Archives des articles tagués Octavio Paz

Até 30 de abril pode visitar no Instituto Cervantes de Lisboa a exposição “Escrituras en Transición” de Pablo Juliá, iniciativa conjunta com a Fundação José Saramago. O DN conversou com o antigo fotógrafo do ‘El País’ sobre os anos de 1974 e de 1975, os da revolução em Portugal e da morte de Franco em Espanha.

Escrito por Leonídio Paulo Ferreira

Contou numa entrevista ao El País que Felipe González lhe disse que a política não era para si, para se dedicar antes à fotografia. Sente que fez bem em seguir esse conselho do socialista que viria a ser eleito quatro vezes primeiro-ministro espanhol?
Sim, para mim foi o conselho mais significativo e importante. Eu não sabia que a política realmente exige que se tenha um corpo muito duro. Que os políticos estão acostumados a tentar ver tudo o que acontece, de onde vem o punhal, aqueles que te atacam por trás e aqueles que te atacam pela frente. Eu não era bom para isso. E Felipe percebeu [risos].

Na militância clandestina no PSOE, antes da morte de Franco em 1975, começou como fotógrafo, mas então um fotógrafo ativista político?
Completamente. Eu era um ativista político e ao mesmo tempo fazia fotografia. Aliás, liderei a direção fotográfica do El Socialista.

Um jornal clandestino do PSOE?
Sim, o jornal do PSOE. El Socialista era o órgão, digamos, do PSOE. E eu era um fotógrafo. Mas o problema é que eu me importava muito mais com o que estava a acontecer na sociedade  do que com a própria política. E quando Felipe percebeu isso, disse-me: “Vai, vai”.

Nesta exposição tem fotos tanto da transição em Espanha como da revolução em Portugal. Transição e revolução são palavras que só por si mostram que houve uma diferença significativa na forma de os países ibéricos alcançarem a democracia. Quando em Espanha, a 25 de abril de 1974, soube da Revolução dos Cravos, o que sentiu?
Uma emoção tremenda, porque estávamos tão próximos. Finalmente compreendi que a Península Ibérica existia. E disse: este é o esporão para que possamos mudar a Espanha.

Pensou logo que os acontecimentos em Portugal poderiam ter influência em Espanha?
Claro. Achámos que iriam magnetizar a Espanha. E acreditámos nisso durante meses, mas depois vimos que tudo era mais lento, muito mais lento, do que queríamos. Porque aqui houve uma revolução. No nosso caso houve uma transição.

Mas o regime de Franco foi ou não um pouco abalado pela revolução portuguesa?
Sim foi, mas o regime de Franco no último período impôs-se de forma violenta. Viu-se o pior do regime de Franco. É a morte do cisne, que quer matar o que está ao seu redor.

Portanto, não sentiu nenhum ganho imediato de liberdade na Espanha pelo que acontecia em Portugal?
Não. Tornou-se depois até terrível para nós. Porque a polícia veio contra nós de uma forma muito dura.

Tem nesta exposição imagens dos muros em Portugal cobertos de propaganda política. Também fotografou comícios, como um do Partido Comunista. Como foi para si, pela primeira vez, fotografar uma expressão política esquerdista em ambiente de total liberdade?
Chego aqui e vejo todas as ruas pintadas, todos os monumentos pintados, com palavras de ordem. E muitos cartazes. Achei que era lindo. E fotografei. Fui a um comício de Álvaro Cunhal e pus o punho no ar, eu que nunca fui comunista.

Uma componente importante desta sua exposição no Instituto Cervantes de Lisboa são as fotos de escritores que se comprometeram com a democracia. Espanhóis, como Jorge Semprún,  latino-americanos como  Octavio Paz e Gabriel García Márquez, mas também o português José Saramago. Esses escritores já os fotografou enquanto repórter do El País?
Sim. Mas alguns deles também antes. O El País nasceu em 1976, já depois da morte de Franco.

Foi fotógrafo, acima de tudo, de política, pois mesmo estes escritores aqui têm uma forte marca política?
Os fotógrafos faziam tudo. Desporto, sociedade, política. Mas o que eu gostava era de retratos e de política. Foi disso que sempre gostei. Na verdade, todos os fotógrafos queriam ser Helmut Newton. Eu também. Mas não me calhou [risos].

Dos escritores aqui retratados, lidou com algum pessoalmente, por exemplo, com Semprún, com maior profundidade?
Sim, porque Juan Luis Cebrián, o diretor do El País, me mandou  fotografar Semprún, porque achou que eu tinha uma afinidade maior para poder falar com ele. Ele tinha acabado de assumir um cargo num dos governos de Felipe, tinha sido nomeado ministro da Cultura em 1988 e eu fui fazer uma foto no escritório dele, e lá conversamos muito, muito tempo.

E também teve contacto com os mexicanos Carlos Fuentes e Octavio Paz?
Sim, pelo El País. Fotografei-os para o El País.

Ser fotógrafo de um grande jornal dá acesso a muita gente. No caso do El País, não só em Espanha, mas nos países de língua espanhola…
Claro, os meios que podia ter com o El País, nunca poderia ter sozinho. Viajávamos muito naquela época. Essa época do jornalismo foi linda e brilhante, talvez muito mais interessante do que agora. Antes estávamos em muitos lugares e tínhamos um código de identidade. Conversávamos, muitas vezes longamente, e as  nossas fotos falavam de um código de identidade. Hoje isso é muito mais difícil.

No caso de Saramago, quando se conheceram?
Bom, foi em 1993 ou 1994, através de Pilar del Río, andaluza como eu, e também jornalista. Já estavam juntos, já eram um casal. E eu dava-me muito bem com eles. No início, tirei algumas fotos dele nas margens do Guadalquivir. E lembro-me de que ele me disse algo muito forte. Disse-me: “Vocês, fotógrafos, são cegos, os únicos cegos que tiram fotos, mas continuam a ser cegos”. Quando li mais tarde o Ensaio sobre a cegueira, vi uma ligação com essa ideia.

Na tal entrevista ao seu antigo jornal, no ano passado, a propósito  da sua antologia Fotografía y Palabra, em que fala até da sua mulher, Isabel Pozuelo, que foi deputada socialista, e destacou-se, entre outras coisas, pelas leis contra o fumo, refere a sua experiência de fumador de charutos. Sei que teve uma experiência complicada de fumador um dia num encontro com o então primeiro-ministro português Vasco Gonçalves. Pode contar?
Sim. Bem, o problema é que a minha mulher foi a catalisadora da questão do tabaco em Espanha. E eu fumo charuto. Não podia, às vezes, ir com ela porque fumava charuto [risos]. Uns anos antes, numa reunião em Lisboa, no palácio de São Bento, com Vasco Gonçalves, houve um episódio curioso. Vim com Manolo Chávez, que depois foi presidente da Junta da Andaluzia. Havia representantes de todos os grupos políticos de esquerda espanhóis. Entre eles, a  ETA. A ETA político-militar e militar. Eles estavam lá. E mexeram connosco, com os socialistas. E eu fiquei com muita raiva porque tínhamos ali um encontro muito negativo, muito difícil. E carregava no charuto. Na época, fumava-se em  todo o lado. Eu carregava no charuto e a cinza do charuto caiu em brasa e ficou presa num tapete. A fumaça começou a formar-se. Todos pensaram que algo estava a acontecer. Mas pisei a cinza e apaguei o pequeno fogo [risos].

Uma última pergunta. Quando olhamos para a Espanha hoje, falamos de um país dividido, dividido entre esquerda e direita, além do desafio dos separatismos. Confia na força da democracia espanhola para resolver estes problemas? Uma democracia resultado dessa transição que de alguma forma começa em finais de 1975 com a morte de Francisco Franco, depois tem eleições livres e aprovação de uma nova Constituição, e por fim em 1982, o PSOE de Felipe González chega ao governo.
A democracia é a chave para resolver essa divisão. Mas é claro que não gosto dos frentismos que existem no meu país neste momento. É lamentável.

Está a criticar tanto a esquerda como a direita?
Sim. Eu critico ambas. Perdemos a centralidade. O sentido do centro político, que não é um sentido de direita ou de esquerda, mas de centralidade…

Fala da capacidade de assumir compromissos?
Claro, sobre compromissos, sobre ser capaz de realizar coisas. Estamos numa luta suburbana, suburbana, muito ruim, muito feia. Odeio.

 

[Fotos: Rita Chantre / Global Imagens – fonte: http://www.dn.pt]

Por G.N.

O selo Galaxia Gutenberg rescata a versión das Iluminacións de Rimbaud realizada polo poeta, crítico e tradutor Miguel Casado (Valladolid, 1954), que ademais revisou para a ocasión, nunha edición belamente iluminada polo labor de interpretación do artista visual Frederic Amat (Barcelona, 1952), para quen a poesía foi sempre eixo creativo e vocación vital como demostran as súas lecturas de Lorca, Cernuda, J. V. Foix, Octavio Paz ou Mark Strand, entre outros. As súas imaxes loitan por captar o que subxace ao texto ou, como o propio pintor matiza, o seu silencio orixinario.

No caso de Miguel Casado —que vén de publicar en Tusquets a excelente reunión poética Desexo de realidade—, adoita dicir que se el mesmo escribe é por motivacións que se resumen ben no lema de Rimbaud changer la vie [cambiar a vida]. É, xa que logo, un autor ao que ten en altísima estima, aínda que tamén traduciu a obra doutros vates franceses como Paul Verlaine, Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé e Bernard Noël.

Datada a súa creación entre 1873 e 1875, momento en que Rimbaud deu a ler o manuscrito a Verlaine, Iluminacións non apareceu ata 1886 na revista A Vogue (Unha tempada no inferno foi editado por el mesmo en 1873). Non publicou nada máis. Deixou de escribir con apenas 20 anos e marchou a Abisinia a probar sorte como comerciante (traficante). Volveu a Francia enfermo para morrer aos 37 anos. Tivo unha existencia fugaz pero moi intensa, plena de amor, violencia, liberdade, desesperación e bohemia. Sobre esa radicalidade irredenta, o mito do poeta adolescente, fundou a modernidade da literatura.

O director de Galaxia Gutenberg, Joan Tarrida, traballa para publicar toda a obra de Rimbaud, personaxe sobre o que ademais hai uns días estreouse a película Splendid Hotel: Rimbaud en África, dirixida polo realizador donostiarra Pedro Aguilera.

[Imaxe: Lorena Sopêna | EUROPAPRESS – font: http://www.lavozdegalicia.es]

Enrique Serna habla sobre sus hábitos de lectura y escritura, las formas en que se aproxima a la creación y sus ideas en torno a la crítica.
[Foto: Yaina IvanovaCC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons – fuente: http://www.letraslibres.com]

Cúmprese o centenario do nacemento do creador de Maqroll o Gaviero

Álvaro Mutis, no 2008, cando visitou a Deputación de Pontevedra.

Escrito por JORGE GIL ANXO

Álvaro Mutis é un dos grandes escritores colombianos do século XX e conseguiu este recoñecemento cun estilo único, moi propio, no que uniu a narrativa coa poesía e polo que é lembrado no centenario do seu natalicio, que se cumpriu este 25 de agosto. É o creador do lendario personaxe de Maqroll o Gaviero e monárquico declarado que, a pesar de ter botado raíces en México , sempre viviu namorado da «terra quente» do departamento andino do Tolima.

Gañador dos premios Príncipe de Asturias das Letras e do Reina Sofía de Poesía Iberoamericana en 1997, así como do Premio Cervantes no 2001, entre outros, Mutis foi un erudito que primeiro publicou poemas e nunca deixou ese xénero, do que están impregnados moitos dos seus contos. Así foi como se consagrou como un dos mellores poetas e narradores da súa xeración e como un excepcional expoñente do realismo máxico en obras como A antoloxía de Maqroll o GavieroA mansión de AraucaímaA morte do estrategoDiario de Lecumberri ou Os emisarios.

En terras mexicanas frecuentou a escritores e artistas como Octavio PazCarlos Fuentes Luis Buñuel e Fernando Botero, entre outros. En 2004, o seu compatriota e tamén escritor Gabriel García Márquez (1927-2014) confesou que chegara a México «por unha semana» para ver ao seu amigo Álvaro Mutis e a consecuencia daquela viaxe quedou toda unha vida neste país, onde escribiu Cen anos de soidade (1967).

A visión de Maqroll

Maqroll é o representante máis recoñecido da súa obra e se ben non é un alter ego seu, si ten elementos da súa vida. Este home errante sempre está en busca do descoñecido e representa a visión desesperanzada do mundo que Mutis plasmou nos seus textos. «Naceu cando escribía a miña poesía. Eu deime conta de que a miña poesía era bastante desencantada, bastante desesperanzada. Era a poesía de alguén que pasou por experiencias fortes, tremendas. Entón, dixen: mellor poño en voz de Maqroll a miña poesía, porque detrás das súas experiencias ten máis sustancia, máis solidez, máis consistencia o que estou a mostrar; e así me funcionou», dixo Mutis nunha entrevista co Instituto Cervantes.

O escritor Pablo Montoya, gañador do Premio Rómulo Galegos no 2015, asegura que un dos principais legados que deixou Mutis foi xustamente «esa visión desesperanzada que ten do home», reflectida en Maqroll o Gaviero. «Ese personaxe, que me parece emblemático na literatura colombiana, é unha inmensa achega nese sentido. El mostra con ese personaxe ese desamparo, esa orfandade, esa vagabundaxe polo mundo, pero ao mesmo tempo faino cunha linguaxe moi atractiva, moi ben logrado», di. Tamén, opina Montoya, deixou á literatura colombiana a proposta de «unir narrativa con poesía». «El leva iso a unhas alturas impresionantes. Esa é unha herdanza que el recibe do modernismo, pero el lévao a uns momentos moi altos na literatura colombiana. Falo, pois por exemplo, particularmente, dos seus contos, dos seus relatos e de moitos poemas en prosa que escribiu, e por suposto tamén dalgúns momentos das súas novelas», explica.

Gibelino e legitimista

Mutis nunca interveu en política pero tiña unha postura moi clara: era monárquico, gibelino e legitimista, non levaba moi ben coa democracia. «Teño grandes sospeitas, e cada vez máis xustificadas estes días, na democracia, e o rexeitamento máis absoluto á ditadura, que finalmente é unha democracia disfrazada», afirmou unha vez nunha entrevista.

 

[Imaxe: CAPOTILLO – fonte: http://www.lavozdegalicia.es]

Vint anys després de la mort de l’autor xilè, la seva figura i obra segueixen inspirant literatura

Foto: Anagrama

Escrit per Adrià Puértolas

Parlar de Roberto Bolaño (1953, Santiago de Xile – 2003, Barcelona) avui significa rascar i furgar en la superfície d’un mite. La força de la seva literatura, la joventut furiosa a Mèxic, la vida precària a Catalunya i, sobretot, la llarga malaltia i els últims anys d’agonia han creat, al voltant de l’escriptor xilè, una boirina que fa que els lectors s’hi apropin com si s’acostessin a una substància que no dista molt de ser sagrada. O com a mínim plena de misticisme.

Aquest magnetisme, eteri i fosc, ha potenciat el reconeixement d’una obra que, quan es compleixen vint anys de la seva mort a Blanes, segueix atraient i inspirant lectors, escriptors i estudis

Aquest magnetisme, eteri i fosc, ha potenciat el reconeixement d’una obra que, quan es compleixen vint anys de la seva mort a Blanes, segueix atraient i inspirant lectors, escriptors i estudis. En el cas de Bolaño, a més, hi ha una altra circumstància afegida: el seu èxit literari va arribar mentre vivia a Catalunya i això ha deixat un rastre d’anècdotes, vida i records que encara és possible rastrejar a través dels llocs que freqüentava, amb una càrrega vital i espontània que completa deliciosament la mitificació de l’autor.

