A dimensão visceralmente social que há no cinema de Godard não exclui alguns magníficos “desvios” por géneros que denunciam o seu artifício narrativo. Os Carabineiros e Alphaville poderão mesmo ser descritos como ficções distópicas sobre mundos imaginários: no primeiro, encenando uma guerra em que a repressão das mulheres e o menosprezo da arte são expressão da mesma violência; no segundo, recuperando Lemmy Caution, o detective criado pelo escritor Peter Cheyney, e também Eddie Constantine, na altura o seu intérprete no cinema, desta vez envolvido numa aventura surreal num país ditatorial em que foram proibidos conceitos como o “amor” ou a “poesia”.

Viver a sua vida

Vale a pena lembrar que o pós-Maio de 68 foi vivido por Godard como um tempo de muitas e drásticas interrogações, aliás bem expressas a partir de Tudo Vai Bem (1972), exercício de introspecção emocional e política com o par Jane Fonda/Yves Montand. Sem esquecer que a tais interrogações se somou, a partir de 1975, com Número Dois, o uso de câmaras e recursos de produção vindos do espaço televisivo.

A partir de Salve-se quem Puder (1980), Godard passa a viver na Suíça, próximo de Lausanne (onde o seu amigo Freddy Buache dirigia a Cinemateca). Independentemente da integração de cenários parisienses, Nome: Carmen e Detective são produtos desse período de “reclusão” artística que se manteria até ao final da vida.

A proposta de Nome: Carmen é bem reveladora de uma dinâmica de pensamento que pontua muitos momentos fulcrais da filmografia de Godard, levando-o a interessar-se pelas formas de comportamento das personagens mais jovens, por vezes até mesmo das crianças — recordemos o tratamento do território infantil na notável série televisiva, rodada em vídeo, que é France Tour Détour Deux Enfants (1980). A Carmen interpretada pela holandesa Maruschka Detmers (uma revelação absoluta, então com 20 anos) é alguém que se envolve numa intriga de “polícias & ladrões” que Godard encena como uma reconversão trágica da Carmen, de Bizet — por desconcertante e fascinante contraste, na música do filme o mais importante são os derradeiros quartetos de cordas de Beethoven… Quanto a Detective e Valha-me Deus, ambos envolvem a decomposição de todo um imaginário clássico do heroísmo e, sobretudo, dos heróis masculinos que, obviamente não por acaso, surgem interpretados por figuras míticas da França “profunda”: Johnny Hallyday e Gérard Depardieu, são convocados para viver, respectivamente, aventuras pontuadas por uma máfia implacável e para questionar o primitivo desejo dos deuses experimentarem as emoções dos humanos.

A lição de Picasso

O que nos reconduz ao facto de as personagens de Godard, mesmo quando tendem para um qualquer modelo abstracto, espelharem a ânsia muito humana de “viver a sua vida” para lá das regras impostas por essa sociedade de consumo que, afinal, se consolidou no mesmo período em que nasceu a Nova Vaga. Os dois títulos mais conhecidos deste ciclo — O Desprezo e Pedro, o Louco — são fábulas modernas sobre essa perdição muito humana que um dos mestres de Godard, Bertolt Brecht, resumiu num célebre axioma: “Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver”.

O Desprezo ocupa um lugar muito especial na galeria de obras sobre o mundo do próprio cinema. Tendo como base o romance homónimo de Alberto Moravia, nele encontramos duas estrelas bem diferentes, unidas pelo mesmo olhar cinéfilo: Brigitte Bardot, na altura uma das actrizes mais populares muito para lá das fronteiras francesas, e Fritz Lang, o mestre alemão que Godard convidou para interpretar o papel de… Fritz Lang. Nos cenários paradisíacos da ilha italiana de Capri, seguimos a odisseia de rodagem de um filme (aliás, o filme dentro do filme é uma adaptação da Odisseia, de Homero), deparando com a vertigem propriamente cinéfila da vida filmada que se transfigura em vida vivida. Ou como é dito na frase de André Bazin, lendário mentor dos autores da Nova Vaga, que abre O Desprezo: “O cinema substitui ao nosso olhar um mundo que se adequa aos nossos desejos.”

Enfim, Pedro, o Louco emerge como o paradoxo absoluto. Essa outra odisseia que é a viagem de Anna Karina e Jean-Paul Belmondo através da França apresenta-se como uma aventura do mais puro romantismo que, a pouco e pouco, vai transfigurando-se na agonia irreversível de qualquer ilusão romântica. Mais do que isso: a ternura mitológica do par já não é suficiente para continuar (a filmar), uma vez que, como disse o próprio Godard, vamos perdendo a capacidade de colocar as questões que realmente importam. Por altura do lançamento do filme, numa entrevista aos Cahiers du Cinéma (nº 171, outubro 1965), Godard evocou a lição de Picasso, aliás várias vezes citado em Pedro, o Louco: “Colocar problemas não é uma atitude crítica mas uma função natural. De um automobilista que coloca problemas de circulação, dizemos apenas que ele se desloca — de Picasso, dizemos que ele pinta.”

 

[Fonte: http://www.dn.pt]

La Regidoria de Llengua Catalana, de nova creació, s’encarregarà del contacte amb els influenciadors.

Girona vol potenciar que els influenciadors publiquin continguts en català a les xarxes per enfortir la llengua i promoure la ciutat. Amb aquest objectiu, l’Ajuntament reconeixerà aquells creadors que pengin material en català a través d’un segell digital que els posi en valor i que ajudi la mainada i els joves a trobar a les xarxes aquest tipus de vídeos que ara, majoritàriament, són en castellà o anglès.

« Cada vegada tenim més influenciadors gironins i hem de mirar que parlin en català perquè els nostres fills i filles trobin allò que busquen en la nostra llengua », explica la vicealcaldessa i regidora de Promoció Econòmica, Gemma Geis. En aquesta nova catalogació digital també s’hi podrien incloure els perfils rellevants de TikTok, Instagram, Twitch o YouTube que facin accions de difusió de la ciutat, independentment de l’idioma.