La joventut salvatge

Deia Jorge Herralde que 2666, la novel·la pòstuma de Bolaño, era “el somni de qualsevol editor”. Publicada el 2004, va vendre en pocs anys més de 100.000 exemplars als Estats Units, mentre recollia elogis pràcticament unànimes per part de la crítica, que en comparava l’impacte a Cien años de soledad. Va ser la seva consagració definitiva. Bolaño és aclamat avui com un dels millors escriptors de la seva generació, a la vegada que provoca una fascinació que no està a l’abast de molts dels seus companys, amb una obra de qualitat similar.

Bolaño és aclamat avui com un dels millors escriptors de la seva generació, a la vegada que provoca una fascinació que no està a l’abast de molts dels seus companys, amb una obra de qualitat similar

L’autor de Los detectives salvajes era fill d’un transportista ex-boxejador i d’una professora de matemàtiques xilens. Durant la seva infància, es diu que un metge li va receptar que deixés de llegir perquè ho feia de forma massa compulsiva. Però ho va seguir fent tota la vida. Els qui el van conèixer a Blanes, expliquen que sempre estava llegint. Inclús diuen que se l’havia vist al cine amb un llibre obert al passadís de la sala, mentre mirava la pel·lícula. Tot i néixer a Santiago de Xile, Bolaño va passar la seva adolescència a Mèxic D.F., on hi va arribar el 1968, poc abans de les revoltes estudiantils que tindrien un èxit més que notable a la ciutat. Hi passaria els anys formatius d’adolescència i joventut, que no només li confirmarien la vocació literària sinó que el posarien en contacte amb una sèrie d’escriptors mexicans amb els quals fundaria un moviment literari: els infrarrealistes. Aquest moviment poètic, contracultural, contestatari i punk, directament impregnat de l’esperit del ‘68, no només és clau per explicar la seva introducció al món literari, sinó també una de les seves obres més conegudes Los detectives salvajes. Situada al Mèxic de mitjans i finals dels setanta, la novel·la ficciona la trajectòria d’aquest grup sobretot a través de les figures d’Arturo Belano i Ulisses Lima, els seus fundadors i líders.

Belano i Lima són en realitat els alter egos del propi Bolaño i de Mario Santiago Papasquiaro, un altre poeta mexicà company del xilè, amb qui fundaria el moviment. Els personatges es passegen pels carrers, els cafès i les aules del Mèxic D.F., de París i de Barcelona, bevent, escrivint i llegint, tractant de revolucionar l’escena literària mexicana amb happenings i performances i execrant els seus tòtems més sagrats, com l’escriptor Octavio Paz. La novel·la és una crònica hilarant, commovedora i absurda a parts iguals, construïda a través dels dietaris d’alguns dels protagonistes del particular grup poètic.

La novel·la és una crònica hilarant, commovedora i absurda a parts iguals, construïda a través dels dietaris d’alguns dels protagonistes del particular grup poètic

El protagonisme de la poesia, per altra banda, no és casual. I és que si bé la major part de la seva producció literària va ser en forma de novel·les, el primer amor literari de Bolaño va ser la lírica. Com ell mateix explicava, és possible trobar el rastre d’aquesta art als seus textos en prosa. I també més enllà del paper: “Sempre havia admirat les vides desmesurades dels poetes, tan arriscades..”, explicava l’autor.

Roberto Bolaño és un dels escriptors més importants de la seva generació. Foto: J. Martín / EFE

Bolaño i la Barcelona del boom

De Ciutat de Mèxic, a Barcelona. Tant la capital catalana com Blanes, són dos indrets lligats íntimament a la biografia de l’escriptor xilè fora de les fronteres d’Amèrica Llatina. A la ciutat comtal, el recorda una petita placa al número 45 del carrer Tallers, en l’edifici del minúscul pis on va viure a finals del setanta. La geografia del Raval també està plena dels indrets que solia freqüentar, sobretot en companyia de Bruno Montané, també poeta infrarrealista (que apareix com a Felipe Müller a Los detectives salvajes), i els escriptors Antoni Garcia Porta i Jaume Benavente, companys d’aventures a Barcelona.

Tant la capital catalana com Blanes, són dos indrets lligats íntimament a la biografia de l’escriptor xilè fora de les fronteres d’Amèrica Llatina

Al bar Tra-llers, hi anaven a jugar al futbolí i s’hi entretenien amb converses de tot tipus. També a la Granja Parisien, un bar de tota la vida al mateix carrer Tallers. A la llibreria Canuda, un dels mítics establiments a la ciutat pels llibres de segona mà, Bolaño s’hi passava hores perdut, buscant exemplars de valor, tot i que també freqüentava la Documenta de Josep Cots. I al Drugstore Liceo, local emblemàtic de la Rambla dels anys setanta hi acabaven les nits. Barcelona era, en aquell moment, the place to be, en paraules aproximades de Mario Vargas Llosa. Havia substituït París com a ciutat on calia anar per convertir-se en escriptor i, a més a més, era especialment hospitalària amb els autors llatinoamericans, en plena era post boom d’aquesta literatura. En paraules de Bolaño, es tractava d’“una ciutat en moviment, amb una atmosfera de goig on tot era possible. Es confonia la política amb la festa, amb un gran alliberament sexual i un desig de fer coses constantment”.

Placa en record de Roberto Bolaño al número 45 del carrer Tallers de Barcelona.

La trobada amb l’èxit

Rechazos de Anagrama, Grijalbo, Planeta, con toda seguridad / también de Alfaguara, Mondadori. Un no de Muchnik, / Seix Barral, Destino…” escrivia Bolaño al seu poema Mi carrera literaria el 1990. Però la seva sort estava a punt de canviar. El 1996 Seix Barral li publicava La literatura nazi en América, que tot i no ser ni de bon tros el seu primer llibre, sí que va suposar un primer salt en la seva notorietat. Quan l’editorial li va contestar dient que havien acceptat el manuscrit, hi va trucar fins a dues vegades incrèdul per confirmar la notícia. La tendència va continuar amb la publicació dos anys després de Los detectives salvajes, que guanyaria el Premi Herralde de novel·la. Significaria la ràpida consolidació literària de l’escriptor, que veuria ampliat tant el reconeixement de la crítica com la seva fama. En aquell moment, ja feia més de deu anys que s’havia establert a Blanes, on convivia amb Carolina López, la seva parella. Enrere començaven a quedar els anys en què feia de vigilant de seguretat al càmping ‘Estrella de mar’ de Castelldefels.

L’autor, però, seguiria sense perdre la seva visió crítica i desencantada de la seva condició d’artista: “L’ofici d’escriure està poblat d’estúpids, que no s’adonen de la fragilitat immensa i com és d’efímer. Jo puc estar amb vint escriptors de la meva generació i tots estan convençuts que són boníssim i perduraran”, diria en una entrevista. Als carrers, bars i establiments de Blanes, l’escriptor es convertiria en una presència habitual i coneguda. Tal com passa amb Barcelona, la geografia de la ciutat de La Selva està plena dels llocs que l’escriptor freqüentava. El recorden especialment, per exemple, a Jocker Jocs, l’establiment de joguines on Bolaño solia a anar a jugar a jocs de taula d’estratègia militar. Aquests inspirarien, de fet, l’escriptura d’El tercer Reich, l’última de les seves novel·les.

Grafiti de Roberto Bolaño aparegut als carrers de Barcelona.

Una herència literària que perdura

Blanes seria però també l’escenari de la seva agonia física. Bolaño patia una insuficiència hepàtica crònica que li havien diagnosticat a mitjans dels noranta i que, a poc a poc, va anar pansint-lo físicament. Només el podria haver salvat un trasplantament que no va arribar mai, mentre l’autor escrivia per assegurar el futur econòmic dels seus dos fills. Vint anys després de la seva mort, Bolaño i la seva obra segueixen inspirant literatura. Com a prova, Mohamed Mbougar Sarr, el guanyador del premi Gouncourt 2021 per La memòria més secreta dels homes. La brillant novel·la de l’escriptor senegalès és en realitat una reescriptura de Los detectives salvajes, protagonitzada, en aquest cas, per un grup de joves escriptors senegalesos que també es mouen buscant un misteriós autor desaparegut.

Vint anys després de la seva mort, Bolaño i la seva obra segueixen inspirant literatura

La seva recerca és pràcticament igual de tràgica, absurda i còmica que la de Belano i Lima a Los detectives salvajes. I en realitat, segurament com la recerca mateixa de la vida, a ulls de Bolaño. Però això, és clar, no era una excusa per claudicar: “Escribiendo hasta que cae la noche / con un estruendo de los mil demonios. / Los demonios que han de llevarme al infierno, / pero escribiendo”.

 

[Font: http://www.elnacional.cat]

«Contribuyó a través de sus ficciones, sus memorias, sus crónicas periodísticas y ensayos, pero sobre todo con su actitud, a entender el siglo XX y a enfrentar las iniquidades de los regímenes populistas y dictatoriales con valentía y lucidez»

Escrito por Jorge Eduardo Benavides

Nada más culminar su periodo como embajador chileno en París, Jorge Edwards decidió poner en marcha un proyecto vital mucho tiempo acariciado y que se lo confesó en Ginebra a quien escribe estas líneas. Vivir en Madrid. «Antes de hacerme viejo», puntualizó. Acababa de cumplir 83 años. No había asomo de coquetería en la frase ni era una boutade. Era la expresión de su vitalismo y sus ganas de continuar escribiendo y disfrutando de la vida, aunque ello significara empezar la que sería su última etapa al otro extremo de su Santiago de Chile natal, en una ciudad en la que ya había vivido por temporadas y a la que amaba quizá tanto o más que París, y donde pasó sus últimos años, con un breve interludio en el que regresó, por motivos de salud, a Chile.

En Madrid vivió y frecuentó a sus muchos amigos, los de siempre y los nuevos; paseó, dictó conferencias, continuó colaborando para la prensa chilena y española y sobre todo siguió escribiendo ensayos y novelas con la misma maestría y agudeza con la nos ofreció a sus lectores algunas de las mejores y más brillantes páginas de la literatura en español de los últimos tiempos. También se dedicó a consignar con entusiasmo sus memorias –cuyo primer volumen fue ‘Los círculos morados’–, todo un valioso registro de su vida colmada de peripecias, su visión del mundo y una mirada atenta y elocuente de su tiempo, que no se había extinguido, como los leños de ese otoño que encienden a avanzada edad muchos escritores. Porque para Edwards el tiempo de la memoria y de la nostalgia no interfería con la manera con que seguía instalado en el mundo de hoy, sino que lo enriquecía, lo dotaba de una perspectiva fecunda y dúctil, como si el paso y el peso de los años no fueran más que una contingencia que se resolvía escribiendo y leyendo a sus clásicos amados, a Joaquim Machado de Assis o a Michel de Montaigne, a quien le dedicó un espléndido ensayo, a Séneca –una de sus últimas lecturas, antes de que lo sorprendiera la muerte– y a Azorín, pero también a nuevos autores, que descubría con una alegría invicta y festiva.

Nos ofreció el deleite de grandes novelas, como ‘El origen del mundo’ o ‘El inútil de la familia’, pero muchas de sus mejores obras las escribió en su madurez tardía, cuando otros escritores se encuentran ya de retirada y su potencia creadora ha entrado en el declive inevitable con que los años parecen no perdonar a casi nadie. ‘El descubrimiento de la pintura’ (2013), ‘La última hermana’ (2016), ‘Esclavos de la consigna’ (2018) y ‘Oh maligna’ (2019) son buena prueba de ello, todas escritas pasados los 80 años. La última de las mencionadas, donde reconstruye un romance tempestuoso de su viejo amigo Pablo Neruda cuando fue cónsul honorario en Rangún, hizo que Edwards acariciara la idea de viajar a aquel remoto espacio para poder recrear un episodio poco conocido de la vida del poeta más famoso de Chile. No lo arredró la vejez propia –tenía ya 86 años– sino la de los otros, amigos y contemporáneos suyos que declinaron amable y «alarmadamente» (Edwards dixit) la oferta de acompañarlo a tan largo viaje. Una pequeña decepción que sin embargo no detuvo la marcha de su novela. Leyó todo lo que podía sobre el lugar y la época y apeló a esa memoria suya enciclopédica, incombustible y prodigiosa con la que salpimentaba no solo sus páginas sino también sus conversaciones, donde sus ocasionales interlocutores encontraban un manantial inagotable de anécdotas que involucraban a los más variados personajes del mundo de la cultura, la sociedad y la política que Edwards conoció, frecuentó o trató en algún momento de su vida, desde Fidel Castro a Julio Cortázar, y de Neruda al príncipe Alberto de Mónaco. Porque Jorge Edwards fue un memorialista de excepción, un testigo y un cronista de su época, tanto como un partícipe de importantes momentos políticos que marcaron nuestro tiempo.

Por ello, al referirnos al gran escritor que nos acaba de dejar, es inevitable no pensar en ‘Persona non grata’, el libro que le dio fama mundial, y que opacó en parte su posterior trabajo literario, aunque por fortuna no por mucho tiempo. Ese libro, a medio camino entre las memorias y la crónica política que el propio Edwards definía como «novela sin ficción», le costó más de un disgusto y bordear el ostracismo, porque en él daba cuenta de su paso por Cuba, en 1970, como diplomático designado por el gobierno de Salvador Allende para reestablecer relaciones diplomáticas con el gobierno de la isla. Allí fue que descubrió las miserias de aquella dictadura a la que las izquierdas latinoamericana y europea celebraban con un entusiasmo que hoy nos parece sonrojante. Muchos le recomendaron que no publicara aquel libro de inmediato, pero Edwards no hizo caso porque era verdaderamente un intelectual comprometido; pero no de la manera maniquea y vergonzosa con la que con frecuencia descubrimos en esa definición a algunos intelectuales, sino de forma valiente, perseverante y lúcida. Aquel libro desnudaba las injusticias y flagrancias del régimen al que parece indisolublemente vinculado el famoso Boom hispanoamericano y supuso un cataclismo para quienes se obstinaban en cantar alabanzas al castrismo. Luego Octavio Paz y Mario Vargas Llosa se desmarcaron de la revolución cubana, pero fue el escritor chileno quien primero dio el golpe en ese mármol aparentemente lujoso del régimen cubano, resquebrajando así una de las mentiras políticas más ominosas del siglo XX.

Luego de que el régimen castrista lo echara de Cuba declarándolo persona non grata, Jorge Edwards pasó por España y fue a visitar a los Vargas Llosa, que en ese entonces vivían en Barcelona. Mientras el chileno les contaba su reciente experiencia caribeña caminaba por el salón tocando las lámparas y pasando la mano por los sofás. En un momento dado, Vargas Llosa lo interrumpió para preguntarle qué estaba haciendo. Edwards pareció darse cuenta él mismo de lo extraño de su comportamiento y contestó: «buscar micrófonos». En sus últimos años, cada vez que alguien se lo recordaba, Edwards reía al rememorar esa anécdota que revelaba hasta qué punto lo marcó su paso por la Cuba castrista, pero sobre todo reía con la tranquilidad de tener la conciencia tranquila. Sin presunción ni falsa modestia, con la actitud de un verdadero intelectual insobornable, contribuyó a través de sus ficciones, sus memorias, sus crónicas periodísticas y ensayos, pero sobre todo con su actitud, a entender el siglo XX y a enfrentar las iniquidades de los regímenes populistas y dictatoriales con valentía y lucidez.

Jorge Eduardo Benavides es escritor.