Geis explica que, amb aquesta iniciativa i l’increment d’influenciadors en català, els joves « podrien sentir més propers » aquests continguts. De fet, segons un estudi recent del Col·legi del Màrqueting i la Comunicació, a Catalunya un 95% dels qui tenen més de 16 anys són usuaris habituals de, com a mínim, una xarxa social.

A banda de multiplicar la presència de la llengua al món digital —”un àmbit estratègic”, segons el consistori—, Girona també s’ha proposat de fer-ho al carrer, amb la creació de la regidoria de Llengua Catalana, que preveu teixir aliances amb sectors com l’hostaleria, el comerç o l’educació per promoure’n l’ús.

L’Ajuntament reconeixerà aquells creadors que pengin material en català a través d’un segell digital que ajudi la mainada i els joves a trobar a les xarxes el contingut que ara, majoritàriament, és en castellà o anglès.

 

[Imatge: Joshua Kettle (Unsplash) – font: http://www.racocatala.cat]

Escrito por María Sirvent

Hay una boca
abajo de tu boca,
hay otro tiempo
abajo del tiempo

Las cosas que no existen
están abajo de otras cosas que tampoco existen,
los deseos truncos y atroces
se apilan sobre otros deseos
truncos y atroces

(Germán Gallo)

«Siempre me gustó mucho Borges y siempre me gustó mucho la tecnología. El Borges de Bioy Casares es un libro muy difícil de conseguir. Comprarlo es casi imposible en Argentina, no se consigue, las ediciones que quedaron de esa primera tirada valen unos 600 USD. Lo que pasó fue que se publicó el libro completo y, después, un grupo de herederos, no sé si de Bioy Casares o de Borges, decidieron que no querían que se siguieran publicando algunas cosas que aparecían en ese diario. Se publicó entonces una versión reducida del mismo, que contiene como el 20% del diario completo. A mí siempre me interesó el diario completo, donde está todo sin filtrar, y cuando lo encontré en digital, lo empecé a leer y vi que tenía esta cosa de inaccesible, porque es muy grande, y lo leía un poco como el I Ching, por usar una metáfora que alguien dijo: abro acá y veo lo que haya. En paralelo, empezó toda esta movida de la inteligencia artificial, que me gusta muchísimo. Yo no sé programar, pero con la ayuda de una inteligencia artificial me puse como desafío ver si podía transformar todo ese diario en una base de datos a la que se pudiera acceder desde un buscador, sin saber programar. Increíblemente funcionó. Yo pensé que no iba a funcionar, pero funcionó». El 25 de abril de 2023, el poeta argentino Germán Gallo (Buenos Aires, 1990) anunció en su cuenta de Twitter que había desarrollado con inteligencia artificial un buscador gratuito del agotadísimo diario de Adolfo Bioy Casares sobre Borges.

25.04.2023 

@germangallo: Entre 1947 y 1989 Bioy Casares registró en un diario increíble cientos de reflexiones y charlas junto a su amigo Borges. ¡Ahora podés buscar lo que quieras en ese diario!

El monumental Borges de Adolfo Bioy Casares (Destino, 2006), con cerca de mil setecientas páginas, narra con una minuciosidad pasmosa los encuentros y las conversaciones que los dos amigos y compañeros literarios mantuvieron durante más de cuarenta años. La obra no funciona solamente como un retrato del Borges más íntimo, a quien Bioy consideraba la persona más inteligente que conocía, sino también como la crónica de una época y de una amistad única. Podríamos verla incluso como un curso avanzado de crítica literaria o, en algunos momentos, como una especie de Sálvame intelectual del siglo XX. Hay algo adictivo en poder leer a Borges sin tener que leer a Borges, en averiguar lo que opinaba de cualquier tema sin ningún tipo de filtro, especialmente sobre otros escritores, en verlo de pronto discutiendo sobre Shakespeare o Dante o preparando prólogos y conferencias, pero también en destrozar su leyenda y poder imaginarlo en momentos mucho más mundanos:

1969. Miércoles, 22 de octubre. Ciego, los demás no existen para Borges. Se desnudaba delante de todo el mundo en la playa de Mar del Plata, hace pis en mi cuarto de baño sin cerrar la puerta y ayer conversaba cómodamente con Guerrero Marthinheitz, por Radio Belgrano.

25.04.2023 

@germangallo: Nota random: no sé programar. Armé el proyectito con GPT + la ayuda de mi amigo Patricio.

La edición de los diarios de Bioy estuvo al cuidado del editor Daniel Martino y según me cuenta Germán Gallo, es absolutamente imposible de conseguir en librerías. En una rápida búsqueda en Internet, compruebo que el precio de un ejemplar de segunda mano de la edición completa, la del 2006, llamada también el BORGES Maior, alcanza los 600 euros tranquilamente, y que una edición de segunda mano de la versión reducida, el BORGES Minor, se sitúa en los 250 euros.

Le confieso a Germán que estoy entusiasmada con esta especie de Google de Borges que ha hecho, www.comeencasaborges.org, en el que se pueden realizar búsquedas de dos maneras, por palabra clave o mediante una opción llamada «Ver 5 entradas al azar», que es una especie de lotería borgiana, algo parecido a un «Voy a tener suerte». Si pudiera, pasaría tardes enteras en el buscador de Gallo, poniendo palabras clave y leyendo todo lo que sale: KodamaBeckett, idiota, Yeats, amor, Cortázar, culo, Kipling, poemas, testículos, Perón, playa, Neruda.