 

[Ilustración: Nieto – fuente: http://www.abc.es]

Ce 9 février, l’auteur péruvien, Mario Vargas Llosa, était reçu en « séance solennelle » sous la Coupole. Il reprend le fauteuil du philosophe disparu en 2019, Michel Serres (18), a qui il a rendu un éloge comme le veut la tradition. Le discours du nouvel immortel s’est tenu sur deux jambes : une évocation de sa passion pour la littérature française et ses écrivains, et une charge politique contre les pays totalitaires dans lesquels il place la Russie de Poutine.

Publié par Hocine Bouhadjera

Le soir précédent, le Prix Nobel de littérature 2010 a reçu son épée de membre de l’Académie française lors d’une cérémonie chez Gallimard, son éditeur hexagonal. Le romancier péruviano-espagnol de 86 ans, déjà membre de l’Académie péruvienne de la langue depuis 1977, et de l’Académie royale espagnole depuis 1994, a été élu en novembre 2021.

Flaubert, le plus grand

Il est le premier à devenir un immortel sans n’avoir jamais écrit de livre en français, outre d’avoir dépassé de dix ans la limite d’âge, fixée à 75 ans dans les statuts. Des passe-droits qui révèlent le grand désir de quasi tous les académiciens à l’accueillir sous la Coupole : 18 voix pour lui, une seule pour un rival, un blanc, deux nuls. L’Académie n’avait plus hébergé de lauréat du Prix Nobel depuis François Mauriac, membre entre 1933 et 1970. Sa renommée mondiale a certainement aussi joué dans ce plébiscite.

Dans son discours, rédigé avec l’aide du traducteur français du romancier, Albert Bensoussan, l’auteur de La Fête au Bouc débute par ses mots : « Au temps de mon enfance, la culture française était souveraine dans toute l’Amérique latine ainsi qu’au Pérou. “Souveraine”, cela veut dire que les artistes et les intellectuels la tenaient pour la plus originale et consistante. »

Il confesse même : « En apprenant le français et en lisant les auteurs français sans relâche, j’aspirais secrètement à être un écrivain français ». Selon celui qui s’installa à Paris dès 1959, à seulement 23 ans, Flaubert est « peut-être le plus important du XIXe siècle européen, ou du moins français, autrement dit mondial. »

Et d’ajouter : « Je l’ai lu et relu maintes fois, avec une infinie gratitude, et je peux dire que c’est à cause de lui, ou plutôt grâce à lui, que vous me recevez aujourd’hui ici, ce dont je vous suis, de toute évidence, très reconnaissant. (…) Personne n’a conçu la littérature avec autant de rigueur et de dévouement. »

Il évoque ensuite Victor Hugo comme immense français, non pour sa poésie « qui nous paraît maintenant quelque peu rhétorique, mais pour Les Misérables, un roman que j’ai lu adolescent et que j’ai relu en partie plusieurs fois ». Il a expliqué également avoir véritablement découvert la littérature latino-américaine en France, entre Borges, Cortázar, Uslar Pietri, Onetti, Octavio Paz et, plus tard, Gabriel García Márquez : « C’est donc en France — quel paradoxe ! – que j’ai commencé à me sentir un écrivain péruvien et latino-américain. »

Faire oublier ses positions droitières ?

C’est enfin en France qu’il a été « sauvé du stalinisme», après avoir milité un an au parti communiste péruvien, par l’entremise des existentialistes français — « surtout l’équipe des Temps Modernes, Maurice Merleau-Ponty, Jean-Paul Sartre, Albert Camus et Simone de Beauvoir ».

Outre d’évoquer ses inspirations littéraires de francophile, il a également convoqué l’actualité brûlante, profitant de l’occasion pour dénoncer les agissements récents, et plus anciens, de la Russie : « Cette caricature que les pays totalitaires nous vendent comme romans, mais qui n’existent qu’après avoir traversé la censure qui les mutile, afin d’étayer les institutions fantasmagoriques de semblables singeries de démocratie, dont nous donne l’exemple la Russie de Vladimir Poutine. »

Et de continuer : « Dans le cadre des horribles guerres et tueries de ces temps barbares, la littérature — appelée Molière — a distendu la vie en la berçant de rêves qui se confondaient avec les exploits. » Il en est d’ailleurs certain : «Le roman sauvera la démocratie ou s’abîmera avec elle et disparaîtra ».

Des membres de l’Académie comme Andreï Makine ou la secrétaire perpétuelle elle-même, Hélène Carrère d’Encausse, grande connaisseuse de l’Union soviétique, ont certes condamné « l’opération spéciale » russe. Leurs positions, avec d’autres, jugées trop «russophiles », ont tout de même été mises en cause, notamment par le magazine l’Obs. Malgré les différentes affaires qui ont écorné son message, l’ancien roi d’Espagne Juan Carlos a par ailleurs été invité par l’écrivain, reçu par Xavier Darcos et Hélène Carrère d’Encausse.

Installé depuis 2020 aux Émirats arabes unis, l’ancien monarque a vu sa popularité s’effondrer dans son pays après une série de scandales. En cause : une plainte pour harcèlement d’une ancienne maîtresse, Corinna Larsen, des révélations sur son train de vie fastueux, et une chasse à l’éléphant au Botswana…

En France, une tribune contre Llosa

Mario Vargas Llosa est controversé en Amérique latine pour ses positions droitières, dans une région où de très nombreux gouvernements sont de gauche. En France aussi, une tribune publiée en décembre 2021 dans Libération, signée par un collectif d’universitaires, dénonçait les positionnements politiques de l’auteur des Temps sauvages. Il lui était reproché en particulier son soutien à José Antonio Kast, candidat de la droite, défait à la présidentielle chilienne.

Les soutiens systématiques du Prix Nobel 2010 aux candidats de droite en Amérique latine sont avérés, et l’écrivain ne s’en cache pas : que ce soit en faveur de Keiko Fujimori, au Pérou, finalement perdante face au socialiste Pedro Castillo, ou encore du président colombien Iván Duque, qu’il a soutenu dans sa politique de répressions des mouvements sociaux dans son pays, qui ont fait au moins 70 morts.

Pour les signataires, « les prises de position extrémistes de Mario Vargas Llosa sont bien connues et suscitent depuis longtemps un fort rejet », et sa nomination «ternit l’image de la France en Amérique latine ».

La tribune n’oubliait pas également de rappeler l’évasion fiscale présumée de l’écrivain, révélée par les Panama, puis les Pandora Papers. En outre, les chercheurs signataires de la tribune ont accusé la Fundación Internacional para la Libertad (FIL), dont l’écrivain est président, de travailler en faveur de la « consolidation des réseaux de la droite et de l’extrême droite hispano-américaine ». Des polémiques qui semblent à présent bien lointaines.

L’Académie, institution chargée depuis 1635 de défendre la langue française et de rédiger un dictionnaire, compte 40 fauteuils.

Cinq sièges restent à pourvoir, après l’élection du professeur au Collège de France, Antoine Compagnon, et les échecs des dernières élections, faute de majorité absolue pour un candidat. Elles avaient vu s’affronter Frédéric Beigbeder et Benoit Duteurtre.

[Photo : Académie française (YouTube) – source : http://www.actualitte.com]

 

Escrito por JAVIER MEMBA

Las adaptaciones de La venus de las pieles (1870) vienen de antiguo. Quinta de las historias incluidas por Leopold von Sacher-Masoch en el volumen dedicado al amor de El legado de Caín, es la pieza más conocida de esta saga inacabada. De entre todas sus versiones —un surtido que abarca desde canciones de The Velvet Underground hasta cómics de Guido Crepax— yo me quedo con El placer de Venus (Massimo Dallamano, 1969), la segunda de las películas de las que tengo noticia. Ahora bien, aunque El placer de Venus —protagonizada por Laura Antonelli en todo su esplendor— está basado en la novela —que no obra teatral, pese a sus celebradas adaptaciones a las tablas— que dio nombre al masoquismo, me atreveré a decir que si hay una imagen que simboliza ese placer es la de Charlotte Rampling —con las manos enguantadas cubriéndose el pecho y en la cabeza rapada una gorra de los nazis— en Portero de noche (Liliana Cavani, 1974).

El psiquiatra alemán Richard von Krafft-Ebing (1840-1902), lector de Sacher-Masoch, describió un catálogo de “perversiones sexuales” para el común de los lectores de nuestro siglo XXI tan indignante como la teoría de su contemporáneo, el criminalista italiano Cesare Lombroso, sobre los cráneos de los asesinos. En aquel texto —Psychopathia sexualis (1886)—, el doctor concibió el término «masoquismo» para referirse al placer que algunos encuentran en la humillación y el sufrimiento perpetrados por alguien al que están unidos sentimentalmente. Viéndolo expresado meridianamente en La Venus de las pieles, decidió asociarlo en su descripción al apellido de Sacher-Masoch, antepasado de Marianne Faithfull, por cierto.

Por un procedimiento similar, los espectadores del circuito de la versión original de los años 70 —entonces de arte y ensayo— relacionaron la imagen de Charlotte Rampling con el masoquismo. Fue así como esta actriz de aspecto núbil —tenía veintiocho años y aparentaba la mitad— pasó a ser el icono más escabroso del destape.

« Creo no exagerar al apuntar que fuimos muchos los que supimos por primera vez del erotismo del dolor con aquel filme de Liliana Cavani. Yo el primero, desde luego« 

Digan lo que digan esos abanderados y abanderadas del nuevo puritanismo, que abogan encendidos y encendidas por la prohibición de la pornografía con el mismo encono que lo hacía Gabriel Arias Salgado —ministro de Información y Turismo, ergo responsable de la censura de prensa en los días del nacionalcatolicismo—, puesto a prohibir los anuncios de medias porque “fomentaban la masturbación”, el destape —el softcore en la cartelera internacional— fue la mejor ilustración de la revolución sexual. Diré más: había en aquel cine, tan característico de los años 70, un claro afán didáctico. Se trataba de ilustrar al ignorante en los placeres de la carne —junto al mundo y el demonio la enemiga del alma—, como mínimo hasta que las inglesas, a comienzos de los años 60, empezaron a bañarse en bikini en Benidorm. Una década después otra inglesa —Charlotte Rampling nació en Essex en 1946—, ya en topless, se convertía en un icono del masoquismo y, como se dice coloquialmente, lo petó.

No hará falta que me extienda en lo que supuso aquella imagen de Lucia —el personaje incorporado por tan singular actriz en Portero de noche— gozando del martirio al que la someten los torturadores del Reich, en esa cartelera en la que el sexo estaba empezando a dejar de estar prohibido por ser pecado. Creo no exagerar al apuntar que fuimos muchos los que supimos por primera vez del erotismo del dolor —“algolagnia”, tengo entendido que se llama en medicina— con aquel filme de Liliana Cavani. Yo el primero, desde luego. Aún no era cinéfilo, tan solo un buen espectador que apuntaba maneras. Tenía, en fin, diecisiete años cuando Portero de noche se estrenó en el invierno de 1976 en el desaparecido cine Urquijo, de la calle Marqués de Urquijo de mi amada ciudad. Recién había llegado a las lecturas de Sade en las traducciones de Editorial Fundamentos y me creía alguien. La cinta en la que descubrimos a Charlotte Rampling estuvo en aquella sala casi un año.

« Conscientes de que van a morir, Lucia se viste de niña candorosa y Max de terrible SS para dar su último paseo por una Viena en la que empieza a amanecer« 

Por supuesto, el Divino Marqués me interesaba más por librepensador y por maldito que por cruel. Y, también por supuesto, estas dos primeras condiciones eran el objeto de la promoción de Sade, en las solapas de aquellas ediciones de los 70, por autores tan variados como lo son entre sí André Breton y Octavio Paz. Sabía, pues, del sadismo —la algolagnia que halla en el dolor quien humilla y flagela a su pareja— pero de que, en efecto, hay quien goza sufriendo esa humillación y ese dolor supe con la Lucia de Charlotte Rampling. Yo, que me negaba a creer que lo leído en Sade pudiera ser verdad y una práctica relativamente frecuente entre la aristocracia del Antiguo Régimen, pensaba que con las chicas solo caben los besos —y ese instante que entrañaba la vida pese a ser el peligro de la carne, ese que sí te lo da la que lo ha inspirado es lo mejor del mundo—, me quedé noqueado ante la Lucia de Charlotte Rampling. Superviviente del Holocausto, al comenzar la cinta es la esposa de un afamado director de orquesta que acompaña a su marido a Viena. En el hotel donde se hospedan se reencuentra con Max (Dick Bogarde), su torturador y amante en el campo de exterminio, ahora portero de noche en el establecimiento. Tras un primer recelo vuelven a retomar su relación y esta vez deciden llevarla hasta sus últimas consecuencias: la autodestrucción, si bien es cierto que a la extraña pareja el tiro de gracia propiamente dicho se lo dan en off los otrora compañeros de armas de Max. Pertenecientes todos a una fraternidad clandestina de nazis, el que doce años después —la acción se sitúa en 1957— Max resulte estar perdidamente enamorado de una testigo que puede reconocerlos es un engorro con el que deciden acabar. Conscientes de que van a morir, Lucia se viste de niña candorosa y Max de terrible SS para dar su último paseo por una Viena en la que empieza a amanecer.

La controversia que provocó Portero de noche fue universal y mayúscula. Más que buena o mala a mí me pareció inquietante. A buen seguro que era eso lo que buscaba Cavani. Dejando la algolagnia a un lado, junto a El hijo de Saul (2015), del húngaro László Nemes, me parece el retrato más espeluznante de las atrocidades cometidas en los campos de exterminio por los nazis. A raíz de Portero de noche Michel Foucault publicó una demoledora crítica sobre la visión sexualizada del nazismo y la erótica del poder. La polifacética  usan Sontag no fue más comedida en un célebre artículo sobre la fascinación del fascismo aparecido en 1975. Con todo, nada pudo impedir que en aquel camino que llevó al softcore de la “S” a la “X” en la clasificación de sus producciones surgiera un subgénero del cine erótico, ya tirando a porno, en el que los y las nazis se daban con largueza a la algolagnia. Y en medio de todo aquello, en el ojo de aquel huracán, estaba Charlotte Rampling. Ese fue su estigma, pero lo supo salvar.

« Todas las musas del softcore fueron estigmatizadas por su generosidad al destapar sus encantos. Y todas ellas acabaron mal. Charlotte, que tangencialmente también fue una musa del destape, supo sortear las maldiciones« 

Hija de un oficial de la OTAN, un destino de su padre la llevó a vivir parte de su infancia en Gibraltar. Ya estaba en Londres y era una de las chicas más destacadas del Swinging London cuando se suicidó su hermana mayor, con veintitrés años. Aquella muerte absurda fue determinante para que Charlotte dejase de consumir sustancias estupefacientes. Aquel era el Londres en el que el LSD, aún legal, se ingería en pequeños trozos de papel secante que se pasaban de una lengua a otra en los besos, o bien en unas gotas mezcladas con la consumición. Twiggy —la modelo de las minifaldas de Mary Quant—, mi dilecta Jane Birkin y Charlotte Rampling, como el prototipo de aquellas jóvenes que eran, también empezaron a darse a conocer en las películas de aquel Londres. Charlotte debutó en ¡Qué noche la de aquel día! (1964), la primera de las cintas que Richard Lester rodó con The Beatles. Con Jane Birkin coincidió en El Knack… y cómo conseguirlo (1965), también de Lester.

Aunque está claro que Portero de noche fue la cinta que la convirtió en una celebridad mundial, amén de estigmatizarla como la imagen universal del masoquismo, anterior a la popularización de La Venus de las pieles —me da que Sacher-Masoch sigue sin ser popular—, en la filmografía de Charlotte Rampling hay títulos tan interesantes como Refugio macabro (1972), un filme de Roy Ward Baker para la Amicus.