Le pregunto a Germán si ha tenido algún problema legal con el buscador y me dice que no, pero que en su día recibió un par de mensajes agresivos de Daniel Martino, el editor de la obra, la persona a la que Bioy le dejó sus diarios:

«Bioy era muy detallista y tenía diarios sobre un montón de temas. El editor filtró todo lo que hablaba de Borges y editó el libro completo, el que no está filtrado. Pues a él no le gustó que esté publicado con mi buscador, pero no pasó más de eso. Yo le expliqué a Martino que, en realidad, yo no gano plata con esto, la pierdo porque tengo que pagar el servidor. Simplemente lo hice para que la gente pueda acceder a un libro al que no se puede acceder de otra manera y que es súper valioso. Martino estaba bastante enojado con el tema. No sé si seguirá enojado, imagino que no».

Aprovecho la ocasión para lanzarle a Germán la bomba que no se espera: le digo que conozco sus poemas desde hace muchos años, al menos los poemas publicados en su blog de poesía abandonado Toda la sangre a la cena, que mantuvo activo desde 2009 hasta 2014. Se sorprende. No sé si soy una especie de fan. Le cuento que lo descubrí por puro azar hace años y que algunos de sus versos se me quedaron pegados y me han acompañado a lo largo del tiempo. A menudo he visitado su blog para recordar algún poema, parar leerle algunos versos a alguien, como quien enseña un tesoro, pero sobre todo para ver si lo había reactivado, si había vuelto a escribir. Nunca me llevé esa alegría. El poeta argentino Germán Gallo había dejado de escribir, al menos en ese blog, en 2014, a la edad de veinticuatro años.

Le recuerdo que hace diez años se definía a sí mismo en internet como un fundamentalista de Borges y de Woody Allen y como un poeta «inseguro y enmascarado». Me confirma que Borges sigue siendo su escritor favorito, su lugar seguro («Me gustan mucho sus cuentos, su poesía, sus ensayos. Es un escritor que me gusta de manera integral»), pero que a día de hoy no se definiría como un poeta, aunque confiesa que en los últimos tiempos está volviendo a reconectar con la poesía.

¿Por qué deja de escribir un poeta a los veinticuatro años?

Me cuenta su hipótesis, bastante convincente: por nada. Nada concreto. La vida.

Germán Gallo estudió Teoría Literaria en la Universidad de Buenos Aires. En el año 2012, a la edad de veintidós años, fue incluido en una muestra de nuevos poetas de Buenos Aires, nacidos entre el 82 y el 90, seleccionados por Rocío Wittib, colaboradora de Círculo de Poesía, entre los que se encontraban Lucio L. MadariagaSantiago Rouaux, Luz Marchio, Tom Maver y Luciana Reif. En el 2015, se lanzó la antología Pasarás de moda: 35 poetas jóvenes en español, donde Germán Gallo figuró junto a otros poetas seleccionados por Enrique Adrián MartínezLuna Miguel y Jesús Carmona-Robles, como Berta García Faet o Robin Myers.

Después de eso, nada. Nada concreto. La vida.

Le digo que gracias a su buscador he leído un texto que me gusta mucho en el que Borges opina que no hay poemas malos, sino poemas no concluidos:

1948. Dice Borges. «Al ver los poemas tempranos de Yeats —buenos al cabo de veinte años, tras muchas correcciones—, he pensado que los escribió para llegar a esta forma: son poemas que han necesitado toda la vida del autor para llegar a la forma perfecta. Tal vez no haya, en la mente de los poetas, poemas malos; tal vez en casi todos los poemas malos habrá un poema bueno, que movió a escribir al autor. Yeats empezó a escribir los suyos porque confusamente los adivinaba como son ahora, como quedaron después de las últimas correcciones; los poemas malos serían poemas no concluidos».

Comentamos el fragmento. Germán lo desmenuza poco a poco. Le parece una idea hermosa: «Tiene esto de no juzgar, de no atribuir a la acción de escribir un juicio de valor directamente. Y después tiene algo de esperanza, reflejada a través del trabajo. Destaca el trabajo persistente para lograr lo que logró al final».

Le digo que me parece que, de alguna forma, Borges en ese párrafo está convirtiendo a todo el mundo en poeta. Que nadie se salva de ser poeta. Me recuerda un poco a algo que le escuché decir a Bolaño acerca de las novelas malas en una entrevista, que se podía aprender de ellas, que, aunque estaban mal escritas, contenían a menudo ideas interesantísimas.

Le pregunto a Germán si todo poema es una trampa, tal y como escribió en su poema «Origami», uno de mis favoritos, donde veo o quiero ver referencias borgianas: pliegues y laberintos que desafían la comprensión («no hay puertas: todo se bifurca»), la multiplicidad de las experiencias, la polifonía («no puedo hablar con mi voz, solo con mis voces») la repetición y la exploración constante («se trata de leer de releer de retroleer de protoleer de urleer»).

—¿Te cuento de dónde viene este poema?—me dice.

¿Qué más puede pedir una especie de fan que lleva diez o quince años visitando tu blog de poesía abandonado?  Pienso.

Me dice que cuando escribió este poema, «Origami», estaba aún estudiando en la facultad y había leído Ficciones barrocas de Carlos Gamerro, un libro de ensayos sobre literatura argentina, donde analiza a escritores con rasgos estilísticos bastante parecidos, como Borges, Silvina Ocampo o Bioy Casares, desde una óptica bastante disruptiva, porque siendo escritores del siglo XX, los categoriza como escritores barrocos. El análisis de Gamerro es, según me cuenta Germán, «que lo que tenía el barroquismo como definición, esto que catalogamos de exceso de esteticismo o de ornamento, es en realidad una búsqueda de no controlar el sentido, de permitir la multiplicidad de eventos simultáneos a través de recursos visuales superpuestos. Gamerro dice que estos escritores escriben de tal manera que sus sentidos siempre están como fugándose y sucediendo en muchos niveles al mismo tiempo. A través de esa idea, bastante robada en cierta manera, llegué a esta idea de poema».