La maravillosa Sylvia Kristel, Laura Antonelli, Maria Schneider… Todas las musas del softcore fueron estigmatizadas por su generosidad al destapar sus encantos. Y todas ellas acabaron mal. Charlotte, que tangencialmente también fue una musa del destape, supo sortear las maldiciones. Para John Boorman protagonizó Zardoz (1974), una de las más celebradas distopías de la ciencia ficción de los años 70. En el 75 se convirtió en toda una protagonista del neo-noir al incorporar a la Velma de Adiós, muñeca, notable adaptación de Raymond Chandler debida a Dick Richards. Con Woody Allen colaboró en Recuerdos (1980)…

Su filmografía es tan dilatada que en 1986 volvió a sus procacidades del 74 al interpretar a Margaret Jones, una mujer enamorada de un chimpancé, en Max, mi amor de Nagisa Ōshima, de modo que la actriz sumó la zoofilia a la lista de bizarrías inaugurada con el masoquismo de Portero de noche. Y hay más: recuérdese a Elle, la señora mayor, tan dulce y apacible como se ve a Charlotte ahora, que viaja a Haití para comprar sexo con un nativo en Hacia el sur (Laurent Cantet, 2005).

 

[Fuente: http://www.zendalibros.com]

Escrito por Claudio Ferrufino-Coqueugniot

Diría « la bella lengua », pero ello puede dar lugar a interpretaciones equívocas y no quiero correr el riesgo de los políticos cuando sueltan, eso sí, la lengua y no el idioma en sus soporíferas y malhadadas reuniones.

Elisabeth Malkin, escribiendo para el New York Times (Rebelling Against Spain, This Time With Words), anota con certeza que sería muy difícil que los Estados Unidos aceptaran imposiciones de Inglaterra en el uso del inglés. ¿Por qué tendríamos nosotros que hacerlo, siendo que supuestamente nos desembarazamos de España hace 200 años? Además, si existe una irrefrenable dinámica en el español la damos los latinoamericanos, en la diáspora económica de la emigración, fenómeno que no únicamente se refiere a la península versus las excolonias sino también a distancias mucho menores como la existente entre México y Los Ángeles, entre los « manos » de abajo del río Bravo y los « carnales » o « batos » de arriba del Grande, entre los mexicanos huidos del temporal de la revolución y sus hijos nacidos « al otro lado » y que terminan rechazando su origen, haciéndose híbridos, formando un nuevo grupo humano que no pertenece ni a sus ancestros ni a la sociedad extraña en la que nacen y crecen. Octavio Paz categorizó a estos « pachucos » como parias (no sólo del lenguaje).

En una vieja (quizá años 40) y linda canción, « El bracero y la pachuco », el Dueto Taxco ponía en escena esta llamemos confrontación entre lo antiguo (México) y lo nuevo (Estados Unidos), entre lo obsoleto y lo moderno, rivalidad que se expresaba sobre todo en el lenguaje. El bracero: romántico, formal, varonil, tradicional quiere conquistar a la pachuca: desenfadada, informal, liberal, irreverente, y su duelo verbal, divertido por cierto, apunta a las diferencias entre unos y otros, en un español alejado de las normas de la academia y sin embargo todavía español, plagado de anglicismos; jerga, caló cuyos orígenes tal vez se expandan hasta los judíos conversos, o escondidos, que llegaron con la conquista. El bracero le dice « Oh, mujer del alma mía, o ámame porque te quiero, o quiéreme porque te adoro, porque mi aliento perfumas, linda princesa encantada, como si trajeras rosas, de esas rosas encarnadas que con sus lindas aromas a mi pecho cautivaran (…) ». « La pachuca no entendía lo que le quiso decir » y le responde: « Nel esé, ya párele con sus palabras de l’alta, que por derecho me agüitan, esé. Mejor póngase muy al alba con un pistazo de aquella, y un frasquito del fuerte p’a después poder borlar ». Resulta que a pesar de una temprana incomprensión terminan casándose, ampliando el espectro de su idioma de admirable manera.

Ya lo entendió un visionario Valle-Inclán en su « Tirano Banderas », que es un viaje por un mapa fructífero, encantador y encantado del idioma, una exploración y un descubrimiento, la muestra palpable que lo mayor que dejó España fue la lengua, y lo mejor que ganó del opuesto fue su multiplicación en matices, tonos, formas, que siguen creciendo a medida que los otrora pueblos del sur van de a poco apoderándose de espacios vitales que « correspondían » a otros, tanto que entre los mexicanos se habla de « reconquista », siendo a su vez también revancha de España por todo lo perdido ante ingleses y norteamericanos.

Que existan normativas de lenguaje, sin duda sirve, tal vez al menos para mantener apariencias de orden en un caos no destructivo. El detalle nuevo de la Academia (que disgustó a Juan Villoro) de anular el acento de « sólo » (solamente) y diferenciarlo de « solo » (de soledad) por el contexto, es más bien un detalle estético; las transformaciones del español y la aceptación de ellas como parte real y concreta del idioma hablado -y después escrito- van más profundo, y merecen no únicamente estudio sino respeto. Para mí, por dar un ejemplo, me es más fácil hablar con mis colegas de los ranchos de Guerrero o los pequeños zapotecos de la frontera entre Oaxaca y Veracruz en su estilo y no en el mío de « l’alta ». Si quiero decir « ese tipo se cree divertido », me entenderán mejor si les digo que « ese gacho se cree chido ».

Pienso que Octavio Paz se equivocó. Aquellos pachucos que fueron parias en su laberinto de soledad, extendieron la jerga de sus tradiciones noveles y contradictorias no sólo a México, también a todo el sur. Café Tacuba canta:

Mejor yo me echo una chela

y chance enchufo una chava

chambeando de chafirete

me sobra chupe y pachanga

¿Y la Academia? Chinga su madre…

_____

[Publicado en Ideas (Página Siete/La Paz) – imagen: Lucas van Valckenborch/La Tour de Babel, Musée du Louvre, Paris, 1594 – reproducido en lecoqenfer.blogspot.com]

Fernando Pessoa
 
 
Publicado por Jordi Bernal
El 24 de junio de 1916, Fernando Pessoa le escribía una larga carta a su tía Anica contándole un «misterioso asunto» que le había ocurrido unos meses antes: «Hacia finales de marzo, he empezado a ser un médium (…) Estaba una vez en casa, de noche, recién llegado de la Brasileira, cuando sentí el deseo, literalmente, de coger una pluma y ponerla encima del papel». De golpe, tal y como relata Ángel Crespo en La vida plural de Fernando Pessoa, el poeta empezó a garabatear hasta que la escritura se convirtió en la firma de su tío Manuel Gualdino de Cunha. «De vez en cuando, unas veces voluntariamente, otras obligado, escribo. Algunas frases se entienden. Y hay sobre todo algo curiosísimo: una tendencia irritante a responder a mis preguntas con números; así como se da la tendencia a dibujar. No son dibujos de cosas, sino de signos cabalísticos y masónicos, símbolos del ocultismo y cosas por el estilo que me perturban un poco». A esta escritura misteriosa se añadía otro fenómeno igualmente singular: «Hay momentos, por ejemplo, en que tengo perfectamente alboradas de “visión etérica”, en que veo el “aura magnética” de algunas personas y, sobre todo, la mía en el espejo, y en la oscuridad, irradiándome de las manos». Incluso explica que, estando en la Brasileira del Rossio, vio las costillas de un individuo a través del traje y la piel.
La fascinación que sentía Pessoa por todo lo «misterioso», por las ciencias ocultas, el hermetismo, el misticismo, el gnosticismo, la alquimia, la magia, la astrología, la cábala, la teosofía o la masonería aumentó con el transcurso de los años. En Pessoa esotéricoJosé Manuel Anes explica que el poeta «atravesó no uno, sino varios mundos de esoterismo, vistiendo varios trajes de los que después se desnudaba e incluso rechazaba, pero dejando “la piel” en todos ellos, a veces dolorosamente. Él no era solo un esoterista intelectual (“de sofá” algunos dicen), pues se implicaba emocional, filosófica y espiritualmente, con mayor o menor intensidad, en todos esos caminos que recorrió —y fueron muchos—, muchos de los cuales eran contrarios e incompatibles. Esa incesante Búsqueda de la Verdad Oculta fue asumida de verdad y sin “fingir”».
Pessoa había participado en algunas sesiones espiritistas en casa de la tía Anica, aunque, en un principio, su interés por la materia no sobrepasaba los lindes de un curioso escepticismo. Sin embargo, esta mediumnidad sobrevenida encajaba perfectamente con la construcción de su universo poético, poblado de heterónimos, de voces diversas, personalidades distintas frente a las que el creador cede control y autoridad. Así resumía el nacimiento de los heterónimos en unas declaraciones publicadas en la revista Presença en 1928: «Las obras heterónimas de Fernando de Pessoa están hechas por, hasta ahora, tres nombres de personas: Alberto CaeiroRicardo ReisÁlvaro de Campos. Estas individualidades deben ser consideradas distintas del autor (…) Gradué las influencias, conocí las amistades [de los heterónimos], oí, dentro de mí, sus discusiones y sus divergencias de criterio, y en todo esto me parece que fui yo, creador de todo, lo que menos hubo allí. Parece que todo sucedió independientemente de mí. Y parece que así sigue pasando. Si algún día puedo publicar la discusión estética entre Ricardo Reis y Álvaro de Campos, verá qué diferentes son, y que yo no soy nada en la materia».
Ante dichas aseveraciones y a tenor de sus reconocidas experiencias parapsicológicas alguien podría dudar de la cordura del poeta. De hecho, él mismo sostuvo esa duda a manera de miedo constante al trastorno mental. Su abuela paterna había sufrido ataques transitorios de demencia durante años y Pessoa desarrolló el pánico a la posibilidad de heredar tales conductas. Según todos los bregados biógrafos del poeta, sus visiones y episodios misteriosos se deberían sobre todo a una sensibilidad e imaginación desbordante y desbordada. Desde pequeño se dedicó a crear todo tipo de personajes y amigos invisibles que acompañaban sus horas solitarias. Uno de los más divertidos era Chevalier de Pas, que le dedicaba cartas a sí mismo.
A una personalidad introspectiva y fantasiosa, el autor de Libro del desasosiego sumó una formación literaria poco común en un portugués de la época. Fue su tía Maria Xavier, personaje interesantísimo, poeta ocasional de espíritu aristocrático y dieciochesco, quien le descubrió la poesía a edad temprana. A ello hay que añadir la educación british del poeta en Durban, colonia británica a la que se trasladó junto a su madre y su padrastro João Miguel Rosa, cónsul de Portugal en dicha localidad, a la sazón colonia británica. Devora la novelística inglesa (le entusiasma Los papeles póstumos del Club Pickwick de Charles Dickens), a los poetas románticos (KeatsByronShelleyColeridge) y la obra de E. A. Poe. Empieza a escribir poesía en inglés y, tal y como apunta Crespo en la citada biografía, muestra ya una inclinación hacia una línea oscura y esotérica exacerbada por la tradición romántica. Al fin y al cabo, Pessoa contribuyó a la culminación de las vanguardias, el último eslabón de la revolución poética iniciada por el romanticismo, según sostiene Octavio Paz en su ensayo Los hijos del limo.
A Paz también se le debe la semblanza Fernando Pessoa: el desconocido de sí mismo. En ella pincela a grandes trazos una biografía plagada de huidas y misterios así como la intensa, aunque casi siempre silenciosa, construcción de una de las obras literarias más ricas y poliédricas de la modernidad: «Me he multiplicado, para sentirme; / Para sentirme, he necesitado sentirlo todo, / Me he trasbordado, no he hecho más que extravasarme, / Me he desnudado, me he entregado, / Y hay en cada rincón de mi alma un altar a un dios diferente», escribe el provocador heterónimo Álvaro de Campos.
Esta ebullición múltiple incluso marcó su ruptura con Ofélia Queirós, la única novia que se le conoce. En la correspondencia con su amada llega incluso a intervenir el heterónimo Álvaro de Campos, quien no alaba precisamente la relación del poeta médium con la chica. Así escribe el ingeniero naval y versificador: «Por mi parte, y como íntimo y sincero amigo que soy del maleante de cuya comunicación (con sacrificio) me encargo, aconsejo a V. E. que coja la imagen mental, que acaso se haya formado del individuo cuya cita está estropeando este papel razonablemente blanco, y eche esa imagen mental en la pila, por ser materialmente imposible dar ese justo destino a la entidad fingidamente humana a quien le correspondería, si hubiese justicia en el mundo. Saluda a V. E. Álvaro de Campos». Ciertamente, con esta actitud parece difícil que la relación con la convencional Ofélia prosperara. Es cierto que Pessoa fantaseó durante un tiempo con la posibilidad de llevar una vida burguesa y ordenada junto a su prometida, incluso pensó en ganarse la vida como astrólogo; sin embargo, acabó imponiéndose su «misión» poética. Así que rompió con Ofélia para quedarse a solas con su multitud, para ser el médium de un universo poblado de fantasmagóricos soliloquios: el drama em gente.
La bestia 666
En 1930 se produce uno de los episodios más curiosos y divertidos en la oblicua biografía de Pessoa. Su encuentro con una de las figuras mayores del esoterismo de su tiempo. Aleister Crowley fue iniciado en la Orden Hermética de la Golden Dawn bajo el seudónimo terrible de «La Bestia 666». Cuando Pessoa leyó Las confesiones de Crowley escribió a este para decirle que el horóscopo que de sí mismo había realizado contenía errores. El autoproclamado la Bestia 666 respondió al poeta dándole la razón y, de esta manera, se inició una correspondencia que desembocaría en el viaje del mago a Portugal. La noticia desazonó profundamente a Pessoa, pues Crowley era célebre por practicar la magia negra y ritos demoníacos, entre los que no faltaban satánicos festines orgiásticos. Más allá de las congojas primeras, los dos hombres hicieron buenas migas y, según todo parece indicar, se confabularon para urdir el falso suicidio de la Bestia en La Boca del Infierno de Cascaes. Una broma macabra que tuvo un eco considerable en la prensa local.
Por otra parte, esta fabulación demuestra una vez más el gusto de Pessoa por la charada, la pura invención misteriosa («todo es misterio y todo está henchido de significado»), que entronca con su pasión por la novela policiaca. Entre sus múltiples proyectos fallidos e inacabados figura la intención de escribir una saga de novelas detectivescas. Sea como fuere, la condición de médium de Pessoa cristalizó en su multiforme obra poética, en la que convocó a un cúmulo de espíritus muchas veces estéticamente contrapuestos, aunque su labor alimenticia como traductor comercial también podría considerarse otra forma de mediumnidad.
El hombre solitario, habitante de las barras de las tabernas a las cuales se aferró con desasosiego etílico, el paseante prisionero de su ciudad, el gastador del fatigado jornal en la librería inglesa, el solterón ascético vivió a través de múltiples máscaras que lo alzaron más allá del cielo de Lisboa. «¡Sé plural como el universo!», exclamó. Poseído por más de cien espíritus.
[Ilustración: Ewa Klos / Corbis – fuente: http://www.jotdown.es]

Escrito por Mario Vargas LLosa

Como la salida de Lima siempre es caótica, tanto al Sur como al Norte, partimos a las seis de la mañana, rumbo a Ancón y Pasamayo. Hay una densa neblina y esa invisible lluvia que los limeños llaman garúa: cae agua del cielo que moja pero no se ve. Tanto que el autor de Moby Dick, Herman Melville, cuando estuvo aquí, trabajando en un barco ballenero, creyó que Lima era “una ciudad de fantasmas” y así lo consignó en una carta.