Continúa Gallo: «Si yo tengo la idea de un poema para decir que la muerte es triste, y estoy enredando el poema, pero al fondo solo quiero decir que la muerte es triste, tendría que escribir solamente «la muerte es triste». Creo que una falencia a veces de un poema es cuando, para transmitir una idea o un concepto, estás usando una estructura compleja. Si la idea es simple, tu estructura debería ser simple. En consecuencia, siento que un poema, en general, o por lo menos la poesía que me interesa a mí, suele tener una riqueza de ideas o muchas ideas de manera simultánea, y en ese sentido me parece que cumplen su objetivo de ser poemas y no un aforismo o una frase, porque superponen muchas cosas. Llegando a la idea de la trampa, creo que tienen algo de trampa. Los poemas que más me gustan tienen las dos cosas: parecen simples; es decir, los lees y hay una idea que entender, y podrías quedarte con esa trampa y listo, este es el poema, o podría ser mucho más que eso y tener este nivel de pliegues o capas de manera mucho más extensa, que es, creo, donde empiezan a ganar riqueza».

Me voy a su buscador. Gracias a él puedo encontrar en pocos segundos una reflexión de Borges acerca de la literatura que casa muy bien con las reflexiones de Gallo. Dice Borges que la literatura «es un juego en el que se hace trampa, no se observan las leyes».

¿Cuántas veces comió Borges en casa de Bioy? —le pregunto a Germán. Muchísimas veces —me dice.

Numerosas entradas en el diario de Bioy Casares sobre Borges comienzan con la frase «Come en casa Borges». Este nombre resulta sumamente acertado para el buscador desarrollado por Gallo. Tiene incluso más sentido que el título del diario editado por Martino, llamado Borges, a secas. Una búsqueda en Internet me lleva en línea recta a un artículo académico titulado «Come en casa Borges. ¿Qué come en casa Borges?», escrito por Anabel Gutiérrez León (Universidad de Zaragoza). En el artículo se puede leer que «según el registro llevado por el autor, Borges come en casa de los Bioy 1737 veces» y que «Bioy no ofrece nunca información particular sobre el menú».

Hay una sensación de infinito en el buscador de Germán Gallo, en ese no saber en qué página estamos ni cuánto hay detrás o delante del fragmento que aparece en cada interacción. Estamos siempre en el centro de la obra. Hay también algo de infancia en ese hacer clic y esperar que Borges nos sorprenda una vez y otra vez, una y otra vez, con esa insistencia inagotable que tienen los niños cuando encuentran algo que les gusta.

[Foto: Cordon – fuente: http://www.jotdown.es]

 

 

Perfect Days. Imagen: Master Mind Limited

 

La última película de Wim Wenders se ha estrenado con una gran expectación entre el público (al menos en determinados cines). Salas llenas durante todo el fin de semana para ver esta película del director alemán que transcurre íntegramente en Japón.

El protagonista, Hirayama, es un operario encargado de la limpieza de los baños públicos de Tokio. La película lo sigue en su rutina diaria. Y sí, este es el resumen. Y a pesar de esta premisa, el film tiene poco de aburrido. En primer lugar porque los baños públicos de Tokio ya son interesantes por sí mismos. Wenders, sabiendo del atractivo de los urinarios de ese país, nos presenta la película y a la vez el oficio, y la minuciosidad del protagonista, viendo hacer su trabajo en distintos baños públicos.

La primeras secuencias del largometraje nos enseñan un día cualquiera en la vida de Hirayama: se levanta temprano, riega sus bonsáis (son su hobby), va a trabajar, ejecuta su labor con una minuciosidad impecable, vuelve a casa, se asea en unos baños públicos, come, y se tumba en su futón a leer hasta que no puede sostener el libro. Wenders nos enseña todos y cada uno de los momentos de la vida rutinaria del protagonista, porque es de esto exactamente de lo que nos quiere hablar: de la rutina.

Al ser esta parte del tema central de su película, las secuencias que siguen al primer día nos vuelven a mostrar parte de esos quehaceres diarios, pero bien es cierto que con otro ritmo. La de Wenders sí que es una película sobre la rutina, pero muy diferente a la de Jeanne Dielman, 23, quai du Commerce, 1080 Bruxelles (se puede ver en Filmin). En la película de Akerman, la rutina de la protagonista se representa cinematográficamente en unos largos planos secuencia, estáticos, que adoptan el mismo orden que el que la propia protagonista impone en su vida. Lo hace así porque para Dielman este orden es necesario para controlar su desorden interior. Una vez se rompe uno, se rompe el otro. Sin embargo, Wenders está contando una historia muy diferente a la de Chantal Akerman. Hirayama sigue una rutina estricta y ordenada porque él también lo es. Pero no necesita el orden, sino que fluye en él de manera natural. La rutina homogeneiza los días y representa que a la vez son iguales y diferentes, y que así son perfectos. Este es el tema de Perfect Days y así es como Wenders lo traduce cinematográficamente.

Para hacerlo, Wenders toma la decisión de que durante las rutinas de Hirayama no va a captar la misma acción desde el mismo plano. Cuando lo vemos hacer algo que hizo el día anterior, es desde un punto de vista distinto. Esta decisión meditada se contrasta con otras como la de Bresson en Diario de un cura rural, que opta por el mismo plano para la misma acción. Hirayama vive sus días, que son bastante uniformes, de manera natural y apacible, mirando el lado bueno de las cosas.

Si no fuera por ese espíritu optimista del protagonista, Perfect Days podría haberse hecho pasar por una película neo-neo-realista al estilo de las de Kelly Reichardt  (Wendy & Lucy, Certain Women, First Cow). Sí que existe cierta reflexión sobre la figura del limpiador de los baños públicos, que ofrece un servicio social y que a la vez es invisible para la gran mayoría de los ciudadanos. Pero también hay quien lo recompensa. Además, al igual que en las películas de Kaurismäki, hay una relación entre el trabajo de Hirayama y su propia identidad: minucioso, discreto y perfeccionista. Y esto puede que haya hecho que la distribuidora de Perfect days, The Match Factorysea también la que distribuye la última película de Kaurismäki, Fallen Leaves.