Ocurre que los españoles llegaron a estas tierras a comienzos del verano, y, según la tradición, los indios explicaron a los conquistadores que este lugar era bueno para fundar la capital del Perú, y ellos, obedientes, lo hicieron así. Al Sur y al Norte, a sólo 50 kilómetros, había un tiempo mil veces mejor, con sol todo el año y unas playas de sueño. Pero Lima está en este cajón invernal, que vive bajo nubes espesas y lluvias secretas ocho meses al año cuando menos, como ahora, y solo goza de tres meses de verano, en que los turistas pueden disfrutar de sus playas y, sobre todo, de su calor asfixiante. El resto del año, se mueren de frío y los resfríos hacen estragos en los frágiles pulmones que tienen sus habitantes, propensos a los catarros y a veces a las pulmonías.

Ancón ya no se ve. Ese balneario de gente con dinero ha quedado a la izquierda, envuelto en la neblina, y la carretera sube las peligrosas curvas de Pasamayo, aunque, oh sorpresa, ya no son nada peligrosas, pues ahora la carretera circula por las cumbres, y hay dos filas en ellas, una de ida y otra de venida. Esto es una gran novedad para mí, que vuelvo a estas tierras luego de 20 o 25 años, la última vez por lo menos en que viajé por aquí, rumbo a la Piura de entonces, tan golpeada por las inundaciones del Niño que parecían cebarse contra esa tierra querida donde terminé el colegio, y, mientras estudiaba, trabajaba en La Industria como periodista. Allí, en el Teatro Variedades, estrené mi primera obra de teatro, La huida del Inca, y también la dirigí, sin saber nada de teatro ( y así creo que salió).

El paisaje entre Lima, Chancay y Huacho es uniforme, con olas espumosas que parecen tragarse los ralos contrafuertes de la cordillera de los Andes que vienen a morir aquí, sin morder esos agónicos pedazos de piedra en que desaparece devorada por el mar. El ruido es el de entonces: feroz e inútil, porque las espumosas olas muerden sólo el vacío. Entre Huacho, Chancay y Huaral hay pequeños sembríos y viejos pueblecitos, pero pujantes, que se empeñan en crecer, aunque los detengan los cerros que a veces quieren hundirlos en el mar. Aquí, en Puerto Supe, escribió Blanca Varela sus primeros poemas, cuyo título, Ese puerto existe, se lo dio Octavio Paz.

En la Lima de entonces, la costumbre era en los años nuevos, luego de bailar toda la noche, venir a tomar desayuno en uno de estos pueblos, costumbre que los comandos armados de Sendero Luminoso interrumpieron abruptamente, hasta que la costumbre cesó. Estos pueblecitos han crecido y están llenos de cafés, que ofrecen bebidas y toda clase de objetos con muchos colorines. El comercio parece intenso y muy variado. Los arenales que ocultan los cerros de piedra se suceden, monótonamente. Ellos irán a terminar en la ciudad de Chan Chan, en las afueras de Trujillo, cuyas misteriosas paredes y casas de adobes, formaron parte del Gran Chimú, la primera civilización prehispánica que encontramos a nuestro paso. A nuestro alrededor, la Señora de Cao continúa indómita, explorada por los arqueólogos, y sus cabellos siguen creciendo, luego de cientos de años, indiferentes frente al tiempo.

A 200 o 240 kilómetros de Lima el paisaje cambia bruscamente. Las dunas son más grandes y también, se diría, las ruidosas olas que se avientan contra las playas como si quisieran destrozar los autos que avanzan a Huarmey y Casma por sus orillas. Estos son los términos de una civilización guerrera, el Gran Chimú, cuya capital estaba en la sierra, y cuyas virtudes milagrosamente se extendían hasta Arequipa, Bolivia e incluso el Brasil. Yo estuve allí arriba y vi los laberintos de esas montañas, donde la gente se hacía azotar, para alcanzar ciertas gracias del cielo, que les permitían vivir unos años más. El Gran Chimú floreció muchos años antes que el imperio de los incas, y fue muy influyente desde el punto de vista religioso, pues sus milagros —llamémoslos así—, de los que se hablaba en toda América, atraían esas columnas de visitantes que venían para hacerse azotar en los laberintos del Gran Chimú, además de inmunizarse contra los diablos. Y parece que la medicina era eficaz, pues, incluso durante la conquista, los peregrinos seguían viniendo y trepando la cordillera para hacerse desangrar.

Paramos en Casma, a unos 350 kilómetros de Lima. En el restaurante La Balsa nos anuncian que el pulpo ha desaparecido de las aguas peruanas, por la pertinacia de los pescadores en atraparlo, sin respetar las vedas. En adelante, y hasta que éstas se respeten, los peruanos dejarán de comer el pulpo, que las cocineras y cocineros preparaban deliciosamente con ají, papas y arroz. Nos debemos contentar con un pescado hervido y renegrido, muy picante, con lentejas y arroz.

Pasamos Trujillo a toda velocidad, pues esta ciudad, antiguamente señorial y orgullosa de sus familias de abolengo, ahora está bajo una lluvia que, a todas luces, la desordena y caotiza. Con sus enormes lagunas en las esquinas, alcanzamos a ver la catedral y dos iglesias más, todas muy modernas y con pinturas más bien execrables en sus paredes, acabadas de pintar. Allí dormimos, y a la mañana siguiente partimos a primera hora, rumbo a las huacas del Señor de Sipán.

Toda esta maravilla seguiría oculta bajo las arenas, o mejor dicho saqueada por los ladrones, si no fuera por el arqueólogo peruano Walter Alva, un viejo amigo, que ahora por motivos personales no pudo acompañarnos. Pero Emma Eyzaguirre, su mujer, que es también arqueóloga, está allá para recibirnos, en el Museo de las Tumbas Reales de Sipán, donde un turista se siente en Nueva York o en los museos de la vieja Europa. Es difícil describir la elegancia y pulcritud de este museo, donde la antigua cultura de los mochicas floreció, más o menos en una extensión que arrancaba en las fronteras con el Ecuador, a unos 600 kilómetros de aquí, y en Casma moría. El diseño de este museo, que, recorriéndolo, guiado por la señora Eyzaguirre, hace sentir a los turistas que está en una de las viejas ciudades, por la eficacia y calidad de sus muestrarios, en una media sombra que enriquece sus existencias y simula unas tumbas. Ellas nos dan una muy completa visión de sus piezas, que parecen cubrir todas las manifestaciones de esta cultura antiquísima. La señora Eyzaguirre es también una experta, y ayudó a Walter, su marido, a espantar a los ladrones que saqueaban estas huacas a lo largo de los años. Pero es una lástima que mi amigo Walter Alva no esté aquí. Me gustaría felicitarlo una vez más, pues, durmiendo en este sitio, trabajando igual que sus empleados, salvó la cultura del Señor de Sipán. Y construyó este maravilloso museo, que él solo valdría el viaje al Perú, con sus pasadizos en sombras, sus vitrinas que reconstruyen la vida y la muerte de este pueblo histórico, con precisión y delicadeza, y ahora resucitan su pasado, gracias a estos monumentos circundantes. Esta maravilla parece compensarnos de todo el largo viaje.

Otro milagro es la ciudad de Chiclayo. Tenía fama de ser pobre y desordenada. Ha cambiado mucho, para mejor. Ahora, pintadas de blanco sus casas y sus tiendas abiertas hasta las diez de la noche, parece una ciudad muy moderna. La espesa muchedumbre que circula por sus calles es la imagen de una ciudad empeñosa, que se dispone a conquistar el futuro.

Aunque muchas cosas andan mal en el Perú —su Gobierno y su Parlamento parecen hundirse— tiene un pasado que está esperando que este país se levante, y el presente se le parezca, en juventud y en significación, aunque ahora sea pequeñito en comparación con el que fue, y pobre en vez de riquísimo, y tenga unos de los paisajes más bellos del mundo, aunque muchos peruanos no lo sepan todavía.

 

[Ilustración: Giovanni Tazza – fuente: http://www.elcomercio.pe]

Pita Amor es considerada por los filólogos como una poetisa de la altura de Sor Juana Inés de la Cruz. Pese a su libertad, genialidad y locura, continúa en el olvido.

AMORPITA-miniatura

Guadalupe Teresa Amor Schmidtlein, popularmente conocida como Pita Amor, fue una de las escritoras y poetisas más importantes de la historia de México. Nació en la Ciudad de México el 30 de mayo de 1918. Sin embargo –afirman quienes la estudian–, ha sido poco reconocida pese a su gran producción literaria y genialidad.

Nació en el seno de una familia porfirista europea que vio afectada su riqueza con la llegada de la Revolución Mexicana. Hasta el levantamiento del movimiento zapatista, la familia de Pita había sido terrateniente de la mitad del estado de Morelos.

En su juventud se dedicó al teatro y al cine, para después dedicarse repentinamente a la literatura. Asimismo, modeló para pintores como Diego Rivera, Juan Soriano y Raúl Anguiano. Entre sus amigos más entrañables se encontraron Frida KahloSalvador Novo, Elena Garro, Gabriela Mistral, Salvador Dalí, María Félix y Patricia Reyes Espíndola.

Pita Amor, poesía intempestiva

Gracias a su propio proceso de introspección, su poesía expresa temas de carácter metafísico como Dios, la soledad y el silencio. Toda su poesía está escrita en primera persona, con lo que se revela la influencia de Sor Juan Inés de la Cruz y Luis de Góngora. Se cuenta que su vocación poética emergió espontáneamente a sus 27 años, cuando, sobre una servilleta, escribió el siguiente verso con lápiz cosmético:

“Casa redonda tenía de redonda soledad: el aire que la invadía era redonda armonía de irrespirable ansiedad”.

Fue una mujer de carácter fuerte y de hábitos libres, pero complejos. Su primera controversia la tuvo a los 18 años, cuando inició una relación con José Madrazo, un ganadero de 60 años.

Pita tuvo distintas parejas, acto que para la época implicaba el rechazo social y el escándalo. Sin embargo, ella se mantuvo indomable y junto con Nahui Ollin se convirtió en una de las precursoras de la emancipación femenina en México. Entre sus amantes –narraba– se encontraban pintores, toreros, políticos y escritores.

Pita Amor

De acuerdo con su testimonio en su novela Yo soy mi casa, de joven Pita fantaseaba con asesinar a su prima Paulette, quien se casaría con el príncipe polaco Jean Poniatowski y se convertiría en princesa. Era ella quien deseaba ser de la realeza.

Paulette, a su vez, fue la madre de la escritora mexicana Elena Poniatowska, a quien Pita le prohibió expresamente usara el apellido Amor. La arrogancia característica de la poetisa la llevaba a asegurar sin pudor que su obra era superior a la de Octavio Paz.

 “Aunque él se tome tan en serio, no me llega ni a los talones. En realidad, incluirlo es una condescendencia”, presumía Amor sobre Paz.

Autenticidad poética

Políticamente, Pita Amor fue apadrinada por Alfonso Reyes, quien la admiraba como una mujer excepcional. De acuerdo con los testimonios de Miguel Sabido y Patricia Reyes Espíndola, mucha gente creía que el verdadero autor de los poemas de Pita era Alfonso Reyes, desacreditándola. Sin embargo, tras la muerte de Reyes en 1959, Pita continuó su trabajo, acallando las voces que la criticaban.

“En aquel entonces, en México, que una mujer tan radiante, tan bella, tan brillante, tan genial, irrumpiera en la escena literaria, cultural, de la Ciudad de México, fue algo aplaudido por muchos y también cuestionado por otros porque dudaban que esta persona, que parecía modelo o actriz, pudiera llegar a la casa, después de estar en el cabaret Leda, y sentarse a escribir Dios, invención admirable, o algo así”, narra el escritor Michael Karl Schuessler.

 

Diego Rivera pintando a Pita Amor

La transformación de Pita Amor

A los 41 años decidió convertirse en madre. Su hijo, llamado Manuelito, fue dejado bajo la tutela de la hermana de Pita, sin embargo, falleció a una temprana edad ahogado en una pileta. La pérdida de Manuelito generó una gran depresión en Guadalupe, quien se alejó de la vida pública hasta los setentas. Durante esa época Pita envejeció, la intensidad de sus carácter se acentuó y su producción poética disminuyó.

“Me sirves de baluarte,
de asilo de mis temores,
de centro de mis amores,
y a ti ¿qué puedo yo darte?
Egoístamente amarte;
pedirte que seas verdad;
que comprendas mi maldad;
que mi ser tenga sentido,
y que mi último latido
haga eco en la eternidad.”

Guadalupe Amor, Décimas de Dios.

Pita Amor

En 1974 reapareció siendo la misma mujer arrebatada y libre, pero con un carácter histriónico, con tintes de locura y megalomanía armónica. Para su retorno a la escena pública, ofreció un recital de poesía mexicana, partiendo desde Sor Juana hasta llegar a su propia obra.

“Soy vanidosa, déspota, blasfema;
soberbia, altiva, ingrata, desdeñosa;
pero conservo aún la tez de rosa.
La lumbre del infierno a mí me quema.”

Locura y genialidad

Hacia su vejez, Pita Amor comenzó a comportarse de una forma extravagante. Vestía joyas, maquillaje excesivo y solía ser agresiva con algunos de sus interlocutores. También era famosa por golpear a la gente con su bastón en las calles de Zona Rosa. Deambulaba por las calles de la colonia Juárez vendiendo sus poemarios e insultando a quienes no apreciaban la poesía.

“Dios, invención admirable,
hecha de ansiedad humana
y de esencia tan arcana
que se vuelve impenetrable.
¿Por qué no eres tú palpable
para el soberbio que vio?
¿Por qué me dices que no
cuando te pido que vengas?
Dios mío, no te detengas,
o ¿quieres que vaya yo?”

Guadalupe Amor, Décimas de Dios.

De acuerdo con Patricia Reyes Espíndola, Pita Amor, estuvo cerca de morir en la marginalidad. Sin embargo, la actriz y uno de sus amigos la rescataron y le dieron una vivienda digna en el edificio de departamentos Vizcaya, de la calle de Bucareli.

En 1996, Miguel Sabido realizó un homenaje en vida para Pita Amor, quien escogió ir vestida como zarina, evocando la nobleza europea de su familia. La entrada triunfal de Pita Amor al Palacio de Bellas Artes se realizó en un coche alegórico, mientras miles de pétalos de rosa caían sobre ella. El aplauso del público duró 18 minutos.

“Todas las humillaciones que había sufrido Guadalupe los últimos años de su vida, todas las hambres que había pasado, todas quedaban borradas frente a esos 18 minutos en los que triunfó de manera absoluta y radical”, escribió Sabido.

Pita Amor falleció el 8 de mayo del año 2000. Se han publicado dos decenas de su obra, sin embargo, continúa siendo una poetisa menor en la academia. Quienes la conocieron aseguran que su obra está por descubrirse, del mismo modo que pasó con Nietzsche, Santa Teresa de Jesús o Sor Juana.

¿Por qué me desprendí? de Pita Amor

¿Por qué me desprendí de la corriente
misteriosa y eterna en la que estaba
fundida, para ser siempre la esclava
de este cuerpo tenaz e independiente?

¿Por qué me convertí en un ser viviente
que soporta una sangre que es de lava
y la angustiosa oscuridad excava
sabiendo que su audacia es impotente?

¡Cuántas veces pensando en mi materia
consideréme absurda y sin sentido,
farsa de soledad y de miseria,
ridícula criatura del olvido,
máscara sin valor de inútil feria
y eco que no proviene de sonido!

 

[Fuente: http://www.mexicodesconocido.com.mx]

Antoine Gallimard

 

Escrito por Alejandro Luque

Más que un hombre de libros, a primera vista Antoine Gallimard (París, 1947) parece una figura cinematográfica. Tal vez un personaje de la nouvelle vague. Elegante, de ojos pequeños y vivos y con una sonrisa amable dibujada en el rostro, este editor que pasea tranquilamente por el hotel Barceló Renacimiento de Sevilla es el heredero de una editorial, Gallimard, que tiene ya un siglo y sigue estando a la cabeza del sector en Francia —junto a las poderosas Hachette y Editis— con más de cuarenta mil títulos. En su catálogo figuran desde los grandes nombres de la literatura francesa (Marcel ProustJules SupervielleAndré MalrauxAntoine de Saint-Exupéry) a un buen montón de premios Nobel de todo el mundo, incluidos algunos en español como Octavio Paz o Mario Vargas Llosa

Se dice que fue el favorito de su abuelo, el legendario Gaston Gallimard, fundador de la casa, pero lo cierto es que llegó a dirigir la empresa familiar después de sonadas disputas entre los herederos de aquel, hasta imponer la paz social. Invitado por las Converses de Formentor, Antoine Gallimard accede a conversar con Jot Down en un espacio reservado, inundado por el potente sol del mediodía sevillano. Comparece escoltado por Gustavo Guerrero, uno de sus hombres de confianza para el mundo hispano, que se limitará a apuntarle algún nombre. Y, a pesar del calor que pronto empezará a hacer en la sala, no se quita en ningún momento la chaqueta. 

Antes de empezar la entrevista, ¿hay alguna pregunta sobre su editorial que preferiría que no le hiciera?

Es una buena pregunta [deja una larga pausa]. Es a la vez una pregunta que me hago y que no me he hecho lo suficiente… Diría que, en mi vida, por amor a mi abuelo, a mi familia, he peleado para conservar la independencia de mi editorial familiar. Me ha gustado hacerla crecer para protegerme frente a las grandes potencias financieras, frente a los grandes grupos empresariales. He luchado por mantener esa editorial, y ha sido difícil a veces. Ahora mi madre me dice que tengo que retirarme, que hay que pensar en la siguiente generación. Esa sería una buena pregunta, pero me resulta difícil hacérmela…

Era la pregunta que tenía reservada para el final.

Es verdad que no es porque yo sea editor, mi padre lo era, mi abuelo lo era y montó esta editorial, pero un colega alemán, [Heinrich Maria] Ledig-Rowohlt, afirmaba que hacen falta al menos cuarenta años para convertirse en editor. Creo que, en efecto, se necesita tiempo. Porque hace falta que uno entienda su época, no necesariamente adaptarse a ella, pero sí seguirla, comprenderla. Y está bien coger siempre lo mejor de la generación anterior, comprender los fracasos, los éxitos… Es todo un bagaje. Está muy bien ser un joven editor loco, pero los viejos editores también tienen su calidad.

¿Cuál es la condición esencial para que una editorial perdure cien años?

Lo esencial es no ser víctima de las emociones. Saber casar de forma inteligente los libros exitosos y los fallidos, los que no tienen éxito. Tener pasión. Creer en el oficio. Cuando se publica a algún buen autor y no funciona en el mercado, hay que seguir publicándolo. Y eso es muy difícil hoy en día, cuando todo es tan precipitado. Una editorial publicaba a Faulkner durante años y no se vendía, hasta que empezó a tener éxito en Francia. Publicar a autores que no son necesariamente un éxito en el primer momento, pero que finalmente acaban leyéndose: de eso se trata. Creo que es cuestión de paciencia. Y de perseverancia. También de curiosidad.

¿Esa es otra clave, la curiosidad?

Es clave. Hay que leer revistas, leer más, ir al cine, ir al teatro, ver a los amigos y también a los enemigos.

Antoine Gallimard

Usted salvó una editorial que se hallaba en dificultades por un conflicto familiar. ¿Qué supo hacer usted que sus predecesores no supieron hacer?

Seguro que supieron hacer otras cosas… [reflexiona] Mi padre, la segunda generación, Claude Gallimard, estaba compitiendo con su primo, Michel Gallimard, que se mató junto a Camus en 1960. Creo que sufrió por esa competición. En la familia siempre hay cierta competición, y es verdad que eso hace sufrir. Al mismo tiempo… Es siempre complicado… Nada es fácil, nada es simple, sea una pelea familiar o entre amigos. Tal vez no se puedan evitar los conflictos. ¿Sabe lo que dice Lao-Tse? «Solo el ejército victorioso está triste por haber librado batalla». Yo he librado batallas con mi hermano. Me puso triste, prefería haberlo evitado. Me habría gustado más estar con los autores. Pensaba que mi editorial no debía seguir ese modelo del gran lobo que domina la distribución, los mercados, que está en todas partes, de la distribución al marketing. Yo tenía el idealismo o la inocencia de pensar que se pueden producir libros de calidad y tener éxito. Bien. No siempre. Se ven pequeñas editoriales que no han tenido éxito y que yo puedo reflotar, una editorial pequeña como P.O.L. Pienso que existe una cierta realidad y que al mismo tiempo no se debe ser demasiado prisionero de ella, que hay que hacer también cosas que acaben en fracaso. Los hombres de negocios deberían tener más fracasos de los que tienen hoy. El dinero hoy es, en exceso, la expresión de un éxito un poco vano… Es verdad, están los mercados, ¡los mercados! Hoy en Francia, creo que también en España, las librerías funcionan bien; en Francia hay nuevas librerías pequeñas. Este año han abierto sesenta. Es fantástico.

Usted se siente cercano a su abuelo, Gaston Gallimard. ¿Cuán a menudo se acuerda de él? ¿Qué rasgo de su personalidad evoca mejor?

Siempre tenía una sonrisa en los labios. Podía ser duro, podía montar en cólera, pero tenía humor. Era travieso, podía burlarse de la gente, se podía burlar de mí, que era muy joven, y al mismo tiempo era sensible al matiz, sensible a la personalidad, a la música que cada cual tocara… Tenía algo que hoy es mucho menos corriente: la capacidad para detectar que cada ser tiene su singularidad. No había redes sociales. Había combates políticos; le había marcado mucho en Francia el asunto Dreyfus, de eso me hablaba a menudo. A mí me marcó Mayo del 68, soy de esa generación. Me decía: «Tú hablas del 68, pero el asunto Dreyfus era igual de importante que el 68». Lo interesante es el momento en el que se rompe una sociedad, eso ocurrió en 1968, y con el asunto Dreyfus también. Y eso lo marcó.

¿Lo marcó también como editor?

Él tenía una enorme curiosidad. Él siempre me preguntaba qué leía, si leía a los de mi generación. Era el único que me lo preguntaba. Se pregunta poco a los jóvenes de veinte o veinticinco años qué leen. Hoy se lee menos. También es verdad que su época era muy literaria. Los escritores tenían una fama extraordinaria e influían en la vida política. Hoy lo que influye en la vida política son las redes sociales, ya no son los escritores, lamentablemente. Por eso es importante mantener revistas como Jot Down, pequeños contrafuegos. Pequeños contrafuegos, eso es. Me gusta mucho esa idea de pequeñas agrupaciones, pequeñas redes de resistencia que no dan su nombre. Todos tenemos necesidad unos de otros frente a la falta de educación, al analfabetismo funcional, esa ley del mercado que es demasiado fuerte. Y es un poco ridículo que lo diga yo, que hoy tengo una gran editorial exitosa. Pero puedo sufrir también bajo el mercado. Junto con Gustavo Guerrero, hemos elegido autores por lo que son, y no necesariamente pensando en el dinero. Cuando fichamos a Manuel Rivas o Javier Marías es porque realmente creemos en ellos. Cuando fichamos a Karina Sainz Borgo, también.

Incluso si un editor acierta mucho, siempre se recuerdan sus errores, ¿no? En el caso de Gallimard, cuando André Gide rechazó a Marcel Proust…

Voy a decir una cosa: cuando usted tiene cierta fama, es algo un poco pesado para los demás. La reputación no debe ocupar demasiado espacio: eso crea celos, envidias, y se vuelve insoportable. Es normal que pueda haber errores. Creo que la gran fuerza de la editorial no es haber cometido esos errores, sino haber sido capaz de corregirlos y de reconocerlos. Mi abuelo, Gaston, cuando se dio cuenta de que había rechazado En busca del tiempo perdido, se fue él mismo, con una carretilla, a buscar los ejemplares publicados por Marcel Proust a cuenta de autor, es decir, pagando el autor, en Grasset, los buscó y se los llevó a casa para destruirlos y editar el libro él mismo [risas]. Sí, sí, él mismo. Vale, hubo errores, pero la gran suerte de la editorial era poder corregirlos. Y a los colegas de la profesión no les gustaba la editorial Gallimard precisamente por tener esa fuerza, a la par que esa seducción, esa perseverancia para fichar a Giono, a André Malraux… Ficharon a mucha gente, también en el extranjero. Publicaron a Faulkner, por ejemplo. Claro que no están todos: no tuvimos a Beckett. Pero hoy en día, cuando tengo la oportunidad de adquirir editoriales pequeñas, compré Les Éditions de Minuit y metí a Beckett en la colección La Pléiade. Es un trabajo de no ser pretencioso, de modestia, de tomarse uno su tiempo para saber lo que hace. Hay que reflexionar juntos, con un juicio, con un gusto… Uno se puede equivocar en una cosa y acertar en otra. Hoy se mezcla todo eso, hay una precipitación. El inglés domina mucho hoy en día, y aplasta a las otras lenguas, el francés, el alemán, el italiano. Al español no, porque es la segunda lengua [mundial]. Yo intento evitar que el inglés esté en todas partes. En lugar de la concentración hay que ir a la literatura que sufre un poco, darle el sitio que se le puede ofrecer en difusión y distribución. Es un trabajo permanente.

Antoine Gallimard

Se dice que Gallimard monopolizaba los premios Goncourt. ¿Cree que su abuelo controlaba de veras el jurado?

[Risas] Sabe, creo que las redes de influencia de la época consistían en tener amigos, buenos amigos. Se hablaba de eso, se decía que había que poner fin a las redes de influencia, se acusaba de comprar al jurado, etcétera… Pero él hacía eso con su encanto. Había otras editoriales, como Grasset, que hacían mucho. También estaba el dinero. Conozco a un editor que le pagaba obras a alguien… [risas] Todo eso ha terminado, pero nada impide que haya amistades, relaciones interesadas o no, como todo en la vida. Pienso que la editorial publica mucho, se escoge bien, y es también un poco la herencia de este éxito. Respecto al premio, a nivel internacional es verdad que los jurados se han renovado, hay jurados populares. También los hay en Francia, de una radio, de la televisión, son todo jurados populares. Queda el Goncourt, que representa un gran éxito, porque se ha establecido así, pero a la vez también es una especie de símbolo, el hecho de que haya influencias a todos los niveles, quizá eso también contribuya a que sea el Goncourt. Porque no se trata de elegir un buen libro. La televisión está ahí, y no es todo tan simple. Hoy, las cosas son más claras. La influencia de los editores sigue ahí, pero mucho menos que antes.

De todas formas, su editorial acapara el mismo número de premios Nobel que de Goncourt. ¿También tiene comprada la Academia Sueca?

¿Ve? Ahí tampoco se puede decir, es imposible. Y este año, si yo fuera un poco más influyente, le habría dado el Nobel a Annie Ernaux.

Caerá el año que viene…

[Risas] Es terrible el Nobel, porque cuenta más que el Goncourt, es mundial. Michel Tournier se fue a vivir a Estocolmo para conseguirlo, para hacerle la corte al jurado. Octavio Paz lo consiguió, pero Carlos Fuentes no. Es terrible, todos los que no lo obtuvieron…

Hay cuarenta premios Nobel en el catálogo de Gallimard, ¿no?

Correcto, y con el Goncourt una cifra similar. Pero al mismo tiempo es terrible, porque se nos mira mal. Con el Nobel, vale, pero con el Goncourt es complicado, porque la editorial tiene demasiados autores que lo han recibido. Y hay quien dice: «Basta ya de Gallimard», «Gallimard y sus trucos, basta ya», «No queremos más Gallimard». Quizá me debería exiliar [risas].

¿Siente usted celos o envidia de otras editoriales? ¿Qué autores le habría gustado tener en el catálogo, sin conseguirlo?

Los celos y la envidia siempre son muy fuertes, sí, también en mi caso. Se dice a menudo que la primera generación crea, la segunda conserva y la tercera destruye la empresa. Yo soy la tercera generación, y no ha ocurrido. Y eso es insoportable para algunos. Debería haber ocurrido, y eso le molesta a mucha gente. De la cuarta generación ni hablamos [risas]. Creo que hay celos, pero, el día que yo ya no esté, la gente me echará un poquito de menos. Eso es lo que uno siempre quiere pensar, que empiecen a apreciarte entonces.

Pero estábamos hablando de autores…

Los autores que me habría gustado tener y que se nos han escapado: en su época era Beckett, no es mi generación, pero estoy muy contento de haberlo conseguido finalmente. Tengo un instrumento de seducción importante que es La Pléiade. Me habría gustado haber tenido a García Márquez, quizá a más latinoamericanos. Y contemporáneos… hay muchos. Nos gusta acompañar a los autores. Hemos acompañado a Mario Vargas Llosa toda su vida, a Octavio Paz, a Neruda. Me encanta Neruda, me habría gustado conocerlo mejor, un hombre y una obra tan fuerte. Pero los que me habría gustado tener y no hemos conseguido… En Francia sería Emmanuel Carrère, que está en P.O.L. Y Houellebecq, pero está en Flammarion [ambas editoriales compradas recientemente por Gallimard].

En el prólogo de la biografía de su abuelo escrita por Pierre Assouline, Rafael Conte, célebre crítico español, preguntaba por qué en La Pléiade no hay mucha literatura en español. Desde aquí hay mucho interés por la literatura francesa, pero no parece que sea algo mutuo, ¿no?

Están los latinoamericanos, está Borges, está Paz… Es que La Pléiade ha sido una colección que durante mucho tiempo se interesó más por las obras clásicas; contemporáneas, pero antiguas. No había, como hoy, una búsqueda del talento emergente.

Durante la Segunda Guerra Mundial, Gallimard siguió una línea ambigua respecto a la ocupación alemana. ¿Cree que era la única manera posible de actuar?

No voy a juzgarlo, porque para juzgar hay que estar en esa misma situación. Su preocupación era que la editorial no cerrase y no colaborar con los alemanes. Publicaba libros alemanes, pero clásicos, no contemporáneos. En esa época no publicaba a Céline; era Denoël quien publicaba a Céline. Fichó a Céline en la posguerra, cuando Denoël dejó de hacerlo. Tenía miedo por su editorial, no quería que se la cerrasen. Tenía un colaborador, [Jean] Paulhan, que era conocido como miembro de la resistencia y él mismo publicaba a autores como Camus o Malraux, que no era algo obvio en esa época. Es verdad que la revista NRF la dirigía Drieu la Rochelle, y se puede pensar que eso era colaborar, pero nunca publicó textos hitlerianos o pronazis, para nada. Gallimard no estaba nada en ese bando, no colaboraba, protegía sobre todo su editorial, y publicaba, pese a todo, a Malraux y Camus, e incluso textos de Saint-Exupéry. Es complejo, pero el hecho de no cerrar su editorial no convierte a un editor en colaboracionista.

Antoine Gallimard

¿Qué libros favoritos tiene, hoy en día, la extrema derecha francesa? Es más: ¿leen?