Sin embargo, Wenders se aleja del neorrealismo en la escena en la que conocemos parte del pasado de Hirayama. Durante el reencuentro con su hermana, sabemos que su clase social es muy distinta a aquella en la que está viviendo ahora. Así, el protagonista es un anacoreta por decisión y no es de origen humilde. Probablemente esta decisión de Wenders tenga la intención de reforzar la convicción de Hirayama en este discreto día a día, porque pudiendo vivir de otra manera, decide limpiar baños en la capital pues así es feliz. Sin embargo, esto aleja del todo el neorrealismo que podría representar esta película, ya que no está retratando esa clase social de la que se ocupa el movimiento. Siendo una decisión legítima y a la vez interesante del director, también es cierto que supone una reinterpretación de las secuencias en las que concienzudamente Hirayama limpia. El director retrata el proceso otorgándole una gran dignidad a la profesión que hubiera sido muy interesante en un contexto neo-neorrealista1, pero no es el caso.

También es neorrealista el montaje de Wenders en el que las acciones de los personajes siguen el mismo orden tal y como lo hacen en la vida. Si hay elipsis son siempre naturales, todas menos las de las secuencias del sueño.

Así, la narrativa realista de la película se ve interrumpida por las secuencias mediante las que nos introducimos en aquello con lo que sueña Hirayama. Se suceden imágenes en blanco y negro que corresponden a recuerdos recientes del protagonista (que incluso hemos visto en alguna de las secuencias anteriores) como recuerdos antiguos que el espectador no puede comprender. Todas las imágenes en blanco y negro se superponen en largos fundidos que alcanzan a representar esa naturaleza intangible de los sueños.

Todas las secuencias correspondientes a los sueños, que a su vez se componen también por las fotos analógicas (en una película rodada en digital) que el protagonista hace durante el día de las cosas que llaman su atención adquieren una importancia especial cuando tras los créditos se muestra la definición de Komorebi:

El idioma japonés tiene un nombre especial para estas apariciones fugitivas que a veces surgen de la nada: komorebi, la danza de hojas cayendo como un juego de sombras, creado por una fuente de luz allá afuera en el universo, el sol.

De la nada de la rutina, Hirayama obtiene la sabiduría de la vida. Su rutina no es intrascendente, sino todo lo contrario. Es mediante la vivencia de la misma por la cual obtiene esa sabiduría trascendental. Siguiendo seguramente la estela de la teoría de lo trascendente en el cine según Schrader2, Wenders también nos hace transitar durante la película por la rutina para así alcanzar ese conocimiento. Lo cotidiano es lo que nos revelará aquello de lo que está compuesto la vida, que, por otra parte, es imposible definir: hay que experimentarlo.

Que lo consiga o no durante la película es ya cuestión de apreciación, es indudable la referencia del conocido como «director más japonés», Yasujirô Ozu. No es casual que el protagonista se llame igual que el de El sabor del sake, de Ozu. Wenders se acerca a los entornos propios de Ozu para contar esta historia y también acoge algunas de sus formas. Ese seguimiento de las acciones del día a día son uno de los elementos más identificables del director japonés. Sin embargo, son grandes las distancias entre esta película de Wenders y el cine de Yasujirô Ozu. En primer lugar, Perfect Days es una película sin conflicto. La rutina de Hirayama se interrumpe o se modifica por distintas cosas que le ocurren, pero él no tiene un objetivo. Ese «no tener un objetivo» es la esencia de la película del director alemán, que sí consigue expresar el mensaje de que la vida se compone de esos elementos de lo verdadero durante la rutina. Sin embargo, el cine de Ozu se caracteriza por abordar mediante lo cotidiano grandes conflictos de los personajes. El director japonés retrata cómo los personajes siguen haciendo lo que tienen que hacer y lo que siempre han hecho mientras se ven afectados por el conflicto, lo resuelvan o no. Lo trascendente, el conocimiento que adquieren, se representa mediante la resignificación de las imágenes. Wenders también lo hace en Perfect Days, pero en una trama poco ozuniana.

Podría sospecharse que Perfect Days adolece de cierto idealismo hacia lo japonés que lleva de moda en occidente desde hace ya varias décadas. Lo apasionante de la cultura japonesa, a la vez milenaria y ultramoderna, genera una contradicción que parece convivir en armonía, al menos a nuestros ojos. La admiración de Wenders por la cultura japonesa es visible durante toda la película: los personajes son muy japoneses y todo lo que hacen es muy japonés. A excepción de la música. Ese contraste nos hace pensar inevitablemente en el escritor Haruki Murakami, que continuamente representa entornos muy japoneses rodeados de una banda sonora occidental, mayormente de los años 60 y 70.

En todo caso, Wenders toma muchas decisiones propias que hacen que el film, aunque tenga referentes evidentes, tenga su propia personalidad. La decisión de la cámara en mano simboliza el fluir de Hirayama por la vida. La cámara lo sigue en su día a día de manera natural y poco violenta, va con él y lo acompaña dinámicamente. Las secuencias en las que el protagonista va en bicicleta son verdaderamente elocuentes en este sentido. Así, Wenders quizá se acerca más a otros cineastas europeos como los Dardenne, que siempre optan por la cámara en mano.

Wim Wenders también consigue representar mediante las decisiones cromáticas y de luz esa armonía de cálido y frío, de bueno y de malo, de lo que está compuesto el día a día de Hirayama y también de todos nosotros. Una dirección de fotografía (Franz Lusting) elocuente y a la vez natural apoyan fuertemente el mensaje. También el montaje (Toni Froschhammer) es coherente con el resto de la narración.