La cultura en Francia no es el estandarte solo de la izquierda, también lo es de la derecha. Hoy en día, la izquierda y la derecha se borran un poco dando lugar más a una rivalidad entre comunidades, entre intelectuales, por las redes sociales, lo que moviliza a la gente son las historias alrededor del racismo, del sexismo, los trans, las redes LGBT… En mi época era más sobre el colonialismo, la salida de las colonias, el capitalismo salvaje, el comunismo excesivo, el colectivismo… Hoy existe menos esa frontera liberal/antiliberal, y más de temas que vienen especialmente de Estados Unidos, donde se considera que para traducir un poema de un black hay que ser black. No se puede traducir la biografía de Philip Roth porque el traductor habría cometido tocamientos sexuales a una chica… Es absurdo. Tal vez exista lo mismo en España con los autonomistas, independentistas o nacionalistas. Es una especie de mal contemporáneo que afecta a toda Europa, no solo Francia o España, y me parece muy peligroso porque inyecta mucha violencia en el debate sobre las diferencias ideológicas, la posición en la sociedad, su estilo de vida.

Usted tenía doce años cuando tuvo lugar la muerte trágica de su tío Michel con Albert Camus en accidente de coche, en 1960. ¿Cómo se ha recordado este hecho en su familia?

Camus era un trueno. Un terremoto. Albert Camus era muy cercano a mi familia, muy cercano a Gaston Gallimard, mi abuelo, de Michel, de Claude, quizá un poco más de Michel que de Claude. Fue una gran pérdida. Michel Gallimard, el editor, y el autor que se muere, Camus, eran esenciales para la editorial, porque representaban esa nueva generación, con una moralidad legendaria, un estilo maravilloso. Camus era a la vez editor y autor, llevaba a cuestas el peso de la empresa para darle la mayor fuerza intelectual posible, y tenía mucha carrera por delante, estaba cambiando, acababa de terminar El primer hombre. Fue sumamente triste, una tragedia. La editorial estuvo de luto durante años por esa desaparición trágica, de una manera tan brutal como ocurrió; era muy duro. Pero la editorial se recuperó, y hoy en día Camus es el autor más leído del catálogo, pero la tragedia sigue ahí y pensamos mucho en ella.

Es uno de los autores que todavía hablan al lector de hoy, ¿verdad?

Sí, a toda una generación, por su simplicidad, por esa especie de gran claridad que da a todo, llega a ligar la poesía, la moral, una filosofía, un realismo. Es una especie de triángulo filosófico, están los tres aspectos: la muerte, la vida, la esperanza. Se le lee mucho tanto en Francia como en el extranjero.

El debate sobre el colonialismo sigue siendo fuerte en Francia, ¿no?

Todavía, sí. En Francia, lamentablemente, tenemos un poco de retraso respecto a otros países para los temas sensibles. Los políticos hacen declaraciones, pero ¡cuánto ha hecho falta para que nos diéramos cuenta de la existencia de campos de concentración en Francia! Tardamos mucho más que Alemania. Hoy la herida argelina sigue abierta, hay excusas, hay que tener compasión con todo el mundo. Y vamos con retraso para reconocerlo. Francia se siente mal con su historia. Era más fácil la descolonización de Indochina. Marruecos y Túnez han tenido éxito, sin heridas especiales, pero Argelia, sí, eso sigue siendo muy fuerte. Es tan fuerte, que hasta Argelia ha tenido dificultad para construirse. Presos entre el yihadismo y los militares, tienen dificultad de encontrar un referente democrático, un camino.

¿Es Amazon el coco para los editores, el lobo feroz?

Amazon no es el lobo feroz, porque lobos feroces hay todo el tiempo, por todas partes. Para nosotros, el lobo es el analfabetismo, el analfabetismo funcional, la falta de lectura, la falta de curiosidad. El lobo es nuestra época, que es más peligrosa que Amazon. Amazon hace su trabajo, que es la distribución, y se ha convertido en el rey de la distribución, que es lo que controla. ¿Sabe? En Francia, la gente tenía miedo a la instalación del ferrocarril porque todo el mundo iba a coger el tren para comprar libros a París y no se venderían más libros en la provincia. Cuando llega la radio, la gente tiene miedo porque se dejará de leer. Cuando llega la televisión, tienen miedo a que ya no habrá ni radio ni libros. Cuando aparece lo digital, dicen que los libros en papel se habrán terminado. Hoy, todo eso nos hace sonreír, pero era un miedo real. Amazon es un lobo feroz, pero no será tan feroz si se le puede controlar. No hay que ir a cenar con él, hay que desconfiar, tener cuidado. Tenemos cuidado de controlar lo digital. Hay competencia, claro, es ley de vida, y hay que encontrar otro sistema para satisfacer a la gente, una distribución de librerías que les lleve libros a domicilio. Amazon es glotón, efectivamente se quiere comer todo, como un cocodrilo: la autoedición, la edición, están dispuestos a todo. Son muy fuertes, venden desde parafarmacia hasta pañales, todo. Es una especie de gran tienda general, pero no está especializada en libros. Las librerías deben modernizarse con el clic & collect. Durante el confinamiento, las librerías francesas no querían hacerlo, porque era peligroso, porque iba a ser caro. Amazon no duda en invertir mucho y en perder dinero con su circuito, y nosotros dudamos ante el clic & collect… Es realmente una pena. El clic & collect se expande, es evidente. La librería debe modernizarse si quiere resistir a Amazon. Pienso que la respuesta a Amazon es que se debe ser moderno y rápido, con una distribución rápida, siempre al servicio del cliente.

Llegamos a la última pregunta, la que le anuncié al principio. ¿Continuará otro siglo la saga Gallimard? ¿Hay futuros jefes para la editorial en la familia?

Eso es difícil de contestar porque, si eso se sabe desde antes, trae mala suerte. Yo tuve suerte, porque en mi familia somos cuatro, dos chicos y dos chicas, yo soy el tercero, y no estar necesariamente designado como sucesor era una verdadera suerte porque no atrae los celos, puedes hacer tu vida con tranquilidad y no tienes presión. Creo que hay que evitar la presión. Yo tengo cuatro hijas, la que quiera… [se encoge de hombros] Pero espero que todas amen esta editorial y estén orgullosas de su pasado, es como una cátedra, magnífica. Espero que haya una sucesión para la cuarta generación, pero si designo a alguien hoy, tengo la impresión, no tanto de firmar mi condena a muerte, pero quizá sí de colocar un peso sobre esta persona. Siempre he vivido la editorial como una especie de suerte, nunca me ha pesado. Sí hay que estar muy atento, y la siento siempre como un riesgo, entre grandes potencias, grandes concentraciones. Si designo hoy a alguien, tengo la impresión de tener que explicarlo a mis hermanos y hermanas. Una editorial no es un castillo en el campo, no es un palacio, no puedo decir: «Yo me quedo con el ala derecha, tú te quedas la izquierda». No funciona así, obviamente. Está La Pléiade, el libro de bolsillo, la literatura infantil y juvenil, que se vende muy bien, aunque no sean superventas. Las cosas se hacen como se tienen que hacer, y luego se verá. Es importante gestionar los problemas financieros, las donaciones, los impuestos. Todo eso lo puedo hacer y lo he hecho. Luego, la sucesión… [silencio]. No lo tengo decidido. Es complejo [risas].

Antoine Gallimard

 

[Fotos: Ángel L. Fernández – fuente: http://www.jotdown.es]

De la nobleza polaca, aunque « más mexicana que el mole », la autora, Premio Cervantes 2013 y cronista deslumbrante, examina con inteligencia el mundo; del feminismo a los estudiantes desaparecidos.

Poniatowska

Publicado por Laura Ventura
Después de que hubiese amamantado a su hijo recién nacido, a las 7 de la mañana, dejaba el bebé en la cuna al cuidado de su marido y salía a la calle a buscar testimonios. Del refugio de su hogar a la intemperie del horror; del calor de lo doméstico al frío de la incertidumbre; del instinto maternal a la experiencia que da el oficio. Era 1968, año clave para el movimiento estudiantil en todo el planeta, y en el DF mexicano una masacre, cuyo número de víctimas aún hoy se desconoce, ocurría en la Plaza de las Tres Culturas. Elena Poniatowska recogía voces anónimas en los hospitales, en las esquinas y en las cárceles, y las convertía en almas concretas, con nombre y apellido, piezas de un mosaico que construyó en La noche de Tlatelolco, uno de los textos más perfectos del llamado « nuevo periodismo ». « ¿Importa cómo me llamo? Póngame Juan », le decían a la reportera.
De aquella paleta de distintos matices y de ese mural coherente y poroso con el que construye su técnica a la deconstrucción de su vida en retazos y en instantáneas que su memoria rescata. Pasaron ya 46 años y aquel bebé, Felipe Haro, la mira con sus mismos ojos azules mientras ella encanta a desconocidos con sus relatos.
Hace algunos meses, la ganadora en 2013 del Premio Cervantes, máxima distinción para las letras en castellano, recibió un llamado de su amiga Paula Mónaco, periodista argentina, que la ponía al tanto de otro hecho atroz que involucraba estudiantes: los 43 normalistas de Ayotzinapa. « Vivos se los llevaron, vivos los queremos. Vamos a seguir indignados », dice con un tono cordial y sereno en la Universidad Complutense de Madrid, donde acaba de ser distinguida con el doctorado honoris causa. En esa aula elude halagos y agradece la oportunidad para referirse a sus compatriotas, a esos chavos. « No quiero hablar de masacre, no quiero usar esa palabra hasta que no se sepa la verdad. La desaparición es una nueva forma de tortura en mi país. »
Fiel a su estilo, la denuncia no se expone en forma de alarido, sino de arrullo. Su modo de confrontarse con el poder y de clamar justicia se manifiesta con una pluma exquisita, con la claridad y economía de expresión de quien domina la lengua, con el poder de hipnotizar auditorios con su cadencia, con la sabiduría de quien advierte que la masa está constituida por individualidades. En un reciente discurso en el Zócalo se tomó su tiempo para nombrar uno por uno a cada uno de estos estudiantes (« muchos de ellos tan chaparritos como yo ») con sus pasiones y sus sueños particulares.
« Pensábamos que con Tlatelolco ya era la última vez, pero no. Estamos aterrados con lo que sucedió. Ellos eran muchachos muy pobres que dormían en cartones. No tenían sitio donde poner sus cosas. Comían frijoles y arroz. Es incluso un crimen de racismo porque se trata de gente sin oportunidades, cuya única salida era ingresar en los normalistas [convertirse en maestro]. Los estudiantes están dispuestos a mantener vivo este reclamo. Lo que hicieron en Internet ha sido un ejemplo para la ciudadanía. Hay una acción espontánea que busca la verdad. ¿Quién nos cuida? No hay lazo entre los mexicanos y su gobierno. Cada uno que llega al poder lo usa como si fuese rancho de su propiedad », dice frente a un auditorio integrado por estudiantes españoles y por miembros de la prensa de habla hispana, todos ellos conocedores -y muchos también admiradores- de esta revolucionaria de la crónica.
¿Era consciente del texto que creaba cuando escribía La noche de Tlatelolco(1971)?
 
-A mí, por entonces, me dictaba la indignación. Tenía tal cantidad de material que demoré mucho; empecé a cortar las repeticiones y así nació. Mi marido [Guillermo Haro, fundador de la astronomía moderna en México, cuya biografía escribe Poniatowska en El universo o nada] me decía que no aguantaba escuchar todas esas voces.
-¿Considera que la no ficción debería considerarse un género literario en sí mismo?
 
-No. Pienso que todo el mundo, incluso los que dicen que escriben ficción, escriben su propia realidad. Carlos Fuentes escribió Cambio de piel, donde el personaje se separa de su mujer y como tiene gastritis anda con un frasco de leche rarísima. Esa novela la escribe en un momento en que se había separado de Rita Macedo. Hacía era un diario de su vida en ese momento.
-Usted dijo que las crónicas no deben dar respuestas.
 
-Sí. Ese fue mi intento, documentar sin dar respuestas. Además, soy muy insegura y todavía tengo mucho miedo de equivocarme, aunque hay que vencerlo. Pero también, cuando uno está muy seguro de sí mismo, mete la pata, se equivoca.
-¿Y tuvo alguna vez miedo del poder?
 
-Nunca, porque no personalizo tanto. No pienso que algo me puede pasar. Tengo una capacidad de inconsciencia inmensa desde niña.
-¿Es posible lograr la objetividad en un texto de no ficción, a pesar de que utilicen documentos y fuentes como estrategia para alcanzar verosimilitud?
 
-Nunca un texto es exactamente la realidad. Se construye. ¿Ves ese cuadro? [señala a un monarca con la banda de la familia Bordón]. Desde aquí veo una mano, pero tú ves la otra. El periodista puede ver cosas que el otro no ve o eso en lo que otro no se fijaría nunca. Son pareceres, todo depende del color con el que se mire algo.
-Y para usted la observación es fundamental.
 
-Sí. Mis preguntas parten siempre de ahí y de una gran ingenuidad. Cuando lo conocí a Diego Rivera no había visto sus murales, no sabía quién era. Me impresionaron sus dientes tan chiquitos en ese hombre tan grande y le pregunté si eran de leche: « Sí, para comerme polaquitas preguntonas », me dijo.
-¿Usted se considera periodista antes que escritora?
 
-Es que todo se lo debo al periodismo. Fue un aprendizaje de vida. Nunca podría haberme acercado a tanta gente y tener el privilegio de preguntar. La literatura exige tranquilidad, manos muy quietas, no las zozobras del periodismo, donde te das cuenta una vez publicada la historia de que podría estar mejor.
-Laura Restrepo escribió que usted « podría haber sido parte del boom« , pero que no se la incluyó por ser mujer y porque además estaba escribiendo un texto de « supervanguardia » cuando se producía la eclosión.
 
-Laura es una gran amiga y entiendo que ella señala que no hubo mujeres en el boom. Allí deberían haber estado Elena Garro, la primera mujer de Octavio Paz; Rosario Castellanos, porque para leer a Chiapas hay que leerla a ella, y María Luisa Puga. Yo no tendría por qué estar allí, por ser más joven además, si bien Vargas Llosa es parte del boom y tenemos casi la misma edad. Por entonces estaba en otra cosa.
-Esa otra cosa es Hasta no verte Jesús mío, la biografía de una mujer común, una lavandera.
 
-Sí. No pude poner su nombre verdadero. Iba los miércoles a verla y no me dejaba grabarla porque me decía que le robaba la luz. Por entonces mi grabador era una caja grandotota que necesitaba enchufarse.
-¿Se considera feminista?
 
-Sí. Somos muy olvidadas las mujeres. Nos sacan afuera. Esto no pasa solo en México, sino en América latina. Las mujeres que hacen algo son solteras o suicidadas, como Alfonsina Storni, Alejandra Pizarnik o Antonieta Rivas Mercado.
-Pero su caso es una excepción, formó una gran familia?
 