Koji Yakusho recibió en Cannes el premio a mejor interpretación por este filme. Siendo un personaje callado (durante la primera parte podría decirse que forzadamente callado) aporta una gran humanidad y ternura a la película. Una interpretación serena pero expresiva que desde luego rellena todo aquello que no dice mediante palabras. Alguna interpretación en un tono muy diferente a la de Yakusho desentona, pero debido a que desaparece antes de llegar a la mitad de la película, el espectador se olvidan de ella y disfruta de lo que queda del metraje.

Por último, la película también aborda la ancianidad. El protagonista acumula más pasado que futuro. Su día a día, en solitario, supone también una complicación porque es posible que más pronto que tarde llegue un día en el que necesite a alguien. También así se lo dice otro de los personajes, Takashi (Tokio Emoto). Pero la película no da una respuesta. Probablemente porque el protagonista no la tenga y quizás Wenders (también en una edad provecta) tampoco. En todo caso, siguiendo la moral de la película, Hirayama vivirá y seguirá viviendo de manera fluida, hasta que no pueda hacerlo así y entonces, lo hará de otra forma. Puede que algunas decisiones cinematográficas del director incluso vengan a refrendar esto. Si no, ¿cómo debería interpretarse el cambio de formato cuando su sobrina lo graba con el móvil?

Perfect Days sumerge al espectador en esos días cotidianos del protagonista y consigue que los experimentemos como lo hace él. Disfrutamos de esa belleza y de ese conocimiento que se esconde en los reflejos de los edificios por los que entramos y salimos todos los días, en el banco en el que sentamos o en la sombra del árbol en el que nos resguardamos.


Notas

(1) James Lattimer, Beyond Neo-Neo Realism. Reconfigurations of Neorealist Narration in Kelly Reichardt’s Meek’s Cutoff (Contemporary Realism).

(2) Paul Schrader, El estilo trascendental en el cine. Ozu, Bresson, Dreyer (Ediciones JC. Colección Clásicos).

 

[Fuente: http://www.jotdown.es]

El planteamiento presagia la catástrofe. Reiteración, monotonía, demasiada calma. La que respira este humilde funcionario japonés con vocación de monje zen consagrado a la limpieza de unos baños públicos. Habita un minúsculo apartamento, va en bicicleta al trabajo, hace una foto con su cámara analógica al mismo árbol -todos los días a la misma hora-, lee antes de dormir y, en apariencia, eso es todo. Pero solo con eso, con eso y con su intransferible mirada, Wim Wenders construye una película exquisitamente sabia, delicadamente contestataria. Se titula ‘Perfect Days’, pero en cada fotograma se revelan por antítesis esos otros días, los Días del Trueno que nos ocupan.

Escrito por ÁLVARO BERMEJO

Hirayama, su protagonista, tiene algo del Bartleby de Melville, mucho del Paterson de Jarmush, y mucho más del cine de Ozu. Sin embargo, su pasión por las odiseas existenciales en formato íntimo ya latía en su primera obra maestra, ‘Over Time’. Odiseas sin ruido ni furia, en las antípodas del cine al uso, en las que no pasa nada. Tampoco en ‘París-Texas’, menos aún en ‘El cielo sobre Berlín’. El drama es puramente existencial. ¿Puedo escribir metafísico?

El ojo hambriento de thrillers, con su buena ración de sangre para salpimentar las palomitas, se impacienta ante este insignificante poeta de las letrinas que lleva al extremo su insignificante oficio: verifica con un espejo los bajos de los retretes, pliega en triángulo la primera hoja de los rollos de papel higiénico. Los tokiotas que visitan su templo, un templo excremental de diseño hi-tech, como corresponde al Japón de la nueva era, ni reparan en él. La oposición entre alta tecnología y meditación callada, elevada desde lo ínfimo, va al paso de la banda sonora. Nunca ‘La casa del sol naciente’ estuvo más deshabitada en el país del sol naciente.

Todo es analógico en la vida de Hirayama. Nosotros, a fuerza de digitales, nos hemos vuelto virtuales. Así nuestra espiritualidad. Mindfulness con un toque oriental, retiros budistas en las Seychelles, antídotos de usar y tirar dentro de una existencia permanentemente acelerada. Desde su quietud, desde su silencio, desde su humillación cotidiana, Hirayama nos da una lección incómoda, tan bella como necesaria.

“A Sísifo hay que imaginarlo feliz”, decía Camus, el profeta del suicidio. Fue lo que intentó aquel otro personaje de Wenders, en ‘El cielo sobre Berlín’. Se lanza desde una azotea, pero su cuerpo queda flotando en un instante eterno. Otro día perfecto. Para aprender a vivir.

 

[Fuente: http://www.todoliteratura.es]

La visita de Béla Tarr a Barcelona con motivo de la retrospectiva de sus películas, recientemente restauradas, con las salas colgando el cartel de “no hay entradas” desde hace semanas, representa la inusitada actualidad de un cineasta que, pese a que en 2011 decidió dejar de hacer películas, sigue siendo una referencia en el cine de autor contemporáneo.

Béla Tarr, en el curso del tiempo, en Barcelona.

Escrito por María Adell y Andreu Marves

Desde que se hiciera notar a finales del siglo pasado con “La condena” (1988) y “Sátántangó” (1994), ganándose el favor de figuras del calado de Susan Sontag o Jonathan Rosenbaum –y, más adelante, de Gus Van Sant, quien ha admitido la gran influencia de su obra en “Gerry” (2002), “Elephant” (2003) y “Last Days” (2005)–, el cineasta húngaro Béla Tarr (Pecs, 1955) está considerado un artista capital, con un estilo y una visión idiosincráticos, los cuales reiteró en “Armonías de Werckmeister” (2000) o “El hombre de Londres” (2007) –donde trabajó con Tilda Swinton, musa del cine de autor contemporáneo– antes de darles un enterramiento prematuro en su última película, “El caballo de Turín” (2011).

Su trayectoria supone el trasplante de una tradición del cine de autor europeo férreamente anclada al siglo XX a un siglo XXI marcado por la aparición del digital y la pérdida de la centralidad del cine en las artes audiovisuales. Su virtud es la de ser intempestivo, la de llegar tarde y aun así hacerse oír, arrojando al presente una perspectiva que por pretérita no es caduca. Así podemos entender su paso por Barcelona para presentar el ciclo organizado por Filmin, la Filmoteca de Catalunya, l’Acadèmia del Cinema Català, la Escuela de Cine de Barcelona (ECIB) y Zumzeig que durará hasta el 31 de enero como un anacronismo fugaz que nos ofrece unas cuantas lecciones sobre cine y sobre nuestro tiempo.

“Quiero enseñar la complejidad de la vida. ¿A quién le importan las historias? A mí no. Todas me parecen la misma: el Viejo Testamento. Toda la brutalidad de la que es capaz el ser humano está ahí, incluido el Holocausto. No quiero competir con eso”

La primera lección es que el estilo cinematográfico es el resultado de un proceso lento y orgánico. Tarr confiesa haber comenzado sin tener mucha idea: “Era muy joven, tenía 22 años. Me preocupaba lo social y estaba lleno de rabia. No sabía nada sobre cine, pero sí que este mundo de mierda no está hecho para los seres humanos. Empecé a rodar desde ese punto de partida”. Los rasgos formales que lo caracterizan –entre ellos el uso recurrente de larguísimos planos-secuencia, uno de los sellos inconfundibles de su cine– fueron formándose película a película, como una serie de preguntas y respuestas sucesivas, hasta dar con un estilo y un lenguaje propios. “Durante este proceso envejeces, y empiezas a comprender mejor el mundo y la vida, lo cual también cambia tu cine. Pasé de pensar que el horror que nos rodea es social a darme cuenta de que es ontológico, incluso cósmico”.

Tarr también cuestiona la primacía del relato en el cine contemporáneo: “Para mí, el cine no es el arte de contar historias, sino el arte de capturar el espacio y el tiempo en que habitamos”. Frente a la mayoría de las películas, que ignoran esta dimensión espaciotemporal, las suyas, aun conservando una narración, tienen otra prioridad: “Quiero enseñar la complejidad de la vida. ¿A quién le importan las historias? A mí no. Todas me parecen la misma: el Viejo Testamento. Toda la brutalidad de la que es capaz el ser humano está ahí, incluido el Holocausto. No quiero competir con eso”.

Durante el rodaje de “El caballo de Turín” (2011), su testamento fílmico.

Siguiendo a Andréi Tarkovski, el autor húngaro concibe el cine como el arte de esculpir en el tiempo. No obstante, él asegura que su obra es filosóficamente opuesta a la del soviético: “Tarkovski creía en Dios. La lluvia en sus películas purifica a los personajes. Mi lluvia solo trae barro y dificulta el camino. Es una presencia física, sensible”. Es la misma tesis que Jacques Rancière esgrimió en el libro “Béla Tarr, el tiempo del después” (2013): que el suyo es un cine materialista en el que se plasma un mundo y unos seres sometidos a un desgaste continuo por parte de los elementos. Es una visión pesimista de la existencia que no rechaza lo político: “Aunque no me considero un cineasta político, no puedo evitar reaccionar cuando veo a unos criminales aplastando la dignidad de las personas, robándoles su futuro”. Sus películas podrían verse como esa reacción desesperada ante la injusticia, y de ahí que su melancolía siempre vaya acompañada de un profundo humanismo. “Cuando las cosas están verdaderamente mal, hay que hacer algo”, sentencia, antes de apostillar: “Y, por supuesto, odio el fascismo”.

“Aunque no me considero un cineasta político, no puedo evitar reaccionar cuando veo a unos criminales aplastando la dignidad de las personas, robándoles su futuro. Cuando las cosas están verdaderamente mal, hay que hacer algo. Y, por supuesto, odio el fascismo”

Esta actitud resistente, incluso contrahegemónica, del cineasta se filtra en su rechazo hacia la noción tradicional de autoría. Los créditos de sus últimos filmes –los de “El caballo de Turín” suponen un buen ejemplo–, en los que Tarr aparece como uno más de los creadores de la obra, disuelven la noción de autor individual en aras de una concepción colectiva del acto creativo: “He comentado en repetidas ocasiones que la marca conocida como ‘Béla Tarr’ está compuesta realmente de cuatro personas: Agnés (Hranitzky, su esposa), que es la montadora, pero que también está conmigo en el set, decidiendo sobre la escena, el ritmo o las conexiones entre planos; László Krasznahorkai, el guionista, que es un escritor increíble; Mihály Vig, el compositor de la música, y yo. Laszlo y Mihály no son cineastas, pero son personas sensibles y, lo más importante, nuestro punto de vista acerca del mundo es el mismo. Por ello siempre digo que realmente somos cuatro”.

El creador de una obra fílmica tan repleta de sombría y apocalíptica en tonos y temas como exquisita a nivel formal, el director de algunos de los más hermosos, y extremadamente virtuosos, planos-secuencia –el que cierra “Armonías de Werckmeister” o el que abre su última película, “El caballo de Turín”, por poner solo dos ejemplos– del cine de autor contemporáneo decidió en 2011 abandonar el cine porque “la forma cinematográfica no me parece suficiente para lo que quiero hacer”. Contradiciendo la desesperanza que destila toda su filmografía, Tarr deja una puerta abierta en relación con su futuro artístico: “He dejado el cine pero todavía tengo algo que decir. No me preguntes qué, porque todavía está por venir”. ∎

Esperando el fin del mundo

“La condena” (1988)

La primera película en que coincidieron Tarr, Hranitzky, Krasznahorkai y Víg es también la que dio forma definitiva a su microcosmos grisáceo, sometido a una implacable degradación tanto física como moral. A partir de una premisa familiar –un hombre trata de deshacerse del marido de la mujer a la que ama–, el cineasta acompasa el imaginario sórdido del noir a un ritmo moroso, emparentando el fatalismo del género con el pesimismo filosófico, algo que volvería a hacer en “El hombre de Londres” (2007).