-Soy apenas una « pinche periodista ».
Así la llamaba su tía Guadalupe Amor para denostarla, celosa de su talento. Lupe era artista y había posado desnuda para Diego Rivera, pero era su sobrina quien estaba destinada a pasar a la historia por su osadía. « Sí, soy una pinche periodista, pero una periodista con suerte », retruca. Y, además, habría que agregar que es una periodista cuyos textos se estudian en las universidades.
Hace 82, hija de un príncipe, descendiente del último rey de Polonia, nacía en Francia Hélène Elizabeth Louise Amélie Paula Dolores Poniatowska Amor. « Mi origen polaco es relativo, está solo en el apellido. Soy más mexicana que el mole. » De esa infancia que califica como privilegiada y de una educación a la jeanette [el equivalente femenino de los boy scouts de la época], cuando su padre partió a la guerra, su madre regresó a su patria con sus dos hijas. « No lo vimos por muchos años a mi padre. Él vio Auschwitz y quedó dañado para siempre. »
De la racionalidad de la arquitectura francesa y la patisserie parisina a las ruinas prehispánicas y los sabores picantes, un nuevo mundo se abrió para la pequeña de 10 años. « En París nunca había visto gente descalza ni personas que se replegaran en las paredes a tu paso para no estorbar. Ese fue mi inicio, el interés por escribir sobre personas que nunca te van a leer, gente que no lee el periódico, cuyas vidas no son nada. » Ese poder de hacer visibles a los olvidados la condujo a bucear en personajes que no aparecen en los libros de historia, pero que fueron clave en la configuración de su país.
Sin el respaldo de una superficie sólida, en el reverso de hojas que contienen texto impreso, Poniatowska toma nota con una letra muy redonda. Sentada en la primera fila escucha con atención a un grupo de académicos que analiza su obra. Sin la monotonía de los renglones, con una diagramación más parecida a un cuadro sinóptico, escribe. Su secreto fue -y sigue siendo- saber escuchar a los demás. Una periodista se acerca a ella emocionada, le hace una pregunta y en lugar de dar espacio para una respuesta comienza a hacer gala de su erudición. Sus colegas se inquietan, pero la escritora la escucha azorada por esa verborragia que no respeta ninguna sintaxis. Gracias a esa paciencia y oído fino pudo « aprender el español en las calles con los gritos de los pregoneros » cuando llegó a México.
Esa abuela de diez nietos, diminuta y de contextura frágil, desterró de su boca el « había una vez » de los cuentos de hadas. Lo suyo no es la ficción. Hay un volcán de picardía en cada anécdota que la lleva a reproducir la frase perfecta de los encuentros más eclécticos que le ha tocado presenciar o protagonizar. Quizás uno de las más recientes sea la de su nieta menor con el rey Juan Carlos, en 2013, cuando toda su familia la acompañó a España para recibir la máxima distinción de las letras en castellano.
-¿Y tu corona?
 
-La tengo guardada en el bolsillo -respondió el monarca.
-¿Es bonito ser rey?
 
-A veces.
Y al relato polifónico le aporta sin moraleja un final. « Se ve que por entonces ya estaba pensando en dejarlo », resume.
No hay resentimiento en el discurso de Poniatowska. Es hábil para codearse con monarcas, analfabetos, sindicalistas, trabajadores y estudiantes, distintas generaciones y clases sociales. De un seno aristocrático, y con una educación que completó en los Estados Unidos, les dio voz a muchos librepensadores (y otros no tan anónimos) de izquierda.
-¿Tuvo enfrentamientos con su familia por sus ideas o textos?
 
-No. Mi madre era una mujer inteligente. A ella, por ejemplo, no le gustaba Tina Modotti [la autora escribió su biografía, Tinísima], la odiaba con toda su alma, porque le parecía horrible que una mujer posara desnuda en una azotea [hay una foto famosa donde se puede ver a la fotógrafa italiana], y porque era comunista. Mi mamá, en cambio, era muy religiosa, algo que la ayudó a aguantar la muerte de mi hermano menor, quien murió a los 21 años. Cuando me encontró que estaba haciendo un texto para una exposición de Tina me retó en perfecto francés, le parecía horrible que le dedicara tiempo a una mujer como esa. La ironía es que esa novela se la dediqué a mi madre.
-¿Le gustaría escribir su autobiografía?
 
-No sé si tenga tiempo. No es algo que se me antoje. A veces he escrito diarios y cuando los he encontrado y releído me he aburrido. De todos modos, creo que uno mete mucho de uno mismo en todo lo que escribe.
-Por ejemplo, hay algo de Leonora Carrington que se asemeja a su vida, tuvo una educación parecida a la de la pintora [Poniatowska escribió su biografía].
-Sí, fuimos el mismo tipo de niña, de esas a las que les enseñaban a tocar el piano y a montar a caballo, a amar el campo, la adoración por las verduras, las frutas y todo lo verde.
-Pero su vejez, con respecto a la de la pintora, es muy distinta.
 
-La vejez te aísla porque la gente te va abandonando.
-Algo que a usted no le ocurre.
 
-Es así. Pero por las dudas, toco madera (y lo hace).
Lleva un traje azul y sobre sus hombros un chal de reciente adquisición, aunque no flamante. Para protegerla del frío y como gesto de respeto, una desconocida con la que apenas había cruzado unas palabras se lo quitó y regaló la noche anterior. Esa mujer ahora regresa a la universidad con su marido y se emociona al ver a Poniatowska cubierta con aquel pañuelo.
« Es justo aclararle hoy a mi nieta que soy una evangelista después de Cristo, que pertenezco a México y a una vida nacional que se escribe todos los días y todos los días se borra porque las hojas de papel de un periódico duran un día. Se las lleva el viento, terminan en la basura o empolvadas en las hemerotecas », pronunciaba en su discurso de aceptación del Premio Cervantes. Pero Poniatowska no se pierde entre la tropa de narradores que escriben el presente y así se ubica como exponente de una estirpe, ajena a esa que posee con sus gotas de sangre noble. De aquel pasado que procuró convertirla en una elegante jinete en París habla de una imagen y de un idioma que la identifica mucho más: « la Sancho Panza femenina ». Es ella una de las herederas de la tradición de cronistas de las Indias que describieron los escenarios y habitantes de América latina, esta vez, sin que su pluma sirviera a ninguna corona o iglesia. Rebelde y temeraria, Poniatowska se niega a conformarse con el hecho de que la historia la escriben los que ganan. A quien están siendo derrotados, a ellos, rescata del olvido.
[Fuente: http://www.lanacion.com.ar]

Le cocher, la mouche et les fourmis

Comment retar­der l’apparition des four­mis est le der­nier ouvrage de José Car­los Becerra (1936–1970). Il est rare dans l’histoire lit­té­raire récente, et plus par­ti­cu­liè­re­ment au Mexique, qu’un poète ait sus­cité un tel enthou­siasme dès ses pre­miers lec­teurs.

Octa­vio Paz, lui même par­lait de sa poé­sie comme “admi­rable et inquié­tante”. Il signa la pré­face de son nom de l’édition des œuvres com­plètes du poète “L’automne par­court les îles”.

Dans ce livre der­nier, l’auteur casse la ver­si­fi­ca­tion. Elle se rétracte en une sorte de mini­ma­lisme sur l’espace de chaque page. Ce texte devient “un Jour­nal inté­rieur de son ultime voyage en Europe.” (Bruno Gré­goire). En effet, le poète est âgé de 33 ans lorsqu’il réa­lise son rêve de décou­vrir l’Europe. Londres d’abord puis une plon­gée vers la Grèce que l’auteur n’atteindra jamais. Il se tue dans un acci­dent de voi­ture sur une route ita­lienne de la côte adriatique.

Sera retrouvé dans l’épave ce manus­crit. Le livre reprend le thème de la fini­tude humaine. Et il est pré­mo­ni­toire : les four­mis, en colonne et comme issues du néant, vont venir goû­ter ce qu’il res­tera de nos corps une fois que la vie les aura quit­tées. Dans leur “anthro­po­pha­gie rituelle”, elles mettent fin à tout ce que nous nous éver­tuons à bâtir contre l’inéluctable là où “La dimi­nu­tion du Paradis/produit une aug­men­ta­tion compensatoire”.

Nous décou­vrons donc “le scribe” lorsqu’il n’entend plus “la cou­leur blanche /parler entre ses dents”. Juste avant, l’âme n’aura pas man­qué de mots là où ses “limites / détien­dront les ponts que tu as tou­jours pré­vus, /et que les choses rece­vront la lumière appuyée sur cette chair”. Une der­nière fois et jusqu’au bout, l’auteur cher­cha à inven­ter tout — mais le nombre convenu de four­mis avait déjà qua­si­ment trans­formé ses mots en “mouches qui volent”.

Souvent ache­vés uni­que­ment par une vir­gule, les poèmes tentent de retar­der leur puis­sance car­nas­sière et ron­geuses. Au cœur du drame humain, l’ironie reste donc pré­sente. Pour sau­ver ce qui peut l’être dont “le bruit que fait le corps en expec­to­rant sa mort” et qui “parle de tout avec tous”. Flir­tant avec le néant, le poème aussi déri­soire qu’altier rap­pelle néan­moins que nous n’appartenons qu’aux ani­maux qui finissent ce que nous avons peut-être si mal accompli.

jean-paul gavard-perret

José Car­los Becerra, Com­ment retar­der l’apparition des four­mis (édi­tion bilingue), tra­duc­tion de l’espagnol (Mexique), notes & post­faces Bruno Gré­goire & Jean-François Hat­chondo, La Barque, 2021, 96 p. — 21,00 €.

 

 

[Source : http://www.lelitteraire.com]

Escrito por Claudio Ferrufino-Coqueugniot

Comencé la mañana, después de que la noche había empezado nueve horas antes, con algunas melosas canciones brasileras. No Marisa Monte ni Martinho da Vila. Ritmos más jóvenes quizá, un pop que no me llega, o no todavía. Ya que había cocinado pasta para tres días calenté un plato, con un bivarietal argentino que me regaló Frank. Cortinas abiertas a la luz para alguien acostumbrado a la oscuridad. Escribí una carta a Irina en la que hablaba de los rom, preguntándole su opinión. Mencioné a Tony Gatlif y a jinetes gitanos de la Camargue, en el delta del Ródano, debajo de Arlés pintada por el desorejado. No puedo con mi manía referencial. Si hablo de Arlés salto al Larzac, del Larzac a la Columna de Hierro en la guerra española, de ella a Ulrike Meinhof, luego a Palestina, a Sabra y Chatila, a Knossos y las bailarinas del toro, al Minotauro hasta ahogarme en Malta, con fantasmas berberiscos y una torre de cuscús que Sabah y Pablo habían levantado en un piso de Madrid. Vicio de volar, de ser aéreo, ilusión, aunque mis esposas me nombren diablo. Roksolana era pelirroja, de las tierras de Ucrania. La secuestraron los tártaros del kanato crimeo y la vendieron a los turcos. Fue la favorita del harem y Solimán el Magnífico andaba a rastras detrás de sus talones. La lluvia convoca tambores otomanos ¿o es al revés? en algún lugar de Albania. Paola Sánchez, con un litro de cerveza de Belgrado, me pregunta si sé lo que es el burek. Todavía espero, una comida de ese soberbio y desgraciado rincón del mundo… Lo dicho, no puedo conmigo mismo o no deseo morir y quiero mantenerme en tantos rincones que la muerte se aburrirá de buscarme. No aceptaré jugarla en ajedrez, no soy caballero escandinavo; ofreceré una partida de modestas damas, y hasta de damas chinas, de las esquinas multicolores. Go no sé ni puedo, aunque en París me senté horas admirando la supongo estrategia de los jugadores, y recordé una película y a Kawabata, a Honinbo Sushai y sus últimas movidas.

Pasan las horas y debajo del puente Mirabeau corre el Sena. Estoy con el Concierto para Bangladesh. Bob Dylan en Just Like a Woman. Era 1977 y en casa de Silvia González, compañera de colegio, los pronto graduados escuchábamos el disco doble. Acontecimiento para nosotros en la que era, sigue y es, pobre Bolivia, donde nos reuníamos entre amigos para escuchar, en mala transmisión, Sounds of Silence a las once de la noche en la Telefunken al lado de cama. El disco lo trajo su hermano mayor que estaba becado en Holanda. Por ahí apareció una rubia. Qué podíamos nosotros, entre George Harrison y la blonda, sino pensar que el mundo se hacía de ilusiones.

Bangladesh, los tigres de Bengala. ¿Ha cambiado algo o estamos en lo mismo? Hay menos tigres, o no los hay simplemente. ¿Y nosotros? No hubo ilusión en el mundo pero infinita brega. Sin ánimo de queja porque cuando se vive y se emociona mucho uno enriquece. El concierto aquel semejaba un sueño; hoy es un hermoso disco que giro mientras sorbo el vino. Pakistán y la India. Sony me dice que habrá antes una guerra entre ellos dos que una con China. Desastre por donde se lo mire. Octavio Paz y Vislumbres de la India, maravilloso. Algo de Neruda en sus memorias hay si es que no confundo. Nathuram Godse, asesinó a Gandhi; el nacionalismo de Chandra Bose en todavía una India colonial. Inolvidable música del Punjab. Leones del parque de Gir, los pocos que escaparon de los muros babilonios.

Viaje alrededor de mi cabeza. Y eso que la casa-museo de Aurora quedó recuerdo. Me sentaba con un ron negro de la Guyana y me dejaba encandilar por los idolillos indios del Orinoco, mientras ponía sobre mi calavera un decorado gorro afgano de niño, lleno de monedas y miniaturas en metal. Acá estoy casi sobrio, no están presentes ni Chagall ni Franz Marc. Música. Dylan canta que caerá dura lluvia, en traducción literal, y el cielo se ha encapotado como espía de la Ojrana.

La peste gira alrededor, mis hijas, Álex, ahora Gabriel, han caído. Anoche me llamó al alba del amanecer Igor Quiroga, el mejor de nosotros, para cantarme unas letanías de la Torá o del Kaddish, que iremos a la tumba de su abuelo judío y que el nombre de Ucrania lo aprendió antes que el de Quillacollo.

 

[Fuente: lecoqenfer.blogspot.com]

Unha fantástica selección das cartas escritas polo compositor estadounidense entre os anos 1930 e 1992 ofrece rastros autobiográficos e un mapa de obras musicais que confecciona a súa atención e o seu estudo

Portada del libro sobre la correspondencia de John Cage y retrato del autor datado en 1988.

Portada do libro sobre a correspondencia de John Cage e retrato do autor datado en 1988.

Por H. J. P.

O selo arxentino Caixa Negra reuniu no volume Escribir na auga unha fantástica selección das cartas escritas por John Cage (Los Ángeles, 1912-New York City, 1992) entre os anos 1930 e 1992, un instrumento que achega como poucos ao lector a figura e a persoa dun autor que cambiou —revolucionou— a forma de crear e mesmo de escoitar música (tamén a danza moderna, da man do coreógrafo Merce Cunningham, a súa parella sentimental desde os anos 40 ata o seu falecemento). O libro contribúe a profundar na aventura vital deste compositor, teórico e pensador estadounidense sempre atento na súa investigación do experimentábel, sempre observando desde a perplexidade e o asombro: o ruído, o corpo, o espazo, o movemento, o máis aló da sintaxe, a negación do ego, a hibridación das linguaxes, o non-saber e —talvez, sobre todo— o silencio. A súa sabedoría alcanza o cénit no despoxamento absoluto, nun camiño que se iniciou nas penalidades económicas —non podía acceder a un piano, pero el ansiaba estudar con Arnold Schoenberg— e que derivou no artista total, poeta, escritor, docente, cineasta, performer, artista visual e artista ambiental, ata encarnar idéaa da arte como xenerosa inmersión na multiplicidade da existencia, como anota Gerardo Jorge, responsable da selección de correspondencia, a tradución e o prólogo. Aínda que non todas alcanzan a mesma profundidade —é obvio—, neste ramallete de cartas remitidas a Pierre Boulez, Luigi Nono, Josef Albers, Merce Cunningham, Morton Feldman, David Tudor, Marshall McLuhan, Octavio Paz, os seus pais John e Lucretia, Edgard Varèse, Willem de Kooning, Cy Twombly… afloran os grandes dilemas e debates da cultura do século XX, pero talvez o máis substancioso estea no coñecemento do home tras o mito John Cage e, claro, do mapa de obras musicais que confecciona a súa atención e o seu estudo.

 

[Imaxe: Caixa Negra | Anefo – fonte: http://www.lavozdegalicia.es]