“Sátántangó” 
(1994)

La obra más emblemática del autor lo es, probablemente, por su inusitada duración de más de siete horas (el filipino Lav Díaz es el único otro director contemporáneo capaz de tal osadía con el fin de hacer del tiempo cinematográfico una realidad sensible, material). Lejos de ser un monolito fílmico, “Sátántangó” presenta instantes de belleza, a menudo filmados en hipnóticos planos-secuencia, y un sentido del humor tan ebrio como existencial, con el punto de mira en las élites y oportunistas que prosperaron durante el desmantelamiento de la Hungría comunista.


“Armonías de Werckmeister” 
(2000)

Estructurada, casi exclusivamente, a partir de virtuosos y dilatados planos-secuencia, esta es la película en la que se evidencia, de forma más clara, el estilo inquebrantable del autor húngaro. Ambientada en un pueblo desconocido de un país sin nombre, el filme, que narra la conmoción que genera en la localidad la llegada de un circo ambulante que cuenta entre sus atracciones con el cadáver de una enorme ballena, es un metafórico alegato en contra de los totalitarismos y la sinrazón que estos pueden causar, cristalizada en la aterradora escena del asalto al hospital.


“El caballo de Turín” (2011)

Un padre y su hija esperan el fin del mundo en el interior de una granja destartalada, comiendo patatas hervidas y bebiendo licor casero. Tarr se despedía del cine con un filme que abordaba frontalmente la temática apocalíptica que había sobrevolado toda su filmografía con una obra austera, rodada en una única localización, que hacía de la dilatación temporal y la repetición –de las escenas, de las acciones, de la música de Mihály Vig, escuchada en un permanente loop– su constante estilística. ∎

 

[Fuente: http://www.rockdelux.com]

 

Écrit par Damien Bonelli

Qui aurait cru qu’Alexander Payne réaliserait un jour un bon film ? Du moins un deuxième : on l’oublierait presque – c’était, après tout, au siècle dernier –, mais on lui devait déjà L’Arriviste, qui permit à Reese Witherspoon d’imposer son irrésistible bagou. Winter Break se présente comme une respiration bienvenue au sein d’une œuvre habituellement confinée dans le registre de la comédie dramatique embourgeoisée et cabotine. À Jack Nicholson et Bruce Dern succède aujourd’hui Paul Giamatti, certes plus jeune, mais tout aussi grimaçant en professeur de lettres classiques guindé et intraitable. Dès les premières secondes, on craint le pire devant l’esthétique Nouvel Hollywood vintage adoptée par Payne, qui va jusqu’à reproduire les logos d’époque et les craquements d’un vinyle tout juste posé sur une platine. La chanson qui résonne alors, d’une sincérité désarmante, s’appelle Silver Joy, et bien qu’interprétée par un chanteur contemporain, Damien Jurado, elle ressemble à s’y méprendre à un classique folk exhumé des années 1970, à l’orée desquelles se situe l’action de Winter Break. Un même vertige temporel s’installe chez le spectateur à mesure que le générique égrène ses tableaux d’hiver, aussi dépouillés qu’accueillants. La photo d’Eigil Bryld, en numérique mais qui vise à retrouver la texture du 16mm, participe beaucoup de cette sensation : loin de les figer dans une reconstitution d’époque, la lumière semble envelopper les personnages d’une douceur cotonneuse. En quelques plans, une émotion prend forme, que jamais Payne n’avait su jusqu’ici figurer avec une telle simplicité. On s’en étonne d’autant plus qu’il est généralement davantage à son aise en surplomb ; une position dont le titre de son film précédent, Downsizing, fournissait l’allégorie involontaire.

The Holdovers, le titre original de ce huitième long-métrage, désigne les pensionnaires d’un prestigieux lycée privé de la Nouvelle-Angleterre contraints de passer les fêtes de Noël sur place, en raison de l’impossibilité pour leurs parents de les récupérer. Chaque année, un professeur se coltine la garde de ces jeunes gens dorés sur tranche, avec pour seule autre compagnie celle d’une cuisinière et d’un agent d’entretien. Cette fois-ci, c’est au tour de Paul Hunam (Giamatti), copieusement détesté de ses élèves comme de ses pairs, de les superviser. À la suite d’une pirouette scénaristique, il ne reste bientôt plus qu’un lycéen, le turbulent Angus Tully (Dominic Sessa dans son tout premier rôle), déjà renvoyé de plusieurs établissements à la suite du divorce de ses parents. Une prévisible filiation contrariée se noue entre lui et Hunam, sous les auspices de Mary Lamb, la cantinière noire endeuillée par la perte récente de son fils, diplômé de la même académie et tué au Viêt Nam avant d’avoir eu 20 ans. C’est elle le cœur battant du film, et pas seulement grâce à l’interprétation de Da’Vine Joy Randolph, qui insuffle beaucoup de dignité à l’expression du chagrin de cette femme sans rien dissimuler de ses faiblesses. La diversité et la mixité sociale ici à l’œuvre, de plus en plus évidentes à mesure que le trio s’aventure hors du campus, apparaissent comme hautement improbables dans les environs de Boston en 1970 : cette troupe disparate devient une famille recomposée de circonstance où chacun comble momentanément sa solitude en faisant l’expérience de l’altérité, dans une utopie réconciliatrice aux airs de cocon neigeux. Et malgré leur isolement géographique, ces réprouvés sont régulièrement rattrapés par les remous de l’histoire américaine du moment, qu’une confrontation avec deux vétérans dans un bar fait surgir du hors-champ.

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